Glórias do Passado: outubro 2009

 

Ribeiro


Ribeiro representou o Vitoria SC enquanto futebolista em meados da década de 60, integrando uma das melhores gerações de equipas vitorianas e, posteriormente, cerca de trinta anos depois, como treinador adjunto numa equipa técnica liderada por Quinito. Serão poucos, por certo, os exemplos como o de António Ribeiro, com passagens pelo Vitoria SC enquanto jogador mas também como técnico.

António Nunes Ribeiro, nascido no dia 25 de Outubro de 1948, ingressou no Vitoria SC no início da época de 1965/66 proveniente do SC Espinho, com apenas 17 anos de idade.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1965/66)
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Muito jovem, é certo, mas com enormes potencialidades de singrar no futebol e sendo apontado como o futuro sucessor de Peres, o celebre capitão e centrocampista do Vitoria SC.

Assim poderia ter sido, é um facto, pois Ribeiro revelava enorme qualidade técnica, força, combatividade e determinação, um conjunto de factores suficientes para progredir e evidenciar-se.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1965/66)
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Fatalmente, uma grave lesão, contraída logo na temporada em que se estreava no mais alto escalão do futebol português ao serviço do Vitoria SC, terá concorrido para uma carreira menos brilhante e, sobretudo, bem mais curta do que era normal num futebolista. De facto, Ribeiro teve que terminar a sua carreira de futebolista ainda muito jovem.

Na época de 1965/66, o Vitoria SC contratou para treinador da equipa principal o francês Jean Luciano. Técnico muito experiente e que poderia acentuar a evolução do jovem Ribeiro, apesar da concorrência de calibre que o plantel do Vitoria SC dispunha para o sector intermediário.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1965/66)
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O Vitoria SC, apresentado um futebol espectacular e alcançando resultados bem consentâneos com a qualidade demonstrada, atingiu o 4º lugar na classificação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, somente a um ponto do FC Porto, o 3º classificado.

E, seguramente, a equipa vimaranense não terá ido mais além, devido à onda de lesões que afectou a equipa no terceiro quarto da competição, que obrigou ao lançamento de muitos jovens sem experiência no primeiro escalão do futebol português.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1965/66)
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Ribeiro fez a sua estreia oficial com a camisola do Vitoria SC, precisamente, na jornada inaugural do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1965/66. Os vimaranenses, jogando no novíssimo Estádio Municipal de Guimarães, golearam o Vitoria de Setúbal por 4-1, numa fantástica exibição da equipa vitoriana. O jovem Ribeiro foi titular no meio campo do Vitoria SC, jogando ao lado do capitão vimaranense Peres.

No decurso da época de 1965/66, o médio centro Ribeiro alinhou em 8 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, não tendo apontado qualquer golo com a camisola vitoriana.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1965/66)
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No início do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1966/67 o Vitoria SC recebe na jornada inaugural o SL Benfica, no Estádio Municipal de Guimarães. Nesse primeiro encontro do nacional maior o Vitoria SC, que acabou derrotado por 0-1, voltou a ter Ribeiro na equipa titular, actuando, mais uma vez, ao lado do consagrado Peres.

Na viragem para a segunda metade da competição o Vitoria SC estava posicionado na 7ª posição, em consequência de um desempenho irregular. Na segunda volta a irregularidade, de algum modo, manteve-se, acentuada, essencialmente, pelas lesões que apoquentaram vários jogadores vitorianos, entre eles, o jovem Ribeiro, jogador cuja recuperação definitiva parecia inatingível.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1966/67)
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(Jogadores do Vitoria SC no plantel da época de 1966/67)
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O Vitoria SC ainda terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1966/67 na 6ª posição da tabela classificativa. O jovem Ribeiro alinhou em 11 jogos da prova, tendo apontado um golo, o seu primeiro tento ao serviço do Vitoria SC no escalão maior do futebol português.

Com o final da época de 1966/67 fechou-se um ciclo de três épocas consecutivas com o francês Jean Luciano à frente do comando técnico da equipa do Vitoria de Guimarães. Para a nova temporada de 1967/68 o Vitoria SC contratou um novo rosto para o lugar de treinador principal, o técnico Júlio Cernadas Pereira, conhecido no mundo do futebol, simplesmente, por Juca.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1966/67)
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1966/67)
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No início desta temporada o Vitoria SC contratou o médio brasileiro chamado Augusto, jogador que se revelaria importantíssimo não só nesta temporada de estreia na cidade berço, como nas épocas subsequentes. Com a chegada de Augusto, jogador de inquestionável qualidade, a afirmação de Ribeiro ficava ainda mais condicionada.

A época de 1967/68 não começou da melhor forma para a equipa do Vitoria SC, contabilizando, desde logo, três derrotas consecutivas nas três primeiras jornadas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Este mau arranque ficou a dever-se, particularmente, à ausência de jogadores nucleares na equipa e a um plantel demasiado curto nas soluções.

De qualquer forma, à medida que se foram recuperando os lesionados, o Vitoria SC começou a subir de produção, melhorando visivelmente os seus resultados e, consequentemente, a sua posição na tabela classificativa. Ainda terminou a 1ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 6ª posição da tabela, classificação que viria a conquistar no final da competição.

Quanto a Ribeiro, refira-se, que ficou praticamente arredado da equipa principal, actuando, quando a condição física possibilitava, na equipa de reservas do Vitoria SC. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o centrocampista Ribeiro alinhou apenas em um jogo.

A temporada de 1968/69 viria a ser a ultima época de Ribeiro ao serviço do Vitoria SC. Nesta temporada, fruto do brilhante 3º lugar alcançado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Vitoria SC, alem de conseguir a sua melhor classificação de sempre, garantiu o direito a participar, pela primeira vez na sua história, nas competições internacionais de clubes.

Ribeiro integrou o plantel às ordens do técnico brasileiro Jorge Vieira. Todavia, foi muito pouco utilizado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, alinhando somente em três jogos, como suplente utilizado, sem apontar qualquer golo.

O centrocampista Ribeiro tinha agora 20 anos de idade. Deixou Guimarães e jogou ainda durante algum tempo, a titulo de exemplo, em clubes como o SC Beira Mar e no GD Estoril Praia.

Deixou jovem a carreira de futebolista mas continuou ligado ao futebol. Surgiu, novamente, na cidade de Guimarães integrado na equipa técnica liderada por Quinito na temporada de 1994/95.

Alias, António Ribeiro ficou com fiel conselheiro de Quinito durante quase toda a carreira de treinador. Coadjuvou Quinito, por exemplo, em clubes como SC Espinho, Vitoria de Setúbal, CF Belenenses e no CF Estrela da Amadora.

Surpreendentemente, o Vitoria SC contratou Quinito para o cargo de treinador principal da equipa vimaranense para a época de 1994/95, depois de vários anos a liderar o SC Espinho.
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(Plantel do SC Espinho na época de 1991/92)
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(Plantel do SC Espinho na temporada de 1992/93)
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(Plantel do SC Espinho na época de 1992/93)
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(Plantel do SC Espinho na época de 1992/93)
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(Plantel do SC Espino na época de 1993/94)
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Quinito e o seu adjunto António Ribeiro receberam uma equipa recheada de valores de grande categoria, como o defesa brasileiro Tanta, os médios Pedro Barbosa e Zahovic, e o avançado Dane.

O treinador Quinito e a sua equipa técnica conseguiram implantar no Vitoria SC um estilo de jogo atacante, aberto e de risco, garantindo sempre um bom espectáculo. Conseguiu colocar a equipa a jogar bom futebol e, simultaneamente, a obter resultados condizentes.

O Vitoria SC terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1994/95 na 4ª posição da tabela classificativa, qualificando-se, por essa via, para as competições internacionais de clubes, cumprindo, assim, o objectivo delineado no princípio da época.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1994/95)
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(Luis Filipe, Quinito e António Ribeiro, a equipa técnica do Vitoria SC)
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(António Ribeiro treinador adjunto do Vitoria SC na época de 1994/95)
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Depois de acompanhar Quinito no Vitoria de Setúbal na temporada de 1995/96, no CF Belenenses e UD Leiria na época de 1996/97, António Ribeiro voltou a ser treinador adjunto no Vitoria SC na época de 1997/98.
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(Plantel do Vitória de Setubal na temporada de 1995/96)
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(Plantel do CF Belenenses na época de 1996/97)
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O Vitoria SC de Quinito e do seu adjunto António Ribeiro, realiza um Campeonato Nacional da 1ª Divisão, a todos os níveis, brilhante, atingindo um 3º lugar na classificação final.

Apesar de não terem começado a época de 1998/99 em Guimarães, Quinito e António Ribeiro regressaram ao Vitoria SC para substituir, desta feita, Zoran Filipovic. O Vitoria SC, a realizar uma péssima prestação na principal prova nacional, efectuou uma boa recuperação, melhorando bastante o seu desempenho, mas sem conseguiu almejar o objectivo de um novo apuramento para as competições europeias.
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(António Ribeiro ao lado de Quinito no banco de suplentes do Vitoria SC)
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Quinito e António Ribeiro abraçaram na época seguinte de 1999/00 um projecto de aposta nos jovens jogadores pertencentes aos quadros do Vitoria SC. Fernando Meira, Jairson, Lima, Rego, Pedro Mendes, Kipulu e Lixa era alguns dos exemplos dos jogadores que Quinito queria apostar.

Sobretudo Fernando Meira, Pedro Mendes e mesmo o cabo-verdiano Lixa singraram no Vitoria SC pelas mãos de Quinito e António Ribeiro. O Vitoria SC, agradavelmente, realizou um campeonato sempre próximo dos lugares da frente na classificação.
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(António Ribeiro entre o dirigente do Vitoria SC Pedro Xavier e o treinador principal Quinito)
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Infelizmente, na fase decisiva da prova, a jovem equipa do Vitoria SC baqueou, contabilizando uma serie de resultados negativos que afastou o clube vimaranense de um lugar europeu.

Quinito e o Presidente da Direcção do Vitoria SC, Pimenta Machado, incompatibilizaram-se, irremediavelmente, na sequência do processo eleitoral verificado no início do ano de 2000. Nessa altura, dizia-se, o presidente vitoriano terá contratado quatro jogadores brasileiros à revelia do treinador.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1999/00)
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Por outro lado, as derrotas sucessivas derrotas com o CF Belenenses, UD Leiria, Sporting CP e CS Marítimo, no Campeonato Nacional da 1ª Divisão agudizaram a tensão e a controvérsia entre ambos.

O treinador principal acabou por apresentar a rescisão contratual no final da 31ª jornada da competição, depois de uma derrota em casa frente aos maritimistas. Nesta altura, com a equipa do Vitoria SC completamente arredada de um lugar europeu, o Presidente da Direcção do Vitoria SC entregou a liderança da equipa principal a António Ribeiro.

António Ribeiro comandou a equipa do Vitoria SC, como treinador principal, nas últimas três jornadas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1999/00. Estreou-se, como líder técnico do Vitoria SC, no dia 30 de Abril de 2000, num desafio da principal competição portuguesa, frente ao SL Benfica. Nesse jogo, disputado no Estádio da Luz, a turma vimaranense saiu derrotada por 3-0.

O treinador António Ribeiro comandou ainda o Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão na partida que terminou empatada a 2-2 frente ao SC Salgueiros, no Estádio D. Afonso Henriques e na derrota frente ao CD Santa Clara, nos Açores, por 3-2.

António Ribeiro abandonaria o Vitoria SC no final da época de 1999/00, classificado no 7º lugar da principal competição nacional. António Ribeiro voltou a trabalhar com Quinito, desta feita, na época de 2000/01, no comando técnico da equipa do CF Estrela da Amadora.
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(Plantel do CF Estrela da Amadora na época de 2000/01)
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(António Ribeiro e Quinito no banco de suplentes do CF Estrela da Amadora)
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Depois de Quinito deixar a carreira de treinador de futebol, António Ribeiro passou a trabalhar com Luís Campos, um jovem treinador português, passando, pelo SC Espinho e pelo SC Beira Mar, clubes onde também exerceu funções de olheiro e prospecção.
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(António Ribeiro com toda a equipa técnica do SC Beira Mar no decurso de 2005)

Autor: Alberto de Castro Abreu 0 Comentários

 

Temporada de 1976/77 - 9ª Parte


O Vitoria SC terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão no 9º lugar da Classificação, muito aquém das expectativas iniciais do clube para a temporada de 1976/77.

A equipa vimaranense averbou 10 vitórias na competição, 6 empates e 14 derrotas. Marcou 39 golos e sofreu 38, finalizando assim o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1976/77 com 26 pontos.

O SL Benfica foi o campeão nacional, garantindo por isso a presença na Taça dos Campeões Europeus, enquanto o FC Porto classificou-se para a Taça das Taças e o Sporting CP e o Boavista FC conseguiram apurar-se para disputar a Taça Uefa.
Os números individuais do Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1976/77 foram os seguintes: os guarda-redes Rodrigues, Sousa e Barreira jogaram 18, 8 e 5 jogos cada um.

Na defesa Alfredo (29 jogos), Ramalho (30 jogos), Torres (29 jogos), Osvaldinho (25 jogos), Celton (13 jogos) e Queirós (3 jogos). Os centrocampistas utilizados foram Pedroto (29 jogos), Almiro (25 jogos), Abreu (29 jogos), Zequinha (2 jogos), Mário Ventura (21 jogos).
Os atacantes do Vitoria SC ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1976/77, foram Ferreira da Costa (30 jogos), Tito (29 jogos), Pedrinho (26 jogos), Jorge Oliveira (1 jogo), Dinho (8 jogos), Rui Lopes (2 jogos).

Os 38 golos do Vitoria SC foram marcados por Tito, com 13 golos, Pedroto e Abreu com 5 golos cada um, Ferreira da Costa com 4 golos, Almiro e Mário Ventura com 3 golos cada um, Alfredo, Pedrinho e Rui Lopes marcaram cada um deles 2 golos.

Na época de 1976/77 referencia ainda para a participação do Vitoria SC no Torneio Internacional da Cidade de Braga na Pascoa de 1977, um quadrangular com o SC Braga, clube organizador, o SL Benfica e os franceses do Olympique de Marselha.
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(Imagem do jogo entre o Vitoria SC e o SL Benfica no Torneio Internacional da Cidade de Braga)
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(Desta feita, Abreu pelo Vitoria SC e Alhinho pelo SL Benfica disputam o lance no relvado do Estádio 1º de Maio em Braga)
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(Aqui surgem os vitorianos Alfredo e Pedroto, enquanto a defesa benfiquista, onde se destaca Alberto, tenta impedir o avanço do Vitoria SC)
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(Defesa do guardião do Vitoria SC perante a presença do perigoso avançado benfiquista Nené. Na imagem reconhece-se Ramalho, Alfredo e Almiro do Vitoria SC)
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O Vitoria SC jogou as meias-finais com o SL Benfica, sendo derrotado pelos encarnados, enquanto a turma organizadora derrotou o Olympique de Marselha. O Vitoria SC acabou por ficar no 3º lugar da competição ao derrotar o Olympique de Marselha, enquanto o troféu foi arrebatado pelo SL Benfica que na final venceu a equipa do SC Braga.
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(Celton, poderoso defensor do Vitoria SC, tenta escapar ao jogador francês do Olympique de Marselha)
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(Novamente com o vitoriano Celton na imagem do jogo entre o Vitoria SC - Olympique de Marselha)
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(Jogo entre o Vitoria SC e o Olympique de Marselha no Estádio 1º de Maio em Braga em desafio a contar para a atribuição do 3º e 4º lugar no Torneio Internacional da Cidade de Braga)
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Nas categorias mais jovens do Vitoria SC, referencia para a prestação da equipa de Juniores e Juvenis, mesmo num período em que o clube vimaranense vivia com imensas dificuldades por falta de espaços para os jovens jogadores jogarem e treinar, acentuadas pela demolição do Campo da Amorosa.

Na verdade, as equipas jovens do Vitoria SC socorria-se dos campos vizinhos para efectuarem a suas partidas nas provas oficiais, enquanto as sessões de treino eram realizadas em péssimas condições, ou na área envolvente do relvado principal do Estádio Municipal de Guimarães ou no exterior do recinto, precisamente, no parque que em dias de jogo era utilizado como parque de estacionamento.
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(Equipa de Juniores do Vitoria SC na época de 1976/77)
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(Jogo entre o Vitoria SC e o SC Braga na categoria de Juniores)
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(Jogo entre o FC Porto e o Vitoria SC em Juniores na época de 1976/77)
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Ainda assim, o Vitoria SC teve uma presença muito digna nas competições nacionais mais jovens. Na categoria de Juniores, o Vitoria SC terminou no 2º lugar da sua serie, com os mesmos pontos do SC Braga que foi o 1º classificado.

Já a equipa de Juvenis teve um desempenho sensacional. Venceu a sua serie e chegou às meias-finais da Taça Nacional de Juvenis, acabando por ser eliminado pelo FC Porto num jogo disputado no Estádio Abel Alves de Figueiredo, na cidade de Santo Tirso, que os portista venceram por 1-0.
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(Plantel de Juvenis do Vitoria SC na temporada de 1976/77)
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(Sessão de treinos das camadas jovens no Estádio Municipal de Guimarães)
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(Equipa de Iniciados do Vitoria SC na época de 1976/77)

Autor: Alberto de Castro Abreu 0 Comentários

 

Alexandre


O defesa central brasileiro Alexandre chegou à cidade de Guimarães como um ilustre desconhecido no início da temporada de 1996/97. Ainda muito jovem, o defesa Alexandre, ingressava no Vitoria SC com legitimas aspirações em singrar no futebol português e, diga-se, chegou a atingir a notoriedade suficiente para muito lhe augurarem um futuro bastante risonho.

O filme da carreira do futebolista Alexandre começou com 16 anos de idade na equipa de juvenis do Valeriodoce EC, modesto clube brasileiro da cidade de Itabira, no Estado de Minas Gerais.

Alexandre Pereira de Sousa, mineiro de gema, nascido no dia 18 de Junho de 1975, em São João Evangelista, chega ao futebol sénior em 1994, no Valeriodoce EC, agora cedido pelo Atlético Mineiro, clube para o qual se havia transferido.

Actua pelo Valeriodoce EC na Serie C do Campeonato Nacional Brasileiro - o terceiro escalão do futebol no Brasil – nos anos de 1994 e 1995 antes de fixar-se definitivamente na equipa principal do Atlético Mineiro no primeiro semestre do ano de 1996.

Na equipa do Atlético Mineiro disputa o Campeonato Estadual de Minas Gerais, sagrando-se vice-campeão, alinhando em 26 jogos daquela competição e apontado 2 golos.

Entretanto, em Guimarães, O Vitoria SC prepara a nova época de 1996/97, com o treinador português Jaime Pacheco. No mercado brasileiro, como é usual, o clube vimaranense reforça-se contratando dois defesas centrais, os jovens Luisão e Alexandre.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1996/97)
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(Alexandre no Vitoria SC na temporada de 1996/97)
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É assim que Alexandre, com apenas 21 anos de idade, ingressa no futebol português. Adivinhava-se, porem, uma longa travessia no deserto até fixar-se na equipa principal do Vitoria SC, pois a dupla de defesas centrais titular, constituída por Vítor Silva e Arley, previa-se inabalável.

Porem, uma grave lesão afectou o português Vítor Silva logo no início da temporada e Jaime Pacheco foi forçado a lançar um dos jovens recém contratados pelo Vitoria SC no mercado brasileiro.
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(Os defesas centrais do Vitoria SC Alexandre e Vitor Silva no encontro frente ao FC Porto em Guimarães na época de 1996/97)
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A primeira aposta do técnico vitoriano foi Luisão, em detrimento, claro está, de Alexandre, contudo, o jogo de estreia de Luisão não lhe correu nada de feição. O Vitoria SC acabou goleado pelo Vitoria de Setúbal por 4-0, no Estádio do Bonfim, em jogo a contar para a 2ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1996/97, numa desastrosa exibição de Luisão.

O fracasso da primeira escolha motivou Jaime Pacheco a apostar no jovem Alexandre como titular no jogo seguinte do Vitoria SC, surpreendentemente, numa das partidas mais importantes da história do clube vimaranense.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1996/97)
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(O jovem Alexandre no Vitoria SC)

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De facto, Alexandre fez a sua estreia oficial com a camisola do Vitoria SC jogando como titular no primeiro jogo da 1ª eliminatória da Taça Uefa na temporada de 1996/97, disputado no dia 10 de Setembro de 1996, frente aos italianos do Parma FC no Estádio Enio Tardini.

Alexandre, jogando ao lado de Arley, teve de enfrentar uma das mais conceituadas equipas europeias e uma das mais famosas duplas atacantes daquela altura, os italianos Zola e Chiesa.
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(Sessão de treino do Vitoria SC na temporada de 1996/97)

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O jovem Alexandre esteve em bom nível, dando muito confiança à equipa e vencendo muitos duelos contra os consagrados avançados da formação transalpina. O Vitoria SC acabou por realizar uma boa exibição, alcançando um resultado que lhe permitiu, como se confirmou, a eliminação da fortíssima equipa italiana do Parma FC, no jogo da 2ª mão, desta feira, no Estádio D. Afonso Henriques, na cidade de Guimarães.

Esta exibição do brasileiro Alexandre foi determinante para convencer o treinador do Vitoria SC e, a partir de então, o jovem jogador agarrou um lugar na equipa titular vimaranense ao longo de toda a temporada de 1996/97, sobretudo, ao lado do compatriota Arley.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1996/97)
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(O brasileiro Alexandre no Vitoria SC)
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Na primeira época ao serviço do Vitoria SC, o defesa Alexandre, não apontado qualquer golo, alinhou em 23 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. De qualquer forma, ao longo deste ano de estreia no futebol português, pode dizer-se que Alexandre acusou alguma inexperiência em certos jogos, fruto, visivelmente, da sua impulsividade e de uma enorme vontade de triunfar, facto que lhe retirava discernimento.

Nem sempre terá estado à altura das exigências, alternando notáveis exibições com prestações menos positivas, onde os erros individuais, cometidos de forma infantil, prejudicaram os objectivos da equipa.

Porém, a ausência de outras soluções, desviaram o jovem Alexandre de um necessário período de adaptação e aprendizagem para jogar ao mais alto nível no futebol português. De qualquer modo, Alexandre, um defesa central forte e poderoso no jogo aéreo, revelava grandes qualidades ou, dito de outra forma, atenta a sua juventude, evidenciava enormes potencialidades.

Nesta temporada de 1996/97 o Vitoria SC revalidou o estatuto de equipa europeia, conquistando, novamente, um 5º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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(Alxandre, Romeu, Capucho e Edinho festejando a eliminação do Parma FC)

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Na época seguinte de 1997/98 salienta-se, desde logo, o facto de a equipa do Vitoria SC ter sido a defesa menos batida do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com apenas 25 golos sofridos ao longo de toda a competição.

Tão assinalável facto para a excelente temporada realizada pelo Vitoria SC ficou a dever-se, em especial, às prestações do defesa brasileiro Alexandre no eixo defensivo da turma vimaranense.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1997/98)
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(Alexandre no Vitoria SC)
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Alexandre foi titularíssimo no Vitoria SC, quer enquanto a equipa foi comandada por Jaime Pacheco ou, posteriormente, às ordens de Quinito. Desta vez, ao longo da época de 1997/98, Alexandre revelou uma regularidade exibicional notável, cotando-se como um dos melhores jogadores do Vitoria SC.

Jogou em 29 jogos da principal competição nacional, tendo, nesta época, marcado 2 golos, os primeiros tentos com a camisola do Vitoria SC nesta prova. Marcou o primeiro golo no jogo da 16ª jornada disputado no Estádio D. Afonso Henriques entre o Vitoria SC e o SC Campomaiorense.
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(Alexandre em acção no Sporting CP - Vitoria SC na época de 1997/98 no Estádio José de Alvalade, em Lisboa)
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(No seu estilo peculiar o brasileiro Alexandre)

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Disputado no dia 11 de Janeiro de 1998, o Vitoria SC venceu a turma alentejana por 2-1, com os golos vimaranenses a ser apontados por Alexandre, aos 29 minutos, e Marco Freitas, aos 35 minutos, enquanto o tento de honra do SC Campomaiorense foi marcado por Vítor Manuel, já aos 84 minutos.

Referencia ainda para o segundo golo que Alexandre marcou no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1997/98, concretamente, no jogo da última jornada da competição, quando o Vitoria SC venceu o Vitoria de Setúbal por 2-1. Depois de Chipenda, aos 25 minutos, ter adiantado os setubalenses no marcador, o Vitoria SC conseguiu resolver o resultado a seu favor com os golos apontados por Alexandre, aos 47 minutos, e Paiva, à passagem do minuto 62.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1997/98)
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(Alexandre no Vitoria SC)
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(Alexandre e Nedved no Vitoria SC - Lázio de Roma)

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(Alexandre em acção no Vitoria SC na temporada de 1997/98)

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Nesta temporada, o Vitoria SC garantiu, mais uma vez, o acesso às provas internacionais, desta vez, por via de um brilhante 3º lugar conquistado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, consequência da sensacional prestação realizada pelos vimaranenses ao longo do ano.

Em plano de evidência, como se disse, estiveram as exibições de Alexandre nesta segunda temporada no futebol português ao serviço do Vitoria SC. Por outro lado, essas prestações projectaram o seu nome também além fronteiras e em consequência disso, no final da temporada, choveram varias propostas em Guimarães para a sua aquisição, vindas, sobretudo, de clubes espanhóis e ingleses.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1997/98)
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(Alexandre no Vitoria SC na temporada de 1997/98)
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(Num jogo frente ao FC Porto em Guimarães na época de 1997/98, com Evaldo, Alexandre e Márcio Theodoro pelo Vitoria SC e o portista Capucho)
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(Alexandre em intensa disputa com Mauricio da UD Leiria)

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Apesar das tentadoras propostas recebidas, nenhuma convenceu os responsáveis vitorianos a transferir o jogador. Acentuada influência exerceu também o novo treinador do Vitoria SC para a época de 1998/99, Zoran Filipovic.

De facto, depois do protagonismo evidenciado ao longo da época de 1997/98, o novo técnico vitoriano, Zoran Filipovic, catalogou o defesa Alexandre como um jogador imprescindível para o sucesso da equipa na nova temporada.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1998/99)
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(No Vitoria SC na temporada de 1998/99)
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Alexandre permaneceria no Vitoria SC na época de 1998/99, embora, percebeu-se depois, a contra gosto. Em consequência disso, o defesa brasileiro foi considerado, unanimemente, como a grande decepção da equipa do Vitoria SC.

Ao longo de toda a temporada foram inúmeros os episódios de indisciplina e falta de aplicação de Alexandre. Com a sucessão de erros, Alexandre foi perdendo, gradualmente, a enorme simpatia que gozava junto da massa associativa do Vitoria SC.
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(Alexandre e João Pinto no Vitoria SC - SL Benfica na época de 1998/99)
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E se Zoran Filipovic foi permissivo com alguns comportamentos e infantilidades do jogador, já Quinito, o técnico que lhe sucedeu, foi inflexível e puniu-o exemplarmente, afastando Alexandre, definitivamente, da equipa principal.

O incidente que traçou o destino de Alexandre no Vitoria SC do treinador Quinito, foi uma substituição por lesão do brasileiro num jogo frente ao SL Benfica. Sucede, porem, que essa suposta lesão nunca convenceu Quinito que, por isso, repreendeu o jogador e arredou-o da titularidade.
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(Alexandre no Vitoria SC na época de 1998/99)
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Ainda assim, durante a época de 1998/99, o defesa Alexandre actuou em 21 jogos do Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, tendo apontado, mais uma vez, 2 golos ao longo da competição. Marcou na derrota do Vitoria SC no Estádio Vidal Pinheiro frente ao SC Salgueiros, por 3-2, e num triunfo vimaranense frente ao GD Chaves, em Guimarães, por 6-1.

Colectivamente, o Vitoria SC começou muito mal a temporada. O certo é que só depois da chegada de Quinito ao comando técnico é que o Vitoria SC começou a melhorar o seu desempenho, sem contudo atingir os objectivos delineados no início da temporada.

Visivelmente contrariado, Alexandre tentou regressar ao futebol brasileiro no final da temporada de 1998/99. Os responsáveis do Vitoria SC, porém, não estavam dispostos a ceder o jogador a qualquer preço.
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(Alexandre no Vitoria SC)
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Não se concretizou qualquer transferência e Alexandre permaneceu integrado no plantel do Vitoria SC para a época de 1999/00, onde Quinito continuava a ser o treinador. Para esta temporada Quinito decide apostar em Fernando Meira, jovem produto das escolas do clube, na posição de defesa central, jogando ao lado de Alexandre, atleta que mereceu um voto de confiança do célebre técnico português.

O facto é que os erros cometidos pelo defesa brasileiro continuavam a comprometer a equipa e assim Quinito foi forçado a retirar-lhe a titularidade, apostando, definitivamente, em Márcio Theodoro.

Em Dezembro de 1999, Alexandre viajou para o Brasil afim de passar a quadra natalícia com os familiares. Sucede que, terminado o período de ferias concedidas pelo Vitoria SC, o jogador brasileiro não compareceu em Guimarães no dia aprazado para o início dos trabalhos.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1999/00)
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(Em 1999/00 no Vitoria SC)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1999/00)
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1999/00)
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(Alexandre no Vitoria SC na época de 1999/00)
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1999/00)
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O jogador foi imediatamente alvo de um processo disciplinar e assim iniciou-se o processo de levaria ao fim da ligação entre Alexandre e o Vitoria SC. Depois de varias incidências o Vitoria SC cedeu, a título de empréstimo, o defesa Alexandre ao Cruzeiro EC de Belo Horizonte durante o primeiro semestre de 2000.

O defesa central Alexandre representou o Cruzeiro EC durante o Campeonato Estadual de Minas Gerais e ajudou o clube de Belo Horizonte a conquistar a Copa do Brasil do ano 2000.

Terminado o empréstimo ao Cruzeiro EC, e porque o clube brasileiro não exerceu o direito de opção para aquisição do passe, o Vitoria SC ordenou o regresso de Alexandre a Guimarães para integrar o plantel para a nova época de 2000/01.

Desde logo, Alexandre manifestou-se profundamente desagradado com a possibilidade de regressar a Portugal. Queria, a todo o custo, permanecer a jogar no Brasil, pretendendo desligar-se definitivamente do Vitoria SC.

Acabou por rescindir unilateralmente o contrato que o ligava ao Vitoria SC até ao final da época de 2002/03. O Vitoria SC, porem, não cedeu e contestou a rescisão do jogador, ficando Alexandre impedido de actuar por qualquer outro clube.

Depois de varias negociações e volvidos mais de cinco meses de inactividade, o Vitoria SC estabeleceu uma plataforma de entendimento com o Atlético Mineiro, cedendo o jogador Alexandre até Junho de 2001.

Representando o Atlético Mineiro durante esse período, Alexandre actua no Brasileirão 2000, onde o clube mineiro foi o último classificado, e no Campeonato Estadual de 2001.
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(Alexandre no Atlético Mineiro)
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Em 2001 o Vitoria SC aceita, finalmente, rescindir amigavelmente o contrato com o brasileiro Alexandre e permite a transferência para o Palmeiras SE. Permanece no popular clube paulista até final do ano de 2002, actuando no Brasileirão de 2001 e 2002 e no Campeonato Estadual de S. Paulo em 2002.

Estreia-se com a camisola do Palmeiras SE num encontro frente ao Guarani FC em Abril de 2001. Foi titular na equipa do Palmeiras SE, mas o seu nome fica gravado na história do clube paulista como o grande vilão da descida à 2º Divisão Nacional Brasileira no final do campeonato de 2002.
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(Equipa do Palmeira SE no ano de 2001)
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(Alexandre no Palmeiras SE no ano de 2001)
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(Festejos de Alexandre com a camisola do Palmeiras SE)
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Os adeptos palmeirenses fizeram de Alexandre o maior símbolo da tragédia que foi a descida de divisão de um dos maiores clubes brasileiros. É que, Alexandre, ficou ligado aos lances decisivos que traçaram o destino do Palmeiras SE no Brasileirão 2002.

O célebre jogo decorreu no dia 17 de Novembro de 2002 em Salvador da Bahia. O Palmeiras SE tinha como opositor o EC Vitoria lutavam pela permanência no principal escalão do futebol brasileiro e o jogo foi verdadeiramente impróprio para cardíacos.

O triunfo sorriu ao EC Vitoria por 4-3. Alexandre foi determinante e prestou uma especial colaboração na derrota do Palmeiras SE. Ao longo do jogo cometeu inúmeros erros individuais e o Palmeiras SE foi rebaixado ao segundo escalão do futebol brasileiro.
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(Equipa do Palmeiras SE no ano de 2002)
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(Alexandre em 2002 no Palmeiras SE)
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(Alexandre)
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(Alexandre)
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A carreira de Alexandre ficou definitivamente marcada. Apesar de manter contrato em vigor, o jogador nunca mais jogou no Palmeiras SE. Foi emprestado ao Goiás EC no ano de 2003 e à AA Ponte Preta no ano de 2004.

Em Goiás nunca foi titular, merecendo apenas esporádicas chamadas à equipa principal ao longo do Campeonato Nacional Brasileiro de 2003. Já na AA Ponte Preta, o defesa Alexandre fixou-se como titular e um dos jogadores mais importantes na excelente caminhada realizada pelo clube da cidade de Campinas - Estado de S. Paulo - no Brasileirão 2005.
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(Alexandre na AA Ponte Preta no ano de 2005)
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Rescindiu com o Palmeiras SE em 2005 e ingressou no Grémio FP nesse mesmo ano para disputar o Campeonato Estadual do Rio Grande do Sul e a tradicional Segundona, o Campeonato Nacional Brasileiro da 2ª Divisão.
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(Alexandre no Grémio de Portoalegre)
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Antes de encerrar a carreira de futebolista profissional, Alexandre voltou a emigrar, agora para os Emiratos Árabes Unidos onde representou durante duas temporadas, as épocas de 2005/06 e 2006/07, o Al-Ahli Clube.

Autor: Alberto de Castro Abreu 1 Comentários

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