Glórias do Passado: maio 2009

 

Alfredo Valadas


Alfredo Valadas surge como um dos mais proeminentes símbolos na mais longínqua história do SL Benfica. Como jogador vestiu a camisola encarnada durante quase uma dezena de anos, realizou centenas de jogos, marcou uma enorme quantidade de golos, viu o seu nome ligado, permanentemente, a episódios marcantes na historia do SL Benfica, alem, obviamente, dos importantes títulos que ajudou o clube a conquistar.

Alfredo Valadas Mendes nasceu no dia 15 de Fevereiro de 1912 na localidade de Minas de S. Domingos, em Beja, no Alentejo de Portugal. Como jogador de futebol começou a carreira na época desportiva de 1928/29 no Luso Sporting Clube de Beja, o actual Desportivo de Beja.
.
(O jovem Alfredo Valadas)
.
Durante três temporadas representou aquela filial alentejana do Sporting CP granjeando enorme notoriedade. Aos 19 anos de idade rumou a Lisboa, tornando-se, a partir da época de 1931/32, jogador do Sporting CP.

Da passagem pelo Sporting CP destaca-se a presença do clube de Alvalade na final do Campeonato de Portugal frente ao SL Benfica na época de 1932/33. Alfredo Valadas jogou pelo Sporting CP mas foram os encarnados que venceram o encontro por 3-1.

A chegada ao Sporting CP foi o concretizar de um sonho pois desde miúdo arrogava-se sportinguista ferrenho. Sonho, porém, praticamente virou pesadelo e Alfredo Valadas acabou por regressar ao Alentejo.

Os dirigentes leoninos sempre prometeram a Alfredo Valadas um emprego onde ele pudesse angariar mais algum dinheiro para juntar ao pouco que ganhava com o futebol. Todavia, aquelas promessas nunca se tornaram realidade até que certo dia o jovem aborreceu-se definitivamente, e ao cabo de duas temporadas de leão ao peito, deixou o Sporting CP e regressou a casa.

Ficou, praticamente, um ano sem jogar. Ainda assim terá representado na época de 1933/34 o Sport Lisboa e Beja. Em 1934 surge então a hipótese de ingressar no SL Benfica.
.
(Equipa do SL Benfica na época de 1934/35)
.
(O jovem Alfredo Valadas no SL Benfica)
.
Começava então uma relação quase umbilical entre Alfredo Valadas e o SL Benfica. Curiosamente, o primeiro jogo de Alfredo Valadas com a camisola encarnada joga-se no Campo Grande contra o Sporting CP, a sua anterior equipa e o seu clube do coração, no dia 14 de Outubro de 1934, vencendo este encontro a equipa do SL Benfica por 3-2.

Logo na primeira temporada ao serviço do SL Benfica, a época de 1934/35, os encarnados vencem o Campeonato de Portugal, vencendo o Sporting CP na final, e Alfredo Valadas sagra-se o melhor marcador da equipa.

O dia 20 de Janeiro de 1935 marca a estreia dos encarnados no primeiro campeonato nacional organizado, com o SL Benfica a receber no seu Campo das Amoreiras o Vitoria de Setúbal.

Coube a Alfredo Valadas marcar, aos 6 minutos de jogo, o golo inaugural daquela partida, aquele tento que figura na história do clube como o primeiro golo do SL Benfica em campeonatos nacionais de futebol. Curiosamente, mais tarde, Alfredo Valadas seria também o autor do mítico golo número 100 do SL Benfica em campeonatos nacionais.

Nas épocas seguintes de 1935/36 e 1936/37 o SL Benfica volta a conquistar a principal competição nacional. Vence, consecutivamente, o Campeonato da 1ª Liga, sendo o avançado Alfredo Valadas, novamente, o melhor marcador do SL Benfica naquela primeira edição
.
(Equipa do SL Benfica na temporada de 1935/36)
.
(Equipas do SL Benfica e FC Porto em 1935)
.
(Equipa do SL Benfica em 1936)
.
Precisamente em 31 de Janeiro de 1937 o avançado Alfredo Valadas vai apontar o golo numero 100 do SL Benfica. Foi o oitavo golo de uma goleada imposta pelo SL Benfica ao Leixões SC por 10-2.

Em 1937, finalmente, o SL Benfica consegue uma colocação para Alfredo Valadas no Governo Civil de Lisboa, cumprindo assim a promessa feita ao jogador aquando da mudança, novamente, do Alentejo para Lisboa. Agora, alem de futebolista, Alfredo Valadas passa também a ser um funcionário público.
.
(Equipa do SL Benfica em 1936/37)
.
(Equipa do SL Benfica na decada de 30)
.

(Alfredo Valadas no SL Benfica)
.
Na temporada de 1937/38 o SL Benfica voltou a conquistar o Campeonato da 1ª Liga. Quanto ao Campeonato de Portugal desta época, os encarnados voltaram a chegar à final, mas deixaram escapar o troféu para o Sporting CP que venceu por 3-1.

Os duelos com o Sporting CP foram sempre bastante disputados e intensamente vividos por todos os intervenientes e pelo público em geral. Num desses míticos embates há, porém, um episódio que retrata bem a forma como Alfredo Valadas encarava o futebol.

Num jogo frente ao Sporting CP, Alfredo Valadas, representando o SL Benfica, tem uma daquelas celebres arrancadas rumo à baliza adversária à guarda do mítico guardião sportinguista Azevedo.

Em zona frontal, Alfredo Valadas desfere um daqueles típicos pontapés em direcção ao golo que é efusivamente gritado pelas bancadas. Espanto geral quando Azevedo protagoniza uma milagrosa defesa impedindo o golo benfiquista.

Alfredo Valadas corre então em direcção ao guarda-redes adversário e abraça-o como que comemorando com ele aquele momento extraordinário. Das bancadas ecoou então uma estrondosa ovação exultando os intervenientes.

Foi este um dos muitos exemplos do comportamento que Alfredo Valadas assumiu ao longo da sua carreira de futebolista, como um verdadeiro desportista e amante do futebol.
.
(Equipa do SL Benfica na temporada de 1937/38)
.
Obviamente que um futebolista da craveira de Alfredo Valadas conta na sua historia com presenças na Selecção Nacional de Portugal. Alfredo Valadas foi internacional português em seis ocasiões.

A primeira internacionalização de Alfredo Valadas remonta ao dia 3 de Maio de 1932 quando Portugal jogou frente à Jugoslávia no Estádio do Lumiar. A comissão técnica da Selecção Nacional composta por Salvador do Carmo, Armando Sampaio e Salviano Perfeito apostou em Alfredo Valadas na equipa principal.
.
(Selecção de Portugal em 1932 na partida contra a Jugoslávia)
.
Nesse jogo Portugal conseguiu um resultado histórico, vencendo a renomada selecção jugoslava por 3-2, sendo um dos golos do conjunto luso apontado pelo avançado Alfredo Valadas.

Outra partida importante na sua carreira pela Selecção Nacional de Portugal foi a celebre vitória portuguesa conseguida no Estádio dos Balaiídos, na cidade de Vigo, frente à Espanha, por 1-2, com golos de Valadas e Pinga, no dia 28 de Novembro de 1937.
.
(Selecção de Portugal em 1935)
.

(Selecção Nacional de Portugal em 1937)
.
Este foi o primeiro triunfo luso em terras espanholas em jogos não oficiais, tratando-se por isso, de um momento verdadeiramente histórico, num seleccionado comando por Cândido de Oliveira.

A última internacionalização de Alfredo Valadas pela equipa das quinas ocorreu a 30 de Janeiro de 1938, na cidade de Lisboa, em novo triunfo luso sobre a Espanha por 1-0. Neste derradeiro jogo pela Selecção Nacional de Portugal, Alfredo Valadas não foi titular, entrando no decurso da partida para substituir João Cruz, jogador do Sporting CP, o sucessor do jogador benfiquista na Selecção Nacional.
.
(Alfredo Valadas como suplentes nesta equipa de Portugal em 1938)
.
A época de 1939/40 marca a conquista da primeira Taça de Portugal pelo SL Benfica, na 2ª edição da prova. Na final da competição os benfiquistas venceram o CF Belenenses tendo Alfredo Valadas marcado dois dos três golos apontado pelo SL Benfica.

Outro importante troféu conquistado pelo SL Benfica nesta temporada de 1939/40 foi o disputadíssimo Campeonato de Lisboa, naquela altura, uma das principais competições disputadas no nosso país.
.
(Equipa do SL Benfica na época de 1938/39)
.

(Alfredo Valadas em pé com a camisola do SL Benfica)
.
(Equipa do SL Benfica na época de 1939/40)
.
(Equipa do SL Benfica na final da Taça de Portugal de 1934/35)
.
Depois de na temporada de 1940/41, seguem-se duas épocas, extraordinariamente, memoráveis para o SL Benfica e para Alfredo Valadas. Vitórias consecutivas no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e na Taça de Portugal nas temporadas de 1941/42 e 1942/43 do SL Benfica, comando pelo técnico Janos Biri.

Alfredo Valadas foi, verdadeiramente, decisivo no desempenho da turma encarnada. Titular inquestionável na equipa principal, Alfredo Valadas, envergando a camisola n.º 11, foi o autor de muitos e muitos golos dos encarnados.
.
(Equipa do SL Benfica na época de 1941/42)
.
(Alfredo Valadas no SL Benfica)
.
De resto, os números da carreira de Alfredo Valadas no SL Benfica são realmente notáveis. Reza a historia que terá alinhado em 263 partidas oficiais com a camisola benfiquista, apontando 162 golos, integrando, ainda hoje, a lista dos 10 melhores marcadores de sempre do SL Benfica.

Alfredo Valadas era dono de um pé esquerdo notável, sobressaindo, essencialmente, pelo poderoso remate. Actuava, preferencialmente, como extremo esquerdo, embora jogasse também noutras posições ofensivas.
.
(Equipa do SL Benfica na época de 1942/43)
.
(O SL Benfica e a equipa do Gil Vicente FC na temporada de 1942/43)
.
Era um jogador bem dotado fisicamente. Alto e possante, raramente perdia na disputa de um lance e revelava-se bastante difícil de suster naquelas suas arrancadas com a bola dominada.

Era um verdadeiro talento, um desequilibrador nato naquelas diagonais para a zona central do terreno de jogo e um repentista na execução, sem contudo ser um jogador de muitos dribles e habilidades indiduias. Alem de grande goleador, Alfredo Valadas demonstrava também ser um artista nas assistências.
.
(Equipa do SL Benfica na época de 1942/43)
.
(Alfredo Valadas a receber a Taça de Portugal)
.
Aos 32 anos de idade encerrou a carreira de futebolista na época de 1943/44, passando a desempenhar funções de treinador da equipa de juniores do SL Benfica e técnico-adjunto de Janos Biri na equipa principal.

Em 1943/44 venceu ainda a Taça de Portugal, apesar de não ter alinhado no jogo da final frente ao GD Estoril Praia, disputado no Campo das Salésias, em que o SL Benfica venceu por 8-0.
.
(Equipa do SL Benfica na temporada de 1943/44)
.
Teve a sua festa de homenagem e de despedida da carreira de futebolista no dia 1 de Dezembro de 1944, com a realização de um jogo entre o SL Benfica e um misto de jogadores de Lisboa.

Antes do início desse encontro, Alfredo Valadas promoveu um momento em que Gaspar Pinto, vigoroso defesa benfiquista, e Peyroteo, jogador do Sporting CP, fizeram as pazes. Estes jogadores estavam desavindos por causa dos intensos duelos ocasionados pelos jogos entre o SL Benfica e a turma sportinguista.
.
(Na festa de homenagem de Alfredo Valadas promovendo as pazes entre Peyroteo e Gaspar Pinto)
.
Terminada a carreira de futebolista, Alfredo Valadas exerceu vários cargos no SL Benfica. Como se disse, trabalhou nas camadas jovens dos encarnados e foi treinador adjunto. Assumiu o cargo de treinador principal no ano de 1954.

O Mestre Valadas, como passou a ser conhecido, trabalhou ainda como treinador em outros clubes portugueses, entre eles, o Vitoria SC, razão pela qual se presta esta homenagem.

Vem para o Vitoria SC no início da temporada de 1947/48, substituindo Artur Baeta no cargo de treinador principal, permanecendo na cidade berço durante duas temporadas desportivas.

A partir da época de 1947/48 o Campeonato Nacional da 1ª Divisão passa a disputar-se nos moldes que conhecemos actualmente, com a prova a ser realizada no sistema de acesso e descidas mediante a classificação obtida e já não em consequência das vitórias alcançadas em campeonatos distritais.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão desta temporada o Vitoria SC classificou-se na 7ª posição, precisamente a meio da tabela de uma competição disputada por 14 clubes. O Vitoria SC, sob o comando de Alfredo Valadas, realizou uma prova extremamente tranquila, garantindo a permanência no escalão – que era o primordial objectivo – com muita facilidade.

Nesta temporada destaca-se o empate caseiro frente ao SL Benfica a 2-2 e a vitoria sobre o GD Estoril Praia por 2-1, um clube que nesta época tinha uma excelente equipa, cujo o 4º lugar no final da prova é disso reflexo.
.
(O técnico Alfredo Valadas no Vitoria SC com alguns jogadores como o guarda-redes Carlos, Francisco Costa, Brioso e Rebelo)
.
Na temporada de 1948/49 a equipa Vitoria SC perde um jogador importante, Alcino, transferido para o CF Belenenses, mas contrata Custodio, um avançado de excelente qualidade que juntamente com Franklim espalhariam o terror pelas defesas das equipas contrárias.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão, a equipa vitoriana conquistou um brilhante 6º lugar na tabela classificativa, a melhor classificação de sempre alcançada pelo clube até aquela altura.

Acima do Vitoria SC apenas se classificaram o Sporting CP, que foi o campeão, o SL Benfica, o CF Belenenses, o FC Porto, e o GD Estoril – Praia. Esta equipa da linha foi derrotada pelo Vitoria SC, logo na 1ª jornada, por 4-1, em jogo disputado no Campo da Amorosa, com Custodio a apontar 3 golos.

Contra aquelas equipas do topo da tabela o Vitoria SC, em Guimarães, apenas perdeu com o Sporting CP por 1-3, empatando com o SL Benfica a 3-3, e venceu, ambos pelo resultado de 2-1, os jogos frente ao CF Belenenses e FC Porto.

No final da época de 1948/49, Alfredo Valadas deixou o Vitoria SC e foi substituído, curiosamente, por Janos Biri, um húngaro naturalizado português, antigo treinador de Alfredo Valadas no SL Benfica e com o qual chegou a formar equipa técnica nos encarnados.

Acompanhou sempre de perto a evolução técnico/táctica do futebol e exerceu uma acção muito importante no desenvolvimento e crescimento de muitos clubes em Portugal.

Foi disso exemplo a sua passagem pelo SC Salgueiros, levando este modesto clube portuense à 1ª Divisão Nacional no início da década de 50.
.
(Alfredo Valadas ministrando um treino no inicio da decada de 50 no SC Salgueiros)
.
(Alfredo Valadas no festejos do SC Salgueiros)
.
Alfredo Valadas faleceu em 1994, com 82 anos de idade, mas continua a figurar com letras douradas na história do futebol português e no SL Benfica de maneira muito particular.


Autor: Alberto de Castro Abreu 2 Comentários

 

Temporada de 1976/77 - 1ª Parte


Por força da participação do Vitoria SC na Taça Intertoto no final da época de 1975/76, a preparação para a nova temporada de 1976/77 começou tardiamente, após o período de ferias dos seus jogadores.

A pré-temporada foi realizada em Esposende, com sessões de treino no pinhal e na praia de Ofir. Ao nível competitivo o Vitoria SC começou por participar no tradicional Torneio de Verão da Povoa do Varzim, seguidos de alguns jogos de carácter particular contra o SC Beira Mar, Leixões SC, entre outros.
.
(Treino fisico dos jogadores do Vitoria SC na pré-temporada de 1976/77, no pinhal da Ofir, em Esposende)
.
Relativamente ao plantel principal nota-se, desde logo, a continuação no cargo de treinador principal do técnico português Fernando Caiado. Quanto aos jogadores que integraram o plantel vimaranense para a época de 1976/77 regista-se as contratações do português Mário Ventura, vindo do FC Famalicão, e dos defesas Queirós, vindo AD Sanjoanense, e o brasileiro Celton, vindo do Gil Vicente FC, jogadores que já haviam representado o Vitoria SC na Taça Intertoto, disputada no final da temporada de 1975/76.

Para a nova época o quadro principal da equipa do Vitoria SC reforçou-se ainda com os juniores promovidos, os jovens Jorge Oliveira, Roque, Castro e Abreu II. Já com o Campeonato Nacional da 1ª Divisão em andamento o Vitoria SC reforçou-se ainda com o avançado brasileiro Dinho, contratado à Portuguesa dos Desportos no Brasil.
.
(Os juniores promovidos à equipa sénior do Vitoria SC. Roque, Castro, Jorge Oliveira e Abreu II)
.
Em relação à temporada anterior, verifica-se a saída do defesa Rui Rodrigues para a Académica de Coimbra, talvez a mais importante baixa do plantel vitoriano, o médio José Romão, cedido a titulo de empréstimo à AD Fafe, e ainda, José Carlos e o avançado Abel.

José Carlos era um veterano defesa central que durante longos anos representou o Vitoria SC. Já pouco utilizado nas últimas temporadas colocou um ponto final à ligação com o clube.

Quanto ao avançado Abel, jogador que na temporada transacta os vimaranenses tinha contratado, proveniente do FC Porto, tornou-se numa espécie de o mal amado da massa associativa do Vitoria SC. No final da época de 1975/76 foi dispensado pelo Vitoria SC e foi reforçar o SC Beira Mar.

A temporada se 1976/77 ficou marcada por um desempenho bastante modesto por parte da equipa do Vitoria SC. Na verdade, a equipa vitoriana andou sempre pela metade baixa da tabela classificativa, nunca conseguindo reverter, manifestamente, o rumo dos acontecimentos.

Muitos factores contribuíram para uma temporada tão longe dos resultados alcançados nos anos anteriores e dos objectivos do clube. Desde logo, o principal motivo que influenciou, decisivamente, o desempenho do Vitoria SC ao longo da época de 1976/77 foi, sobretudo na 1ª parte da temporada, o elevado número de lesões que vitimaram os futebolistas vitorianos.

Almiro, Torres, Ramalho, Mário Ventura, Rui Lopes e, posteriormente, o Dinho foram vitimas de lesões graves que os impediram de dar o seu contributo à equipa, sobretudo, no caso de Almiro e Rui Lopes, duas pedras fundamentais na manobra da equipa, que estiveram ausentes durante um longo período de tempo.

Outro factor que influiu notoriamente no rendimento da equipa foi a ausência de espaços de treino. Nesta altura, procedeu-se à demolição do Campo da Amorosa, devido à projectada ampliação urbanística da cidade de Guimarães.

O Vitoria SC ficou assim sem o seu Campo da Amorosa, recinto que embora com um piso pelado, fazia bastante falta ao clube, essencialmente, para as camadas jovens que ali tinham instalada a sua oficina de trabalhos e para as modalidades amadoras.

Com isso, o clube viu-se obrigado a utilizar campos de localidades vizinhas da cidade de Guimarães, como Vizela, Fafe, Moreira de Cónegos e Pousada de Saramagos, ou a sobrecarregar, demasiadamente, o relvado do Estádio Municipal de Guimarães.

De resto, o espaço situado no exterior do Estádio Municipal de Guimarães que em dias de jogos servia como parque de estacionamento, funcionou também como campo de treinos para a equipa principal ou para as camadas jovens do clube.

Ficou ainda bem evidente a carência provocada na equipa do Vitoria SC com a saída de Rui Rodrigues. De facto, a ausência deste jogador foi demasiadamente sentida pela equipa que nunca foi capaz de encontrar no seu seio um elemento à altura para substituir Rui Rodrigues.

O Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1976/77 iniciou-se na primeira semana do mês de Setembro de 1976 com a deslocação do Vitoria SC ao Estádio da Tapadinha para defrontar o Atlético CP na 1ª jornada da competição.

O Vitoria SC apresentou-se muito bem neste encontro inaugural do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Entrou de rompante na partida frente ao Atlético CP e ao cabo dos primeiros 15 minutos de jogo já o Vitoria SC vencia por 0-2, com golos da autoria de Tito e Rui Lopes.
.
(Imagem do jogo entre o Atlético CP e o Vitoria SC no Estádio da Tapadinha em Lisboa. Na joga vê-se o médio Pedroto a conduzir o ataque vitoriano)
.
Logo se pensou numa goleada e a verdade é que durante esse período inicial, perante a turma alcantarense completamente desamparada, o Vitoria SC perdeu ainda um conjunto de boas oportunidades de golo, pois com muita facilidade conseguia penetrar na área adversaria e importunar o guarda-redes Azevedo.

Contudo, após o segundo golo, o Vitoria SC diminuiu o ritmo de jogo, limitou-se a gerir a vantagem e cedeu a iniciativa de jogo ao Atlético CP. O conjunto alcantarense recompôs-se e conseguiu equilibrar a contenda. A verdade, porém, é que o Atlético CP nunca criou grandes dificuldades e a partida acabou por terminar com o resultado em 0-2.

O Vitoria SC, pela forma como entrou em jogo, conseguia assim um resultado importante, bem merecido, num terreno tradicionalmente difícil, torneando assim, com relativa facilidade, a equipa do Atlético CP.

Seguiu-se a 2ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão com a visita a Guimarães de um dos denominados grandes clubes do futebol português, o Sporting CP, que na jornada anterior tinha vencido sem apelo e nem agravo, no Estádio de Alvalade, o SL Benfica, por 3-0.

A equipa leonina apresentou-se na cidade de Guimarães em grande estilo, com uma equipa muito bem montada, cheia de força, revelando uma extraordinária capacidade física, velocidade e poder de remate.
.
(O vitoriano Rui Lopes em lance individual dentro da grande área do Sporting CP)
.
Defensivamente revelou-se muito coesa e, ofensivamente, muito perigosa e demolidora, sobressaindo entre os jogadores sportinguistas, essencialmente, os desempenhos de Fraguito e Da Costa, este fundamental na forma municiou o ataque.

O Vitoria SC, por seu turno, revelou imensas dificuldades perante tão valoroso adversário, todavia, a menor capacidade técnica/táctica dos vimaranenses agudizou-se, visivelmente, com as lesões contraídas por Torres e Rui Lopes, no decorrer da partida, que prejudicaram ainda mais o rendimento da equipa.
.
(Intervenção arrojada do guarda-redes vitoriano Rodrigues)
.
Foi, reconhecidamente, uma grande partida de futebol disputada por duas equipas de grande qualidade, perante um numeroso público que acorreu e coloriu as bancadas do Estádio Municipal de Guimarães.

A partida iniciou-se de forma equilibrada, terminando a 1ª parte com uma igualdade a 0-0 no marcador. Ao intervalo a primeira baixa de vulto que causou alguma desorientação na equipa do Vitoria SC. O defesa central Torres lesionou-se na clavícula e foi obrigado a sair, entrando para o seu lugar o inexperiente Queirós.
.
(Ainda no decorrer da 1ª parte do Vitoria SC - Sporting CP, com o defesa Torres a controlar a situação)
.
No reinício da partida, o Sporting CP adiantou-se no marcador por intermédio de Keita. Pouco tempo depois o Vitoria SC conseguiu igualar através de Rui Lopes. Para este jogador vitoriano foi fatídico o minuto 70 ao contrair uma lesão grave que o impediu de continuar a dar o contributo à equipa e que o afastaria da competição durante um longo de período de tempo, acabando por perder, praticamente, toda a temporada.

A partir da saída de Rui Lopes o ataque do Vitoria SC desapareceu. Por seu lado, a equipa do Sporting CP revelava-se na máxima força e desempatou o marcador a seu favor, terminando a vencer por 3-1, de forma, diga-se, bastante merecida.
.
(Momento em que Rui Lopes, lesionado) é assistido no relvado do Estádio Municipal de Guimarães)
.
Marcaram para os leões de Alvalade o português Manuel Fernandes e novamente Keita, nascendo o segundo golo do Sporting CP na transformação de uma grande penalidade a punir uma falta desnecessária de Queirós.

Embora o conjunto de azares que a equipa vitoriana sofreu possam justificar esta derrota, a verdade é que o Sporting CP foi sempre, manifestamente, superior ao Vitoria SC, apresentando-se nesta altura da temporada como o mais sério candidato ao título.
.
(Intensa disputa na partida entre o Vitoria SC e o Sporting CP)
.
Seguiu-se o duelo entre os dois velhos rivais do Minho. Muito público acorreu ao Estádio 1º de Maio, em Braga, para assistir ao jogo da 3ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão entre o SC Braga e o Vitoria SC. Na verdade, o anfiteatro bracarense apresentou-se, praticamente, lotado num autêntico dia de verão.

O Vitoria SC dominou a fase inicial do encontro e adiantou-se no marcador à passagem do minuto 15, por intermédio de Ferreira da Costa que, de longa distancia, desferiu um potente remate que deixou sem reacção o guarda-redes bracarense Fidalgo.
.
(O n.º 7 do Vitoria SC Abreu é derrubado pelo defensor bracarense)
.
Já perto do intervalo o SC Braga acabou por chegar à igualdade através de Chico Gordo, que em velocidade desmarcou-se bem e marcou, numa jogada bastante infeliz do defesa vitoriano Torres, que jogava visivelmente diminuído, pois não estava, de facto, completamente recuperado da lesão contraída no jogo anterior frente ao Sporting CP.

Alias, na própria equipa do Vitoria SC notava-se ainda a ausência de duas pedras basilares, o brasileiro Almiro, no meio campo ofensivo, e do avançado Rui Lopes, ambos em período de convalescença.
.
(Chico Gordo perseguido por Torres corre para a baliza do Vitoria SC)
.
Depois do intervalo o jogo alterou-se em relação aquilo que se assistiu no primeiro tempo. O SC Braga, numa arrancada fulgurante, adiantou-se cedo no marcador por centrocampista Marinho e, posteriormente, aproveitando bem o balanceamento vitoriano em busca da igualdade, aumentou a vantagem para 4-1, novamente, por intermédio de Chico Gordo e Marinho, atingindo assim o triunfo por números, manifestamente, exagerados mas que seriam o resultado final do encontro.

Autor: Alberto de Castro Abreu 6 Comentários

 

Ferreira da Costa


Ferreira da Costa foi um futebolista formado nas camadas jovens do FC Porto, onde chegou a jogar pela equipa sénior. Maior notoriedade atingiu, inquestionavelmente, ao serviço do Vitoria SC, onde tornou-se num dos mais destacados jogadores portugueses, tendo registado também excelentes passagens pelo SC Espinho, FC Penafiel e GD Chaves.

Natural de Gondomar, Joaquim da Rocha Ferreira da Costa nasceu no dia 1 de Novembro de 1953. Ingressou na equipa de juvenis do FC Porto na temporada de 1969/70, iniciando aí um percurso com quase duas décadas de duração como futebolista.

Logo na primeira temporada de azul e branco sagrou-se campeão nacional na categoria de juvenis. Na época imediatamente seguinte de 1970/71, Ferreira da Costa ao serviço do FC Porto venceu o Campeonato Nacional no escalão de juniores.
.
(Equipa de Juniores do FC Porto na decada de 70)
.
Em 1971/72 ainda cumpriu mais um ano na equipa de juniores portista embora já fosse presença frequente nos trabalhos da equipa principal do FC Porto. Não foi surpresa então a inclusão de Ferreira da Costa no plantel principal do FC Porto na temporada de 1972/73 às ordens do chileno Fernando Riera.

Com pouco mais de 19 anos de idade, pouca experiencia ao mais alto nível e a presença de jogadores de nomeada no quadro portista explicam os poucos jogos realizados por Ferreira da Costa ao serviço do FC Porto na época de 1972/73.

O jovem Ferreira da Costa actuou em 4 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sendo 3 delas na condição de titular, não tendo apontando qualquer golo na competição. Por outro lado, a carreira do FC Porto na prova ficou bastante aquém das expectativas, quedando-se a equipa portista apenas na 4ª posição da classificação geral.

Naquela altura, o destino de muitos jovens formados nas camadas jovens do FC Porto era o SC Espinho, um clube da divisão secundaria mas com todas as condições para ajudar o desenvolvimento de jovens jogadores, nomeadamente, concedendo espaço para jogarem com regularidade e assim adquirirem a experiencia necessária para maiores exigências.

Ferreira da Costa foi um dos jovens portistas que se transferiu para a equipa do SC Espinho, disputando na época de 1973/74 o Campeonato Nacional da 2ª Divisão, Zona Norte.
.
(Equipa do SC Espinho na temporada de 1973/74)
.
De forma algo surpreendente a formação do SC Espinho realizou um notável percurso ao longo da temporada de 1973/74 acabando por conseguir a subida à 1ª Divisão Nacional, um feito inédito na longa história do clube espinhense.

O jovem Ferreira da Costa foi um dos elementos mais importantes no sucesso alcançado pelo SC Espinho, por esse motivo, despertou, desde logo, a atenção dos principais clubes nacionais.
.
(Equipa do SC Espinho na época de 1973/74)
.
Apesar de varias sondagens, Ferreira da Costa continuou mais uma temporada no SC Espinho, integrando assim a histórica equipa espinhense que fez a sua estreia no primeiro escalão do futebol português.

No comando técnico do SC Espinho estava o português Fernando Caiado, treinador que exerceria enorme influência na carreira de Ferreira da Costa, sobretudo, no ingresso no Vitoria SC.
.
(Equipa do SC Espinho no ano de 1974)
.
A estreia do SC Espinho na 1ª Divisão Nacional é que não foi muito feliz, acabando por ser relegada à 2ª Divisão Nacional, já que não conseguiu escapar ao último lugar da classificação geral.

Mesmo assim, na formação espinhense, mesclada com vários jovens jogadores de qualidade e alguns bem experientes, muito se destacou o avançado extremo Ferreira da Costa. O jovem jogador, nesta sua época de estreia na 1ª Divisão Nacional, realizou 28 jogos, apontando 1 golo na competição.
.
(Equipa do SC Espinho na temporada de 1974/75)
.
Obviamente não seguiu o mesmo rumo do SC Espinho e sob a influência de Fernando Caiado – que entretanto assumiu o comando técnico do Vitoria SC para a temporada de 1975/76 – reforçou a equipa vitoriana, vindo auferir, mensalmente, cerca de 16.000 escudos.

Começava assim a sua ligação ao Vitoria SC, mas também à cidade de Guimarães, a terra que ainda hoje acolhe o Ferreira da Costa e onde constituiu a sua família. Ferreira da Costa iniciava assim um período de 6 temporadas consecutivas ao serviço do Vitoria SC.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1975/76)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC na temporada de 1975/76)
.
Ao longo da primeira época em Guimarães, Ferreira da Costa não foi considerado um titular indiscutível na equipa do Vitoria SC, embora fosse um jogador bastante utilizado. Actuou em 19 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, 9 deles na condição de titular, tendo sido o autor de 3 golos em toda a prova.

A verdade é que Ferreira da Costa tinha o lugar no onze inicial do Vitoria SC tapado por jogadores de inquestionável craveira. Na zona ofensiva podíamos encontrar na equipa do Vitoria SC futebolistas como Pedroto, Abreu, Almiro, Pedrinho, Tito ou Rui Lopes.
.
(Ferreira da Costa o n.º 9 do Vitoria SC na temporada de 1975/76)
.
Ao nível colectivo refira-se o 6º lugar do Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1975/76 e a presença na final da Taça de Portugal. No final da época de 1975/76, com Ferreira da Costa na equipa titular, o Vitoria SC jogou a final da Taça de Portugal, no Estádio das Antas, frente ao Boavista FC.

A equipa axadrezada venceu aquela celebre final da Taça de Portugal por 2-1, mas onde o principal protagonista foi o árbitro António Garrido, o juiz escolhido para apitar o encontro, que terá realizado uma arbitragem que impediu a equipa do Vitoria SC de levantar o troféu.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1975/76)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
(Caricatura de Ferreira da Costa com as cores do Vitoria SC)
.

(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
A temporada seguinte de 1976/77 foi bem mais aziaga ao nível colectivo. Na verdade a equipa vitoriana andou sempre pela metade baixa da tabela classificativa nesta época de 1976/77, apenas garantindo, matematicamente, a manutenção num jogo decisivo frente ao Leixões SC no Estádio Municipal de Guimarães em que os vimaranenses venceram por 2-0, com golos apontados por Tito.

Ainda assim o Vitoria SC terminaria a época numa tranquila 9ª posição da tabela geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. A onda de lesões que assolou o plantel vitoriano ao longo de toda a época exerceu, naturalmente, fulcral influencia na irregularidade evidenciada pelo Vitoria SC.
(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1976/77)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria sC)
.

(Jogo frente ao SC Beira Mar em Guimarães)
.

(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
Também por isso, Ferreira da Costa acabou por cimentar a sua preponderância na equipa do Vitoria SC, fruto, essencialmente, da sua polivalência táctica, tão útil a qualquer treinador de futebol.

Ferreira da Costa foi na sua génese como jogador, a bem da verdade, um avançado que gostava de jogar nas alas, bastante rápido e muito buliçoso. Porém, dotado de uma técnica individual apurada, uma visão de jogo extraordinária, uma elevada capacidade em reter a bola e uma qualidade de passe acima da media, tornaram Ferreira da Costa um médio centro notável.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1976/77)
.

(Ferreira da Costa no Vitoria SC na época de 1976/77)
.
Refira-se, ainda, que Ferreira da Costa tratava-se também de um exímio marcador de lances de bola parada. Na marcação de grandes penalidades, livres ou em pontapés de canto, Ferreira da Costa sabia sempre onde colocar a bola, convertendo em golo ou assistindo com mestria os seus companheiros.

Às características técnico/tácticas individuais que Ferreira da Costa patenteava aliava-se ainda uma personalidade reconhecida, sobretudo, com o seu espírito de sacrifício louvável, o forte sentido de colectivismo e o profissionalismo inquestionável.

Durante a época de 1976/77, a temporada da afirmação definitiva no Vitoria SC, Ferreira da Costa foi totalista no Campeonato Nacional da 1ª Divisão actuando como titular em todos os 30 jogos da competição. Ao longo da época e nessa principal prova nacional Ferreira da Costa marcou 4 golos.
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
(Desafio entre o Vitoria SC e o Boavista FC)
.
A temporada de 1977/78 marca o regresso do treinador Mário Wilson ao comando técnico do Vitoria SC. O desempenho da equipa vitoriana ao longo da principal competição nacional é bastante meritório terminando classificado num honroso 6º lugar da tabela classificativa final.

Ferreira da Costa mantém a sua preponderância na equipa do Vitoria SC e volta a ser totalista no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, embora, desta feita, só em 23 ocasiões foi titular. Nesta competição Ferreira da Costa marcou apenas 1 golo.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1977/78)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
(Caricatura de Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1977/78)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC na temporada de 1977/78)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
Seguiu-se a época de 1978/79, uma temporada recheada de inúmeras circunstancias negativas que prejudicaram a prestação do Vitoria SC ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Vários acontecimentos geraram um profundo e insanável conflito entre a Direcção do Vitoria SC e o treinador Mário Wilson. O Velho Capitão não terminou a temporada de 1978/79 no comando da equipa, acabando por ser demitido do cargo de treinador do Vitoria SC.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1978/79)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
(Nova caricatura de Ferreira da Costa)
.
Ainda assim a formação vitoriana finalizou a principal competição portuguesa na 6ª posição da classificação geral. Ferreira da Costa alinhou em 23 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sendo que apenas em 17 jogos apresentou-se como titular. Ao nível individual referencia ainda para os 2 golos apontados por Ferreira da Costa nesta edição da principal competição nacional.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1978/79)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
(Ferreira da Costa num treino do Vitoria sC)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
Na época de 1979/80 o Vitoria SC passou a ter como treinador, inicialmente, o argentino Mário Imbelloni, mais tarde foi substituído pelo seu adjunto Cassiano Gouveia.

O Vitoria SC acabaria por terminar o Campeonato Nacional da 1ª Divisão no 6º lugar classificação geral, numa época que ficaria marcada pelo célebre episódio de Manaca num jogo decisivo entre os vimaranenses e o Sporting CP.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1979/80)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC na temporada de 1979/80)
.
(Jogo frente ao Varzim SC no Estádio da Povoa do Varzim)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC na época de 1979/80)
.
Nesta temporada, Ferreira da Costa voltou a ser titularíssimo no conjunto vimaranense. Completou 29 jogos como titular na equipa do Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1979/80, apontando 3 golos na prova.

Terminada a época de 1979/80 seguiu-se aquela que seria a ultima temporada de Ferreira da Costa no Vitoria SC, a época de 1980/81. Esta temporada de 1980/81 é já da inteira responsabilidade do novo Presidente da Direcção do Vitoria SC, Pimenta Machado.
.
(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1979/80)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC na época de 1979/80)
.
(Jogo frente ao CS Maritimo em Guimarães na época de 1979/80)
.
O ponto inicial da nova estratégia directiva foi a contratação de jogadores conceituados e de qualidade que reforçariam o plantel vimaranense o qual esteve, inicialmente, sob o comando do técnico Fernando Peres.

Depois de um início de prova algo titubeante o Presidente da Direcção do Vitoria SC, insatisfeito com os resultados conseguidos até então, decide despedir Fernando Peres e Cassiano Gouveia, a dupla técnica que comandava a equipa.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1980/81)
.
(Em 1980/81 no Vitoria SC)
.
(Ferreira da Costa na época de 1980/81 no Estádio da Luz)
.
Para os substituir chegam a Guimarães, o mestre José Maria Pedroto, coadjuvado por António Morais e Artur Jorge. O Vitoria SC melhorou significativamente de produção, alcançando resultados bem mais consentâneos com a valia da equipa.

A época de 1980/81 terminaria com o Vitoria SC classificado no 5º lugar da geral, um lugar de destaque numa época de bom nível, mas que, lamentavelmente, não chegava para cumprir o objectivo do clube em alcançar as competições europeias.
.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1980/81)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
(Ferreira da Costa no Vitoria SC)
.
(No Vitoria SC)
.
Ferreira da Costa continuou a ser titular no meio campo do Vitoria SC. Actuou em 25 encontros do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, tendo sido o autor de 8 golos na prova, indiscutivelmente, a melhor marca individual da sua carreira.

Contrariamente ao que seria de esperar, Ferreira da Costa não viu o seu contrato com o Vitoria SC renovado e, com evidente mágoa, teve que deixar o clube no final da temporada de 1980/81.

Com apenas 27 anos de idade ainda tinha muito para dar ao futebol, por isso, rumou na época de 1981/82 ao FC Penafiel, treinado, inicialmente, por Cassiano Gouveia, seu anterior treinador no Vitoria SC.
.
(FC Penafiel na época de 1981/82)
.
(Ferreira da Costa em Guimarães agora ao serviço do FC Penafiel)
.
(Ferreira da Costa no FC Penafiel na época de 1981/82)
.
(Em acção pelo FC Penafiel na temporada de 1981/82)
.
Representou durante 4 temporadas consecutivas o FC Penafiel, período onde viveu momentos marcantes na história do clube. Realce para o facto de ter assumido a condição de capitão da equipa duriense e ter sido também ao serviço do FC Penafiel que experimentou pela primeira vez a função de treinador, embora, acumulando como jogador.

Nos penafidelenses da temporada de 1981/82 foi, inegavelmente, um dos principais jogadores. Foi parceiro de Rui Lopes, outra grande aquisição do FC Penafiel para aquela temporada antigo companheiro de Ferreira da Costa no Vitoria SC.
.
(Equipa do FC Penafiel na época de 1981/82)
.
(No Estádio 25 Abril em Penafiel)
.
(Em 1981/82 em pleno Estádio de Alvalade)
.
Com a camisola da formação penafidelense, Ferreira da Costa actuou em 27 partidas oficiais do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, anotando 4 golos ao longo da competição, que o consagraram como um dos melhores marcadores da equipa.

Os seus préstimos não foram porem suficientes para ajudar a manter equipa do FC Penafiel no primeiro escalão. A modesta equipa penafidelense não evitou a disputa da “Liguilha”, já no início da temporada de 1982/83, e aí acabou por descer à 2ª Divisão Nacional.
.
(Equipa do FC Penafiel na época de 1982/83)
.
(Ferreira da Costa no FC Penafiel)
.
Por isso, com uma equipa pensada para a 1ª Divisão Nacional, o FC Penafiel teve que disputar a Zona Norte da 2ª Divisão Nacional. Acabou por ser fugaz a passagem pelo segundo escalão do futebol português, pois logo no final da temporada a equipa penafidelense conseguia regressar ao convívio dos grandes.

O FC Penafiel derrota o FC Paços de Ferreira por 2-0 na 29ª jornada do Campeonato Nacional da 2ª Divisão, Zona Norte, e dessa forma sela, definitivamente, a subida à 1ª Divisão Nacional, superando o FC Vizela na classificação.
.
(Caricatura de Ferreira da Costa com as cores do FC Penafiel)
.
Na equipa do FC Penafiel da época de 1983/84, de regresso à 1ª Divisão Nacional, Ferreira da Costa, o capitão, realiza 27 jogos, não tendo marcado qualquer golo durante esta competição.

Ferreira da Costa continuava a ser, manifestamente, figura fulcral na manobra da equipa penafidelense que tinha a particularidade e dificuldade acrescida para os adversários de actuar no pelado do Estádio 25 de Abril em Penafiel.
.
(Plantel do FC Penafiel na temporada de 1983/84)
.
(No pelado do Estádio 25 de Abril em Penafiel)
.
A visita do FC Penafiel a Guimarães para defrontar o Vitoria SC ocorreu na última jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1983/84. O Vitoria SC, já sem qualquer objectivo na competição, entrou praticamente a ganhar com um golo do defesa central Tozé, apontado logo aos 5 minutos de jogo.

O FC Penafiel, comandado pelo treinador/jogador Ferreira da Costa, o escolhido para substituir o demissionário Luís Miguel, precisava de pontuar para não ter que se submeter à “Liguilha” com as equipas vindas da 2ª Divisão Nacional.
.
(Em pleno jogo frente ao Sporting CP)
.
(O capitão Ferreira da Costa do FC Penafiel)
.
A equipa penafidelense ainda chegou à igualdade e tentou, tentou, tentou, mas não conseguiu vencer o encontro. Rezam as crónicas que o FC Penafiel dispôs de inúmeras ocasiões de golo e que nessa partida o guardião vitoriano Jesus terá efectuado uma magnífica exibição.

Até mesmo um penalty defendeu o guarda-redes Jesus para desespero dos homens do FC Penafiel. Com esse resultado a equipa penafidelense teve que disputar a manutenção na 1ª Divisão Nacional na polémica “Liguilha”, o que desta vez veio a conseguir.
.
(Ferreira da Costa no FC Penafiel)
.
A passagem de Ferreira da Costa pelo FC Penafiel terminou na época de 1984/85. Desta feita, a turma penafidelense realizou uma campanha bem mais tranquila que as anteriores, sobretudo após a chegada de Fernando Cabrita ao cargo de treinador substituindo Manuel Barbosa.

O FC Penafiel acabou por terminar a temporada classificado no 10º lugar da tabela geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1984/85. Por seu turno, Ferreira da Costa, que continuava a ser o capitão da formação duriense, actuou em 25 jogos da competição tendo apontado na época 4 golos.
.
(Equipa do FC Penafiel na época de 1984/85)
.
(Ferreira da Costa no FC Penafiel na temporada de 1984/85)
.
(Ferreira da Costa o capitão do FC Penafiel)
.
(Equipa do FC Penafiel na temporada de 1984/85)
.
(Ferreira da Costa no FC Penafiel na época de 1984/85)
.
(No FC Penafiel)
.
Entretanto foi seduzido pelo convite do GD Chaves que acabava de subir pela primeira vez na história à 1ª Divisão Nacional. A equipa transmontana transformou-se mesmo na sensação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão nas épocas seguintes.

Em 1985/86 o GD Chaves, sempre treinado por Raul Aguas, conquistou um fantástico 6º lugar na classificação no seu ano de estreia no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. O grande desempenho flaviense deveu-se, essencialmente, a uma 1ª volta de grande categoria e aos jogos disputados em Trás-os-Montes onde o GD Chaves era quase imbatível.
.
(Equipa do GD Chaves na época de 1985/86)
.
(Ferreira da Costa com as cores do GD Chaves)
.
Ferreira da Costa foi titular no meio campo flaviense com o jovem Kiki e Paulo Rocha. O veterano Ferreira da Costa emprestou muito do seu saber e experiência à equipa do GD Chaves durante a temporada de 1985/86, alinhando em 24 partidas e sendo o autor de 2 golos.

Tudo terminou no decurso de um jogo entre o CF Belenenses e o GD Chaves a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Kostov, um médio búlgaro a jogar na equipa do Restelo, teve uma entrada duríssima sobre Ferreira da Costa, lesionando-o com extrema gravidade um joelho, nomeadamente, ao nível dos ligamentos cruzados e menisco.

Ferreira da Costa ficou ausente da competição durante um longo período de tempo. Embora recuperado, nunca mais conseguiu atingir a mesma performance que revelava antes daquela fatídica lesão.

Ainda pertenceu aos quadros do GD Chaves nas temporadas de 1986/87 e 1987/88. Porem, alinhou em pouquíssimos encontros, 4 jogos na época de 1986/87 e 1 jogo em 1987/88, sempre na condição de suplente utilizado.

A verdade é que as recaídas eram frequentes e o jogador nunca mais esteve a 100%, razão pela qual Ferreira da Costa acabou por colocar um ponto final na sua carreira de futebolista ainda no decurso da época de 1987/88.
.
(Plantel do GD Chaves na época de 1986/87)
.
(Plantel do GD Chaves na temporada de 1987/88)
.
Todavia, não se afastou imediatamente do futebol. Ainda na temporada de 1987/88, concretamente, em Janeiro de 1988, assumiu o cargo de treinador principal do CS Marítimo, substituindo o demitido técnico Manuel Oliveira a partir da 20ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Com Ferreira da Costa no cargo de treinador, a equipa maritimista melhorou bastante de produção acabando aquela edição do nacional maior classificada no 9º lugar da tabela geral.

Em 1988/89 continuou como treinador do CS Marítimo. Porem, à 32ª jornada, foi substituído naquele cargo por Quinito. Curiosamente, na temporada seguinte seria ele a substituir Quinito no cargo de treinador da formação madeirense.
.
(Plantel do CS Maritimo na época de 1988/89)
.
(Ferreira da Costa na Ilha da Madeira)
.
Antes disso, Ferreira da Costa começou a época de 1989/90 como treinador da AD Fafe na 2ª Divisão Nacional, Zona Norte. Teve que deixar este projecto na agremiação fafense para tentar salvar o CS Marítimo da descida de divisão.

Acabou por terminar a temporada de 1989/90 com o CS Marítimo no 10º lugar da tabela classificativa. Ainda iniciou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1990/91 como treinador do CS Marítimo.
.
(Plantel do CS Maritimo na temporada de 1990/91)
.
Contudo, apenas ao cabo de 5 jornada da competição, Ferreira da Costa deixou a turma maritimista e foi substituído pelo brasileiro Paulo Autuori que, entretanto, tinha deixando de ser o treinador do Vitoria SC.

Após esta saída do CS Marítimo, alias bem conturbada, Ferreira da Costa, decidiu colocar um ponto final na sua ligação ao futebol profissional. A sua forma de ser não se coadunava com a forma de estar das pessoas e os procedimentos que formavam o circuito futebolístico português.

O futebol, a sua grande paixão, deixou de ser o seu modo de vida. Afastou-se completamente da modalidade, embora fosse frequentemente convidado para treinar vários clubes alem de um convite que recusou para ser Director Desportivo do Vitoria SC na década 90.

Entretanto, fez um curso de ténis e desde 1992 tornou-se professor daquela modalidade no Clube de Ténis de Guimarães. Também como jogador de ténis veio a tornar-se famoso, sagrando-se várias vezes campeão nacional na categoria de veteranos e vencedor dos mais importantes torneios nesse escalão.
(Ferreira da Costa no Clube de Ténis de Guimarães)
.
(Ferreira da Costa)
.
(O tenista Ferreira da Costa)
.
Actualmente, com 55 anos de idade, Ferreira da Costa continua a viver na cidade de Guimarães juntamente com a sua família. Alem da paixão pelo ténis e pelo futebol, já que continua a participar em convívios das velhas guardas do Vitoria SC, Ferreira da Costa também dedica parte do seu tempo à agricultura, explorando uma quinta na zona de Gondomar, a sua terra natal.
. (Ferreira da Costa)


Autor: Alberto de Castro Abreu 4 Comentários

Site Meter