Poucos são os jogadores que podem gabar-se de ao longo da sua carreira ter representado, pelo menos, dois grandes clubes nacionais como o SL Benfica e o Sporting CP. Nelson Fernandes, nascido no dia 3 de Agosto de 1946 no Funchal, na Ilha da Madeira, está incluído nesse lote restrito de jogadores. Este madeirense, alem dos dois grandes clubes da capital, representou ainda o Varzim SC, o CS Marítimo e o Portimonense SC.
(SL Benfica na temporada de 1967/68)
(No SL Benfica na época de 1967/68)
(Equipa do SL Benfica na temporada de 1967/68)
(No Varzim SC na temporada de 1968/69)
(Selecção Nacional de Esperanças em 1969)
(Selecção Nacional de Portugal)

(Plantel do Sporting CP no inicio da decada de 70)
(Equipa Sporting CP na temporada de 1971/72)
(Equipa do Sporting CP em meados da decada de 70)Mas colectivamente, bem pior seria o ano seguinte com o Sporting CP a não ir alem do 5º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Ronnie Allan primeiro e Mário Lino depois, os treinadores do Sporting CP durante esta época não conseguiram guindar o clube aos êxitos.
Nelson, porem, manteve a sua bitola exibicional, alinhando em 28 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Já a sua veia goleadora esteve novamente no seu melhor, anotando 18 golos na competição, formando com Yazalde uma dupla de ataque tremenda, que melhores frutos traria ao Sporting CP na época seguinte.
(Equipa do Sporting CP na temporada de 1972/73)
É que em 1973/74 o Sporting CP voltou a sagrar-se Campeão Nacional, com o português Mário Lino no comando técnico. Nelson Fernandes alinhou nas 30 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontado 11 golos na prova, mas numa época em que seria um dos principais municiador do avançado Yazalde que marcou 46 tentos.
Nelson Fernandes era um médio de ataque que jogava muito próximo dos avançados da equipa. Muitas vezes era também utilizado na frente de ataque no apoio mais próximo ao ponta de lança. Era um jogador essencialmente de construção de jogadas ofensivas e de assistências, contudo, como os números bem revelam, não deixava de ser um goleador.
Apesar da posição de centro campista, Nelson Fernandes tinha uma outra característica que o tornou celebre, precisamente, o seu espectacular jogo de cabeça. De facto, Nelson Fernandes era exímio a finalizar lances aéreos e frequentemente apontava golos finalizando jogadas dessa estirpe.
(Plantel do Sporting CP na temporada de 1973/74)
(Nelson no Sporting CP)
(Nelson Fernandes no Sporting CP)
(Sporting CP na época de 1973/74)
A temporada de 1974/75 foi bem mais conturbada para o Sporting CP com sucessivas alterações no comando técnico. Primeiro o mítico Alfredo Di Setefano, que foi substituído por Osvaldo Silva, que mais tarde também cedeu o lugar a Fernando Riera, foram os treinadores do Sporting CP nesta época. Realce para o reencontro de Nelson Fernandes com Fernando Riera, treinador chileno com quem tinha sido campeão no SL Benfica.
O Sporting CP foi o 3º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75, apresentando os números individuais de Nelson uma presença em 28 partidas do nacional maior e 10 golos apontados.
(Sporting CP na decada de 70)A época seguinte, de resto a ultima de Nelson no Sporting CP, foi colectivamente ainda pior que a anterior, já que a turma de Alvalade foi somente o 5º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1975/76. Treinado desta feita por Juca, Nelson alinhou em 27 partidas e apontou 4 golos na principal competição portuguesa.
Com 30 anos de idade, algo surpreendentemente, Nelson deixou o Sporting CP no final da temporada de 1975/76, colocando assim ponto final a uma relação com o clube da Alvalade que durou 7 anos. Decidiu regressar à sua terra natal e aos seu primeiro clube da carreira de futebolista com o propósito de auxiliar o CS Marítimo a subir à 1ª Divisão Nacional.
(Sporting CP na época de 1975/76)
(Caricatura de Nelson Fernandes com as cores do Sporting CP)
(Plantel do CS Maritimo na época de 1976/77)
(Equipa do CS Maritimo na decada de 70)
(CS Maritimo na temporada de 1977/78)
(Equipa do CS Maritimo)
(Nelson no Estádio dos Barreiros em 1977/78)
(Plantel do Portimonense SC na época de 1979/80)
(Nelson com a camisola do Portimonense SC)
(Em representação da equipa do Portimonense SC na época de 1979/80)
Conta a história do Amora Futebol Clube que a sua fundação ocorreu no dia 1 de Maio de 1921, o dia do trabalhador, durante um dos habituais piqueniques realizados pela comunidade amorense na Quinta da Princesa.
(Amora FC na decada de 50)
(Equipa do Amora FC na época de 1953/54)Após varias presenças no Campeonato Nacional da 3ª Divisão, o Amora FC regressa à 2ª Divisão Nacional na época de 1977/78, depois de ter vencido a Série F da 3ª Divisão Nacional na temporada de 1976/77. A partir daqui esta colectividade amorense vai entrar no período de ouro da sua história, que culminara com a presença na 1ª Divisão Nacional do futebol português, onde esteve presente durante 3 épocas consecutivas.
(Amora FC na época de 1977/78)Na temporada de 1979/80 vence a Zona Sul da 2ª Divisão Nacional e posteriormente sagra-se Campeão Nacional no segundo escalão do futebol português. Estava assim conseguido o direito a participar pela primeira vez na sua história no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, destacando-se aqui, naturalmente, a figura do Presidente da Direcção do clube o Senhor Durives Pereira.
(Equipa do Amora FC na época de 1979/80)
(Amora FC na temporada de 1979/80)
No ano da estreia entre os grandes do futebol português, o Amora FC – clube de parcos recursos - protagonizou um autentico brilharete, alcançado a manutenção através de um excelente 12º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Apesar de alguma inconstância na liderança da equipa técnica, cargo pelo qual passaram três treinadores – Mourinho Félix, Arnaldo e Francisco Mário (liderança bicéfala como treinadores jogadores durante apenas uma jornada) e José Moniz – o Amora FC conseguiu realizar uma prova digna de destaque.
(Amora FC na época de 1980/81)
(Amora FC na temporada de 1980/81)Nesta equipa do Amora FC da temporada de 1980/81 destacavam-se jogadores como o guarda redes Jorge Francisco, o defesa e capitão Arnaldo, o médio Pereirinha e jovem Diamantino, e os avançados Narciso e Jorge Silva, este o melhor marcador da equipa com 14 golos na principal competição nacional. No seu plantel incluía ainda o mítico Vítor Baptista, antigo jogador do Vitoria de Setúbal e SL Benfica, e internacional português, mas que em fase descendente da carreira não foi tão importante como se esperava.
Nesta época defrontou pela primeira vez, oficialmente, o Vitoria SC, vencendo no Campo da Medideira, ainda pelado, os vimaranenses por 2-1, resultado que se repetiria em Guimarães, mas desta feita a favor do Vitoria SC.
(Plantel do Amora FC na época de 1980/81)
(Equipa do Amora FC na temporada de 1980/81)
(Plantel do Amora FC na época de 1980/81)
(Equipa do Amora FC no Campo da Medideira na temporada de 1980/81)
(Plantel do Amora FC na época de 1980/81)Na temporada de 1981/82 o Amora FC foi um pouco mais além. Voltou a garantir a manutenção, afinal o grande objectivo, mas atingiu a sua melhor classificação de sempre no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com um 11º lugar na geral.
Comandado pelo técnico José Moniz, destacava-se na equipa do Amora FC jogadores como o defesa Rebelo, que era também o capitão, os médios Jaime e Formosinho, contratado ao Varzim SC, e o avançado Caio Cambalhota, o melhor marcador da equipa no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82 com 14 golos apontados.
(Equipa do Amora FC no pelado da Medideira na temporada de 1981/82)
Após uma prolongada e acérrima luta com o Académico de Viseu, FC Penafiel e GD Estoril – Praia, o Amora FC foi um dos sobreviventes no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82, essencialmente fruto dos pontos conquistados em jogos onde a priori se previa a sua derrota.
Venceu no seu reduto o SL Benfica por 1-0 em empatou no Estádio das Antas, contra o FC Porto, a 1-1. Estes resultados foram considerados, naturalmente, escandalosos ou surpreendentes.
(Equipa do Amora FC na época de 1981/82)
(Plantel do Amora FC na época de 1981/82)A equipa do Amora FC tinha um trunfo importantíssimo na disputa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. O seu campo de jogos, em terra batida, causava imensas dificuldades aos opositores. No Campo da Medideira apenas o Vitoria de Setúbal e o Sporting CP venceram.
O Vitoria SC conseguiu arrancar no Campo da Medideira um empate a 2-2 para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82. Na Taça de Portugal desta temporada defrontou também o Amora FC no Campo da Medideira, mas nessa partida, foi derrotado por 2-1 e assim eliminado da competição logo nos 16/avos de final.
No jogo disputado no Estádio Municipal de Guimarães para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82, o Vitoria SC venceu categoricamente a equipa do Amora FC por 4-0, sendo este o pior resultado obtido pela formação amorense nesta competição.
(Amora FC na época de 1981/82)
(Amora FC na temporada de 1982/83)Para o Vitoria SC, na luta pelo acesso às competições internacionais de clubes, a vitoria era importantíssima. Por seu turno, para o Amora FC, estava em causa a manutenção e como tal não poderia sair derrotado de Guimarães.
O jogo sorriu aos vimaranenses, que venceram e praticamente garantiram um lugar na Europa do futebol na temporada seguinte, aproveitando, nesta jornada, a derrota do Rio Ave FC na Madeira frente ao CS Marítimo por 3-0, e a derrota do SC Braga, em Setúbal, frente ao Vitoria FC por 2-1. O Amora FC, por seu turno, carimbou aqui o passaporte com destino à 2ª Divisão Nacional.
Neste jogo, o Vitoria SC realizou uma exibição espectacular a todos os níveis. Suportado pelo forte apoio da massa associativa, a equipa vimaranense conseguiu construir uma goleada verdadeiramente histórica por 7-1.
(Amora FC na época de 1982/83)
O Vitoria SC entrou bem no jogo marcando logo aos 12 minutos por intermédio do avançado brasileiro Paulo Ricardo. Praticamente na jogada seguinte o avançado amorense Ribeiro, ex jogador do Vitoria SC, empatou a partida a 1-1.
Contudo, aos 20 minutos de jogo, novamente por intermédio de Paulo Ricardo o Vitoria SC adiantou-se outra vez no marcador, que viria a ser ampliado, pelo defesa Amândio aos 31 minutos e pelo vimaranense Abreu ao 36 minutos na transformação de uma grande penalidade.
No segundo tempo, o Vitoria SC ampliou a vantagem, concretizando em golos a qualidade do seu jogo. Aos 50 e 52 minutos o avançado Flávio marcou para o Vitoria SC, fechando a contabilidade final, aos 83 minutos por meio do médio Nivaldo.
(Plantel do Amora FC na época de 1982/83)Recordemos, ainda, os conjuntos apresentados por ambas as equipas naquela partida do final da época de 1982/83. O Vitoria SC de Manuel José alinhou da seguinte forma: Silvino; Gregório Freixo, Amândio, Alfredo Murça e Laureta; Nivaldo, Abreu e Paquito; Paulo Ricardo, Joaquim Rocha e Flávio. Na equipa vimaranense actuaram ainda Fonseca e Carraça, entraram aos 71 minutos para os lugares de Paulo Ricardo e Joaquim Rocha.
A equipa do Amora FC, dirigida por António Medeiros, alinhou assim: Botelho; João António, Laranjeira, Arnaldo e Babalito; Alberto, Valter e Baltazar; Caio Cambalhota, Ribeiro e José Rafael. No Amora FC jogaram ainda Camões, que entrou aos 45 minutos para o lugar de João António, e Marlon, que entrou para substituir Valter aos 58 minutos.
Após a descida de divisão, a crise abateu-se sobre o Amora FC, tal como aconteceu com quase todos os clubes da região de Setúbal, área do país que sofreu uma enorme depressão económica e desemprego a partir de meados da década de 80.
No final da época de 1984/85 acabou relegado à 3ª Divisão Nacional. Com Jorge Jesus como treinador iniciou em 1989/90 um caminho que o levaria à 2ª Divisão de Honra. Nesta temporada de 1989/90 subiu à 2ª Divisão Nacional e em 1991/92, ascenderia à 2ª Divisão de Honra, vencendo a Zona Sul com grande vantagem sobre o 2º classificado e onde a equipa alentejana do SC Campomaiorense se sagraria Campeão Nacional da 2ª Divisão.
Em 1992/93 disputou a 2ª Divisão de Honra, mas fruto do 17º lugar na classificação final voltou ao escalão da 2ª Divisão “B”. Na temporada seguinte, de 1993/94, o Amora FC foi o Campeão Nacional da 2ª Divisão “B”, depois de vencer a Zona Sul, com o treinador Ricardo Formosinho, antigo jogador do clube.
(Amora FC na época de 1992/93)
Na época de 1994/95 competiu novamente na 2ª Divisão de Honra, mas voltou a não conseguir a manutenção, terminando de novo a prova na 17ª posição e, concludentemente, relegado à 2ª Divisão Nacional “B”.
A partir de então a vida foi bem mais penosa para o clube, quer desportivamente, mas acima de tudo financeiramente, levando o Amora FC quase à ruína, fruto da participação em competições exigentes sem suporte financeiro e social.
(Amora FC na época de 1996/97)Os problemas financeiros e a falta de subsídios camarários, fruto das dividas nomeadamente à Segurança Social, agoniaram ainda mais a vida do Amora FC, com reflexo naturalmente no desempenho desportivo daquele popular clube.
No final da época de 2004/05 o Amora FC desceu definitivamente à 3ª Divisão Nacional, escalão que actualmente milita na temporada de 2007/08 disputado a Série F, sem contudo ter ultrapassado a grave crise e económica que levou mesmo, na época de 2006/07 à falta de comparência da equipa a um jogo oficial por causa da greve dos jogadores.
(Amora FC na temporada de 2002/03)
(Equipa do Amora FC na época de 2004/05)
(Equipa do Amora FC na temporada de 2007/08)Por fim, uma referencia ao mítico Campo da Medideira, ou Estádio da Medideira, hoje com piso relvado, tem desactivado os dois topos, permanecendo apenas utilizáveis as bancadas centrais. Um estádio que chegou a ter uma lotação oficial de 30.000 lugares, naturalmente, que a maioria em pé, tem actualmente apenas capacidade para cerca de 5.000 espectadores.