Glórias do Passado: abril 2008

 

Nélson


Poucos são os jogadores que podem gabar-se de ao longo da sua carreira ter representado, pelo menos, dois grandes clubes nacionais como o SL Benfica e o Sporting CP. Nelson Fernandes, nascido no dia 3 de Agosto de 1946 no Funchal, na Ilha da Madeira, está incluído nesse lote restrito de jogadores. Este madeirense, alem dos dois grandes clubes da capital, representou ainda o Varzim SC, o CS Marítimo e o Portimonense SC.

A sua carreira de futebolista iniciou-se no principal clube da sua terra natal, o CS Marítimo, jogando entre as épocas de 1957/58 a 1960/61 no escalão de juvenis da turma madeirense.

As qualidades futebolísticas de Nelson foram detectadas precocemente, pelo que, no início da temporada de 1961/62 transferiu-se para o SL Benfica, integrando a equipa dos encarnados que disputou os campeonatos de juniores.

Foi na equipa de juniores do SL Benfica que o jovem madeirense completou o seu processo de formação realizando 3 épocas consecutivas naquele escalão. Atingida a maioridade, Nelson foi cedido pelos encarnados a titulo de empréstimo ao Varzim SC na época de 1964/65, integrando a equipa sénior varzinista que disputou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, aí se estreando no principal escalão do futebol português.

Com apenas 18 anos de idade, Nelson teve a possibilidade de evidenciar todo o seu potencial, realizando ao serviço do Varzim SC, treinado por Artur Quaresma, uma temporada de grande nível, confirmando toda a excelência do seu futebol.

Nelson alinhou em 24 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1964/65, onde apontou 11 golos, uma marca de registo numa equipa de pequena dimensão como o conjunto varzinista. Foi mesmo o melhor marcador da equipa do Varzim SC nesta competição, muito contribuindo, com o seu desempenho, para o excelente 11º lugar obtido pela formação nortenha e a consequente manutenção entre os grandes do futebol português.
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(Varzim SC - Sporting CC na época de 1964/65)
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Bela Guttman, técnico dos encarnados, ordenou o retorno de Nelson ao SL Benfica, incluindo-o no plantel dos encarnados que atacou a temporada de 1965/66. No SL Benfica desta época, que foi o vice campeão nacional, atrás do Sporting CP, o campeão, Nelson teve a oportunidade de alinhar em 12 desafios do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, nos quais apontou 4 golos, o que perfaz uma boa media para um miúdo de apenas 20 anos de idade numa equipa com a dimensão dos encarnados.
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De resto, naquela altura, bem como nas épocas que se sucederam, Nelson Fernandes, nunca passou efectivamente de um suplente. O conjunto encarnado possuía na frente do seu ataque jogadores de referência histórica como José Augusto, José Torres, Eusébio ou Simões, que tapavam literalmente a afirmação de Nelson na equipa do SL Benfica.
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(SL Benfica na época de 1965/66)
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Por causa desse facto, Nelson apenas realizou 12 golos, onde apontou 5 golos, no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1966/67, na equipa do SL Benfica, treinada pelo chileno Fernando Riera, que se sagrou Campeão Nacional. Foi o primeiro título de campeão nacional de Nelson Fernandes, feito que repetiria, ao serviço dos encarnados na temporada seguinte.
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Mas, na época de 1967/68, Nelson Fernandes foi parcamente utilizado pelos sucessivos técnicos dos encarnados (Fernando Riera, Fernando Cabrita e, finalmente, Otto Gloria), actuando tão só em 4 desafios do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sem ter apontado qualquer golo na prova.
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(SL Benfica na temporada de 1967/68)

(No SL Benfica na época de 1967/68)
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(Equipa do SL Benfica na temporada de 1967/68)
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Agora com 22 anos de idade, parecia esgotado o percurso de Nelson no SL Benfica, e talvez na alta-roda do futebol nacional. Para evitar esse desiderato e procurando um novo rumo na sua carreira, acabou por deixar o clube da Luz e ingressar novamente na equipa do Varzim SC, que continuava a militar na 1ª Divisão Nacional.

Ao serviço do Varzim SC na época de 1968/69, cujo treinador era Monteiro da Costa, Nelson Fernandes voltou a atingir o protagonismo que marcou a sua primeira passagem pela equipa da Povoa do Varzim.

Colectivamente a equipa do Varzim SC realizou mais uma grande temporada alcançando um meritório 9 lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1968/69, com Nelson Fernandes a actuar em 22 partidas da competição e apontando 6 golos.
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(No Varzim SC na temporada de 1968/69)
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As suas exibições ao serviço dos nortenhos da Povoa de Varzim, abriu-lhe também as portas da Selecção Nacional. Nelson tinha um percurso bem marcado nas selecções mais jovens de Portugal, contabilizando 5 internacionalizações pela Selecção Nacional de Juniores e, posteriormente, 5 pelas Esperanças, anteriormente designadas de Promessas e 2 pelas Selecção Nacional “B”.

Em 6 de Abril de 1969, Nelson fez a sua estreia pela selecção principal de Portugal, num jogo particular disputado no Estádio Nacional entre a equipa principal portuguesa e a Selecção do México. Nessa partida que terminou empatada a 0-0, com a Selecção Nacional comandada por José Maria Antunes e Juca, Nelson entrou no segundo tempo para o lugar de Laurindo.
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Ao longo da sua carreira o madeirense Nelson Fernandes contabilizou mais duas internacionalizações pela Selecção “A” de Portugal, uma numa partida em Bucarest frente à Roménia, que os romenos venceram por 1-0, e outra num desafio disputado na capital portuguesa frente à Itália, que os italianos venceram por 1-2.
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(Selecção Nacional de Esperanças em 1969)
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(Selecção Nacional de Portugal)
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Entretanto, a carreira de Nelson prosseguiu com o ingresso no Sporting CP, depois da excelente temporada realizada ao serviço do Varzim SC. Nos leões da Alvalade permaneceu 7 temporadas consecutivas, período durante o qual conquistou dois campeonatos nacionais e três Taças de Portugal.

Sagrou-se Campeão Nacional logo na época de estreia com a camisola do Sporting CP. Foi em 1969/70, actuando em 26 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sob o comando técnico de Fernando Vaz. Nesta temporada destaque para o número de golos obtidos por Nelson, 17 tentos, consagrando-se tão só como o melhor marcador da equipa leonina.
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(Plantel do Sporting CP na época de 1969/70)
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(Nelson no Sporting CP)
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Na temporada seguinte voltou a ser um dos melhores marcadores do Sporting CP no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1970/71 com 7 golos apontados, os mesmos de Fernando Peres e Lourenço, seus companheiros no ataque da equipa de Alvalade, em 26 jogos em que alinhou.
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(Equipa do Sporting CP na decada de 70)
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(Plantel do Sporting CP no inicio da decada de 70)

(No Sporting CP na temporada de 1970/71)
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Nesta época o Sporting CP, que continuava a ser tecnicamente liderado por Fernando Vaz foi somente o 2º classificado na principal liga portuguesa, atrás do SL Benfica, o Campeão Nacional.

Ao longo da sua carreira Nelson Fernandes defrontou variadíssimas vezes o Vitoria SC. Iremos destacar um desses jogos, precisamente o ocorrido na época de 1970/71 no Estádio José de Alvalade durante o Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

O jogo foi arbitrado pelo juiz Carlos Monteiro de Setúbal, tendo a equipa do Sporting CP alinhado com o seguinte onze inicial: Damas; Tome, Calo, Zé Carlos e Hilário; Peres e Nelson; Chico Faria, Marinho, Lourenço e Dinis. No decorrer da partida Fernando Vaz lançou Gonçalves no lugar de Lourenço e o vimaranense Pedras no lugar de Peres.

A equipa do Vitoria SC, que atravessava imensas dificuldades nesta temporada de 1970/71, lutando pela sobrevivência no escalão máximo do futebol português, apresentou a seguinte equipa neste desafio de Alvalade: Rodrigues; Costeado, Herculano, Manuel Pinto, Joaquim Jorge e Silva; Artur, Augusto e Osvaldinho; Zezinho e Ademir. Jogariam ainda Ângelo que entrou no lugar do defesa Costeado e o jovem avançado Ibraim que substituiu Zézinho.
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Neste encontro o Vitoria SC não conseguiu suster a equipa do Sporting CP que venceu por 4-0, com golos apontados por Dinis, logo aos 2 minutos de jogo e, já no decorrer da 2ª parte e numa altura em que o Vitoria SC tentava tudo por tudo por empatar, por Peres aos 65 minutos, Ze Carlos aos 70 minutos e finalmente o recordado Nelson Fernandes aos 78.
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(Plantel do Sporting CP na decada de 70)
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1971/72 o Sporting CP foi apenas o 3º classificado, desta feita, atrás de Vitoria de Setúbal e SL Benfica, novamente Campeão Nacional. Nelson Fernandes continuava a ser titular indiscutível na equipa do Sporting CP, realizando, nesta época, 28 jogos na divisão maior e apontado 5 golos.
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(Equipa Sporting CP na temporada de 1971/72)

(Equipa do Sporting CP em meados da decada de 70)
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Mas colectivamente, bem pior seria o ano seguinte com o Sporting CP a não ir alem do 5º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Ronnie Allan primeiro e Mário Lino depois, os treinadores do Sporting CP durante esta época não conseguiram guindar o clube aos êxitos.

Nelson, porem, manteve a sua bitola exibicional, alinhando em 28 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Já a sua veia goleadora esteve novamente no seu melhor, anotando 18 golos na competição, formando com Yazalde uma dupla de ataque tremenda, que melhores frutos traria ao Sporting CP na época seguinte.

(Equipa do Sporting CP na temporada de 1972/73)

É que em 1973/74 o Sporting CP voltou a sagrar-se Campeão Nacional, com o português Mário Lino no comando técnico. Nelson Fernandes alinhou nas 30 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontado 11 golos na prova, mas numa época em que seria um dos principais municiador do avançado Yazalde que marcou 46 tentos.

Nelson Fernandes era um médio de ataque que jogava muito próximo dos avançados da equipa. Muitas vezes era também utilizado na frente de ataque no apoio mais próximo ao ponta de lança. Era um jogador essencialmente de construção de jogadas ofensivas e de assistências, contudo, como os números bem revelam, não deixava de ser um goleador.

Apesar da posição de centro campista, Nelson Fernandes tinha uma outra característica que o tornou celebre, precisamente, o seu espectacular jogo de cabeça. De facto, Nelson Fernandes era exímio a finalizar lances aéreos e frequentemente apontava golos finalizando jogadas dessa estirpe.

(Plantel do Sporting CP na temporada de 1973/74)

(Nelson no Sporting CP)

(Equipa do Sporting CP na temporada de 1973/74)
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(Nelson Fernandes no Sporting CP)

(Sporting CP na época de 1973/74)

A temporada de 1974/75 foi bem mais conturbada para o Sporting CP com sucessivas alterações no comando técnico. Primeiro o mítico Alfredo Di Setefano, que foi substituído por Osvaldo Silva, que mais tarde também cedeu o lugar a Fernando Riera, foram os treinadores do Sporting CP nesta época. Realce para o reencontro de Nelson Fernandes com Fernando Riera, treinador chileno com quem tinha sido campeão no SL Benfica.

O Sporting CP foi o 3º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75, apresentando os números individuais de Nelson uma presença em 28 partidas do nacional maior e 10 golos apontados.

(Sporting CP na decada de 70)

(No Sporting CP na temporada de 1974/75)
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(Ao serviço do Sporting CP)

A época seguinte, de resto a ultima de Nelson no Sporting CP, foi colectivamente ainda pior que a anterior, já que a turma de Alvalade foi somente o 5º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1975/76. Treinado desta feita por Juca, Nelson alinhou em 27 partidas e apontou 4 golos na principal competição portuguesa.

Com 30 anos de idade, algo surpreendentemente, Nelson deixou o Sporting CP no final da temporada de 1975/76, colocando assim ponto final a uma relação com o clube da Alvalade que durou 7 anos. Decidiu regressar à sua terra natal e aos seu primeiro clube da carreira de futebolista com o propósito de auxiliar o CS Marítimo a subir à 1ª Divisão Nacional.

(Sporting CP na época de 1975/76)
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(Caricatura de Nelson Fernandes com as cores do Sporting CP)
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Terá sido a principal aquisição do CS Marítimo para a temporada de 1976/77. Depois de uma luta titânica com o GD Cuf, o CS Marítimo conseguiu vencer a Zona Sul da 2ª Divisão Nacional e assim ingressar no máximo escalão do futebol português. Nesta época, a acção de Nelson foi naturalmente essencial no feito alcançado pelo maritimista, que tinha como treinador o jovem portugues Pedro Gomes.
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(Plantel do CS Maritimo na época de 1976/77)
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(Equipa do CS Maritimo na decada de 70)
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(Nelson Fernandes no CS Maritimo)
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(Equipa do CS Maritimo na época de 1976/77)
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Assim, na época de 1977/78, Nelson Fernandes estava de regresso à 1ª Divisão Nacional, agora em representação do CS Marítimo. O clube madeirense conseguiria - depois de superar varias dificuldades, nas quais se inclui varias alterações no comando da equipa técnica - a manutenção, fruto do 11º lugar na classificação geral.

Nelson actuou em 19 partidas e apontou 1 golo com a camisola do CS Marítimo no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1977/78. Na ponta final desta temporada trabalhou novamente com treinador Fernando Vaz, seu antigo técnico no Sporting SC, que entrou no CS Marítimo a substituir Luís Agrela, que já havia ocupado o lugar inicialmente entregue a Pedro Gomes, este antigo companheiro de equipa nos tempos de Alvalade.
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(CS Maritimo na temporada de 1977/78)
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(Na equipa do CS Maritimo na temporada de 1977/78)
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(Equipa do CS Maritimo)
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(Nelson no Estádio dos Barreiros em 1977/78)
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(Equipa do CS Maritimo na temporada de 1977/78)
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Voltou a jogar na 2ª Divisão Nacional na época de 1978/79, agora representando o Portimonense SC, que apostava num rápido regresso à 1ª Divisão Nacional. Para esse desiderato a equipa algarvia dispunha um plantel de inegável qualidade, onde se destacava o sector ofensivo composto por Nelson Fernandes, já veterano, e Nelson Moutinho. Efectivamente, o Portimonense SC conseguiu vencer a Zona Sul da 2ª Divisão Nacional e consequentemente regressar à 1ª Divisão Nacional.
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A temporada de 1979/80 foi a ultima época de Nelson Fernandes na 1ª Divisão Nacional e ultimo ano da sua carreira ao mais alto nível. Continuou em representação do Portimonense SC, apenas alinhando em 9 jogos e apontando 1 golo no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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(Plantel do Portimonense SC na época de 1979/80)
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(No Portimonense SC na temporada de 1979/80)
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(Nelson com a camisola do Portimonense SC)
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(Equipa do Portimonense SC na temporada de 1979/80)
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O Portimonense SC conseguiria conquistar um meritório 8º lugar na principal competição nacional, atingindo facilmente o objectivo proposto que, evidentemente, passava pela manutenção, principalmente depois de Manuel Oliveira assumir o comando técnico da equipa algarvia.
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(Caricatura do Nelson aquando da passagem pelo Portimonense SC)
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(Em representação da equipa do Portimonense SC na época de 1979/80)


Autor: Alberto de Castro Abreu 4 Comentários

 

Amora Futebol Clube


Conta a história do Amora Futebol Clube que a sua fundação ocorreu no dia 1 de Maio de 1921, o dia do trabalhador, durante um dos habituais piqueniques realizados pela comunidade amorense na Quinta da Princesa.

O clube sedeado na freguesia e cidade da Amora, do concelho do Seixal, distrito de Setúbal, adoptou como sinais distintivos as cores azul, como predominante, e o branco e no símbolo da colectividade um signo de seimão e a bola de futebol.
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Depois da fundação a principal luta dos responsáveis directivos do clube foi encontrar um local onde implantar o campo de jogos do clube. Conseguida a construção do Campo da Medideira, o clube começou a participar em competições oficiais na modalidade rainha que era o futebol.
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(Amora FC na temporada de 1922/23)
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Em 1926/27 participa no Campeonato Oficial do Núcleo de Almada e conquista o seu primeiro troféu - uma placa em bronze – num desafio de futebol onde venceu o Adicense FC de Alfama.

No ano de 1937 sagra-se campeão do Núcleo de Futebol do Seixal e no ano seguinte conquista o Campeonato da 2ª Divisão Distrital da A.F. de Setúbal, ascendendo, por isso, à 1ª Divisão Distrital daquela associação.

Entre as temporadas de 1939/40 a 1946/47 disputa o Campeonato Nacional da 2ª Divisão, sagrando-se, em 1941, como campeão da Estremadura da 2ª Série daquela competição.
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O primeiro Campeonato Distrital da 1ª Divisão da Associação de Futebol de Setúbal conquista-o em 1953/54, façanha que viria a repetir durante a década de 60, vencendo os campeonatos relativos às temporadas de 1961/62, 1962/63 e 1968/69.
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(Amora FC na decada de 50)

(Equipa do Amora FC na época de 1953/54)

Após varias presenças no Campeonato Nacional da 3ª Divisão, o Amora FC regressa à 2ª Divisão Nacional na época de 1977/78, depois de ter vencido a Série F da 3ª Divisão Nacional na temporada de 1976/77. A partir daqui esta colectividade amorense vai entrar no período de ouro da sua história, que culminara com a presença na 1ª Divisão Nacional do futebol português, onde esteve presente durante 3 épocas consecutivas.

(Amora FC na época de 1977/78)

Na temporada de 1979/80 vence a Zona Sul da 2ª Divisão Nacional e posteriormente sagra-se Campeão Nacional no segundo escalão do futebol português. Estava assim conseguido o direito a participar pela primeira vez na sua história no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, destacando-se aqui, naturalmente, a figura do Presidente da Direcção do clube o Senhor Durives Pereira.

(Plantel do Amora FC na temporada de 1979/80)
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(Equipa do Amora FC na época de 1979/80)


(Amora FC na temporada de 1979/80)

No ano da estreia entre os grandes do futebol português, o Amora FC – clube de parcos recursos - protagonizou um autentico brilharete, alcançado a manutenção através de um excelente 12º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Apesar de alguma inconstância na liderança da equipa técnica, cargo pelo qual passaram três treinadores – Mourinho Félix, Arnaldo e Francisco Mário (liderança bicéfala como treinadores jogadores durante apenas uma jornada) e José Moniz – o Amora FC conseguiu realizar uma prova digna de destaque.

(Amora FC na época de 1980/81)

(Amora FC na temporada de 1980/81)

Nesta equipa do Amora FC da temporada de 1980/81 destacavam-se jogadores como o guarda redes Jorge Francisco, o defesa e capitão Arnaldo, o médio Pereirinha e jovem Diamantino, e os avançados Narciso e Jorge Silva, este o melhor marcador da equipa com 14 golos na principal competição nacional. No seu plantel incluía ainda o mítico Vítor Baptista, antigo jogador do Vitoria de Setúbal e SL Benfica, e internacional português, mas que em fase descendente da carreira não foi tão importante como se esperava.

Nesta época defrontou pela primeira vez, oficialmente, o Vitoria SC, vencendo no Campo da Medideira, ainda pelado, os vimaranenses por 2-1, resultado que se repetiria em Guimarães, mas desta feita a favor do Vitoria SC.

(Plantel do Amora FC na época de 1980/81)

(Equipa do Amora FC na temporada de 1980/81)

(Plantel do Amora FC na época de 1980/81)

(Equipa do Amora FC no Campo da Medideira na temporada de 1980/81)

(Plantel do Amora FC na época de 1980/81)

Na temporada de 1981/82 o Amora FC foi um pouco mais além. Voltou a garantir a manutenção, afinal o grande objectivo, mas atingiu a sua melhor classificação de sempre no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com um 11º lugar na geral.

Comandado pelo técnico José Moniz, destacava-se na equipa do Amora FC jogadores como o defesa Rebelo, que era também o capitão, os médios Jaime e Formosinho, contratado ao Varzim SC, e o avançado Caio Cambalhota, o melhor marcador da equipa no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82 com 14 golos apontados.

(Amora FC na época de 1981/82)
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(Equipa do Amora FC no pelado da Medideira na temporada de 1981/82)

Após uma prolongada e acérrima luta com o Académico de Viseu, FC Penafiel e GD Estoril – Praia, o Amora FC foi um dos sobreviventes no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82, essencialmente fruto dos pontos conquistados em jogos onde a priori se previa a sua derrota.

Venceu no seu reduto o SL Benfica por 1-0 em empatou no Estádio das Antas, contra o FC Porto, a 1-1. Estes resultados foram considerados, naturalmente, escandalosos ou surpreendentes.

(Equipa do Amora FC na época de 1981/82)

(Plantel do Amora FC na época de 1981/82)

A equipa do Amora FC tinha um trunfo importantíssimo na disputa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. O seu campo de jogos, em terra batida, causava imensas dificuldades aos opositores. No Campo da Medideira apenas o Vitoria de Setúbal e o Sporting CP venceram.

O Vitoria SC conseguiu arrancar no Campo da Medideira um empate a 2-2 para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82. Na Taça de Portugal desta temporada defrontou também o Amora FC no Campo da Medideira, mas nessa partida, foi derrotado por 2-1 e assim eliminado da competição logo nos 16/avos de final.

No jogo disputado no Estádio Municipal de Guimarães para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1981/82, o Vitoria SC venceu categoricamente a equipa do Amora FC por 4-0, sendo este o pior resultado obtido pela formação amorense nesta competição.

(Amora FC na época de 1981/82)

(Plantel do Amora FC na época de 1981/82)
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A temporada seguinte, a terceira consecutiva na 1ª Divisão Nacional, terá sido o início do declive do Amora FC. Nesta época não conseguiu atingir a meta da manutenção, terminando a prova em penúltimo, acabando relegado ao segundo escalão do futebol português.

O Amora FC, inicialmente treinado por José Moniz, que viria a ser substituído à 14ª jornada por António Medeiros, até começou muito bem a competição, alcançando bons resultados. Contudo, com o desenrolar da prova os maus resultados foram surgindo e consequentemente caindo na tabela classificativa até aos lugares de descida.

Nesta temporada de 1982/83 o Vitoria SC, treinado pelo jovem Manuel José, conseguiu empatar a 1-1 no Campo da Medideira. Já em Guimarães, o jogo ficou marcado por um redundante vitoria dos vimaranenses por números expressivos de 7-1.
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Este jogo realizou-se a contar para a 27ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1982/83 e foi arbitrado pelo juiz Vítor Gonçalves de Aveiro. Tratava-se de um jogo decisivo para ambas as equipas, numa competição que se encontrava bem perto do final.
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(Amora FC na temporada de 1982/83)

Para o Vitoria SC, na luta pelo acesso às competições internacionais de clubes, a vitoria era importantíssima. Por seu turno, para o Amora FC, estava em causa a manutenção e como tal não poderia sair derrotado de Guimarães.

O jogo sorriu aos vimaranenses, que venceram e praticamente garantiram um lugar na Europa do futebol na temporada seguinte, aproveitando, nesta jornada, a derrota do Rio Ave FC na Madeira frente ao CS Marítimo por 3-0, e a derrota do SC Braga, em Setúbal, frente ao Vitoria FC por 2-1. O Amora FC, por seu turno, carimbou aqui o passaporte com destino à 2ª Divisão Nacional.

Neste jogo, o Vitoria SC realizou uma exibição espectacular a todos os níveis. Suportado pelo forte apoio da massa associativa, a equipa vimaranense conseguiu construir uma goleada verdadeiramente histórica por 7-1.

(Amora FC na época de 1982/83)

O Vitoria SC entrou bem no jogo marcando logo aos 12 minutos por intermédio do avançado brasileiro Paulo Ricardo. Praticamente na jogada seguinte o avançado amorense Ribeiro, ex jogador do Vitoria SC, empatou a partida a 1-1.

Contudo, aos 20 minutos de jogo, novamente por intermédio de Paulo Ricardo o Vitoria SC adiantou-se outra vez no marcador, que viria a ser ampliado, pelo defesa Amândio aos 31 minutos e pelo vimaranense Abreu ao 36 minutos na transformação de uma grande penalidade.

No segundo tempo, o Vitoria SC ampliou a vantagem, concretizando em golos a qualidade do seu jogo. Aos 50 e 52 minutos o avançado Flávio marcou para o Vitoria SC, fechando a contabilidade final, aos 83 minutos por meio do médio Nivaldo.

(Plantel do Amora FC na época de 1982/83)

Recordemos, ainda, os conjuntos apresentados por ambas as equipas naquela partida do final da época de 1982/83. O Vitoria SC de Manuel José alinhou da seguinte forma: Silvino; Gregório Freixo, Amândio, Alfredo Murça e Laureta; Nivaldo, Abreu e Paquito; Paulo Ricardo, Joaquim Rocha e Flávio. Na equipa vimaranense actuaram ainda Fonseca e Carraça, entraram aos 71 minutos para os lugares de Paulo Ricardo e Joaquim Rocha.

A equipa do Amora FC, dirigida por António Medeiros, alinhou assim: Botelho; João António, Laranjeira, Arnaldo e Babalito; Alberto, Valter e Baltazar; Caio Cambalhota, Ribeiro e José Rafael. No Amora FC jogaram ainda Camões, que entrou aos 45 minutos para o lugar de João António, e Marlon, que entrou para substituir Valter aos 58 minutos.

Após a descida de divisão, a crise abateu-se sobre o Amora FC, tal como aconteceu com quase todos os clubes da região de Setúbal, área do país que sofreu uma enorme depressão económica e desemprego a partir de meados da década de 80.

No final da época de 1984/85 acabou relegado à 3ª Divisão Nacional. Com Jorge Jesus como treinador iniciou em 1989/90 um caminho que o levaria à 2ª Divisão de Honra. Nesta temporada de 1989/90 subiu à 2ª Divisão Nacional e em 1991/92, ascenderia à 2ª Divisão de Honra, vencendo a Zona Sul com grande vantagem sobre o 2º classificado e onde a equipa alentejana do SC Campomaiorense se sagraria Campeão Nacional da 2ª Divisão.

Em 1992/93 disputou a 2ª Divisão de Honra, mas fruto do 17º lugar na classificação final voltou ao escalão da 2ª Divisão “B”. Na temporada seguinte, de 1993/94, o Amora FC foi o Campeão Nacional da 2ª Divisão “B”, depois de vencer a Zona Sul, com o treinador Ricardo Formosinho, antigo jogador do clube.

(Amora FC na época de 1992/93)

Na época de 1994/95 competiu novamente na 2ª Divisão de Honra, mas voltou a não conseguir a manutenção, terminando de novo a prova na 17ª posição e, concludentemente, relegado à 2ª Divisão Nacional “B”.

A partir de então a vida foi bem mais penosa para o clube, quer desportivamente, mas acima de tudo financeiramente, levando o Amora FC quase à ruína, fruto da participação em competições exigentes sem suporte financeiro e social.

(Amora FC na época de 1994/95)
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Na temporada de 1995/96 o clube desceria à 3ª Divisão Nacional regressando à 2ª Divisão “B” em 1998/99, depois do 2º lugar obtido na Série F na época de 1997/98. Em 1999/00 foi novamente despromovido, apesar de ter regressado à 2ª Divisão “B” logo na época imediatamente seguinte.
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(Amora FC na época de 1996/97)

Os problemas financeiros e a falta de subsídios camarários, fruto das dividas nomeadamente à Segurança Social, agoniaram ainda mais a vida do Amora FC, com reflexo naturalmente no desempenho desportivo daquele popular clube.

No final da época de 2004/05 o Amora FC desceu definitivamente à 3ª Divisão Nacional, escalão que actualmente milita na temporada de 2007/08 disputado a Série F, sem contudo ter ultrapassado a grave crise e económica que levou mesmo, na época de 2006/07 à falta de comparência da equipa a um jogo oficial por causa da greve dos jogadores.

(Amora FC na temporada de 2002/03)

(Equipa do Amora FC na época de 2004/05)

(Equipa do Amora FC na temporada de 2007/08)

Por fim, uma referencia ao mítico Campo da Medideira, ou Estádio da Medideira, hoje com piso relvado, tem desactivado os dois topos, permanecendo apenas utilizáveis as bancadas centrais. Um estádio que chegou a ter uma lotação oficial de 30.000 lugares, naturalmente, que a maioria em pé, tem actualmente apenas capacidade para cerca de 5.000 espectadores.


Autor: Alberto de Castro Abreu 7 Comentários

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