Glórias do Passado: julho 2008

 

Temporada de 1971/72 - 4ª Parte


Na 23ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Vitoria SC alcançou um surpreendente triunfo sobre o FC Porto, em pleno Estádio das Antas, por 1-2, com uma memorável e gloriosa exibição do avançado luso brasileiro Jorge Gonçalves, da equipa vimaranense, autor dos dois golos daquela inesquecível vitoria.

O resultado conquistado pela equipa da cidade berço no terreno do FC Porto teve o condão de colocar o Vitoria SC, inesperadamente, na luta pelos lugares de acesso às competições europeias. Esse era um objectivo que nunca esteve nas expectativas iniciais dos responsáveis vitorianos, sobretudo, pelo facto de o Vitoria SC ter uma equipa praticamente nova. O certo é que, o bom desempenho protagonizado ao longo da competição, essencialmente após o resultado obtido na 23ª jornada, colocou o clube nessa disputa.
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(O jogador vitoriano Rodrigo em acção na partida que opôs o FC Porto ao Vitoria SC no Estádio das Antas)

(Imagem do encontro entre o FC Porto e o Vitoria SC, com Helder Ernesto e Cubilhas a disputar a jogada enquanto mais atrás Rodrigo observa o lance)

As esperanças de atingir esse lugar europeu esmoreceram logo nas duas jornadas seguinte. O Vitoria SC recebia na ronda 24 do Campeonato Nacional da 1ª Divisão o GD Cuf, também um potencial candidato aos lugares europeus. Naquele jogo, a equipa vimaranense tudo fez para levar de vencida a bem organizada formação fabril, todavia, não conseguiu abrir o marcador, terminando o jogo com um empate a 0-0.

Na jornada seguinte uma dificílima deslocação à cidade de Setúbal para disputar a 25ª jornada contra uma equipa que também buscava alcançar um lugar nas competições internacionais de clubes. O Vitoria de Setúbal, de resto, terminaria a classificação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 2ª posição da tabela, sagrando o vice-campeão nacional.

Neste encontro disputado no Estádio do Bonfim que terminou com a vitória da equipa sadina pela margem mínima de 1-0, o Vitoria SC bateu-se com extrema galhardia, merecendo da crítica desportiva os mais rasgados elogios.

O Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1971/72 entrava então na recta final. A decisão quanto ao título de campeão nacional estava praticamente decidida tendo em contra a vantagem que o SL Benfica levava dos demais concorrentes.

Vitória de Setúbal e Sporting CP tinham também praticamente garantidos os apuramentos para as competições internacionais de clubes. Restava apenas apurar mais dois clubes. Na luta por essas duas vagas em aberto estava o FC Porto, GD Cuf, CF Beleneneses e, com os dois resultados que se seguiram, o Vitoria SC.

Na 26ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria SC recebeu no Estádio Municipal de Guimarães a equipa do SC Beira Mar e venceu por concludentes 5-1, numa grande exibição, recheada de golos, perante um dos aflitos na luta pela manutenção.

(Jogo entre o Vitoria SC e o SC Beira Mar no Estádio Municipal de Guimarães)

Seguiu-se uma viagem ao vizinho FC Tirsense para um jogo importantíssimo para as duas equipas. Enquanto que o Vitoria SC acalentava as remotas, mas legitimas esperanças em alcançar um lugar nas competições europeias, por outro lado, o FC Tirsense, queimava os últimos cartuchos na luta pela sobrevivência.

Foi um jogo tremendamente disputado no campo do FC Tirsense que terminou com a vitória dos vimaranenses por 1-2. O Vitoria SC continuava a perseguir o seu sonho, enquanto o FC Tirsense dizia definitivamente adeus à 1ª Divisão Nacional.

Casa cheia em Guimarães para a partida da 28ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão entre o Vitoria SC e o SL Benfica, já virtualmente campeão nacional. Os vimaranenses não conseguiram vencer a poderosa formação encarnada acabando por ser derrotados por 1-3.

A derrota caseira frente ao SL Benfica hipotecou praticamente as esperanças dos vimaranenses em chegar ao lugar que permitisse o acesso as provas internacionais na época seguinte. Esse hipotecar transformou-se em certeza com a derrota sofrida na jornada seguinte em Tomar na penúltima jornada da principal competição nacional.

O UFC Tomar venceu o Vitoria SC por 3-2, num jogo verdadeiramente impróprio para cardíacos. A luta pela sobrevivência estava ao rubro e com esta vitória sobre a equipa da cidade berço o conjunto do UFC Tomar garantiu praticamente a manutenção na 1ª Divisão Nacional.

Na derradeira 30ª jornada da prova o jogo Vitoria SC – Boavista FC, disputado no Estádio Municipal de Guimarães, seria apenas um derby de despedida para ambas as equipas da edição de 1971/72 do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Para historia fica apenas o resultado final deste encontro que patenteou uma vitoria dos vimaranenses por 2-1.

A classificação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1971/72 terminou então com o SL Benfica, como campeão nacional, seguido na classificação pelo Vitoria de Setúbal (2º), Sporting CP (3º), GD Cuf (4º), FC Porto (5º) e Vitoria SC, em 6º lugar, com 30 pontos amealhados, decorrente de 11 vitorias, 8 empates e 11 derrotas. A turma de Guimarães sofreu 47 golos e marcou 49.

Resta somente focar as estatísticas finais individuais dos atletas que compuseram o plantel do Vitoria SC na temporada de 1971/72. Na posição de guarda-redes o Vitoria SC utilizou Gomes (20 jogos) e Rodrigues (10 jogos). A defesa normalmente utilizada era composta por Costeado (30 jogos), José Carlos (25 jogos), Manuel Pinto (30 jogos) e Osvaldinho (30 jogos). Como defesas jogaram ainda Joaquim Jorge (7 jogos) e Leal (3 jogos).
A linha intermediária foi normalmente composta por Hélder Ernesto (30 jogos), Custódio Pinto (30 jogos) e Silva (19 jogos). O Vitoria SC utilizou ainda no meio campo Artur (4 jogos), Manafá (6 jogos), Romão (7 jogos) e Ribeiro (4 jogos).

Na frente de ataque o Vitoria SC jogou normalmente com o luso-brasileiro Jorge Gonçalves (25 jogos), Tito (30 jogos) e Ibraim (23 jogos). Jogaram ainda Cartucho (14 jogos), Zé Carlos (4 jogos) e Rodrigo (13 jogos).
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Quanto aos golos apontados pelo Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1971/72 foram assim distribuídos: Jorge Gonçalves marcou 15 golos e foi o melhor marcador da equipa, Tito apontou 14, Manuel Pinto marcou 5 golos, Custódio Pinto 4, Hélder Ernesto 3, Silva e Ibraim 2 golos cada e José Carlos, Joaquim Jorge e Cartucho marcaram 1 golo cada um. O Vitoria SC beneficiou ainda de 1 auto golo apontado por Barrigana do FC Tirsense.

Finalmente, resta referir a participação do Vitoria SC na edição de 1971/72 da Taça de Portugal. Nesta prova, depois de um auspicioso inicio, eliminando a equipa da Académica de Coimbra no seu terreno, o Vitoria SC afastado na ronda seguinte pelo CF Belenenses.

Nos 16/avos de final o Vitoria SC defrontou a equipa da Académica de Coimbra no Estádio Municipal da cidade dos estudantes. A Académica de Coimbra entrou melhor no encontro e logo aos 6 minutos adiantou-se no marcador por intermédio de Raul Aguas.

Imediatamente após o Vitoria SC chegou à igualdade por intermédio do avançado português Tito, aos 11 minutos, para ainda no decorrer da primeira parte, concretamente aos 36 minutos de jogo, o luso brasileiro Jorge Gonçalves completar a reviravolta no marcador, que redundou no resultado final de 1-2 a favor dos vimaranenses.

Na eliminatória seguinte o Vitoria SC jogou novamente fora do seu reduto. Deslocou-se ao Estádio do Restelo onde foi derrotado pelo CF Belenenses por 1-0 e consequentemente eliminado da Taça de Portugal, que viria a ser conquistada pelo SL Benfica, consumando assim a tradicional dobradinha.

Por fim, realce para as conquistas protagonizadas pelas equipas mais jovens do Vitoria SC. A 2ª equipa sénior do Vitoria SC venceu o Campeonato Regional de Reservas da A.F. de Braga, enquanto as equipas dos escalões de juvenis e juniores, sagraram-se, respectivamente, vencedoras dos Campeonatos Distritais da 1ª Divisão da A.F. de Braga na categoria de juvenis e juniores.


Autor: Alberto de Castro Abreu 1 Comentários

 

Ibraim


Ibraim, actualmente um empresário no ramo da restauração, surgiu nos escaparates futebolísticos nacionais no início da década de 70, ao serviço do Vitoria SC. Natural de Vila Praia de Ancora, jogou nos juniores do Vitoria SC, notabilizou-se, muito jovem, na equipa principal e chegou a internacional português, transferindo-se, mais tarde, para o SL Benfica. Também jogou futebol no continente norte-americano. Teve uma fugaz passagem pelo Varzim SC e terminou, prematuramente, a carreira na Académica de Coimbra, já nos inícios dos anos 80, por causa de uma grave lesão.

Nasceu no dia 29 de Setembro de 1953, como se disse, em Vila Praia de Ancora. A prática do futebol iniciou-a no Ancora Praia Futebol Clube, onde era a grande promessa da terra. Mas, com apenas 16 anos de idade, rumou à cidade de Guimarães para integrar as equipas de formação jovem do Vitoria SC e definitivamente desabrochar toda a sua qualidade como futebolista.

Não foi fácil, todavia, o ingresso de Ibraim no Vitoria SC. É que, na verdade, estava tudo praticamente definido para o jovem ancorense ingressa-se no FC Porto depois de o celebre treinador da formação portista Artur Baeta o ter avaliado e aprovado.

Para a contratação de Ibraim pelo Vitoria SC foi decisiva a intervenção do Sr. Damião Silva, naquela altura o Chefe do Departamento de Futebol na Direcção do Vitoria SC, que acabou por convencer o pai e acolheu o jovem jogador em sua casa.

De resto, não terá sido indiferente também o facto de José Carlos, defesa central dos quadros do Vitoria SC - embora naquela altura no ultramar a cumprir serviço militar - ser irmão de Ibraim, o que naturalmente pesou na decisão tomada.

Apesar de ainda ter idade de juvenil, Ibraim foi imediatamente integrado na equipa de juniores do Vitoria SC logo no início da temporada de 1969/70. O seu futebol era verdadeiramente prodigioso e depressa causou sensação a todos aqueles que acorriam a assistir aos treinos e jogos dos escalões mais jovens da equipa vimaranense.
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(Equipa de Juniores do Vitoria SC em 1969/70)

No início da temporada de 1970/71 integrava-se com bastante regularidade nos trabalhos da equipa principal do Vitoria SC treinada pelo brasileiro Jorge Vieira, então de regresso ao clube, depois da brilhante passagem na época de 1968/69.

Esta época do clube vimaranense em 1970/71 ficou marcada, é certo, pelos maus resultados no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, mas também, por uma onda de lesões que apoquentou muitos dos principais jogadores da equipa principal.

É na sequência de muitos desses impedimentos no Vitoria SC que o jovem Ibraim vai surgir pela primeira vez como titular na equipa principal, concretizando, assim, a sua estreia oficial na primeira equipa vitoriana.

(Plantel do Vitoria SC na época de 1970/71)

Essa estreia oficial verificou-se no dia 8 de Novembro de 1970, numa partida entre o Vitoria SC e a Académica de Coimbra a contar para a 8ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, desafio este disputado no Estádio 28 de Maio na cidade Braga, recinto actualmente denominado como Estádio 1º de Maio.

O Vitoria SC teve que jogar este encontro fora do seu reduto porque tinha o Estádio Municipal de Guimarães interditado na sequência de incidentes verificados no final de uma partida contra o Vitoria de Setúbal

O Estádio 28 de Maio em Braga registou uma grande afluência de público, numa tarde solarenga de Outono. Entre o publico que assistiu ao desafio, destaque para a presença de muitos adeptos do SC Braga – clube minhoto a militar na 2ª Divisão Nacional - que apoiaram freneticamente a equipa da Académica de Coimbra, o que causou naturalmente grande revolta nos adeptos vimaranenses, que chegaram, tempos depois, a propor em assembleia geral que o Vitoria SC nunca mais jogasse na cidade de Braga quando o seu estádio estivesse interdito.

(Em 1970/71 no Vitoria SC)

Quanto ao jogo, diga-se que o Vitoria SC, certamente fruto das ausências, apresentou-se nesta partida especialmente desorganizado, incapaz de ultrapassar a bem montada defesa conimbricense. A Académica de Coimbra alem de se revelar extremamente segura a defender, conseguiu com sucesso criar óptimas oportunidades de golo, sempre em jogadas de contra ataque, engendradas por Gervásio e Vítor Campos a municiar os atacantes António Jorge e Manuel António.

A Académica de Coimbra venceu o Vitoria SC por 1-2, com António Jorge a apontar os dois golos da equipa conimbricense e o Gouveia a ser o autor do tento de honra da formação vimaranense.

(Ibraim nas alturas no jogo de estreia frente à Academica de Coimbra)
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Na época em que Ibraim estreou-se na equipa principal, o Vitoria SC conseguiu a manutenção – objectivo que se tornou prioritário com o desenrolar da temporada – a muito custo e forma manifestamente sofrida, quer pelos atletas e técnicos, quer pelos responsáveis directivos do clube e a massa associativa.

Na ponta final da temporada já o jovem Ibraim era praticamente titular na equipa do Vitoria SC. Os números individuais do jovem ancorense demonstram que na época de 1970/71 alinhou em 11 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sem ter apontado qualquer tento.

Relembremos, contudo, o jogo decisivo para a manutenção onde Ibraim esteve presente na equipa titular. O Vitoria SC deslocou-se ao Estádio das Antas para defrontar o FC Porto. Os vimaranenses, secundados por enorme falange de apoio, foram nesta partida verdadeiramente estóicos na conduta, aguentando com brio e determinação uma igualdade a 0-0, resultado suficiente para garantir a manutenção.

Apelidou-se como um verdadeiro milagre a salvação da equipa do Vitoria SC, principalmente, quando umas semanas antes tudo parecia definitivamente perdido. Envolvidos em muita fé nas suas capacidades e no apoio das suas gentes, os jogadores do Vitoria SC conseguiram - com muito custo é verdade - garantir a manutenção e evitar o grande desgosto que seria a descida de divisão para todos os vimaranenses.

Mas foi na época seguinte de 1971/72, com o treinador Mário Wilson no comando técnico do Vitoria SC, que o jovem Ibraim evidenciou-se manifestamente, conquistando um espaço de indiscutível na equipa vimaranense, formando uma celebre frente de ataque com Tito e Jorge Gonçalves.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1971/72)

(Em 1971/72 no Vitoria SC)

(Equipa do Vitoria SC na época de 1971/72)

Ibraim tratava-se de um excelente avançado, sobretudo actuando na posição de extremo. Era um jogador de fino recorte técnico, extremamente veloz, muito inteligente e com uma boa compleição física em termos de estatura, apesar de uma aparência de franzino.

Na área era um jogador bastante temido, incisivo e com uma capacidade de discernimento notável na hora de finalizar. Mas as desmarcações e as assistências para golo eram verdadeiramente o seu ponto forte.

(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1971/72)

(Ibraim no Vitoria SC)
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Quanto ao Vitoria SC de 1971/72, com uma equipa bastante remodelada em relação à temporada anterior, realizou uma prova acima média, sempre próxima dos lugares da frente o que superou todas as expectativas. Terminou posicionado no 6º lugar da tabela geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, numa competição que veio a ser vencida pelo SL Benfica e cuja grande sensação foi a CUF que acabou classificado no 4º posto.

Quanto ao jovem Ibraim, alinhou em 25 jogos da principal competição portuguesa, tendo apontado 2 golos, os primeiros tentos que marcou na sua carreira de futebolista profissional.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1971/72)
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Na época seguinte de 1972/73 o Vitoria SC repetiu o 6º lugar final na classificação geral, num Campeonato Nacional da 1ª Divisão em que o SL Benfica revalidou o título e onde, desta feita, o Vitoria de Setúbal foi a sensação da prova com o 3º lugar alcançado. Era o reflexo da pujança do tecido industrial da zona sul do Tejo.

A frente de ataque continuou a ter Jorge Gonçalves, Tito e Ibraim, como principais personagens. Todavia, desta feita, teve ainda a companhia do jovem Romeu, primo de Ibraim, que chegou ao Vitoria SC para substituir o luso-brasileiro Jorge Gonçalves que se lesionou com gravidade.

Na época de 1972/73, o avançado Ibraim Tito alinhou em 26 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontando 4 golos no decurso da principal competição nacional.
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(Ibraim no Vitoria SC)

A temporada de 1973/74 foi a ultima época de Ibraim ao serviço do Vitoria SC. A equipa vimaranense repetiu o 6º lugar na principal prova nacional que teve o Sporting CP como Campeão Nacional e na qual o jovem ancorense alinhou em 19 jornadas da prova, concretizando apenas 3 golos.

Com a revolução ocorrida em Portugal no dia 25 de Abril de 1974, verifica-se, também uma mudança fundamental na relação laboral entre os clubes e os jogadores de futebol. Uma das primeiras consequências é a liberdade contratual e nessa oportunidade, o jovem Ibraim deixa o Vitoria SC e ingressou no SL Benfica, sem qualquer contrapartida financeira.

(Plantel do Vitoria SC na época de 1973/74 no pelado do Campo da Unidade em Guimarães)

(Ibraim no Vitoria SC na época de 1973/74(

(Equipa do Vitoria SC na época de 1973/74)
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1973/74)
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Atentemos também à carreira de Ibraim na Selecção Nacional. Se o brilhantismo do desempenho deste jogador ao serviço do Vitoria SC era notório, o mesmo acontecia nas alturas em que representava as selecções de Portugal nos escalões mais jovens.

Desde cedo que Ibraim integrou os trabalhos das selecções de Portugal figurando mesmo na historia do Vitoria SC como o segundo jogador internacional jovem das escolas de formação do clube vimaranense. Ibraim fez um percurso desde a Selecção de juniores até à equipa nacional de Esperanças, sendo sempre considerado como o jogador mais importante.
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(Selecção Nacional da Juniores portuguesa no inicio da decada de 70)
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(Em 1971 equipa de Juniores de Portugal)

(Selecção Nacional de Esperanças na decada de 70)

Como se disse, Ibraim ingressou no SL Benfica no início da temporada de 1974/75. A equipa encarnada, treinada por Milorad Pavic, sagrou-se campeã nacional, com o jovem ancorense a participar em 14 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontado 2 golos na prova.

O jovem Ibraim, com apenas 21 anos de idade, não era, naturalmente, considerado um titular indiscutível na equipa benfiquista. Contudo, também é certo que a linha avançada do SL Benfica incorporava jogadores da muita qualidade como por exemplo Nené, V. Baptista, Moinhos ou Moía, e como tal as oportunidades para Ibraim jogar não seriam assim tantas.

Ainda assim o ex jogador vitoriano foi bastantes vezes utilizado e contribuiu modestamente para a conquista do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75 por parte da formação do SL Benfica.

(SL Benfica na época de 1974/75)
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(Plantel do SL Benfica na temporada de 1974/75)
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Na época seguinte no SL Benfica foi menos positiva para Ibraim no aspecto individual. Se o SL Benfica voltou a sagrar-se novamente campeão nacional, agora sob o comando técnico de Mário Wilson, já o jovem Ibraim simplesmente não alinhou em qualquer desafio do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

A sua época de 1975/76 resumiu-se a participar em alguns jogos amigáveis e de reservas da equipa do SL Benfica. A pouco utilização de Ibraim no SL Benfica, versão 1975/76, conduziu à sua saída do clube.
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(Plantel do SL Benfica na época de 1975/76)
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(Ibraim no SL Benfica)

Acabou seduzido pela célebre expansão do futebol ou “soccer” em terras americanas na década de 70 e acabou por ingressar em 1976 no Rochester Lancers de Nova Iorque. Naquela equipa dos Estados Unidos da América, Ibraim jogou 5 Campeonatos Nacionais e tornou-se num dos jogadores mais importantes da história daquele clube.

À excepção do último ano, em 1980, o avançado Ibraim foi sempre titular indiscutível na equipa nova-iorquina do Rochester Lancers, durante os cinco anos que jogou naquele clube. Esteve no auge do futebol naquele país, mas também viveu o declínio da modalidade, com a falência de vários clubes que compunham o principal campeonato nacional, incluindo o seu Rochester Lancers.

(Plantel do Rochester Lancers em 1977)

(Ibraim com a camisola n.º 11 ao serviço do Rochester Lancers em 1977)
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A época desportiva nos Estados Unidos da América resumia-se inicialmente a seis meses de competição, e por esse motivo, permitiu a Ibraim ainda participar na ponta final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão em Portugal na temporada de 1976/77 ao serviço do Varzim SC.

Nesta época realizou 9 jogos e apontou 1 golo na principal competição portuguesa, onde a equipa poveira, treinada pelo mítico António Teixeira, conquistou uma brilhante 7ª posição na classificação geral.

Depois de representar o Varzim SC regressou novamente à América do Norte e ao clube da cidade de Nova Iorque, o Rochester Lancers. Naquele continente, Ibraim terá ainda representado do Manchester, o San José, já em 1980, e o First Portuguese Canadian Club.
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(Plantel do Rochester Lancers no ano de 1978)

(Com o n.º 11 Ibraim festeja mais um golo da sua equipa)

(Plantel do Rochester Lancers no ano de 1979)

No início da época de 1981/82, Ibraim, com 27 anos de idade, regressou definitivamente ao futebol português. Seduzido pelo técnico Mário Wilson ingressou na equipa da Académica de Coimbra no começo desta temporada, com o objectivo de novamente afirmar-se no futebol português e ajudar, desta feita, a briosa a regressar à 1ª Divisão Nacional.

Na primeira temporada em Coimbra, Ibraim foi titular indiscutível, formando uma frente de ataque temível, com Eldon e Camarin, responsável por uma enorme quantidade de golos. Os números individuais do avançado Ibraim apontam para uma utilização em 29 jogos do Campeonato Nacional da 2ª Divisão Zona Centro, apontando 6 golos na sua conta pessoal.

(Equipa da Academica de Coimbra em 1981/82)

(Ibraim ao serviço da Academica de Coimbra)
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(Equipa da Academica de Coimbra na temporada de 1981/82)

A Académica de Coimbra não conseguiu subir à 1ª Divisão Nacional, quedando-se apenas no 2º lugar da tabela geral. Classificação que repetiu na temporada seguinte de 1982/83 falhando novamente o objectivo de regressar ao primeiro patamar do futebol português.

Mário Wilson continuou a ser o treinador da Académica de Coimbra na época de 1982/83. Ibraim até começou bem a temporada, realizou 8 jogos e marcou 1 golo, até ao momento em que sofreu um grave lesão que o afastou da equipa conimbricense e, afinal., também do futebol.

(Ibraim com a camisola da Academica de Coimbra)

Com apenas 28 anos de idade Ibraim decidiu colocar um ponto final na sua carreira de futebolista profissional. Lançou-se no mundo dos negócios, mas ainda voltou ao futebol para treinar a equipa do CCD Ancorense.

Actualmente, Ibraim é proprietário de um dos mais famosos restaurantes de Vila Praia de Ancora, “A Tasquinha”, situado num espaço bem rústico e tradicionalmente conhecido pela tasquinha do Ibraim, onde se serve, especialmente, pratos de peixe e marisco. As especialidades da casa são, sobretudo, os cozinhados feitos com a própria água do mar.

(Ibraim lendo o Jornal Vitoria em 2000)

(Ibraim, presentemente, no seu restaurante em Vila Praia de Âncora)


Autor: Alberto de Castro Abreu 5 Comentários

 

Rebelo


Rebelo foi considerado por muito críticos desportivos como o melhor médio de ataque português do seu tempo, somente comparável a Albino do SL Benfica. Notabilizou-se actuando numa posição original tacticamente naquela altura, o lugar de médio de ataque, precisamente o jogador sobre quem impendia a organização do ataque depois da recuperação da bola.

Este centrocampista português destacou-se precisamente ao serviço do Vitoria SC, um clube que representou durante nove épocas consecutivas ao mais alto nível, realizando, com a camisola branca e preta, mais de duzentos jogos nas principais competições nacionais, concretamente, o Campeonato Nacional da 1ª Divisão e a Taça de Portugal. Nesse período e nessas provas oficiais o médio Rebelo marcou um total de 34 golos com a camisola do Vitoria SC.

Nasceu no dia 12 de Junho de 1921 e antes de rumar a norte para representar o Vitoria SC era já considerado, na década de 40, como o melhor meia-direita de Lisboa, na opinião do conceituado Ricardo Ornelas, mesmo antes de se destacar na posição de médio de ataque.

Proveniente do GD Cuf, o centrocampista Rebelo, perto de fazer 25 anos de idade, foi contratado pelo Vitoria SC para a temporada de 1946/47, vindo a tornar-se num dos jogadores mais importantes na história seguinte do clube, nomeadamente, com a definitiva afirmação no principal escalão do futebol português.
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(À civil, Rebelo na equipa do Vitoria SC da temporada de 1946/47)
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A sua estreia, porém, com a camisola do Vitoria SC ocorreu ainda no epílogo da época de 1945/46 num jogo amigável entre a equipa vimaranense e a formação principal do FC Porto, numa festa que visava homenagear o celebre jogador vitoriano Zeferino Duarte, que colocava nesta altura um ponto final à sua carreira de futebolista.

Essa partida festiva realizou-se no dia 30 de Junho de 1946, tendo os vimaranenses vencido a turma do FC Porto por 4-2, sendo o estreante Rebelo o autor do quarto golo do Vitoria SC.

A estreia oficial do centrocampista Rebelo ao serviço do Vitoria SC ocorreu, contudo, precisamente no dia 15 de Setembro de 1946, numa partida a contar para a Taça da Associação de Futebol de Braga, entre os vimaranenses e o Sporting de Fafe, que os vitorianos venceram por 10-1, tendo o debutante futebolista apontado três golos neste encontro.

Na época de 1946/47 há novo treinador no Vitoria SC. O escolhido é Artur Baeta, um homem que se tornou famoso pela dedicação à formação de jovens jogadores de futebol.

O Campeonato Distrital foi de novo conquistado pela formação de Guimarães. Todavia a conquista deste título já não foi o passeio que havia sido nos anos anteriores. O Vitoria SC teve de ultrapassar inúmeras dificuldades e puxar de todos os seus galões e classe para conquistar o ceptro.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1946/47, o Vitoria SC ficou mais uma vez classificado na 8ª posição, numa prova disputada por 14 clubes, garantindo assim um lugar na prova na época seguinte.

Rebelo foi uma das figuras de cartaz na equipa do Vitoria SC da temporada de 1946/47. Jogava, nesta altura, sobre o lado direito de uma frente de ataque vitoriana composta também por Franklim, Brioso e Teixeira. Alinhou em 20 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, marcando 5 golos ao longo desta competição.
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(Rebelo em acção numa partida entre o Vitoria SC e o FC Porto no Campo da Amorosa com o Castelo de Guimarães ao fundo na imagem)
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Na temporada de 1947/48 chega à cidade de Guimarães um novo treinador que vem substituir Artur Baeta. Alfredo Valadas, antiga glória do SL Benfica, é o escolhido para comandar os destinos da equipa do Vitoria SC, permanecendo nesse cargo durante 2 temporadas.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão desta época o Vitoria SC classificou-se na 7ª posição, precisamente a meio da tabela classificativa de um campeonato disputado por 14 clubes. O Vitoria SC realizou uma prova extremamente tranquila, garantindo a permanência no escalão – que era afinal o primordial objectivo – com muita facilidade.

Nesta competição o futebolista Rebelo, jogando sobretudo na linha avançada, realizou 18 jogos com a camisola do Vitoria SC e apontou 3 golos.
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1948/49, a equipa do Vitoria SC, que continuava a ser tecnicamente liderada por Alfredo Valadas, conquistou um brilhante 6º lugar, a melhor classificação de sempre até aquela altura. Rebelo realizou nesta prova um total de 19 jogos e apontou 4 golos.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1948/49)
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(Rebelo é um dos jogadores do Vitoria SC nesta partida frente ao Sporting CP, no Campo da Amorosa, a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão)

A época de 1949/50 traz para Guimarães um novo treinador. Janos Biri, um húngaro naturalizado português, antigo guarda redes do Boavista FC, com um curriculum vitae cheio de êxitos, onde se destacam, essencialmente, os dois campeonatos nacionais conquistados, como técnico principal, ao serviço do SL Benfica nas temporadas de 1942/43 e 1944/45.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria SC quedou-se pela 11ª posição, protagonizando um péssimo campeonato, salvando-se da descida de divisão, apenas, na última jornada com uma vitória por 3-1 contra o GD Estoril – Praia.

Rebelo voltou a ser uma peça fundamental na equipa vitoriana. Actuando, principalmente, na linha da frente, realizou pelo Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1949/50, um total de 24 jogos, concretizando 5 golos.

(Equipa do Vitoria SC na época de 1949/50)

(Rebelo disputa o lance com os jogadores do CF Belenenses no Campo da Amorosa)

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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1949/50)

A temporada seguinte de 1950/51 decorreu com imensas dificuldades para o Vitoria SC, que coleccionou uma série de resultados negativos, voltando a correr iminentes riscos em descer ao escalão secundário do futebol português, algo que ainda não tinha ocorrido na história do clube vimaranense até aquela data.

No comando técnico da equipa manteve-se o húngaro, naturalizado português, Janos Biri. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria SC viveu dias tremendamente difíceis, contabilizando resultados contraditórios, ora ganhando surpreendentemente a clubes mais fortes e candidatos aos lugares cimeiros, ora perdendo, inexplicavelmente, com clubes da mesma ou inferior valia.

(Equipa do Vitoria SC na época de 1950/51)
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(No Campo da Amorosa numa partida entre o Vitoria SC - FC Porto)
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1950/51)
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O Vitoria SC terminou a prova classificado na 13ª posição, lugar que obrigava a equipa vimaranense a disputar um liguilha para garantir a manutenção no escalão maior. Porem, o Vitoria SC não necessitou de disputar esses jogos pois o Vitoria de Setúbal, que se tinha classificado no 12º lugar, acabou por ser punido pelo ministério governamental que tutelava o desporto, com a descida de divisão por comprovadamente ter subornado jogadores do Clube Oriental de Lisboa, aquando do jogo disputado na cidade de Lisboa entre o clube sadino e popular clube de Marvila.

Quanto a Rebelo foi nesta época um dos totalistas da equipa do Vitoria SC, actuando em todos os 26 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontando, nessa competição um total de 4 golos.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1950/51)
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(No Campo da Amorosa jogo entre o Vitoria SC e o FC Porto)

(Equipa do Vitoria SC na época de 1950/51)
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Na edição seguinte do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, de 1951/52, o Vitoria SC atravessou novamente algumas dificuldades, quedando-se, no final da prova, classificado apenas na 10ª posição da tabela geral.

Nessa temporada, porém, o Vitoria SC tinha um novo treinador, um húngaro chamado Alexandre Peics, técnico que aplicou em Guimarães um novo sistema táctico muito em voga naquela altura. O modelo de jogo era conhecido pelo WM onde havia uma marcação homem a homem dos defesas centrais aos avançados centro o que na altura era alvo de muita controvérsia na doutrina táctica do futebol mundial.

É com Peics que emerge a nova posição táctica de Rebelo em campo e onde definitivamente o jogador vai notabilizar-se a nível nacional como o melhor médio de ataque do futebol português.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1951/52)

Efectivamente, era nesta posição que Rebelo atingia maior expressão no seu futebol. O seu sentido posicional no terreno de jogo era admirável, bem como aquele estilo sóbrio e sereno com que abordava os lances.

Rebelo era um jogador esguio, de elevada estatura, com umas pernas longas e características, de tal modo que o apelidavam carinhosamente de “Cataninha” tal a semelhança entre o efeito de uma catana com a forma como desarmava os adversários.

Por isso destacava-se bem nesta nova posição táctica. Defensivamente era dotado, mas ofensivamente era incomparável, dada a forma competente com que gizava as jogas ofensivas. Técnico, sereno, deveras intuitivo, com Peics, Rebelo passou, com sucesso, a ser o motor do ataque do Vitoria SC.

(Rebelo num encontro em Lisboa entre o Sporting CP - Vitoria SC)

Jogou em 25 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontado apenas um golo ao longo da prova. Foi contudo o Rei das assistências e com isso lucraram os avançados Teixeira e Caraça, que em conjunto apontaram 28 golos na principal competição portuguesa.

(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1951/52)

Na temporada de 1952/53 o Vitoria Sport Clube voltou a participar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e ao garantir a permanência no principal escalão do futebol português no final daquela época, tornou-se o clube com mais participações consecutivas na 1ª Divisão Nacional a seguir ao SL Benfica, Sporting CP, FC Porto e CF Belenenses, feito registado e de assinalar naquele tempo para uma colectividade da província.

O Vitoria SC terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 8ª posição da tabela classificativa. Todavia, a posição alcançada e que se situa a meio da tabela geral, num campeonato disputado por 14 clubes, não foi sinónimo de normalidade nem de uma prova sem sobressaltos. Antes pelo contrário, pois o Vitoria SC viu-se envolvido ate final da competição na luta pela permanência no principal escalão com o Boavista FC, SC Covilhã, Académica de Coimbra, Atlético CP, SC Braga e GD Estoril – Praia.

(Equipa do Vitoria SC na época de 1952/53)

Alias, o Vitoria SC só garantiu a permanência num dramático jogo disputado na cidade de Guimarães no dia 26 de Abril de 1953 frente ao SC Braga. No Campo da Amorosa, completamente lotado, assistiu-se com elevado dramatismo ao desenrolar do jogo entre vizinhos de Guimarães e Braga e que permaneceu empatado a 2-2 até ao ultimo minuto do encontro, altura em que Caraça apontou o golo da vitoria e da salvação dos vitorianos, que assim venceram a partida por 3-2, remetendo a formação arsenalista para o jogo da liguilha.

Individualmente, na equipa do Vitoria SC, continuava a destacar-se o centrocampista Rebelo. Na principal competição portuguesa voltou a ser um dos totalistas, com 26 jogos, e 4 golos marcados.

(Rebelo com uma camisola alternativa do Vitoria SC)
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Na edição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época seguinte o Vitoria Sport Clube alcançou a 8ª posição na tabela classificativa, numa prova que decorreu sem grandes sobressaltos para os vimaranenses que, com tranquilidade, atingiram o objectivo de garantir a permanência no principal escalão do futebol português.

O técnico da formação do Vitoria SC era agora o português Cândido Tavares que continuava a aposta em Rebelo no meio campo. Rebelo actuou desta feita em 23 jogos e concretizou 3 golos na competição.
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(Vitoria SC na época de 1953/54)

(Rebelo no Vitoria SC)

Seguiu-se a temporada que fica marcada na historia do Vitoria Sport Clube como a época em que o clube vimaranense desceu pela primeira vez à 2ª Divisão Nacional, facto que apenas voltaria a suceder passado mais de 50 anos, nomeadamente no final da recente temporada de 2005/06, em que o clube foi relegado à 2ª Liga.

Inexplicavelmente a formação vimaranense não conseguiu garantir a manutenção no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1954/55, facto que surpreendeu todo o panorama futebolístico nacional, logo numa altura em que o Vitoria SC tinha apostado fortemente para aquela época.

(Equipa do Vitoria SC na época de 1954/55)

No início da temporada contratou o conceituado treinador inglês Randolph Galloaway que em Portugal tinha alcançado enorme sucesso ao conquistar três títulos de campeão nacional de forma consecutiva como técnico principal do Sporting CP.

A 3 jornadas do final do Campeonato o Vitoria SC tinha pela frente três verdadeiras finais onde só o triunfo poderia evitar o fatídico desiderato que veio a suceder. Na primeira dessa três finais ainda vence no Campo da Amorosa a Académica de Coimbra por 2-1, mas na penúltima jornada carimba definitivamente o passaporte rumo à 2ª Divisão ao não conseguir levar de vencida o Atlético CP.

(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1954/55)

O jogo termina empatado a 0-0, com o Vitoria SC, apoiando por uma imensa falange de apoio que viajou de Guimarães, a desperdiçar inúmeras oportunidades para se adiantar no marcador e assim levar de vencida o adversário. Recorda-se um lance a poucos minutos do final do jogo quando José da Costa, um dos mais prestigiados jogadores do Vitoria, falhou um golo fácil, isolado perante o guarda-redes do Atlético CP.

Foi uma profunda tristeza e desilusão para as gentes de Guimarães que se queixaram de uma tremenda falta de sorte, não só naquele jogo como em outras situações, como a grave lesão que vitimou Rola, um dos mais categorizados jogadores do Vitoria SC e que o impediu de dar o seu contributo à equipa durante quase toda a temporada. O Vitoria SC foi o último classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1954/55, com tão só 17 pontos contabilizados.

(Equipa do Vitoria SC na época de 1954/55)
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Quanto a Rebelo, digamos que o “Cataninha” era já um jogador veterano, perto de completar 34 anos de idade, e a sua utilização foi bem mais esporádica que aquilo que acontecera nas temporadas anteriores. Jogou apenas em 14 jogos do Campeonato Nacional e apontou 2 golos.

Colocou no final desta temporada de 1954/55 um ponto final na sua ligação de 9 anos de futebolista ao Vitoria SC. Continuou ligado ao futebol, também como treinador, sem obter o sucesso que alcançou como futebolista.

A sua ligação a Guimarães manteve-se ao longo de toda a vida, mesmo depois do término da sua ligação ao Vitoria SC. Alem de ser sempre muito estimado pelas gentes de Guimarães, Rebelo casou mesmo com uma vimaranense e por aqui viveu muitos anos.
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(Numa equipa de Velhas Guardas do Vitoria SC)
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(Na decada de 7o noutra equipa de Velhas Guardas do Vitoria SC)
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(Outra equipa de Velhas Guardas do Vitoria SC)
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Faleceu com quase 66 anos de idade, em meados do ano de 1987, no Hospital de Paredes. Foi posteriormente sepultado no Barreiro, a terra natal de Manuel Tavares Rebelo, o nome completo do famoso “Cataninha”.

(Manuel Tavares Rebelo, o "Cataninha")


Autor: Alberto de Castro Abreu 1 Comentários

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