Glórias do Passado: outubro 2010

 

Temporada de 1977/78 - 6ª Parte


Depois dos três resultados positivos alcançados, o Vitoria SC foi derrotado pelo SC Espinho na jornada que marcava o inicio da 2ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1977/78. Disputado num ambiente verdadeiramente escaldante, esta partida foi jogada no sempre difícil pelado do Campo da Avenida, na cidade de Espinho, a casa do clube espinhense.

O Vitoria SC, naturalmente, não conseguiu impor o seu estilo de jogo apoiado, jogando de pé para pé, pois aquele piso em terra batida pede, efectivamente, outro tipo de futebol, mais directo, em força e brigão na luta corpo a corpo entre os jogadores. Nessas condições, mais forte, sai a ganhar a equipa da casa.

Disputado em grande velocidade, a equipa do Vitoria SC e SC Espinho dividiram os acontecimentos durante toda a 1ª parte, embora, as melhores oportunidades coubessem à equipa da casa.

No 2º tempo, porem, tudo se alterou, porque, aí, emergiu a péssima actuação do árbitro da A.F. de Lisboa, Fernando Lage, com um conjunto de decisões erradas que provocaram uma efervescência quase incontrolável nos adeptos instalados nas rudimentares bancadas do Campo da Avenida.

Tudo começou com o golo do Vitoria SC marcado por Mané logo no inicio da 2ª parte, concretamente, aos 55 minutos de jogo. O brasileiro do Vitoria SC surgiu isolado perante o guardião espinhense Gaspar depois de ter empurrado, de forma ilegal, o defesa Gonçalves, afastando-o do lance. Sozinho perante o guarda-redes, o avançado Mané não teve qualquer dificuldade em marcar e colocar o Vitoria SC na frente do marcador.

Sucede que, este golo causou uma onda de protestos protagonizados pelos jogadores do SC Espinho e pelo público afecto ao clube da casa. Esses protestos atingiram mesmo proporções tão graves que chegou mesmo a temer-se uma invasão de campo por parte dos adeptos espinhenses e a interrupção do jogo.
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(Lance do jogo entre o SC Espino e o Vitoria SC no Campo da Avenida. Nesta imagem vemos o vitoriano Almiro e o jogador do SC Espinho Reis)
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A partida acabou, porem, por ser reatada apesar dos ânimos verdadeiramente incendiados entre os jogadores e o publico, de tal forma que, poucos minutos depois, o brasileiro Mané do Vitoria SC terá agredido Gonçalves, jogador espinhense com quem o jogador vimaranense estava “picado” desde o momento do golo inaugural.

Logo após, ocorreu mais um erro grave por parte do árbitro da partida. Certamente pressionado pela onda escaldante que rodeava o terreno de jogo, Fernando Lage assinalou uma grande penalidade contra o Vitoria SC punindo uma falta inexistente do defesa Soares sobre o espinhense Canavarro.

Desta vez, foi a vez dos vitorianos protestarem veementemente a decisão do árbitro, obviamente, sem qualquer sucesso. E assim, Reis, avançado espinhense, fez o golo do empate para o SC Espinho aos 60 minutos de jogo.

Poucos minutos depois foi a vez de Gonçalves retribuir o “mimo” e agredir barbaramente o jogador do Vitoria SC, Mané, com um soco na cara. Mane, depois de recuperado e com a camisola completamente manchada de sangue, reentra em campo e corre para Gonçalves para tirar de esforço. Em consequência, o árbitro do encontro dá ordem de expulsão a Mané e o Vitoria SC fica assim reduzido num elemento.

O SC Espinho em vantagem numérica e com o público empolgado nas bancadas vai em busca do triunfo. O Vitoria SC sofre a impetuosidade do adversário, as constantes decisões erradas do árbitro e ainda a contrariedade de ser obrigado a substituir o guarda-redes Melo, lesionado, pelo seu suplente Rodrigues.

Mas com todo o brio e estoicismo o Vitoria SC vai aguentando a igualdade, até que a 10 minutos do final do jogo sofre o golo que ditará a derrota. Reis cruza para grande área do Vitoria SC, Canavarro, avançado do SC Espinho, ganha o ressalto no meio da defesa vimaranense e faz o 2-1.
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(Jogada ofensiva do Vitoria SC, com Mané a dominar o esférico enquanto o companheiro Tito ficou pelo terreno)
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O Vitoria SC regressou a casa na jornada seguinte do Campeonato Nacional da 1ª Divisão para retomar o caminho do êxito. Venceu com dificuldade a equipa do Portimonense SC por 1-0.

Mais uma vez o terreno de jogo do Estádio Municipal de Guimarães apresentava-se completamente alegado por causa das intempéries verificadas durante toda a semana. Por isso, o Vitoria SC teve grandes dificuldades em impor o seu jogo, enquanto, por outro lado, a formação algarvia, com uma postura bem defensiva, ficava com a vida mais facilitada.
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(O guardião algarvio Jorge importunado por Romeu, enquanto Ferreira da Costa está atento ao lance neste jogo entre o Vitoria SC e o Portimonense SC na época de 1977/78)
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O certo é que o Vitoria SC fez o golo muito cedo, através de Tito, aproveitando bem um lance de sorte, é certo, num erro individual do defesa João Cardoso, mas também com um sentido de oportunidade e capacidade de finalização próprias de um grande goleador.

A vencer desde os 15 minutos, o Vitoria SC continuou a dominar os acontecimentos e a criar as oportunidades suficientes para aumentar a vantagem. Todavia, na baliza algarvia estava aquele que viria a ser o homem do jogo, o guarda-redes Jorge, o qual com um punhado de magníficas defesas evitou, sucessivamente, mais golos para a equipa do Vitoria SC.
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(Novamente uma jogada na grande area do conjunto algarvio, com os vitorianos Soares e o capitão Tito entre vários defesas do Portimonense SC)
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O jogo terminaria com a vitória dos vimaranenses por 1-0. Foi um triunfo justo e incontestável da equipa do Vitoria SC, e que apenas não foi mais avolumado pelo estado quase impraticável do relvado e as grandes intervenções do guarda-redes algarvio Jorge a impedir os golos aos jogadores vitorianos.

Autor: Alberto de Castro Abreu 4 Comentários

 

Adão


O futebolista Adão tem reservado na história do Vitoria SC, meritoriamente, um lugar com grande destaque, não apenas como consequência das três sensacionais temporadas que realizou ao serviço do clube, como também, pelo facto de, ainda hoje, ser o jogador com mais internacionalizações pela selecção nacional portuguesa representando o clube vimaranense.

Em 20 anos de carreira como futebolista, Adão jogou durante 11 anos na 1ª Divisão Nacional, representando, sucessivamente, o Varzim SC, o Vitoria SC, o CF Belenenses e o FC Penafiel, depois de ter passado a sua formação, onde já era internacional pelas camadas mais jovens do futebol português, como jogador no GD Chaves e do FC Porto.

Carlos Manuel Pereira Pinto, conhecido simplesmente como Adão no mundo do futebol, o nome do seu pai – um histórico e famoso jogador dos tempos idos do GD Chaves – nasceu na transmontana cidade de Chaves no dia 3 de Abril de 1960.

E foi no clube da sua terra natal, naturalmente, que Adão, com 15 anos de idade, começou a dar os primeiros passos no futebol, influenciado, clara está, pelo seu pai, futebolista da principal equipa flaviense.

Integrou a equipa de juvenis do GD Chaves na época de 1975/76 e logo começou a despertar as atenções dos emissários dos principais clubes nacionais que percorriam os campos de futebol transmontanos observando os jogos do futebol juvenil enquadrados nas competições organizadas pela A.F. de Vila Real.

Com algum espanto, surge a possibilidade de Adão rumar ao FC Porto na temporada de 1977/78, ainda com a idade de júnior, para integrar a equipa portista que disputava as provas nacionais daquele escalão.

Buscando o sonho de tornar-se futebolista profissional, Adão rumou à cidade invicta para integrar uma equipa de juniores do FC Porto, onde já figuravam atletas como Zé Beto, João Pinto, João Gouveia, Quinito, e aquele que seria o seu parceiro na frente de ataque, o avançado Álvaro.

Adão realizou uma grande época naquela equipa de juniores do FC Porto. Jogando como avançado, marcou um total de 17 golos, tornando-se o melhor marcador da equipa portista naquela temporada de 1977/78.

Nesta altura já o jovem Adão era uma das habituais presenças nos trabalhos das selecções mais jovens portuguesas. O FC Porto pretendia rubricar contrato profissional com o jogador, mas a perspectiva era cede-lo a titulo de empréstimo a um clube das divisões secundárias.

Adão não aceitou tais condições e preferiu então regressar a casa e ao GD Chaves, onde, ainda com a idade de júnior, foi integrado na equipa principal transmontana que disputou a 2ª Divisão Nacional na época de 1978/79. Rapidamente tornou-se no principal jogador do GD Chaves e no menino bonito dos adeptos do clube transmontano.
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(Plantel do GD Chaves na época de 1978/79)
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(Equipa do GD Chaves na temporada de 1978/79)
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Em Chaves vai ter como treinador uma figura que vai influenciar decisivamente toda a sua carreira. Zé Carlos, um dos Magriços da equipa portuguesa no Mundial de 1966, em Inglaterra, e de quem, actualmente, Adão é genro, será o principal responsável pelo lançamento de Adão como futebolista sénior e, como adiante se verá, pela sua aparição na 1ª Divisão Nacional.

Antes de cumprir a sua última época ao serviço do GD Chaves na temporada de 1979/80, no mês de Agosto de 1979, Adão integra a selecção nacional de juniores que vai disputar o Campeonato do Mundo daquele escalão em Tóquio, no Japão, onde Portugal alcança um lugar entre os 8 melhores classificados da competição.
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(Equipa do GD Chaves na época de 1979/80)
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No final da época de 1979/80 o jovem Adão tem em carteira vários convites para jogar em clubes da 1ª Divisão Nacional. Entre eles o Rio Ave FC e o Vitoria SC, que já seguia atentamente o jogador, mas Adão preferiu, naquela altura, rumar à Povoa do Varzim, acompanhando assim o treinador Zé Carlos que também se mudava do GD Chaves para o comando técnico do Varzim SC.

Assim, lançado por Zé Carlos, Adão vai estrear-se na 1ª Divisão Nacional do futebol português na temporada de 1980/81 representando o Varzim SC. É, porem, uma época de aprendizagem para o jovem jogador atento as exigências do primeiro escalão.

Actua somente em 8 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sem apontar qualquer golo, enquanto o Varzim SC. O clube poveiro, depois de grandes temporadas conseguidas nas épocas anteriores, vive uma grave crise financeira, facto que acabou por afectar o desempenho da equipa e motivando o 14º lugar na classificação geral que determinou a descida à 2ª Divisão Nacional.
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(Plantel do Varzim SC na temporada de 1980/81)
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Adão acompanhou, todavia, a passagem, com sucesso, do Varzim SC pela 2ª Divisão Nacional na época de 1981/82. Depois de uma luta titânica com o SC Salgueiros, o Varzim SC venceu a Zona Norte da 2ª Divisão Nacional, alcançando, assim, o regresso ao primeiro escalão do futebol português.

No regresso à 1ª Divisão Nacional, Adão era já uma pedra fundamental na equipa do Varzim SC. Irá permanecer mais três temporadas ao serviço do clube poveiro ate transferir-se para o Vitoria SC no inicio da época de 1985/86.
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(Equipa do Varzim SC na época de 1981/82)
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(Adão no Varzim SC)
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Na época de 1982/83 o Varzim SC atingiu o 12º lugar na classificação final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, conseguindo, assim, alcançar o objectivo da manutenção.

Mas os varzinistas, comandados pelo técnico José Torres, poderiam ter conseguido algo bem melhor pois foram uma das equipas mais regulares na competição, chegando a lutar pelos lugares de acesso a uma competição europeia durante os primeiros dois terços da prova.
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(Plantel do Varzim SC na temporada de 1982/83)
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(Adão no Varzim SC na época de 1982/83)
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(Adão ao serviço do Varzim SC num desafio frente ao Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1982/83)
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Apenas nas últimas jornadas, quando a equipa teve uma quebra de produção, é que os resultados negativos surgiram. Na penúltima jornada, quando nada fazia prever pela temporada que a equipa vinha realizando, o Varzim SC viu-se em riscos de descer de divisão, após cinco derrotas consecutivas.

Quanto a Adão, diga-se, foi titular indiscutível no meio campo do Varzim SC, jogando 28 jogos, tendo apontando, nesta temporada, aquele que seria o seu primeiro golo no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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(Adão no Varzim SC na temporada de 1982/83)
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Na época seguinte de 1983/84 o Varzim SC voltou a ser uma das boas sensações do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Ainda sob o comando técnico de José Torres, o Varzim SC classificou-se, meritoriamente, no 8º lugar da principal competição nacional.

Nesta temporada, o centrocampista Adão não foi tão indiscutível na equipa varzinista mas, ainda assim, actuou em 22 jogos da prova sem, contudo, ter apontado qualquer golo.
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(Plantel do Varzim SC na temporada de 1983/84)
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(No Varzim SC na época de 1983/84)
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(Adão ao serviço do Varzim SC)
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(Em 1983/84 no Varzim SC)
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(Desafio entre o Varzim SC e o R. Agueda na época de 1983/84)
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(Adão no Varzim SC na época de 1983/84)
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(Adão no Varzim SC na época de 1983/84)
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Seguiu-se a última época de Adão ao serviço do Varzim SC. Nesta altura, Adão era já dos jogadores mais antigos no clube e transportava o peso da braçadeira de capitão da equipa poveira.

Esta foi, porém, a temporada em que o Varzim SC voltou a ser relegado à 2ª Divisão Nacional depois de não ter conseguido ir além do penúltimo lugar na tabela classificativa.

Adão foi praticamente sempre titular indiscutível no meio campo do Varzim SC, quer com o técnico José Torres, quer posteriormente quando Mourinho Felix assumiu as funções de treinador principal da equipa poveira. Fez 25 jogos na principal prova portuguesa e apontou um golo, marcado numa derrota caseira frente ao FC Porto por 1-2.
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(Plantel do Varzim SC na temporada de 1984/85)
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(Adão na época de 1984/85 no Varzim SC)
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(Na temporada de 1984/85 no Varzim SC)
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Apesar do insucesso da equipa varzinista, Adão realizou uma boa temporada e por via disso a sua continuidade no primeiro escalão estaria assegurada. Satisfazendo um desejo antigo, Adão aceitou representar o Vitoria SC, acabando por ser um dos reforços do clube vimaranense para a nova época de 1985/86, depois de ter sido dado como certo no FC Porto.

E será então ao serviço do Vitoria SC que o transmontano Adão irá atingir o estrelato no futebol nacional, realizando grandes temporadas ao serviço do clube, com resultados colectivos consentâneos com os seus desempenhos, e tornando-se internacional pela principal selecção portuguesa.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1985/86)
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(Adão no Vitoria SC na temporada de 1985/86)
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No Vitoria SC o seu futebol cresceu, inquestionavelmente, tornando-se num dos “motores” do meio campo vimaranense, passou a ser um dos jogadores mais em foco no futebol português.

Na primeira época no clube vimaranense, sob o comando técnico de António Morais, foi integrado, preferencialmente, num meio campo composto por Nacimento e Bobó, e onde Adão desempenhava as funções mais tecnicistas, tornando-se um homem chave no sucesso alcançado pela equipa.
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(Adão apresentado como reforço do Vitoria SC na época de 1985/86)
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(Adão ao serviço do Vitoria SC na temporada de 1985/86 num desafio frente ao Sporting CP)
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O Vitoria SC realizou uma brilhante temporada alcançando um sensacional 4º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1985/86, garantindo assim o ansiado acesso às competições europeias.

Adão realizou 22 jogos pelo Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e 4 jogos na Taça de Portugal. A sua estreia oficial ocorreu apenas à 9ª jornada da principal prova portuguesa num desafio disputado no Estádio Municipal de Guimarães contra a Académica de Coimbra, jogando como titular no meio campo do Vitoria SC.
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(O conjunto de reforços do Vitoria SC para a temporada de 1985/86)
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Neste jogo, Vitoria SC e Académica de Coimbra empataram a 1-1, com a formação conimbricense a adiantar-se no marcador através de Pedro Xavier aos 32 minutos e os vimaranenses a conseguir a igualdade à passagem do minuto 51 por meio de Teixeirinha.

A partir deste jogo frente à Académica de Coimbra, Adão foi titular incontestável no Vitoria SC. Durante esta temporada Adão foi ainda o autor de golos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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(Adão no Vitoria SC na época de 1985/86)
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Assim, o seu primeiro golo com a camisola vimaranense foi apontado no desafio da 21ª jornada disputado no Estádio Municipal de Guimarães em que o Vitoria SC venceu por 2-0 o GD Aves. Adão e Cascavel foram os autores dos golos vitorianos.

O segundo golo de Adão nesta época foi já apontado no encontro da penúltima jornada, também disputado no terreno vitoriano, em que o Vitoria SC venceu o CS Marítimo por 4-1. Adão marcou um dos golos vitorianos enquanto Cascavel fez um hattrick e Matos marcou para a equipa madeirense.
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(Confronto entre o Vitoria SC e o SL Benfica na época de 1985/86. Adão com Shéu e Carlos Manuel do SL Benfica)
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Nesta época de 1985/86 realça-se ainda a estreia de Adão com a camisola da principal selecção portuguesa. Digamos que à boleia das grandes exibições ao serviço do Vitoria SC, Adão foi seleccionado por José Torres para os trabalhos de preparação da selecção de Portugal para a presença no Mundial do México em 1986.

Depois de ter cumprido 5 internacionalizações pela selecção de juniores de Portugal, mais 2 presenças pela selecção olímpica, Adão estreou-se pela selecção AA no dia 22 de Janeiro de 1986, num particular disputado por Portugal contra a Finlândia no Estádio Municipal de Leiria, o qual terminou igualado a 1-1.
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(Equipa de juniores de Portugal em 1979)
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(Equipa de Portugal em 1986 onde Adão fará a sua 1ª internacionalização AA)
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(Adão ao serviço de Portugal em 1986)
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Neste jogo, o jogador vitoriano Adão, cotando-se com uma boa exibição, foi titular no meio campo da equipa portuguesa, acabando por ser substituído por Nunes aos 80 minutos de jogo.

Antes do Mundial do México 86 voltou a jogar pela selecção portuguesa frente ao Luxemburgo e passou a integrar com regularidade os trabalhos da equipa principal, enquanto no Vitoria SC continuava a exibir-se a grande altura.

Integrou o conjunto de jogadores pré-convocados para a fase final do Mundial mas, por um critério algo duvidoso do seleccionador José Torres, ficou de fora da derradeira lista que compôs os 22 jogadores que viajaram para o México.
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(Conjunto de pré-convocados de Portugal com o objectivo Mundial de 1986)
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Depois da lamentável prestação de Portugal no Mundial do México em meados de 1986, Adão voltou a ser convocado para a selecção nacional portuguesa e tornou-se então, também um dos indiscutíveis da dupla Ruy Seabra e o treinador Juca que comandavam a equipa das quinas.

Mesmo depois do regresso à selecção principal dos jogadores castigados pós-Saltilho, Adão manteve-se entre os eleitos para representar Portugal na fase de apuramento para o Campeonato da Europa de 1988 que viria a ser disputado na Alemanha.

Completou 11 internacionalizações pela seleçcão AA de Portugal, sendo que a ultima delas, concretizada em Janeiro de 1989, na Grécia, já foi realizada como jogador do CF Belenenses.
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(Equipa de Portugal no ano de 1988)
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(Portugal - Suiça em 1987 com Adão em acção)
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Seguiu-se, reconhecidamente, uma das temporadas mais marcantes na história do Vitoria SC. A época de 1986/87, onde Adão foi uma peça fundamental nessa maquina de jogar bom futebol montada pelo treinador brasileiro Marinho Peres.

Adão, ostentando celebremente o n.º 10 daquela equipa do Vitoria SC, actuava no meio campo, como um dos condutores das jogadas ofensivas. Embora sendo um centrocampista por excelência, a sua polivalência potenciava uma rentabilidade maior pois permitia que o técnico o colocasse a jogar em várias posições do terreno de jogo sem perder qualidade.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1986/87)
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(Adão no Vitoria SC na época de 1986/87)
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(Adão no Estádio Municipal de Guimarães em acção)
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De formação ofensiva, é certo, Adão foi ao longo da sua carreira, sobretudo, um médio, posição onde sentia melhor, jogando ao centro, como interior, ou na ala esquerda, pois o pé canhoto era sempre o seu predilecto. De qualquer forma, Adão também jogou várias vezes como defesa lateral esquerdo, o que revela bem a sua polivalência.

O futebolista Adão caracterizava-se, porem, como sendo um jogador com de ampla visão de jogo, um “patrão” no meio campo, exímio tecnicista e muito bom na execução de bolas paradas, essencialmente, na cobrança de livres directos.
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(Adão no Vitoria SC)
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(Adão no jogo contra o Atlético de Madrid)
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Na época de 1986/87 o Vitoria SC realiza uma temporada a todos os níveis extraordinária. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão, a equipa vimaranense, alem de produzir, seguramente, o melhor futebol da época, elogiado por todos os quadrantes da crítica desportiva, conseguiu atingir o pódio no final da prova, alcançando um 3º lugar na classificação final.

E no plano internacional alcançou também grande destaque com a brilhante participação na Taça Uefa. O Vitoria SC atingiu os quartos de final da conceituada prova internacional, eliminando, nesse percurso, grandes equipas europeias.
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(Adão no Vitoria SC na época de 1986/87)
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(Adão no Vitoria SC na temporada de 1986/87)
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Este ano foi também o da estreia de Adão jogando em competições internacionais de clubes. Adão alinhou em todos os jogos que o Vitoria SC realizou nesta edição da Taça Uefa.

Nesta temporada de 1986/87, Adão jogou todos os 30 jogos do Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão bem como os 4 jogos da Taça de Portugal. Adão foi nesta época totalista do Vitoria SC em todas as frentes.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1986/87)
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(Adão no Vitoria SC na época de 1986/87)
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(Frente ao Groningen em 1986/87)
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(Adão no Vitoria SC na época de 1986/87)
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Se na Taça Uefa não marcou qualquer golo com a camisola do Vitoria SC, já na Taça de Portugal marcou 2, enquanto que, na principal prova portuguesa, foi autor também de 2 golos.

Marcou, desde logo, na 1ª jornada o golo do triunfo vimaranense em Braga por 0-1. E apontou um dos golos do Vitoria SC no triunfo sobre o SC Farense, no Estádio de S. Luis, em Faro, por 1-4. Alem de Adão, neste jogo, marcaram ainda Ademir, N´Dinga e Cascavel para o Vitoria SC enquanto o brasileiro Cesar, por seu turno, marcou para o SC Farense.
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(Novamente ao serviço do Vitoria SC no jogo da Taça Uefa da época de 1986/87)
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(Adão no Vitoria SC na época de 1986/87)
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(No Estádio Municipal de Guimarães na época de 1986/87 no jogo entre o Vitoria SC e o SC Farense)
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(Desta feita frente ao Borussia de Moncheladbach em jogo a contar para a Taça Uefa na temporada de 1986/87)
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A época seguinte de 1987/88 foi, sem dúvida, a mais decepcionante ao nível colectivo durante a passagem de Adão como futebolista pelos quadros do Vitoria SC. Pelo comando da equipa técnica vimaranense passaram vários treinadores, desde o brasileiro René Simões, passando por António Oliveira e, finalmente, José Alberto Torres.

A equipa do Vitoria SC passou por momentos conturbados ao longo de toda a temporada, fruto de uma série de maus resultados que provocaram diversas mexidas na equipa técnica que liderava o plantel, atingindo por fim, um sofrível 14º lugar na principal liga nacional.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1987/88)
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(Adão no Vitoria SC agora na temporada de 1987/88)
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(Em jogo frente ao FC Porto no Estádio Municipal de Guimarães. Na imagem um remate de Adão perante a presença proxima do portista Sousa)
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Apesar disso, Adão acabou por ser um dos melhores jogadores da equipa do Vitoria SC durante esta temporada. Jogou 34 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sendo autor de um golo apenas, novamente frente ao SC Braga, mas desta feita num desafio disputado em Guimarães que terminou empatado a 1-1.

Participou em todos os jogos que o clube vimaranense realizou na edição desta temporada da Taça Uefa e foi também totalista nos jogos da Taça de Portugal, competição onde a equipa do Vitoria SC atingiu a final.
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(Adão na época de 1987/88 no Vitoria SC)
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(Em jogo frente ao SL Benfica na época de 1987/88)
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Nessa final da Taça de Portugal referente à época de 1987/88, jogada entre o Vitoria SC e o FC Porto, a turma vitoriana, com Adão jogando como titular, foi derrotada pela formação portista por 1-0.

No final desta temporada Adão terminava o seu vínculo profissional com o Vitoria SC. Apesar da vontade dos responsáveis vimaranenses em renovarem o contrato com o jogador, Adão preferiu rumar ao CF Belenenses, clube que lhe acenava com condições financeiras bem mais vantajosas.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1987/88)
. (Adão no Vitoria SC)
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(Adão ao serviço do Vitoria SC na época de 1987/88)
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(Adão em acção ao serviço do Vitoria SC)
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(Adão em acção no jogo da final da Taça de Portugal)
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(Adão, Nascimento e Rui Barros na partida da final da Taça de Portugal na época de 1987/88)
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No CF Belenenses vai formar com Juanico um meio campo de sonho, ainda hoje recordado com nostalgia por todos os adeptos do clube do Restelo. O CF Belenenses começou a temporada a ser treinado pelo inglês John Mortimore, mais tarde substituído pelo brasileiro Marinho Peres, que assim reencontrava Adão na sua carreira.

A equipa do Restelo atingiu um 7º lugar na classificação final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com Adão a jogar em 30 partidas e a ser autor de um golo, concretamente, num empate a uma bola obtido pelo CF Belenenses no terreno do SC Espinho.
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(Equipa do CF Belenenses na época de 1988/89)
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(Adão no CF Belenenses na temporada de 1988/89)
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(Novamente Adão no CF Belenenses)
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Mas o ponto alto desta temporada para a formação azul foi mesmo a conquista da Taça de Portugal, com um triunfo sobre o SL Benfica por 2-1. Adão, refira-se, foi titular na equipa do CF Belenenses nessa histórica final.

Nesta temporada de 1988/89 destaca-se ainda a eliminação da equipa alemã do Bayer Leverkusen na 1ª eliminatória da Taça Uefa, destacando-se, especialmente, o triunfo no Estádio do Restelo por 1-0 com um golo apontado por Adão na conversão de um livre directo.
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(Golo do CF Belenenses apontado por Adão no jogo frente ao Bayer Leverkusen a contar para a Taça Uefa)
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(Equipa do CF Belenenses na época de 1988/89)
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Na segunda e última época o serviço do CF Belenenses, o centrocampista Adão esteve longe de ser o titular indiscutível da temporada anterior. Jogou somente 21 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, onde o CF Belenenses foi 6º classificado, não tendo marcada qualquer golo.
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(Equipa do CF Belenenses na época de 1989/90)
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(Adão no CF Belenenses na época de 1989/90)
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Iniciando-se a época de 1990/91 rumou ao FC Penafiel inicialmente treinado por Joaquim Teixeira. E no clube duriense, depois de cinco temporadas consecutivas, iria encerrar a sua carreira de futebolista profissional e abraçar a carreira de treinador.

Na primeira temporada no FC Penafiel, jogando 27 jogos, sem apontar qualquer golo, Adão foi importante na caminhada do clube nortenho que o levou a garantir a permanência no primeiro escalão do futebol português fruto do sofrido 15º lugar na classificação, alcançado já com Vítor Manuel no comando técnico da equipa.
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(Plantel do FC Penafiel na época de 1990/91)
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(Adão no FC Penafiel na temporada de 1990/91)
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Na segunda época, ainda com Vítor Manuel no comando da equipa, consumou-se a queda do FC Penafiel na 2ª Divisão Nacional, fruto de uma temporada muito irregular ao nível exibicional que terminou com um 17º lugar na tabela classificativa.

Com um ataque muito pobre em termos qualitativos, o FC Penafiel cotou-se como uma equipa com grandes limitações e as esperanças na permanência nunca passaram de expectativas muito ténues.
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(FC Penafiel na época de 1991/92)
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Desta feita, de nada valeu a experiencia adquirida de jogadores como Juanico ou Adão. Apesar de tudo, foi fundamental a presença de Adão na equipa penafidelense, acabando por ser um dos jogadores mais destacados do FC Penafiel nesta época de 1991/92.

Adão, alem de capitão, assumiu-se como o verdadeiro patrão da equipa, realizando uma ponta final de época de grande nível, a qual, porem, revelou-se insuficiente para salvar o clube da descida de divisão.
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(Adão na época de 1991/92 no FC Penafiel)
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Actuou em 32 jogos da principal prova portuguesa, tendo apontado um total de três golos ao longo da competição, aquele que seria o seu melhor registo como goleador na 1ª Divisão Nacional.

Marcou sempre golos decisivos. Primeiro o golo do empate a 1-1 frente ao FC Famalicão, jogando fora de portas. Numa outra igualdade a 1-1, desta feita em jogo disputado no Estádio 25 de Abril, em Penafiel, frente ao CF União da Madeira e, numa vitória sobre o GD Chaves, também jogando em casa, por 1-0.
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(Adão na apresentação do novo patrocinador do FC Penafiel na época de 1991/92)
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Em 1992/93 o FC Penafiel e Adão, agora já veterano e em final de carreira, regressavam então ao segundo escalão do futebol português. E o capitão duriense Adão ainda jogou três temporadas consecutivas de bom nível na 2ª Divisão de Honra representando o FC Penafiel.

Na época de 1992/93 o FC Penafiel não conseguiu melhor que um 14º lugar na classificação, salvando-se, com dificuldades de descer à 2ª Divisão Nacional “B”. Na temporada seguinte repetiu-se o desempenho, desta vez, classificando-se no 15º lugar da tabela classificativa.
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(Equipa do FC Penafiel na temporada de 1992/93)
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(Equipa do FC Penafiel na época de 1993/94)
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E desta feita, diga-se, poderá considerar-se que a manutenção do FC Penafiel na 2ª Divisão de Honra tratou-se de um verdadeiro milagre, pois o clube duriense esteve quase sempre abaixo da linha de água.

Só quando Mário Nunes deixou o comando técnico da equipa, assumida transitoriamente pelo próprio Adão, como jogador-treinador, e Luís Miguel assumiu o cargo é que o FC Penafiel começou a recuperar.

O FC Penafiel conseguiu mesmo o golo da salvação a 12 minutos do fim do campeonato, um tento que permitiu um triunfo por 1-0 sobre a AD Ovarense e assim a manutenção no escalão.
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(Adão na época de 1993/94 no FC Penafiel)
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Finalmente, na temporada de 1994/95 Adão arrancou para a última época como futebolista profissional. A equipa penafidelense manteve os desempenhos negativos das temporadas anteriores mas, desta vez, uma sensacional recuperação levou o clube a um tranquilo 10º lugar na classificação geral.
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(Plantel do FC Penafiel na temporada de 1994/95)
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(Na época de 1994/95 no FC Penafiel)
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Encerrada a carreira de futebolista, Adão foi integrado na equipa técnica que iniciou a temporada de 1995/96 no FC Penafiel. Adão foi o treinador adjunto de Zé Carlos, o seu treinador no inicio da carreira.

Adão foi ainda treinador adjunto no GD Chaves, na época de 1998/99. Naquela cidade criou uma escola de futebol com o seu nome e passou a treinador principal do CDC Montalegre na 3ª Divisão Nacional.
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(Plantel do FC Penafiel na temporada de 1995/96)
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Entretanto veio residir para a zona sul e passou a dirigir vários clubes da A.F. de Lisboa. Comandou a equipa do SC Livramento, de Mafra, o Cerca FC, de Torres Novas, e o GDRC Ponterrolense, de Torres Vedras, formação que comandou na última temporada de 2009/10.
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(Equipa de velhas guardas do Vitoria SC na decada de 90)
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Adão, hoje com 50 anos de idade, encontra-se ainda ligado ao Vitoria SC. Exerce actualmente as funções de olheiro do clube em divisões secundárias do futebol português e, de quando em vez, integra a equipa de velhas guardas do Vitoria SC.


Autor: Alberto de Castro Abreu 0 Comentários

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