Periodicamente irei recordar neste blog algumas equipas da história do Vitória Sport Clube, e como tudo tem o seu início, também neste espaço, e concretamente nesta rúbrica, recordaremos hoje as primeiras equipas da historia do clube da década de 20, que de alguma forma estão associadas a momentos marcantes, sempre, obviamente, com recurso às imagens.
1924 - Inauguração do Campo "José Minotes"
No dia 27 de Janeiro de 1924 dá-se a inauguração do Campo "José Minotes", em terrenos da propriedade do vimaranense José Minotes, situado onde hoje se encontra a sede da AMAVE, junto ao Castelo de Guimarães. O jogo de inauguração contou com a presença da equipa do Vitoria Sport Clube que acima consta da imagem, que defrontou o Sporting Clube de Braga.
Nesta equipa destancam-se Gervásio Campos Carvalho, José Campos Carvalho, Adriano Mendes, António Mendes, Artur Mendes e Armando Freitas. Armando Freitas, natural da cidade de Fafe, era o principal jogador desta equipa, fruto da experiência que havida adquirido quando esteve emigrado no Brasil. Ocupava a posição de avançado centro e distingue-se na foto acima colocada por usar um lenço vermelho ao pescoço, adereço que de resto não prescindia enquanto jogava.
1926 - Equipa de 1926 no Campo da Perdiz
O campo da Perdiz situava-se na zona da Atouguia, junto ao cemitério, precisamente no local onde há bem poucos anos existia uma sucata de automóveis, inaugurado a 7 de Junho de 1925, com uma partida de futebol disputada entre o Vitoria Sport Clube e o Famalicense.
Desta equipa de 1926 sobresai desde logo o sistema táctico utilizado 2X3X5, com os seguintes nomes: Carneiro; Evaristo e Benjamim; Salgado, Ornelas e Costa; Camilo, Ferreira, Constantino, Hermínio e Albano.
1927 - Primeiro título da história do Vitória Sport Clube
o primeiro titulo oficial conquistado pelo Vitoria Sport Clube foi o Campeonato Distrital de Infantis da Associação de Futebol de Braga, no ano de 1927. Em cima fica a foto dos heróis do primeiro troféu conquistado para a galeria do Clube. Curiosamente, já no ano anterior de 1926 o troféu apenas escapou aos vimaranenses, porque segundo consta a equipa do Sporting de Braga utilizou no jogo da final disputado nas Caldas das Taipas vários jogadores com idade superior à permitida. Começava assim a rivalidade entre os 2 maiores clubes do minho.
Se um destes dias entrar no conhecido Meia – Noite, no Café Vitoria, ou na Cervejaria Martins, e questionar alguns dos presentes se conhecem o jogador brasileiro Paulo
Roberto Bacinello, que na década de 80 jogou no Vitoria, certamente que a maioria irá pensar tratar-se de um qualquer atleta que por cá passou sem deixar marcas ou recordações. Inversamente, se utilizar o nome Paulinho Cascavel, estou seguro que logo serão recordados diversos momentos em que foi ele o maior protagonista com a camisola do Vitoria, com inúmeros golos ou lances de verdadeiro génio. Os mais novos, por seu turno, se não o viram jogar com certeza terão ouvido falar daquele que foi, para mim, o melhor jogador de sempre do Vitoria Sport Clube
Quem não se lembra de ir a um salão de cabeleireiro e ouvir alguém pedir que lhe fizessem um penteado da moda à “Paulinho Cascavel”, ou enquanto miúdos, nas jogatanas de rua, todos quererem ser apelidados pelo nome desse craque? Bons e saudosos esses tempos que aqui recordaremos.
Paulo Roberto Bacinello, mais conhecido sob o nome de Paulinho Cascavel, nasceu no dia 29 de
Setembro de 1959 na cidade de Cascavel, no Estado do Paraná – Brasil e onde cedo demonstrou a sua venenosa veia de goleador.
Despontou cedo ao serviço do Cascavel CR, clube da sua terra natal, no qual se sagrou de forma inédita campeão estadual Paranaense em 1980.
Paulinho Cascavel prosseguiu a sua carreira no Estado de Santa Catarina, no sul do Brasil, primeiro ao serviço do Criciuma EC e depois no Joinville EC, conquistando o título de melhor marcador no Estadual Catarinense de 1982 e 1984, sagrando-se novamente campeão estadual, mas agora do estado de Santa Catarina, em 1984, pelo Joinville EC.
(Joiville EC Campeão Estadual Catarinense de 1994)
A qualidade e regularidade dos seus desempenhos despertaram a cobiça dos clubes brasileiros de maior nomeada pelo que o avançado acabou seduzido pelo convite de um dos maiores clubes cariocas - o Fluminense FC.
(Paulinho Cascavel ao lado do seu companheiro Branco, internacional brasileiro que tambem jogou em Portugal na equipa do FC Porto)
Mas a atenção que pairava sobre os seus atributos não estavam confinados aos clubes do seu país natal. No Brasil já era acompanhado por olheiros dos principais clubes portugueses. Por isso, em Janeiro de 1985, chega à cidade invicta para reforçar o sector avançado do FC Porto que assim contrata os serviços do ponta de lança goleador com nome de cobra venenosa.
Acontece que no FC Porto, Paulinho Cascavel tinha o lugar no onze principal tapado pelo Bi - Bota de Ouro Fernando Gomes, que só naquela temporada de 1984/85 apontou 39 golos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Assim, apenas foi utilizado em 1 jogo oficial, aparição suficiente para se sagrar também Campeão Nacional pelo FC Porto treinado por Artur Jorge. Tão pouca utilização leva-o a abandonar o Porto e seguir para a cidade berço.
Pimenta Machado que sempre teve “debaixo de olho” o atacante brasileiro, na primeira oportunidade contratou os seus serviços, envolvendo-o no negócio da transferência do Guarda – redes júnior Best do Vitoria para o FC Porto. É pois assim, que Paulinho Cascavel chega à cidade de Guimarães no início da temporada 1985/86 afim de integrar o plantel treinador por António Morais.
Logo na primeira temporada ao serviço do Vitoria, Paulinho Cascavel é autor de 25 golos. Revelava-se um ponta lança mortífero, oportunista o quanto baste, um excelente cabeceador e senhor de um remate forte com qualquer um dos pés. Tecnicista por natureza, o craque fazia golos de bola parada, pois cobrava penaltys com precisão, e executava livres directos com mestria, e em bola corrida, finalizava de todas as formas e feitios. Nele via-se tanto potentes remates executados de fora da área, como simples conclusões para golo dentro da grande área. Nessa temporada, foi o vice-rei da lista dos melhores marcadores da prova, atrás de Manuel Fernandes do Sporting CP.
(Paulinho Cascavel em acção, na temporada de 1985/86 no Estadio Muncipal de Guimarães com a camisola do Vitória)
(Paulinho Cascavel em acção, num jogo no Estadio Municipal de Guimarães, frente ao V. Setubal)
(Paulinho Cascavel na conversão de uma grande penalidade num jogo frente ao FC Porto, disputado no Estadio Municipal de Guimarães em dia de um autêntico temporal)
Sintomático da magnífica temporada realizada por Paulinho Cascavel em Guimarães, foi a atribuição do prémio Adidas de 1985/86, instituído pelo Jornal A Bola, destinado a premiar o jogador que ao longo da época futebolística foi o maior numero de vezes considerado o melhor jogador em campo. Assim, nas partidas disputadas no Campeonato Nacional da 1ª Divisão na temporada de 1985/86, Paulinho Cascavel foi considerado pelos jornalistas daquele jornal desportivo, por 8 vezes, o melhor jogador em campo e desta forma o mais destacado jogador da prova.
Apesar da primeira temporada de luxo em Guimarães, é na época 1986/87 que o fenómeno Paulinho Cascavel se implanta definitivamente na história do Vitoria. Alem dos excelentes desempenhos a nível nacional, a marca Paulinho Cascavel percorre a Europa, fruto da magnífica campanha protagonizada pela equipa vitoriana no campeonato nacional e das proezas conseguidas na Taça UEFA.
(Paulinho Cascavel com a bola sempre debaixo de olho pronto para finalizar qualquer lance de ataque)
(Paulinho Cascavel, mais uma vez frente ao FC Porto, no Estadio Municipal de Guimarães, com os jogadores portistas Eloi e Lima Pereira com o n.º 5)
Marinho Peres, técnico brasileiro do Vitoria naquela época, montou uma equipa composta por excelentes executantes, mas que tinha em Paulinho Cascavel a verdadeira cereja no topo do bolo. O Vitoria atinge o 3º lugar no Campeonato Nacional e com todo o mérito chega aos quartos de final da Taça Uefa.
O culminar da temporada chegou com a conquista individual do prémio Bola de Prata, instituído pelo Jornal A Bola, distinguindo assim aquele que foi o melhor marcador do Campeonato Nacional da época de 1986/87, com 22 golos apontados. À partida para a última jornada da competição, o brasileiro encontrava-se igualado em número de golos obtidos com o seu ex-companheiro no FC Porto - Fernando Gomes. Nessa derradeira jornada da prova, o Vitoria alcança um empate a uma bola em Alvalade frente ao Sporting, sendo o golo da equipa vimaranense alcançado pelo ponta de lança Paulinho Cascavel, suplantando desta forma o bi Bota de Ouro. É também o melhor marcador da história do Vitoria nas competições europeias com 5 golos.
(Paulinho Cascavel em caricatura com a sua 1ª bola de Prata conquistada ao serviço do Vitoria)
(Paulinho Cascavel desmarcando-se ao defensor do Atlético de Madrid, em jogo disputado no Estádio Vicente Calderón, em jogo a contar para a Taça Uefa na Edição de 1986/87)
Sai do Vitoria, que realiza um excelente encaixe financeiro, e ruma ao Sporting CP no início da temporada de 1987/88 onde irá substituir o veterano Manuel Fernandes. Na sua primeira época em Alvalade a produção matem-se em bons índices, concretiza 24 golos no campeonato, revalidando assim o título de melhor marcador do campeonato luso. Permaneceu em Alvalade durante 3 temporadas onde conquistou uma Supertaça Cândido de Oliveira.
(Paulinho Cascavel com a sua 2ª Bola de prata, desta feita conquistada ao serviço do Sporting CP)
(Paulinho Cascavel com a camisola do Sporting CP)
(Paulinho Cascavel em acção pelo Sporting CP em jogo frente ao SL Benfica no Estadio da Luz)
(Paulinho Cascavel num dos treinos do Sporting CP, no Estadio José de Alvalade. Podemos reconhecer os brasileiros Douglas e Luisinho e o português Carlos Manuel)
(Paulinho Cascavel em representação do Sporting CP num jogo da Taça Uefa frente aos italianos do Napoles)
(Paulinho Cascavel disputando um lance aéreo, num jogo frente ao SL Benfica, desta feita no Estadio José de Alvalade)
Após conflito com o Presidente sportinguista Sousa Sintra, Paulinho Cascavel abandona o clube verde e branco e prossegue a carreira no Gil Vicente FC na época 1990/91, onde as arreliadoras lesões acabam por colocar ponto final na sua brilhante carreira em Portugal.
(Aqui com o equipamento alternativo do Sporting CP)
(Novamente em acção pelo Sporting CP, num jogo frente ao Sp. de Espinho. Ao fundo reconhece-se Silvinho, que mais tarde viria a jogar pelo Vitoria)
(Paulinho Cascavel foi diversas vezes capa da imprensa desportiva, aqui na capa da extinta Revista Foot, com a camisola do Sporting CP)
(Aqui com a camisola do Vitória na capa da mencionada Revista Foot)
Penduradas as chuteiras do atleta profissional, o atacante brasileiro não perdeu as qualidades de goleador, e conquistou o prémio de melhor marcador no campeonato de veteranos, por 5 vezes, ao serviço do Aliados Futebol Clube, entre 1993 e 1998, apenas não vencendo o premio em 1997.
(Paulinho Cascavel em confraternização com vários craques brasileiros que jogavam em Portugal)
(Paulinho Cascavel à conversa com Frank Riykard, actual treinador do FC Barcelona, numa das várias galas do futebol em que participou)
(Paulinho Cascavel com Elzo, jogador brasileiro do SL Benfica)
Hoje com 47 anos de idade, Paulinho Cascavel reside na cidade de Cascavel, sua terra natal, onde é um empresário de sucesso gerindo diversas fazendas no Mato Grosso do Sul. Continua ainda ligado ao futebol, nomeadamente na formação de jovens jogadores onde é proprietário de uma escola inserida na estrutura do Atlético Paranaense. Recentemente adquiriu, em sociedade com Beletti (internacional brasileiro do FC Barcelona) o Cascavel EC, o seu primeiro clube como profissional de futebol.
(Paulinho Cascavel de visita ao novo Estadio D. Afonso Henriques em Guimarães)
Paulinho Cascavel é presença assídua na cidade de Guimarães. Onde vai acompanhando a carreira do seu filho Guilherme, também jogador de futebol formado nos escalões mais jovens do Vitoria, bem como aproveita para rever amigos e assistir a alguns jogos disputados pelo seu clube do coração.
(Paulinho Cascavel com o seu filho Guilherme Cascavel)
O craque brasileiro foi alvo de um justa homenagem no dia 16 de Setembro de 1997, aquando do jogo internacional a contar para uma eliminatória da Taça Uefa entre o Vitoria e a Lazio de Roma. A cidade, o Clube e as suas gentes tiveram a oportunidade de laurear o ex jogador com uma estrondosa salva de palmas em sinal do reconhecimento e gratidão pelo trabalho realizado pelo brasileiro em Guimarães.
(Nas bancadas do Estadio D. Afonso Henriques)
Cascavel tem para o Vitoria e para a cidade de Guimarães a mesma reciprocidade de sentimentos, de tal forma que fácil será perceber a razão pela qual escolheu o nome de Vitoria para a sua filha mais nova.
A seguir ficam alguns links para golos de Paulinho Cascavel:
http://www.youtube.com/watch?v=lHMKDx14E1g
http://www.youtube.com/watch?v=SjY3g06ZR20
http://www.youtube.com/watch?v=bs6W1SwVRDg
http://www.youtube.com/watch?v=yVvqTP-puOY
Caríssimos:
Tenho o prazer de vos apresentar um novo espaço na blogosfera nacional, com o lançamento de um blog denominado “Glórias do Passado”, o qual visa essencialmente a concretização de dois objectivos que vinham sendo idealizados. Por um lado, cria-se, desta forma, um espaço pessoal onde serão incluídos todos os textos que ao longo dos últimos meses venho escrevendo com enorme prazer no site
www.vitoriasempre.net, e ainda, por outro lado, dando uso e partilhando com todos os visitantes parte do extenso material histórico que fui recolhendo e compilando, o qual incide particularmente sobre o Vitoria Sport Clube, mas não só.
Neste blog não esperem encontrar a lista de convocados para o jogo da próxima jornada, nem as novas sobre os lesionados, os resultados do ultimo fim-de-semana, o nome da nova contratação, ou noticias do dia a dia. Este espaço será especialmente dedicado ao passado, às memórias, às personagens, ou factos, de mil, novecentos e troca o passo.
No fundo, no “Glorias do Passado” serão publicados todos os pormenorizados textos sobre o Vitoria Sport Clube que venho escrevendo no vitoriasempre.net, com as necessárias actualizações que vão surgindo ou informações adicionais que vou recolhendo, ou com a postagem daquela nova imagem que entretanto surgiu.
As mais “famosas” personagens serão obviamente alvo de recordação nos textos acima referidos, mas neste espaço, haverá lugar a recordar também aqueles menos conhecemos, aqueles que poucos de nós ouviu ou viu jogar, do qual pouco mais sabemos que o seu nome.
Serão ainda recordadas quase todas as equipas ou planteis das várias épocas do Vitoria, naturalmente através do recurso a algumas imagens que religiosamente fui recolhendo e arquivando ao longo do tempo.
Os palcos onde o Vitoria jogou serão também objecto de pequenas recordações, essencialmente, através da colocação de imagens dos Estádios ou Campos de futebol por onde a equipa vimaranense passou.
Por ultimo, haverá ainda um lugar para os nossos adversários, um espaço onde sempre que possível será mencionado um jogador do passado ou uma equipa que foi adversária do Vitoria Sport Clube.
Desta forma, fica apresentado este novo espaço, o qual se encontra desde já aberto às sugestões dos visitantes, mas acima de tudo, e porque se trata de uma obra constantemente inacabada, está também disponível à colaboração de todos. Sintam-se pois, à vontade, para comentar, sugerir, corrigir erros ou dar conta de novidades, ficando ainda disponível para, dentro do possível, responder às vossas solicitações.
Fico a aguardar a vossa visita.
Atenciosamente,
Alberto de Castro Abreu
(Victor Manuel em caricatura)
(Victor Manuel na foto juntamente com as restantes aquisições do Vitória para a temporada de 1979/80. Da esquerda para a direita: Joaquim Rocha, Gregório Freixo, Victor Manuel, Tozé e Festas)
(Plantel do Vitória para a temporada de 1979/80. Victor Manuel é o jogador que esta no meio da fila sentada no relvado, entre Gregório Freixo e Abreu II)
(Equipa do Vitória na temporada de 1979/80. Em cima: Manaca, Ramalho, Festas, Melo, Tozé e Gregório Freixo. Em baixo: Mundinho, Victor Manuel, Joaquim Rocha, Ferreira da Costa e Alfredo)
