Glórias do Passado: fevereiro 2008

 

Armando


Armando Maria da Silva Spencer, cabo-verdiano de nascença, chegou à cidade de Guimarães, para representar o Vitoria SC, na época de 1962/63, tendo jogando ainda com o símbolo de D. Afonso Henriques na temporada seguinte de 1963/64.
.
Era um avançado/extremo esquerdo, rápido e muito habilidoso, que em Portugal alinhou, além do Vitoria SC, nas formações do SC Farense, GD O Coruchense, SC Olhanense, e no AC Marinhense, terminado a sua carreira de futebolista nos Estados Unidos da América, país onde esteve emigrando longos anos.
.
Armando começou por notabilizar-se no AC Marinhense na 2ª Divisão Nacional, depois de passagens pelas equipas do SC Farense, GD O Coruchense durante a década de 50. Ingressou pela primeira vez na equipa da Marinha Grande na época de 1959/60, clube com o qual manteve uma relação ao longo de vários anos, ficando ligado a capítulos históricos daquela colectividade.
.
(SC Farense na decada de 50)
.
Na primeira época ao serviço do AC Marinhense, Armando contribuiu imensamente para a excelente temporada realizada pela equipa na 2ª Divisão Nacional. A equipa do AC Marinhense classificou-se no 2º posto da tabela, às portas de conseguir ascender à 1ª Divisão Nacional.
.
AC Marinhense ainda participou na liguilha com o Atlético CP, SC Braga e Oriental de Lisboa, mas acabou por não conseguir apurar-se para o escalão principal, pois no jogo decisivo frente aos bracarenses a equipa da Marinha Grande não foi além de um empate a 1-1.
.
(AC Marinhense na temporada de 1959/60)
.
(AC Marinhense na época 1959/60)
.
Em 1961/62 ingressou no SC Olhanense e pelo clube algarvio iria participar pela primeira vez na sua carreira na 1ª Divisão Nacional. O SC Olhanense, que estava de regresso ao escalão máximo do futebol português, realizou uma fantástica temporada sob os comandos do técnico Francisco André.
.
No final da temporada, o SC Olhanense atingiu um brilhante 8º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1961/62, sendo Armando considerado um dos grandes destaques da formação algarvia, além de ter sido o melhor marcador do conjunto com os 10 golos apontados em toda competição.
.
(Com a camisola do SC Olhanense)
.
As suas exibições aguçaram o desejo de clubes de maior dimensão. Entre eles, o Vitoria SC, clube que conseguiria contratar os serviços do avançado Armando para a temporada de 1962/63.
O plantel do Vitoria SC para a nova época de 1962/63, treinado pelo técnico José Valle, sofreu uma grande revolução ao nível dos seus integrantes, começando aqui a desenhar-se um conjunto de jogadores que duraria várias épocas em Guimarães.

A formação do plantel do Vitoria SC ficou em grande medida resolvido com as transferências dos jogadores Augusto Silva e Pedras para o SL Benfica. Pois, nesse negócio, alem do considerável encaixe financeiro realizado, a equipa do Vitoria SC recebeu no seu plantel tão só sete novos jogadores provenientes do clube da Luz.
.
O primeiro negócio a ser concretizado foi a transferência do jovem Pedras para os encarnados, com os vimaranenses a receberem como contrapartida a avultada quantia de 550 contos, mais os jogadores Peres, Mendes e Fonseca.
.
(Vitoria SC na época de 1962/63)
.
(Vitoria SC na época de 1962/63)
.

(Armando aguardando o erro do guarda redes azul no Vitoria SC - CF Belenenses em Coimbra no jogo de desempate na meia final da Taça de Portugal)
.
Volvido pouco tempo após a transferência de Pedras, foi a vez de Augusto Silva transferir-se para o SL Benfica, tendo os vitorianos recebido a cifra de 700 contos, mais os passes de Manuel Pinto, Teodoro, Zeca Santos e Testas, estes dois últimos na condição de emprestados.
.
Relativamente à composição do plantel regista-se, alem das sete caras novas provenientes do SL Benfica, as contratações do guarda redes Roldão, de Paulino, o cabo verdiano Armando e do avançado brasileiro Lua, mais uma pérola vinda do outro lado do Atlântico indicado por António Pimenta Machado, vimaranense radicado na cidade pernambucana do Recife/Brasil.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1962/63 o Vitoria SC foi o 6º posicionado na tabela classificativa final da competição, lugar muito meritório para uma equipa praticamente nova. Armando não foi um titular indiscutível na equipa vimaranense, mas ainda assim alinhou em 14 partidas da competição, apontando 3 golos.
.
Alias, a linha avançada do Vitoria SC foi aquele sector que mais variou ao longo da época, mas era maioritariamente composta por Romeu, Lua, Mendes e Armando. Sendo Paulino, Castro, Teodoro e Testas, as restantes opções no sector ofensivo.
.
(Vitoria SC na temporada de 1962/63)
.
(Vitoria SC na época de 1962/63)
.
(Armando com a camisola do Vitoria SC)
.
O bom desempenho protagonizado pelo Vitoria de Guimarães no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1962/63 foi todavia suplantado pela sensacional campanha realizada na Taça de Portugal, que levou o clube, pela segunda vez no seu historial, à final da competição que se disputava no Estádio do Jamor.

Depois de eliminar o SC Covilhã, a Académica de Coimbra, o CF União da Madeira, sucessivamente, o Vitoria SC encontrou na eliminatória das meias-finais o CF Belenenses, o 4º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
.
Naquela altura, a competição da Taça de Portugal era disputada num sistema de dois jogos, um em casa, outro disputado fora, e um terceiro jogo em campo neutro, no caso de se verificar um empate no confronto das duas mãos.
.
(Vitoria SC na época de 1962/63)
.
No jogo da 1ª mão, o Vitoria SC perdeu no Restelo por 2-0. Mas na semana seguinte, em Guimarães, em jogo disputado no lotadíssimo Campo da Amorosa, o Vitoria SC vence o CF Belenenses por 3-1.

Houve, pois, necessidade de realizar um terceiro jogo em campo neutro a meio da semana, tendo sido escolhida a cidade de Coimbra e o seu Estádio Municipal para palco da decisiva partida.

O jogo é impróprio para cardíacos. A 6 minutos do fim do encontro o Vitoria SC perde por 0-1. Mas a fé vitoriana é a ultima abandonar a cidade de Coimbra, e nos últimos minutos do jogo, o Vitoria SC marca 3 golos sem resposta, vencendo no final a partida por 3-1 e carimbando dessa forma o passaporte para a final da competição no Estádio do Jamor em Lisboa. Inimaginável festa acompanha os adeptos e a equipa na viagem de regresso à cidade berço.

Porem, a fortuna que acompanhou o Vitoria SC naquele dia do meio da semana não se estendeu até ao Domingo, dia da final frente ao Sporting CP, pois alem do cansaço provocado pelo jogo disputado a meio da semana, a equipa perdeu o seu capitão, o defesa Silveira que se tinha lesionado com gravidade.

No dia 30 de Junho de 1963, no Estádio do Jamor, em jogo apitado pelo Senhor Clemente Rodrigues, da A.F. Porto, o Vitoria SC apresentou-se na final da Taça de Portugal, numa equipa onde Armando foi titular na frente de ataque.
.
O Sporting CP, treinado por Juca, que mais tarde viria a ser treinador do Vitoria SC, apresentou a seguinte composição, venceu os vimaranenses por 4-0, com golos apontados por Figueiredo em duas ocasiões, Lúcio e Mascarenhas, acabando por conquistar a Taça de Portugal da época de 1962/63, sendo o Vitoria SC um digno vencido.
.
(Vitoria SC na final do Jamor na época de 1962/63)
.
(Caricatura de Armando)
.
A preparação para a nova temporada de 1963/64 - que vai terminar com o Vitoria SC a igualar, com um 4º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, a sua melhor classificação de sempre até aquela altura – inicia-se com a renovação de contrato com o treinador José Valle, dando assim sequencia ao bom trabalho desenvolvido na época anterior.
.
Na constituição do plantel vitoriano regista-se desde logo a importante saída do avançado centro brasileiro Lua, transferido para o Racing White da Bélgica, apesar de devidamente compensada com a entrada de uma expressiva quantia monetária. A perda daquele avançado, que tinha mesmo sido o melhor marcador da equipa do Vitoria SC na época anterior, foi equilibrada com a contratação, essencialmente, do brasileiro Rodrigo, mais um jogador enviado por António Pimenta Machado, o vimaranense radicado no Brasil.
.
(Equipa do Vitoria SC numa viagem à Madeira)
.

(Vitoria SC na época de 1963/64)
.
Armando permaneceu no plantel do Vitoria SC, mas nesta temporada acabou por perder alguma da preponderância que ainda foi tendo durante o primeiro ano em Guimarães. Jogou tão só cinco partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1963/64, sendo autor de apenas 1 golo na prova.
.
O Vitoria SC realiza uma primeira metade da época de grande nível, terminando-a na 3ª posição da classificação geral e exibindo-se com um futebol ofensivo de qualidade e extremamente eficiente. De resto, esta toada ofensiva, mas também bastante produtiva como o números documentam, manteve-se ao longo de toda a época, de tal forma que o conjunto vimaranense foi mesmo a segunda equipa com maior número de golos marcados, à frente de FC Porto e Sporting CP.
.
(Vitoria SC na época de 1963/64)
.
Registe-se, ainda, um encontro que certamente terá causado sensações diferentes no jogador Armando. Tratou-se de uma eliminatória da Taça de Portugal da época de 1963/64 em que a equipa do Vitoria SC eliminou o AC Marinhense com uma vitória por 5-0 em Guimarães, depois de a equipa da cidade berço ter perdido na 1ª mão, na Marinha Grande, por 2-1.
.
(Vitoria SC na época de 1963/64)
.
Pouco utilizado em Guimarães na época de 1963/64 levou Armando a deixar o Vitoria SC e rumar novamente ao AC Marinhense, que militava a Zona Norte da 2ª Divisão Nacional.
.
Na época de 1964/65 - tendo Armando como titular indiscutível - o AC Marinhense foi somente o 8º classificado na prova, sendo, nesta temporada, o ponto alto a surpreendente vitoria alcançada no jogo da Taça de Portugal em Alvalade frente ao Sporting CP, que apesar de insuficiente para prosseguir em prova, não deixa de ser digna de registo.
.
(AC Marinhense na época de 1964/65)
.
Armando, permaneceria ao serviço do AC Marinhense mais quatro épocas consecutivas. Em 1965/66 dá-se, porém, a descida do clube da Marinha Grande à 3ª Divisão Nacional depois de um campeonato muito equilibrado e competitivo.
.
(AC Marinhense na temporada de 1965/66)
.
Na temporada seguinte, o AC Marinhense tentou pela primeira vez, sem sucesso, o regresso ao segundo escalão do futebol português. O objectivo de voltar à 2ª Divisão Nacional não foi concretizado, ficando somente na 2ª posição da tabela classificativa da 5ª Série da 3ª Divisão Nacional.

Em 1967/68 o clube tentou, novamente sem sucesso, regressar à 2ª Divisão Nacional, o que apenas se veio a verificar na temporada seguinte de 1968/69, com a importante entrada de Pinto para técnico principal.

O AC Marinhense foi o 1º classificado na sua série da 3ª Divisão, à frente da UD Leiria, conseguindo, desta forma, regressar finalmente à 2ª Nacional.

Entretanto, após o regresso à 2ª Divisão Nacional, o extremo Armando, deixou o clube da Marinha Grande, vindo a emigrar para os Estados Unidos da América, país onde continuou a jogar futebol e a trabalhar após o final da carreira.
.
Actualmente, com perto de 70 anos de idade, encontra-se a viver novamente em Portugal, precisamente na Marinha Grande, cidade para onde regressou depois de ter estado a residir nos Estados Unidos da América.

Autor: Alberto de Castro Abreu 3 Comentários

 

Temporada de 1969/70 - 2ª Parte


Seguiu-se a 9ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão com um derby minhoto disputado no Estádio 28 de Maio em Braga no dia 23 de Novembro de 1969. O Vitoria SC foi derrotado pelos bracarenses por 2-1, num jogo onde esteve em particular evidencia a arbitragem de David Rocha da A.F. do Porto.

O Vitoria SC revelou-se ao longo de tudo a partida tecnicamente bastante superior ao SC Braga, acabando por perder um desafio que esteve perfeitamente ao seu alcance. Os vimaranenses até estiveram a vencer por 0-1 com um golo do avançado brasileiro Manuel.

Todavia, após o golo do Vitoria SC, a equipa retraiu-se um pouco, adoptando um estilo que tão bem a caracterizava, de pautar o jogo e atacar com todas as cautelas. Entretanto, o SC Braga obteve o tento do empate por intermédio de Mário e marcou o golo da vitória por meio de Palmeira.
.
Ainda antes do segundo golo bracarense aconteceram os casos do jogo: Uma grande penalidade indiscutível não assinalada a favor do Vitoria SC e um golo inexplicavelmente anulado ao avançado vimaranense Carlos Manuel, impediram o Vitoria SC de voltar a adiantar-se no marcador.
.
(SC Braga - Vitoria SC)
.
Após o injusto desaire em Braga, o Vitoria SC recebeu, na semana seguinte, em Guimarães, a formação do Vitoria de Setúbal. Numa satisfatória exibição, o Vitoria SC venceu os setubalenses por 2-1, calando assim algumas vozes criticas que já pairavam sobre a analise à equipa de Guimarães.

O Vitoria SC venceu um fortíssimo adversário como o Vitoria de Setúbal que na semana anterior havia vencido o SL Benfica, goleado o FC Porto por 5-0 e realizava um fantástico percurso nas competições europeias.
.
Neste jogo da 10ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Vitoria de Guimarães foi, porem, visivelmente superior em toda a partida, com os golos vitorianos a serem apontados pelo médio Artur e o avançado Manuel, enquanto pelos setubalenses marcou Tomé.
.
(Vitoria SC - Vitoria de Setubal)
.
Depois do excelente resultado obtido frente a uma das melhores equipas da competição, com era o caso do Vitoria de Setúbal, seguiu-se um novo resultado positivo, com a vitória alcançada em Tomar frente ao União por 1-2.

Mais um jogo que ficou marcado pela superioridade técnica da equipa do Vitoria SC, que entrava, indiscutivelmente, numa fase de franca recuperação, não só em termos de resultados, como na qualidade exibicional patenteada.

A título de curiosidade, refira-se que a equipa do União de Tomar era comandada por Óscar Telechea, um antigo treinador do Vitoria SC. A equipa vimaranense adiantou-se no marcador por intermédio de Manuel.

Num lance de clara infelicidade do guarda-redes do Vitoria SC, Rodrigues - que esteve algum tempo afastado da equipa devidos às obrigações militares - o União de Tomar viria ainda a empatar por meio de Tito, avançado que mais tarde veio a representar o Vitoria SC com enorme sucesso.

O Vitoria SC viria todavia a vencer o jogo num golo apontado por Mendes, na execução de mais um dos seus brilhantes remates vindos do seu fabuloso pé esquerdo.

À 12ª jornada nova vitoria, desta feita, frente ao FC Barreirense, mais uma das sensações da edição da época de 1969/70 do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. No dia 21 de Dezembro de 1969, em Guimarães, o Vitoria SC venceu a popular equipa do Barreiro por 3-0, com golos da autoria de Peres, Manuel Pinto e Artur.

A equipa vimaranense realizou frente ao FC Barreirense uma exibição muito boa, essencialmente na primeira parte, diante de uma equipa forte e muito moralizada depois de um vitoria na Povoa de Varzim e um empate frente ao SL Benfica.
.
O Vitoria SC, como disse, vinha apresentando evidente melhorias, com uma famosa defesa de bom nível, um meio campo batalhador e muito empreendedor e um ataque que voltava a mostrar-se avassalador.
.
(Vitoria SC - FC Barreirense)
.
A sequência de bons resultados foi entretanto interrompida à 13ª jornada na deslocação da equipa do Vitoria SC à cidade invicta, para enfrentar a equipa do FC Porto, e onde acabou derrotada por 1-0.

Foi um resultado tremendamente injusto, que se verificou essencialmente devido à falta de sorte da equipa do Vitoria SC e a uma arbitragem apelidada na época como cobarde do árbitro Américo Barradas da A.F. Lisboa, que não teve a coragem de marcar uma grande penalidade a favor do Vitoria SC quando o jogo ainda se encontrava empatado a 0-0.

O jogo disputou-se no dia 28 de Dezembro de 1969, numa tarde fria e cinzenta, no Estádio das Antas. O jogo foi todo ele muito repartido entre o meio campo das duas equipas, sem que, na verdade, qualquer uma merecesse vencer, já que as oportunidades foram muito poucas. Uma oportunidade para o FC Porto, desperdiçada por Chico na recarga a uma incompleta defesa de Rodrigues e para o Vitoria SC, apenas duas evidentes chances de golo, ambas desaproveitadas por Carlos Manuel.

O golo portista aconteceu a três minutos do final do encontro, numa jogada muito confusa, cheia de ressaltos felizes que acabaram por bater Rodrigues, o guarda-redes do Vitoria SC. O tento foi atribuído ao portista Nóbrega.
.
O lance polémico da partida e que motivou fortes protestos das personalidades ligadas ao Vitoria SC, ocorreu dentro da aérea do FC Porto. Numa jogada de ataque do Vitoria SC, Mendes desfere um fantástico remate, defendido pelo guarda redes portista de forma incompleta e, quando Artur se aprestava para introduzir, na recarga, a bola para dentro da baliza do FC Porto, foi visivelmente rasteirado por Nóbrega que o impediu de concretizar o golo. O árbitro, numa atitude que causou incredulidade a todos, nada assinalou, numa altura em que a partida ainda estava empatada a 0-0.
.
(FC Porto - Vitoria SC)
.
(FC Porto - Vitoria SC)
.
Depois da derrota nas Antas, seguiu-se nova derrota, agora na Povoa do Varzim e por números nada condizentes com os pergaminhos da equipa do Vitoria SC. O Varzim SC venceu o Vitoria SC por concludentes 4-1.

O primeiro jogo da 2ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, já realizado no novo ano de 1970, decorreu sobre um dia de chuva torrencial, que deixou o terreno de jogo completamente alagado o que prejudicava a melhor técnica da equipa do Vitoria SC.

O Vitoria SC entrou forte no jogo, disponde de varias hipóteses para marcar, o que de resto, viria a acontecer logo aos 7 minutos por intermédio de Mendes. Mesmo após o golo o Vitoria SC manteve-se na mo de cima, tendo de imediato novas oportunidades para ampliar o pecúlio, com por exemplo, num lance em que Carlos Manuel não conclui de cabeça um bom cruzamento de Bernardo da Velha.

Na segunda parte o jogo foi completamente diferente, com o Varzim SC a jogar muito melhor e a aproveitar não só o vento que se fazia sentir e lhe corria de feição, bem como os deslizes da defensiva vitoriana.

Os varzinistas empatariam exactamente com uma jogada que contou com o apoio do vento que se fazia sentir. E do 1-1 até ao 3-1 foi uma questão bem rápida, já que após o empate, o Vitoria SC perturbou-se e a equipa do Varzim SC, com toda a raça e determinação, tomou conta do jogo e consequentemente do resultado.

O 2-1 chegou na cobrança de um livre directo, cujo remate foi desviado pela barreira do Vitoria SC enganando o guarda-redes Rodrigues. O terceiro golo da equipa poveira chegou num lance aéreo bem finalizado e o quarto tento numa clamorosa falha do defesa Costeado.

Para o Varzim SC marcaram Aleixo, Sousa e Nuno Pinto por duas vezes, enquanto para a equipa do Vitoria SC marcou o avançado Mendes.
.
Derrotado pelo FC Porto, derrotado pelo Varzim SC, antevia-se grandes dificuldades para o Vitoria SC na jornada 15ª do Campeonato Nacional da 1ª Divisão onde teria que enfrentar a equipa do SL Benfica. Ainda para mais, os encarnados visitavam Guimarães numa altura decisiva na caminhada do SL Benfica rumo à revalidação do título de Campeão Nacional. Por isso, os encarnados, comandados por Otto Gloria, apresentaram-se em Guimarães com toda a força e decididos a levar de vencida a equipa do Vitoria SC.
.
(Golo do Vitoria SC frente ao SL Benfica no Estádio Municipal)
.
Todavia, o Vitoria SC deu uma lição de futebol aos encarnados, vencendo os Campeões Nacionais em titulo e realizando uma grande exibição. O triunfo vimaranense começou logo pelo dispositivo táctico montado, que assentava numa exemplar organização, posse de bola e mudança de flancos, marcações apertadas aos melhores jogadores do SL Benfica e muita inspiração dos elementos mais técnicos do Vitoria SC, em constantes desmarcações.

O Vitoria SC não defendeu apenas, pois quando necessário comandou os destinos do jogo, ganhando claramente o jogo no aspecto individual como colectivo, destacando-se, individualmente, Peres, na transposição defesa ataque, a técnica de Mendes e a insuperável defesa do Vitoria SC.
.
O primeiro golo do Vitoria SC surgiu bem cedo por intermédio do extremo brasileiro Zezinho. Após a vantagem, o Vitoria SC limitou-se a gerir com mestria o jogo até concretizar o segundo golo ainda na 1ª parte por Manuel. Assinale-se que os golos do Vitoria SC tiveram na sua execução, essencialmente, o mérito individual dos seus autores. O golo do SL Benfica chegou na 2ª parte, com Abel a reduzir o resultado para 2-1.
.
(Vitoria SC - SL Benfica)
.
(Vitoria SC - SL Benfica)
.
Na 16ª jornada o Vitoria SC voltou a jogar no Estádio Municipal de Guimarães, carimbando uma nova vitória na competição, vencendo e convencendo, o Leixões SC por 2-0.

O Leixões SC era um conjunto recheado de jovens valores, que se apresentaram em Guimarães de forma algo surpreendente, sem grandes preocupações defensivas e disputando taco a taco o jogo com o Vitoria SC.

Além da competente equipa leixonense o Vitoria SC teve também como grande adversário o terreno de jogo do Estádio Municipal de Guimarães, que se apresentava bastante pesado e escorregadio, devido às constantes intempéries que se abateram sobre a cidade berço.

O Vitoria SC realizou uma exibição suficiente para merecer a vitória e os dois pontos em disputa. Beneficiou, ao longo de jogo, de algumas oportunidades de golo, concretizando apenas duas delas pelos avançados brasileiros Zézinho e Manuel.
.
Na 17ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1969/70 o Vitoria SC voltou a jogar na condição de visitante. Desta feita deslocou-se ao Estádio Almirante Américo Tomaz para defrontar a equipa do CF Belenenses que venceu por 1-0.


Autor: Alberto de Castro Abreu 2 Comentários

 

Romeu


Romeu é um jovem jogador que chega à cidade de Guimarães no início da década de 70 para representar o Vitoria SC, sendo, inegavelmente, considerado um dos mais brilhantes atletas daquela geração nas variadas equipas vitorianas. Alem de ter jogado várias temporadas pelo Vitoria em dois momentos distintos, Romeu tem o seu nome ligado à história do futebol português por estar incluído num núcleo bem restrito de jogadores que representaram, durante a carreira de futebolistas, as equipas do SL Benfica, FC Porto e Sporting CP.

Digamos que Romeu será por certo o único jogador de futebol que terá representado, dizemos nós, os quatro maiores clubes nacionais. Acrescente-se que Romeu jogou ainda pelo SC Salgueiros na 1ª Divisão Nacional, além de ter contabilizado ao longo da sua carreira 19 internacionalizações, divididas por 8 representações pela Selecção de Esperanças e 11 pela Selecção A de Portugal. No palmarés individual consta dois títulos de Campeão Nacional.

O agora recordado Romeu era carinhosamente tratado pelos adeptos de futebol por “Cenourinha”, devido ao seu distinto cabelo ruivo. O seu nome completo é Romeu Fernando Fernandes Silva, nascido a 4 de Março de 1954 e natural de Vila Praia de Ancora. Ainda miúdo partiu juntamente com os seus pais para Moçambique, colónia portuguesa em Africa e por lá iniciou a pratica do futebol.

Começou a jogar pelo 1º de Maio de Lourenço Marques e mais tarde no Sporting da Beira onde se sagrou Campeão Provincial de Juniores em Moçambique. Regressando a Portugal para gozar com a família um período de férias, Romeu, especialmente incentivado por seu pai - portista de coração - aproveitou para ir treinar à experiência na equipa de juniores do FC Porto. Apesar de denotar qualidades técnicas, Romeu acabou por ser dispensado com o argumento de que o plantel da equipa de juniores estava completo.

Já a poucos dias de regressar a Moçambique, o jovem “Cenourinha”, por influência de seus primos Ibraim e José Carlos, ambos na altura jogadores do Vitoria, apresentou-se em Guimarães para prestar provas perante o treinador Mário Wilson. O velho capitão imediatamente se apercebeu das potencialidades reveladas por Romeu que assim, com apenas 18 anos idade, acabou por se vincular ao Vitoria.

Mário Wilson, treinador do Vitoria na época de 1972/73, debateu-se com um problema a meio da temporada quando o avançado brasileiro Jorge Gonçalves contraiu uma grave lesão que o impediria de dar o seu contributo à equipa que se encontrava nos lugares cimeiros da tabela classificativa. O treinador do Vitoria não teve pejo em apostar no jovem Romeu para substituir o desafortunado brasileiro.

Lançado por Mário Wilson - técnico que marcaria decisivamente a carreira de Romeu - fez a sua estreia com a camisola do Vitoria com apenas 18 anos idade num encontro a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1972/73, disputado entre o Vitoria e o CF Belenenses que terminou empatado a 0-0, no Estádio Municipal de Guimarães.

Logo na sua primeira época na 1ª equipa do Vitoria Romeu alinhou em 8 jogos oficiais no Campeonato Nacional sem contudo ter apontado qualquer golo. Todavia, a sua forma de jogar e a imensa qualidade que brotava dos seus pés imediatamente começou a despertar o interesse nacional. É assim que chega à Selecção Nacional de Esperanças.

No Vitoria começou a garantir o seu espaço como peça fundamental na manobra da equipa. Mário Wilson dava-lhe liberdade para explanar todo o seu futebol. Romeu era de facto um jogador de eleição que com a maturidade que foi adquirindo ao serviço do Vitoria tornou-se num dos melhores jogadores portugueses naquele tempo.

Posicionalmente ocupava o sector mais avançado da equipa. Ora como avançado centro, ora como extremo, ou até mesmo como organizador de jogo, Romeu destacava-se sobretudo pela habilidade técnica que impunha em cada jogada. O seu talento era exponencial e quando tinha liberdade escancarava qualquer muralha defensiva. Tinha uma finta curta, uma velocidade e capacidade de arranca assinalável. Fazia verdadeiras assistências de mestre, característica onde de resto se desacatava, dada a quantidade de golos que oferecia aos companheiros de equipa.

Contudo, Romeu tinha uma característica que o prejudicava manifestamente. Era um jogador demasiado temperamental, de tal forma que muitas das vezes acabava advertido pelos árbitros ou ate mesmo expulso. Era frequente ver-se Romeu a protestar veementemente com os árbitros, ou a responder aos adversários tirando de esforço após duras entradas que sofria. Envolvia-se amiúde em discussões no terreno de jogo.

Foram algumas as atitudes infantis perpetradas por Romeu que sempre acabavam por o prejudicar, com expulsões e severos castigos disciplinares impostos pelas instâncias federativas ou nos clubes que representou. Era de facto um jogador que jogava com o sangue à flor da pele o que manifestas vezes lhe tirava o discernimento necessário.

Era bem capaz de fazer um jogo inteiro cheio de momentos fantásticos, com maravilhosas fintas, remates e golos brilhantes, e num minuto deitava tudo a perder quando enfrentava inutilmente adversários ou equipas de arbitragem.

Devido ao seu temperamento até com os sócios do Vitoria o Romeu travou-se de razões e com eles estabeleceu após esse momento uma relação de amor ódio que permanece ate aos dias de hoje. Quem assistiu, ou quem se recorda desse episodio ainda hoje não perdoa Romeu pelo gesto que alegadamente este terá feito em direcção aos adeptos do Vitoria no final um dos seus últimos jogos realizados com a camisola do Vitoria.
.
Os dois anos seguintes ao serviço do Vitoria foram as épocas da total afirmação deste jogador no futebol português. Quer na temporada de 1973/74, quer em 1974/75 Romeu foi um dos jogadores mais influentes do conjunto vitoriano que continuava a ser liderado por Mário Wilson.
.(Vitoria SC na época de 1973/74)
.
(No Vitoria SC na temporada de 1973/74)
.
(Romeu com Osvaldinho e Cubillas no Vitoria SC - FC Porto)
.

(Romeu no Vitoria SC)
.
Em 1973/74 o Vitoria conquistou mais um 6º lugar na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, tendo Romeu alinhado em 26 partidas oficias da competição, onde apontou os seus 3 primeiros golos da carreira. Nesta equipa formou com o seu primo Ibraim e com o ponta de lança Tito uma tripla de ataque de respeito.
.
(Vitoria SC na época de 1973/74)
.
(Romue no Vitoria SC em 1973/74)
.
(Festejando o golo do Vitoria SC frente ao SC Beira Mar)
.
(Romue no Vitoria SC na decada de 70)
.
Na época de 1974/75 essa tripla avançada do Vitoria sofreu uma alteração. Ibraim, primo de Romeu, transferiu-se para o SL Benfica, e foi substituído pelo avançado brasileiro Jeremias que fez enorme sucesso em Guimarães. Este avançado beneficiou bastante das assistências de Romeu, tal como Tito. Jeremias e Tito apontaram 18 e 17 golos respectivamente em grande medida com o contributo brilhante de Romeu.
.
(Vitoria SC na época de 1974/75)
.
(Romue no Vitoria SC na decada de 70)
.
O Vitoria disputou taco a taco o 4º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1974/75 com o Boavista FC. Curiosamente o ultimo jogo do Vitoria no Campeonato Nacional daquela temporada disputa-se no Estádio Municipal de Guimarães frente ao Boavista FC. O jogo era decisivo para o 4º lugar. O Vitoria tinha uma vantagem de 2 pontos sobre os boavisteiros e um empate era suficiente para a turma vitoriana garantir o apuramento europeu que à tanto tempo almejava.

Acontece, que essa tarde de futebol teve um inesperado protagonista que influenciou decisivamente o resultado final que acabou por ser favorável aos boavisteiros que venceram por 1-2. António Garrido, o juiz do encontro, teve uma arbitragem miserável prejudicando gravemente o Vitoria. Diversos foram os lances em que deliberadamente - assim pareceu aos adeptos do Vitoria na altura – decidiu mal e contra o Vitoria. Para a história fica um célebre golo anulado aos vimaranenses por António Garrido que inacreditavelmente entendeu que a bola não tinha ultrapassado a linha de golo.

Os sócios do Vitoria não se contiveram e graves incidentes provocaram no final da partida no exterior do Estádio Municipal de Guimarães destruindo inclusivamente o veiculo automóvel do árbitro António Garrido. Tudo isto, alem dos inúmeros protestos dentro do recinto protagonizados por jogadores, técnicos e dirigentes, alem naturalmente dos adeptos que se sentiam vilipendiados dentro da sua própria casa.

Um dos mais inconformados no final do jogo era naturalmente Romeu, temperamental por natureza, que manifestou-se continuadamente contra a arbitragem protagonizada por António Garrido.
.
O certo é que o Boavista FC venceu o encontro e alcançou o 4º lugar na geral garantindo dessa forma o acesso às provas internacionais de clubes ficando o Vitoria com a 5ª posição. Romeu, que se afirmou definitivamente, participou em 26 encontros e apontou 10 golos.
.
(Romeu em caricatura)
.
(Romeu no Vitoria SC na decada de 70)
.
(Vitoria SC na temporada de 1974/75)
.
(Romeu seguindo Eusébio no SL Benfica - Vitoria SC)
.
(Romeu na partida entre Vitoria SC e Boavista FC em 1974/75)
.
(Assistindo ao lance aéreo no Vitoria SC - Leixões SC)
.
No final da época choveram propostas para contratar os serviços do jovem Romeu. Acabou por escolher representar o SL Benfica, que seria treinado por Mário Wilson, um dos principais impulsionadores na sua contratação, passando a partir dessa altura a residir na cidade de Lisboa onde também iria cumprir o serviço militar obrigatório.
.
Sucede que nas duas temporadas que alinhou no SL Benfica sagrou-se Bi-Campeão Nacional, mas individualmente as coisas não lhe correram de ficção nem tão pouco da forma como tinha idealizado quando se transferiu para o grande da capital.
.
(Romue no SL Benfica - GD Estoril Praia)
.
Logo no início da temporada de 1975/76 ao serviço dos encarnados, lesionou-se com gravidade o que obrigou a uma intervenção cirúrgica impossibilitando-o assim de dar o seu contributo à equipa por um largo período de tempo. Depois de recuperado já a equipa principal estava alinhada e com poucas chances de Romeu encontrar um espaço na formação.

Romeu ainda alinhou em 2 partidas oficiais do Campeonato Nacional da 1ª Divisão que veio a ser vencido pelo SL Benfica, nem tendo apontado qualquer golo na prova. A verdade é que utilização escassa de Romeu se deveu em grande medida à lesão mas também à valia dos avançados da equipa encarnada que se compunha por Nené, Jordão e Moinhos que facturavam golos em catadupa.

Na segunda época ao serviço do SL Benfica, Romeu teve como treinador o inglês John Mortimore, o qual se tornou assim no seu segundo treinador enquanto jogador profissional. O SL Benfica onde pontificava Nené, Nelinho e Chalana, voltou a sagrar-se Campeão Nacional na temporada de 1976/77, mas Romeu, apesar de ter sido mais vezes utilizado com a camisola encarnada, não se conseguiu impor e conquistar um lugar de titular na equipa.
.
Para esse facto muito contribuiu a luminosa ideia de John Mortimore em colocar Romeu em posições mais recuadas no terreno de jogo, concretamente, a defesa lateral esquerdo, substituindo Artur e Pietra que estavam lesionados. O inglês, técnico dos encarnados, pretendia que Romeu fosse defensor quando este, até pelas suas características, sempre havia ocupado posições na frente de ataque.
.
(SL Benfica na época de 1976/77)
.
(Romeu no SL Benfica)
.
(Com a camisola do SL Benfica na época de 1976/77)
.
(Romeu no Sporting CP - SL Benfica)
.
Desiludido com a experiência no SL Benfica e com o seu insucesso individual, Romeu pretendia dar um novo rumo à sua carreira. A verdade, é que, quando se soube que Romeu pretendia abandonar a equipa da Luz, imediatamente choveram propostas tendentes à sua aquisição.
.
Consta-se que FC Porto, Boavista FC e SC Braga fizeram de tudo para contratar o jovem Romeu, que não obstante o assédio de que foi alvo, acabou por decidir voltar à “casa mãe”, concretamente regressando a Guimarães para representar o Vitoria que seria novamente treinado por Mário Wilson.
.
(Vitoria SC na época de 1977/78)
.
(Romeu capa da Revista Equipa)
.
(No GD Estoril Praia - Vitoria SC na época de 1977/78)
.
(Vitoria SC na época de 1977/78)
.
(Romeu no Vitoria SC)
.
(Romeu no Estadio Municipal de Guimarães actuando pelo Vitoria SC)
.
Regressa assim ao plantel do Vitoria da época de 1977/78 que no Campeonato Nacional repetiu a 6ª colocação na tabela classificativa depois de uma segunda parte da época onde coleccionou maus resultados, inversamente ao que tinha acontecido na 1ª volta. Romeu formou a frente de ataque vitoriana com Tito e o veloz avançado brasileiro Mané. O “Cenourinha” alinhou em 23 partidas tendo concretizado 3 golos.
.
(Vitoria SC na época de 1977/78)
.
(Romue com a camisola do Vitoria SC)
.
(Vitoria SC na temporada de 1977/78)
.
(Caricatura de Romeu no Vitoria SC)
.
(Vitoria SC - Portimonense SC na época de 1977/78)
.
(Com Mario Wilson no Vitoria SC durante um treino)
.
Na época seguinte, a temporada de 1978/79, o Vitoria mantêm Mário Wilson como técnico principal, mas apenas até à 27ª Jornada, quando é demitido, ficando o cargo entregue ao seu adjunto Daniel Barreto.

A equipa efectua uma temporada de qualidade, sempre próxima dos lugares da frente, mas acaba por perder novamente o acesso às competições europeias devido a uma ponta final do Campeonato de fraca qualidade. Perde jogos essenciais na luta por uma acesso as provas internacionais de clubes, segundo consta, em grande medida, devido ao facto do seu treinador Mário Wilson acumular as funções de treinador do Vitoria com as de seleccionador nacional de Portugal.
.
Romeu foi a principal estrela da equipa do Vitoria com 5 golos apontados em 25 jogos realizados na campanha da época de 1978/79, onde formou a frente de ataque com Jeremias, que regressava a Guimarães depois de 3 temporadas a jogar em Espanha, e Mundinho, um possante avançado brasileiro que chegou ao Vitoria para substituir Tito.
.
(Vitoria SC na época de 1978/79)
.
(Caricatura de Romeu com as cores do Vitoria SC)
.
(Romeu no Vitoria SC)
.
(Vitoria SC na época de 1978/79)
.
(Romeu no Vitoria SC na época de 1978/79)
.
(Vitoria SC na época de 1978/79)
.
(Romeu)
.
(Vitoria SC na temporada de 1978/79)
.
(Romeu no Vitoria SC)
.
Foi esta a ultima época de Romeu como jogador do Vitoria pois no final da temporada deixou Guimarães rumando, em final de contrato com os vimaranenses, ao FC Porto treinado pelo mestre José Maria Pedroto. Na equipa do FC Porto permaneceu 4 temporadas consecutivas, onde nunca conquistou o título de Campeão Nacional e perdeu 3 finais da Taça de Portugal para o SL Benfica.
.
Na primeira época de azul e branco, Romeu foi titular indiscutível realizando 28 jogos e logrando concretizar 4 tentos. Com Oliveira e Gomes formou a frente de ataque, classificando-se o FC Porto no 2º posto do Campeonato Nacional da 1ª Divisão na temporada de 1979/80. Depois de perder o campeonato, o FC Porto ainda perdeu a final da Taça de Portugal, ao ser derrotado no jogo decisivo pelo SL Benfica por 1-0.
.
(Romeu no FC Porto)
.
(Caricatura de Romeu no FC Porto)
.
(Romeu no FC Porto na época de 1979/80)
.
Nas duas épocas seguintes ao serviço do FC Porto, Romeu teve como treinador principal o austríaco Hermann Stessl, que mais tarde foi técnico no Vitoria de Guimarães. Nessas duas temporadas lideradas pelo austríaco, o FC Porto repetiu na primeira época o 2º lugar no Campeonato Nacional e a segunda época não foi alem do 3º lugar, atrás de Sporting CP e SL Benfica.

Na época de 1980/81 o FC Porto voltou a perder a final da Taça de Portugal para o SL Benfica que derrotou os azuis e brancos por 3-1. Em ambas as épocas sob as ordens do austríaco Hermann Stessl, Romeu foi regularmente utilizado, apesar de não ser um indiscutível titular.
.
Em 1980/81 e 1981/82 realizou 16 jogos oficiais em cada uma das temporadas, não apontando qualquer golo na primeira época, concretizado, porém, 4 golos na segunda. Alias, na época de 1981/82 foi um dos principais municiador de Jacques, avançado portista que apontou 27 tentos.
.
(FC Porto na época de 1980/81)
.
(Romue no FC Porto)
.
(FC Porto na época de 1980/81)
.
(Romeu no FC Porto)
.
(FC Porto na época de 1981/82)
.
(Romeu com a camisola do FC Porto)
.
(Romeu no FC Porto)
.
(FC Porto na temporada de 1981/82)
.
(Romeu em acção pelo FC Porto na época de 1981/82)
.
(Romeu com a camisola do FC Porto)
.
Foquemos ainda a carreira de Romeu na Selecção de Portugal. Depois de um percurso na Selecção de Esperanças, Romeu, ainda ao tempo jogador do Vitoria de Guimarães, chegou a internacional na Selecção principal de Portugal.
.
Romeu que se afirmava no futebol português como jogador do Vitoria, foi lançado com a camisola das quinas pelo seleccionador José Maria Pedroto no dia 3 de Abril de 1974 num jogo amigável entre Portugal e Inglaterra. Ocorreu no Estádio da Luz quando naquele encontro, que terminou empatado a 0-0, substituiu Vítor Baptista.
.
(Romeu no Portugal - México no Torneio de Toulon)
.
(Romeu representando Portugal)
.
Fez a sua estreia como titular na Selecção A num jogo amigável realizado no Estádio Wankdorf, em Berna, na Suiça. Portugal foi derrotado por 3-0, numa equipa em que a frente de ataque apresentada por José Maria Pedroto era composta por Romeu, Oliveira e Néne.

Participou nos apuramentos de Portugal para o Campeonato da Europa de 1976, 1980 e para o Campeonato do Mundo de Selecções de 1982. Como jogador do Vitoria contabilizou 4 internacionalizões pela Selecção A de Portugal e as restantes 7 como atleta do FC Porto. E foi como profissional do FC Porto que Romeu realizou o ultimo jogo da sua carreira com as cores da bandeira nacional.
.
Romeu despediu-se da Selecção no dia 17 de Fevereiro de 1982 num amigável disputado entre a RF Alemanha e Portugal no Niedersachenstadion em Hannover. Portugal, cujo o seleccionador era Juca, perdeu com a formação alemã por 3-1. Romeu foi titular no meio campo de Portugal, tendo nesse seu último jogo sido substituído curiosamente por Abreu, que era jogador do Vitoria de Guimarães.
.
(Selecção Nacional de Portugal em 1981/82)
.
(Romeu com a camisola da Selecção Nacional)
.
Na última época ao serviço do FC Porto, Romeu voltou a ser treinado pelo mestre José Maria Pedroto, que desta feita, não teve em “Cenourinha” uma das suas principais apostas. Apenas jogou 10 partidas no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1982/83, não obtendo qualquer golo, numa prova em que o FC Porto foi de novo 2º classificado e voltou a perder na final da Taça de Portugal o troféu para o SL Benfica.
.
(Romeu no FC Porto na época de 1982/83)
.
Romeu foi dispensado pelo FC Porto, mas apesar de contar já com quase 30 anos de idade, foi convidado a ingressar no Sporting CP, outro dos maiores clubes nacionais. Em Alvalade permaneceria 3 épocas consecutivas onde apenas durante a primeira delas foi titular.

Com Josef Venglos como treinador dos leões de Alvalade, Romeu alinhou em 23 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1983/84, concretizando 2 golos ao longo de toda a competição. No Sporting CP, que foi 3º classificado no Campeonato, destacavam-se os avançados Manuel Fernandes e Jordão, bem como um miúdo que dava os primeiros passos na 1ª categoria verde e branca de nome Paulo Futre.
.
(Romue no Sporting CP na época de 1983/84)
.
(Romue no Sporting CP - Celtic Glasgow)
.
(Romeu no Sporting CP na temporada de 1983/84)
.
Recordemos um jogo em que Romeu defrontou o Vitoria de Guimarães com a camisola do Sporting CP em pleno Estádio Municipal de Guimarães. Ocorreu à 6ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1983/84 numa altura em que os sportinguistas tinham mais dois pontos que os vimaranenses na classificação. O Vitoria venceu por 2-1 na tarde de Joaquim Murça, autor dos dois tentos dos vimaranenses.

Perante mais de 25.000 espectadores - que rendeu ao clube uma receita a rondar os 5.500 contos - o Vitoria alinhou com Jesus; Gregório Freixo, Alfredo Murça, Amândio e Laureta; Paquito, Nivaldo, Dimas e Joaquim Murça; Fonseca e Eldon. O Vitoria, treinado por Hermann Stessl, apenas fez uma substituição, quando Flávio entrou para o lugar de Dimas aos 55 minutos.

O Sporting CP apresentou a seguinte formação: Katzira; Gabriel, Zezinho, Virgílio e Mário Jorge; Lito, Romeu, Kostov e Paulo Futre; Manuel Fernandes e Oliveira. No 2º tempo entrou Jordão para o lugar do jovem Futre e aos aos 79 minutos entrou Roge Wyide para a posição de Romeu.
.
Como acima se disse o Vitoria venceu por 2-1, numa fantástica exibição de Joaquim Murça que apontou os dois golos dos vimaranenses, concretamente aos 25 e 59 minutos de jogo, sendo o golo do Sporting CP apontado aos 50 minutos por intermédio de Jordão.
.
(Romeu na entrada em campo na equipa do Sporting CP)
.
(Romeu no Sporting CP na decada de 80)
.
(Romeu em acção no Boavista FC - Sporting CP)
.
Em 1984/85 o Sporting CP, desta feita treinado por John Toshack, quedou-se pela 2ª posição no Campeonato Nacional, atrás do FC Porto campeão. Já Romeu perdeu a titularidade sendo apenas esporadicamente utilizado oficialmente. Situação que de resto voltaria a repetir-se na sua última temporada de leão ao peito.
.
(Romeu no Sporting CP)
.
(Caricatura de Romeu no Sporting CP)
.
Com o treinador Manuel José, na temporada de 1985/86, o Sporting CP foi o 3º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, tendo Romeu sido utilizado apenas em 11 partidas daquela competição sem que tenha apontado qualquer golo na prova.
.
(Sporting CP na época de 1985/86)
.
(Romeu no Sporting CP)
.
Romeu jogaria ainda pelo SC Salgueiros na temporada de 1986/87 sob o comando de Rodolfo Reis seu antigo companheiro de equipa no FC Porto. Romeu já com quase 33 anos de idade fez uma época regular não tendo todavia apontado qualquer golo. A formação salgueirista quedou-se pelo 14º lugar da tabela geral evitando a despromoção em face do alargamento no número de clubes que disputariam a 1ª Divisão Nacional.
.
(SC Salgueiros na temporada de 1986/87)
.
(Romeu como simbolo do SC Salgueiros na época de 1986/87)
.
(Em 1985/86 no SC Salgueiros)
.
Terminada a carreira de jogador profissional de futebol no Amora FC na época de 1987/88, militando na 2ª Divisão Nacional, Romeu passou posteriormente para a área de orientação desportiva e técnico. Iniciou-se com 3 épocas nas camadas jovens do Sporting CP. Mais tarde foi enquadrado na estrutura profissional do Sporting CP na área de observação e estatística.
.
Mais tarde enveredou pelo treino de campo na qualidade de treinador adjunto. Primeiro como treinador adjunto na equipa técnica liderada por Marinho Peres em 1991/92 no Sporting CP.
.
(Sporting CP na época de 1991/92)
.
Regressou a Guimarães na época de 1993/94 para ser o treinador adjunto do técnico principal Bernardino Pedroto. Foi ainda adjunto de José Romão no CF Belenenses na temporada de 1994/95. Voltou ao Vitoria para ser adjunto de Jaime Pacheco na temporada de 1996/97 e mais tarde de Octávio Machado no Sporting CP, novamente, na época de 1997/98.
.
(Na equipa técnica do Vitoria SC na época de 1992/93)
.
(Vitoria SC na temporada de 1993/94)
.
(Romeu como treinador adjunto no Vitoria SC)
.
(CF Belenenses na época de 1994/95)
.
(Vitoria SC na temporada de 1996/97)
.
Em meados dos ano de 2000, Romeu regressou a outra casa que bem conhecia dos seus tempos de jogador de futebol, concretamente ao Estádio da Luz, quando foi contratado pelo controverso presidente do SL Benfica João Vale e Azevedo para exercer funções de observador das equipas adversárias, integrando ainda o gabinete de observação e prospecção de mercado no departamento de futebol profissional dos benfiquistas.
.
Mas nem sempre foi treinador adjunto, assumiu também as funções de treinador principal em modestas equipas portuguesas como o SCU Torreense, USC Paredes e CD Olivais e Moscavide e, mais recentemente, treinou em Angola, no Inter Clube de Luanda onde, em virtude dos maus resultados, foi despedido após nove meses de trabalho. A título de curiosidade refira-se que Romeu foi substituído no cargo de treinador principal dos angolanos do Inter de Luanda pelo brasileiro Carlos Moser, antigo jogador do SL Benfica e da Selecção canarinha.


Autor: Alberto de Castro Abreu 5 Comentários

Site Meter