Glórias do Passado: junho 2007

 

Bené


Benjamim Pereira Sobrinho, conhecido no mundo do futebol pelo diminutivo de Bené, nasceu na cidade de Porto Alegre - capital do Estado brasileiro do Rio Grande do Sul - no dia 28 de Novembro de 1962. Bené ocupava preferencialmente a posição de defesa central, dotado de excelente sentido posicional que compensava alguma lentidão de movimentos. Era detentor de uma estampa física de respeito, que o favorecia no choque e na marcação aos adversários.

Caracterizava-se ainda por um excelente jogo de cabeça, com predicados técnicos assinaláveis para um defesa, pelo que, raramente usava o “chutão” para a frente como estilo de jogo. Alias, bem pelo contrário, era usual em Bené sair a jogar da zona defensiva com a bola controlada, municiando muitas vezes o ataque com passes longos e em profundidade. De resto, em lances de bola parada era o primeiro a avançar para a área adversária pois com a sua estatura causava enormes desequilíbrios. Era ainda um especialista na conversão de grandes penalidades que as executava com apurada técnica e colocação de remate inalcançável na maioria das vezes para os guarda-redes adversários.

Bené jogou com o Rei D. Afonso Henriques ao peito durante 4 temporada consecutivas, fazendo a sua estreia ao serviço do Vitoria Sport Clube na época de 1987/88, já com 25 anos de idade e uma enorme experiência que trazia do futebol brasileiro.
No Brasil, e antes de ingressar no futebol luso, Bené jogou várias épocas no Internacional de Porto Alegre, um dos grandes clubes da sua cidade natal, juntamente com grandes jogadores que vieram a tornar-se famosos não só em Portugal, como no mundo inteiro. Bené formou dupla de centrais, por exemplo, com Aloísio, internacional brasileiro que jogou no FC Barcelona e no FC Porto. Jogou também com Dunga, ex capitão da selecção canarinha e actual seleccionador brasileiro e ainda com o meio campista René Weber que também vestiu a camisola do Vitoria de Guimarães durante alguns anos.
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(Equipa do Internacional de Porto Algre da decada de 80 com Bené em cima, onde se reconhecem ainda René Weber, Aloísio e Dunga, actual selecionador canarinho)
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Alem do Internacional de Porto Alegre, Bené representou ainda no seu país natal o Olaria AC e o América FC, ambos os clubes da cidade do Rio de Janeiro, antes mesmo de se transferir para o futebol português.

Como acima se referiu, Bené chegou a Portugal no defeso da temporada de 1987/88 para reforçar o plantel do Vitoria de Guimarães que na época anterior havia terminado a prova classificado numa brilhante 3ª posição. Chegou pela mão do treinador brasileiro René Simões, juntamente com René Weber, Caio Júnior, João de Deus e Décio António, outros brasileiros que chegaram contemporaneamente com ele a Guimarães, visando a sua contratação, sobretudo, reforçar o lote de centrais que o plantel já incluía como Miguel e Nené que eram os titulares indiscutíveis e o veterano Tozé. Desta forma, o grupo passava a ter mais uma solução de inquestionável valia.
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(Bené com a camisola n.º 3 num jogo frente ao Portimonense SC na época de 1987/88)
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Naturalmente que Bené passou por um necessário período de adaptação à nova realidade futebolística que veio encontrar em Portugal, mas acima de tudo deparou-se com a enorme concorrência de uma dupla centrais que estava rotinada e cheia de sucessos no clube, como era o caso do internacional português Miguel e brasileiro Nené.
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Assim, Bené apenas era utilizado quando o Vitoria apresentava um esquema defensivo assente em 3 defesas centrais, ou quando aqueles 2 titulares estavam lesionados ou a cumprir castigo disciplinar.
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(Plantel do Vitoria na época de 1987/88)
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(Bené em acção na temporada de 1987/88)
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(Plantel do Vitoria na época de 1987/88)
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Foi utilizado em 16 encontros no Campeonato Nacional da 1ª Divisão na temporada de 1987/88, onde apontou um golo na vitória dos vimaranenses sobre o Sp. Espinho por 1-3, no Estádio Comendador Manuel Violas. Curiosamente, neste encontro, Bené apontou não só o primeiro dos três golos com que o Vitoria de Guimarães levou de vencida os espinhenses, mas também foi o autor do golo do Sp. Espinho através de um inadvertido auto-golo.
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Colectivamente, o Vitoria passou por momentos conturbados, fruto de uma série de maus resultados que provocaram diversas mexidas na equipa técnica que liderava o plantel, atingindo por fim, um sofrível 14º lugar no Campeonato Nacional. Atingiu ainda a final da Taça de Portugal, disputada no Estádio do Jamor, onde Bené foi titular, num jogo contra o FC Porto, que os portistas venceram por 1-0.
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(Bené com a camisola do Vitoria na temporada de 1987/88)
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(Equipa do Vitoria na época de 1987/88)
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A participação europeia foi meritória tendo em conta os pergaminhos do clube. O Vitoria atingiu os oitavos de final da Taça Uefa, sendo eliminado pelo Viktovice da Checoslováquia por 5-4 no desempate na marcação das grandes penalidades. Bené, infelizmente, viu o seu nome ligado a esta eliminação da Taça Uefa pois foi ele que não logrou concretizar a grande penalidade que ditou o afastamento da turma vitoriana.

Bené fez a sua estreia em jogos das competições internacionais de clubes com a camisola do Vitoria no dia 16 de Setembro de 1987, frente ao Tatabanyai, no jogo disputado na Hungria, que terminou empatado a um golo. A sua segunda aparição foi, desta feita, na Bélgica, concretamente no jogo da 2ª mão da segunda eliminatória frente aos belgas do Beveren, no Estádio Freethiel. O jogo terminaria com a marcação de grandes penalidades para desempatar a eliminatória que se encontrava empatada a um golo para cada lado. A sorte acabaria por sorrir aos vimaranenses que concretizaram em golo as 5 grandes penalidades convertidas, sendo Bené um dos autores dos tiros certeiros, juntamente com Carvalho, Adão, Miguel e Ademir. Pelos belgas falhou Stalmans e desta forma ficou apurado o Vitoria para a ronda seguinte.
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Já nos jogos referentes aos oitavos de final da Taça Uefa disputados frente aos mineiros do Viktovic, Bené foi titular em ambas as partidas, sendo o protagonista da infelicidade que levou a eliminação do Vitoria da prova conforme acima se referiu.
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(Bené em acção na temporada de 1987/88)
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(Equipa do Vitoria na temporada de 1987/88 na final da Taça de Portugal)
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A temporada de 1988/89 iniciou-se com uma pequena revolução no elenco que compunha o plantel do Vitoria, com a saída e entrada de vários jogadores. Destaque para a transferência do defesa central Miguel do Vitoria para o Sporting CP, abrindo desta forma um espaço maior à utilização de Bené.
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Na verdade, apesar de não ser um titular indiscutível, Bené seria bem mais utilizado nesta época, concretamente em 21 ocasiões, não apontando contudo qualquer golo com a camisola do Vitória ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Teve ainda que dividir a titularidade na dupla de centrais não só com o brasileiro Nené, que permanecia no clube, mas também com Germano que havia chegado a Guimarães envolvido na supra mencionada transferência de Miguel para o Sporting CP.
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(Equipa do Vitoria na época de 1988/89)
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(Plantel do Vitoria na temporada de 1987/88)
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(Bené com o troféu da Supertaça Cândido de Oliveira)
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O Vitoria Sport Clube terminaria a prova maior do futebol português classificado na 9ª posição da tabela, desiderato consubstanciado num desempenho mediano ao longo de toda a competição.
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O ponto alto desta época, foi sem duvida a conquista pelo Vitoria da Supertaça Cândido de Oliveira, único troféu a nível nacional do Clube, na qual Bené teve uma participação directa, dado que foi titular na equipa vitoriana que disputou a 2ª mão no Estádio das Antas frente ao FC Porto, na qual realizou, juntamente com os restantes companheiros do sector defensivo, uma excelente exibição, que contribuiu sobremaneira para o nulo final que se registou naquela partida.
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(Plantel do Vitória na época de 1988/89)
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(Plantel do Vitoria na temporada de 1988/89)
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(Bené com a camisola do Vitoria na temporada de 1988/89)
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Nas competições europeias desse ano, Bené teve uma aparição tão fugaz quanto a participação do clube na extinta Taça das Taças. Bené apenas foi utilizado alguns minutos no jogo da 2ª mão disputado no Estádio Municipal de Guimarães, quando entrou a substituir Nené aos 71 minutos do jogo. Todavia, Bené teve nos pés, ou melhor na cabeça, a oportunidade de ouro de carimbar a passagem Vitoria à eliminatória seguinte, quando a 5 minutos do final do jogo, atirou de cabeça a bola ao poste da baliza dos holandeses do Roda. Pouca sorte a dos vimaranenses.
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(Equipa do Vitoria na época de 1988/89)
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(Equipa do Vitoria na época de 1988/89)
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(Bené com o equipamento do Vitoria na temporada de 1988/89)
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A época de 1989/90 seria o ano de afirmação de Bené em Guimarães, onde o treinador brasileiro Paulo Autuori apostou num esquema defensivo desenhado com 3 defesas centrais, onde Germano e Bené se ocupavam da marcação e William, contratado nesta época ao CD Nacional da Madeira, assumia a condição de libero.
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O Vitoria realizou uma brilhante temporada, praticando um futebol reconhecidamente de qualidade e espectacular, classificando-se novamente para as competições internacionais em resultado do 4º lugar alcançado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1989/90. Bené alinhou em 26 partidas oficiais e apontou 3 golos ao longo de toda a prova.
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(Plantel do Vitoria na temporada de 1989/90)
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(Bené)
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(Equipa do Vitoria na temporada de 1989/90)
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(Bené)
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Em 1990/91 Bené dava inicio aquela que seria a sua última temporada ao serviço do Vitoria, que colectivamente ficou pautada novamente por um desempenho mediano, não indo a equipa vimaranense além de um 9º lugar na tabela final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Conturbados momentos internos foram vividos ao longo desta época, onde se dizia existir uma divisão interna entre jogadores brasileiros, portugueses e africanos. 3 Técnicos passaram por Guimarães nesta temporada – Paulo Autuori, Pedro Rocha e João Alves – fenómeno que também contribuiu para uma época atribulada.
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(Equipa do Vitoria na época de 1990/91)
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(Bené com a camisola do Vitoria na temporada de 1990/91)
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Bené foi titular praticamente a temporada inteira, partilhando a posição de defesa central, ora com Germano ora com Jorge, jogador brasileiro que tinha chegado a Guimarães para substituir William, que havia sido transferido para o SL Benfica. Registou 28 presenças no nacional maior do futebol português sem que tenha concretizado qualquer golo.

Na disputa da Taça Uefa na edição de 1990/91 o Vitoria não ultrapassou a 1ª ronda, acabando eliminado pelo Fenerbahce da Turquia, tendo Bené jogado na partida da 1ª mão em Istambul, no lotado Estádio Inonu, onde o Vitoria saiu copiosamente derrotado por 3-0, hipotecando as esperanças de classificar-se para a eliminatória seguinte.
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(Plantel do Vitoria na epoca de 1990/91)
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(Bené em acção no jogo da Taça Uefa contra o Fenerbahce)
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No final da época de 1990/91, João Alves, que foi o técnico escolhido pela Direcção do Vitoria para permanecer e comandar os destinos da equipa sénior na temporada seguinte, encetou uma remodelação no plantel, a qual incluiu a dispensa dos serviços de Bené apesar de lhe restar ainda mais um ano de contrato com os vimaranenses.
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Abandonando Guimarães, Bené prosseguiu a sua carreira no SCU Torreense, popular clube da cidade de Torres Vedras, que na temporada de 1991/92 estava de regresso ao convívio entre os grandes do futebol português, depois de se ter classificado na 3ª posição do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de Honra na temporada anterior.
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(Equipa do SCU Torreense na temporada de 1991/92)
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(Bené em acção pelo SCU Torrense na marcação a Magnusson do SL Benfica)
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Manuel Cajuda era então o técnico principal da equipa de Torres Vedras. Todavia, não foi possível evitar a descida de divisão, terminando a formação SCU Torreense classificada no 16º lugar, fruto essencialmente da sua juventude e inexperiência na alta roda do futebol luso. A chegada tardia de alguns jogadores como foi por exemplo o caso de Bené e Dragolov bem como a composição do plantel integrar 10 estreantes na 1ª Liga não ajudou em nada o sucesso da equipa. Na verdade, se no decorrer da segunda volta da prova o SCU Torreense ainda protagonizou uma assinalável recuperação, a péssima prestação efectuada na primeira metade do campeonato deitou por terra as esperanças dos torreenses em se manter na 1ª Divisão Nacional.
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(Equipa do SCU Torreense na época de 1991/92)
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(Bené com a camisola do SCU Torreense)
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Bené foi contudo um titular indiscutível no SCU Torrense, actuando em 30 jogos na competição, apontando 3 golos no decorrer de toda a prova. O primeiro golo conseguido na competição ocorreu à passagem da 13ª jornada e curiosamente obtido no Estádio Municipal de Guimarães em jogo frente ao seu anterior clube o Vitoria Sport Clube. Na partida que terminaria empatada a 1-1, o SCU Torreense, adiantou-se no marcador ao 53 minutos por intermédio de Bené, igualando o Vitoria, aos 78 minutos, pelo tunisino Ziad. O seu segundo golo foi apontado na 32ª Jornada, frente ao Estoril Praia naquela que seria a goleada da prova, com o SCU Torreense a cilindrar os estorilistas por 8-1. O 3º golo na competição foi obtido já na 33ª Jornada aquando do empate a 1-1, no Estádio Manuel Marques em Torres Vedras, contra o SC Farense.
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(Equipa do SCU Torreense na temporada de 1991/92)
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Consumada a descida de divisão, o SCU Torreense disputou a 2ª Divisão de Honra em 1992/93, naquele que seria o ultimo ano de Bené em Portugal já com 31 anos de idade. Foi utilizado em 22 jogos oficiais e anotou um golo na sua contabilidade pessoal classificando-se a final a equipa de Torres Vedras no 7º lugar da tabela.
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(Bené)
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Bené vem frequentemente ao nosso país, para visitar a cidade de Guimarães onde deixou muitos admiradores e amigos, bem como para acompanhar a carreira do seu filho que até há bem pouco tempo jogava nas camadas jovens do Sporting CP.
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(Foto actual de Bené segurando o troféu da Supertaça Cândido de Oliveira conquistado em 1988)


Autor: Alberto de Castro Abreu 3 Comentários

 

Frasco


António Manuel Frasco Vieira nasceu no dia 16 de Janeiro de 1955 em Leça da Palmeira na cidade de Matosinhos e foi Leixões SC, principal clube daquele burgo, que Frasco - nome pelo qual ficou conhecido no futebol português – iniciou a sua carreira de futebolista.

Apesar de ser com o nome de Frasco que viria a ficar famoso no panorama do futebol português, a verdade é que a sua primeira alcunha, ainda miúdo, nas escolas de formação do Leixões SC, era de Pelezinho, por comparação com o avançado brasileiro Pelé ainda hoje considerado como o melhor jogador de futebol no mundo.

Frasco fez a sua primeira inscrição oficial na época de 1969/70 pelo Leixões SC, com apenas 14 anos de idade. Estava incorporada numa das melhores “canteras” do futebol nacional apelidadas de “bebes de Matosinhos”. Fez todo o seu trajecto de formação no Leixões SC e será nesse clube que fará a sua estreia na principal liga portuguesa.

Faz a sua estreia na 1ª Divisão Nacional na temporada de 1973/74 com apenas 18 anos de idade pelo Leixões SC treinado em primeiro lugar por António Teixeira e mais tarde por Haroldo de Campos. Nesta altura, Frasco ainda ocupava preferencialmente a posição de avançado e só mais tarde foi recuado para a posição que se notabilizou como meio campista.

Na primeira época na 1ª Divisão Nacional, num campeonato em que o Leixões SC se classificou na 14ª posição da geral, Frasco foi utilizado apenas em 10 ocasiões sem ter apontado qualquer golo.

Mas seria na temporada seguinte que Frasco se irá afirmar definitivamente na equipa de Matosinhos, já ocupando a posição de médio, disputando o nacional maior da época de 1974/75 onde o Leixões SC, treinado inicialmente por Haroldo de Campos e Raul Oliveira e mais tarde por Filpo Nuñez, terminou a prova num honroso 9º lugar.
Frasco foi dos jogadores mais preponderantes nesta equipa do Leixões, pois actuou em 27 partidas oficiais no Campeonato Nacional concretizando 3 golos.
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(Frasco na época de 1974/75 com a camisola do Leixões SC)
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A partir daí passou a ser dos jogadores mais importantes na equipa do Leixões SC que nas épocas de 1975/76 e 1976/77 disputou a 1ª Divisão Nacional. Nesta ultima época de 1976/77 o Leixões SC acabou por descer à 2ª Divisão Nacional pois não conseguiu ir alem do penúltimo lugar na prova não evitando dessa forma a despromoção.

Nesta altura, Frasco era já um jogador altamente pretendido por clubes de maior nomeada e que jogaria no primeiro escalão, mas o certo é que ainda permaneceria durante mais uma temporada ao serviço do clube da sua terra, desta feita, disputando a Zona Norte da 2ª Divisão Nacional na época de 1977/78.

No início da temporada de 1978/79 transferiu-se para o FC Porto treinado por José Maria Pedroto, ingressando assim num dos mais importantes clubes nacionais.

O certo é que, ao serviço dos dragões, Frasco iria projectar-se definitivamente no futebol português, conquistando títulos nacionais e internacionais, passando ainda a representar a Selecção Nacional com regularidade.

Seriam 11 épocas consecutivas ao serviço dos azuis e brancos onde integrou equipas recheadas de grandes jogadores e treinadas por técnicos de renome nacional e internacional. Integra uma geração de jogadores do FC Porto, como João Pinto, Lima Pereira, Jaime Pacheco, Sousa, André, Gomes, Futre, entre outros, que ficaram para sempre ligados à história do principal clube da cidade invicta.

Logo na época de estreia ao serviço do FC Porto, em 1978/79, Frasco conquistou o seu primeiro título de Campeão Nacional. José Maria Pedroto entregou a titularidade ao jovem Frasco de apenas 23 anos de idade e este não se fez rogado exibindo-se ao mais alto nível durante aquela temporada. Foi o único totalista da equipa do FC Porto no Campeonato Nacional de 1978/79, alinhando as 30 partidas da prova e apontando 2 golos.

Esta utilização diz bem do contributo de Frasco para o êxito do FC Porto. Contributo que foi devidamente recompensado pela Direcção portista que ofereceu ao jogador um apartamento.
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(Plantel do FC Porto na temporada de 1978/79)
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Frasco destacava-se por ser um médio centro de baixa estatura, franzino mas com grande entrega ao jogo e espírito de sacrifício. Era uma verdadeira carraça em termos defensivos, sendo duro o quanto baste e com uma capacidade física que dava muita acutilância ao futebol da equipa portista.

A fisionomia apresentava um bigode muito tradicional para a época que ainda hoje continua a usar. Mas Frasco sobressaia sobretudo pela forma como fazia a retenção do esférico tornando-se por essa característica essencial para a posse de bola da formação portista. Era também muito habilidoso na condução do jogo de ataque.
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(Equipa do FC Porto na época de 1978/79)
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Chegou à Selecção Nacional de Portugal pela primeira vez no dia 17 de Outubro de 1979, num jogo frente à Bélgica, em Bruxelas no Heysel Park, em partida a contar para o apuramento para o Europeu de 1980. No jogo da estreia Frasco foi suplente, entrando para o lugar do defesa Eurico Gomes.

O seu primeiro jogo como titular na equipa das quinas ocorreu em 1 de Novembro de 1979, frente à Noruega, no Estádio Nacional, quando Portugal derrotou a equipa nórdica por 3-1.
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(Selecção de Portugal com Frasco sentado entre Festas e Néne)
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(Selecção de Portugal em 1984)
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Frasco completou 23 internacionalizações pela Selecção A de Portugal durante os 8 anos em que foi regularmente convocado para os trabalhos da Selecção. Apontou somente 1 golo, num jogo amigável frente à Bélgica no Estádio 1º Maio em Braga realizado no dia 4 de Fevereiro de 1987, em que os portugueses venceram por 1-0.

O seu ultimo jogo pela Selecção Nacional realizou-o no Estádio das Antas, na cidade do Porto, num empate a zero bolas frente à Suiça no dia 11 de Novembro de 1987 aquando do apuramento para o Europeu de 1988.
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(Selecção de Portugal em 1984)
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(Selecção de Portugal no Europeu de 1984 em França)
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Ao nível da Selecção o ponto mais alto da sua carreira foi naturalmente a presença no Europeu de França de 1984 onde Portugal espalhou o perfume do futebol luso pelos relvados de terras gaulesas. Frasco figura assim no quadro de honra da equipa de Portugal que se classificou num brilhante 3º lugar na principal prova de selecções na Europa.
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(Selecção de Portugal em 1984)
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Ao serviço dos azuis e brancos, Frasco conheceu vários treinadores, dos quais se destacam evidentemente o mestre José Maria Pedroto, Artur Jorge e Tomislav Ivic, com quem ganhou diversos títulos, ou ainda com António Morais, Herman Stessl.
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(Foto e caricatura de Frasco no FC Porto)
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(Plantel do FC Porto treinado por José Maria Pedroto)
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(Caricatura de Frasco)
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(Equipa do FC Porto na época de 1979/80)
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(Plantel do FC Porto na temporada de 1980/81)
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(Equipa do FC Porto na época de 1980/81)
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(Frasco com o equipamento do FC Porto)
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(Equipa do FC Porto na época de 1980/81)
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(Plantel do FC Porto na temporada de 1981/82)
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(Frasco com a camisola do FC Porto)
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(Equipa do FC Porto na época de 1981/82)
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(Frasco)
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(Frasco com o equipamento do FC Porto na temporada de 1982/83)
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(Plantel do FC Porto na época de 1982/83)
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(Frasco com a camisola azul e branca do FC Porto)
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(Equipa do FC Porto na temporada de 1982/83)
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Em 1983/84 conquistou o seu segundo titulo no palmares individual com a vitória do FC Porto na Taça de Portugal e na época seguinte venceu novamente o Campeonato Nacional da 1ª Divisão já com Artur Jorge ao leme do conjunto azul e branco.

Em tantos anos a disputar a principal prova nacional ao serviço do Leixões SC e do FC Porto, naturalmente que Frasco enfrentou dezenas de vezes o Vitoria de Guimarães. Destacamos uma dessas partidas, aquela que ocorreu à passagem da 20ª Jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1983/84.

O FC Porto que era 2ª classificado visitava o Vitoria de Guimarães que se encontrava na 4ª posição da tabela. O jogo foi disputado no Estádio Municipal de Guimarães sob arbitragem de Marques Pires da A.F. Setúbal. Em dia de sol fraco e algum vento frio o FC Porto venceu o Vitoria em Guimarães por 0-1 com um golo apontado por Vermelhinho bem perto do final do jogo.

Nesse jogo que contou com a presença de cerca de 25.000 espectadores que lotaram o Estádio Municipal de Guimarães, o que proporcionou uma receita para os cofres do clube vimaranense a rondar os 5.000 contos, o Vitoria, treinado por Herman Stessl, apresentou a seguinte formação: Jesus; Gregório Freixo, Tozé, Alfredo Murça e Laureta; Nivaldo, Barrinha, Fonseca e Joaquim Murça; Eldon e Da Silva. No Vitoria entrou Paquito e Dimas para os lugares de Da Silva e Joaquim Murça no decorrer da segunda metade do jogo.

Já o FC Porto apresentou a seguinte equipa: Zé Beto; João Pinto, Lima Pereira, Eurico e Eduardo Luís; Frasco, Jaime Pacheco e Sousa; Jaime Magalhães, Jacques e Vermelhinho. Costa e Mike Walsh entrariam na 2ª parte do jogo.
Segundo rezam as crónicas o jogo teve uma tendência mais ofensiva do FC Porto que foi quem mais procurou o golo. Por seu turno o Vitoria apresentou uma equipa bem mais centrada nas acções defensivas. Depois de varias oportunidades de golo desperdiçadas o FC Porto acabou por vencer o encontro com um golo já perto do final do jogo por intermédio de Vermelhinho.
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(Frasco)
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Entretanto, ao nível internacional, destaca-se, desde logo, a presença na final da edição de 1983/84 da Taça das Taças frente aos italianos da Juventus. Em jogo disputado no 16 de Maio de 1984, no Estádio St. Jakob, em Basileia na Suiça e arbitrado pelo juiz Adolf Prokop da antiga RDA, o FC Porto foi injustamente derrotado pela Juventus por 1-2 naquela que seria a primeira final europeia da equipa portista.
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(Frasco no FC Porto na época de 1983/84)
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Mais tarde, na época de 1986/87, o FC Porto venceu a Taça dos Campeões Europeus de Clubes na final no Estádio do Prater em Viena de Áustria frente ao Bayern de Munique, numa partida em que Frasco foi suplente utilizado.

Faz parte ainda das conquistas da Supertaça Europeia frente ao Ajax de Amesterdão e da Taça Intercontinental contra o Penarol. Entretanto, conquistou mais um Campeonato Nacional - o seu terceiro ceptro naquela prova - na época de 1985/86 novamente com Artur Jorge como treinador principal.

Alias, em termos de títulos nacionais, Frasco ainda conquistaria a dobradinha na época de 1987/88 quando o FC Porto treinado por Tomislav Ivic juntou o título de Campeão Nacional à vitória na final da Taça de Portugal frente ao Vitoria de Guimarães.

Frasco acabou por fazer a sua última época de azul e branco na temporada de 1988/89 numa altura em que já não era titular na equipa portista integrando o plantel essencialmente pela sua preponderância no espírito de grupo.
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(Equipa do FC Porto na temporada de 1984/85)
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(FC Porto no Estádio do Bessa na época de 1984/85)
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(Plantel do FC Porto na temporada de 1985/86)
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(Equipa do FC Porto na época de 1986/87)
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Abandonou as Antas e já com 34 anos de idade jogou ainda uma temporada ao serviço do Leixões SC, o seu primeiro clube, na 2ª Divisão Nacional Zona Norte, contribuindo de alguma forma para o acesso da equipa matosinhense à 2ª Divisão de Honra do futebol português.

Terminada a carreira de futebolista profissional, Frasco manteve a sua ligação ao futebol, concretamente como treinador em equipas dos escalões secundários. Foi adjunto de António Sousa no SC Beira Mar e actualmente integra os quadros de treinadores das camadas jovens do FC Porto. Na época de 2006/07 foi o técnico adjunto da equipa de juniores do FC Porto treinada por Ilídio Vale que disputou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na categoria.
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(António Frasco actualmente)
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Autor: Alberto de Castro Abreu 2 Comentários

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