Glórias do Passado: abril 2007

 

Temporada de 1947/48 a 1949/50


A partir da época de 1947/48 o Campeonato Nacional da 1ª Divisão disputa-se nos moldes que conhecemos actualmente com a prova a ser realizada no sistema de acesso e descidas mediante a classificação obtida e não já fruto de vitórias alcançadas em campeonatos distritais.

Na temporada de 1947/48 chega a Guimarães um novo treinador que vem substituir Artur Baeta. Alfredo Valadas é o escolhido para comandar os destinos da equipa do Vitoria, permanecendo nesse cargo em Guimarães durante 2 temporadas.

A principal aquisição para esta época é Francisco Costa, natural de Fão, no concelho de Esposende, contratado pelo Vitoria ao Gil Vicente FC. É um jogador que actuava na zona defensiva da equipa formando com Virgílio e Silveira, um dos melhores trios defensivos da história do Vitoria. Francisco Costa representou o Vitoria durante 10 épocas consecutivas, entre 1947/48 e 1955/56, onde foi sempre titular.
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(Francisco Costa)
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão desta época o Vitoria classificou-se na 7ª posição, precisamente a meio da tabela de um campeonato disputado por 14 clubes. O Vitoria realizou uma prova extremamente tranquila, garantindo a permanência no escalão – que era o primordial objectivo – com muita facilidade.

Nesta temporada destaque para o empate caseiro frente ao SL Benfica a 2-2 e a vitoria sobre o GD Estoril Praia por 2-1, que nesta época tinha uma excelente equipa, cujo o 4º lugar no final da prova é reflexo. Em Guimarães, o Vitoria apenas perdeu com Sporting CP, CF Belenenses e FC Porto, de resto, apenas contabilizou vitoria, à excepção do empate frente ao SL Benfica acima mencionado. Destaque ainda para a goleada de 7-1 infligida ao Elvas CAD.

Fora da cidade berço a equipa do Vitoria já se revelou bem mais frágil apenas conquistando um triunfo em Vila Real de Santo António frente ao Lusitano por 0-1. Nos outros encontros só derrotas, com a ressalva dos empates conseguidos no Porto, frente ao Boavista FC por 2-2, em Setúbal, frente ao Vitoria por 1-1, e em Coimbra, frente à Académica por 2-2.

Na Taça de Portugal o Vitoria foi logo eliminado na 1ª ronda, perdendo em Lisboa frente ao Sporting CP por 5-1, que de resto, viria a conquistar o troféu fazendo assim a dobradinha juntamente com o título de campeão nacional.

Nesta temporada despediu da carreira de futebolista um jogador que ficou famoso na historia do Vitoria, o defesa João, mais conhecido por João Bom, jogador que conquistou vários Campeonatos Distritais da A.F. Braga e do Minho, mas que acima de tudo mantêm forte ligação ao passado do clube por ter pertencido às equipas que garantiram pela primeira vez o acesso à 1ª Divisão Nacional e participaram na final da Taça de Portugal de 1941/42.
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(João Bom, o defesa do Vitoria numa jogada acrobática)
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Na temporada de 1948/49 o Vitoria perde um jogador importante que é Alcino, que se transfere para o CF Belenenses, mas contrata Custodio, um avançado de excelente qualidade que juntamente com Franklim espalhariam o terror nas defesas contrárias.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão, a equipa do Vitoria, que continuava a ser tecnicamente liderada por Alfredo Valadas, conquistou um brilhante 6º lugar, a melhor classificação de sempre até aquela altura.

Acima do Vitoria apenas se classificaram o Sporting CP, que foi o campeão, o SL Benfica, o CF Belenenses, o FC Porto, e o GD Estoril – Praia. A esta equipa da linha o Vitoria derrotou logo na 1ª jornada por 4-1, em jogo disputado no Campo da Amorosa, com Custodio a apontar 3 golos. Contra aquelas equipas do topo da tabela o Vitoria, em Guimarães, apenas perdeu com o Sporting CP por 1-3, empatou 3-3 com o SL Benfica, e venceu ambos por 2-1 os jogos frente ao CF Belenenses e FC Porto.

Nos jogos disputados na condição de visitado é que os resultados não eram tão brilhantes o que reflecte bem as dificuldades que naquela altura se colocavam a quem jogava fora do seu reduto. O Vitoria apenas venceu um encontro por 1-2 frente ao Atlético CP. Nos outros encontros só somou derrotas ao seu pecúlio na prova, à excepção dos empates por 1-1 frente ao SC Braga e frente ao Boavista FC.

Destaque ainda para Franklim, avançado do Vitoria, que foi nesta temporada o melhor marcador da 1ª Divisão de clubes nortenhos, sendo que, por via disso, foi alvo de uma justa homenagem pelos jornalistas desportivos da região.

Na Taça de Portugal nesta época o Vitoria caiu na 2ª ronda, derrotado no Campo da Amorosa pelo FC Porto por 1-4, depois de na 1º eliminatória ter eliminado a equipa do GD Estoril – Praia por 3-2.

A principal equipa do Vitoria nesta época era composta por: Machado; Ferreira e Francisco Costa; Jorge, Curado e Joaquim Teixeira; Brioso, Miguel, Teixeira da Silva, Custodio e Franklim.

A época de 1949/50 traz para Guimarães um novo treinador. Janos Biri, um húngaro naturalizado português, com um currilum vitae cheio de êxitos, onde se destacam essencialmente os dois campeonatos nacionais conquistados, como técnico principal, ao serviço do SL Benfica nas temporadas de 1942/43 e 1944/45.

Não foi contudo muito feliz na cidade berço, pois nesta temporada, bem como na seguinte, o Vitoria esteve em iminência de descer à 2ª Divisão. Perdeu no início desta época o capitão da equipa e um dos jogadores mais importantes até então, o médio Curado, que regressou à cidade de Coimbra para representar desta feita a Académica.
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(Janos Biri, o hungaro naturalizado português, treinador do Vitoria)
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(O SL Benfica de 1941/42 com o treinador Janos Biri)
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(O SL Benfica de 1942/43, novamente com Janos Biri a treinador)
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(Janos Biri como técnico no SL Benfica na temporada de 1943/44)
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Em matéria de aquisições para o plantel deve ser destacado, desde já, o defesa central Cerqueira, que chega ao Vitoria proveniente do SL Benfica, onde chegou a sagrar-se Campeão Nacional.
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(Cerqueira defesa central do Vitória)
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(Cerqueira)
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Contrataria ainda o guarda redes Silva ao Gil Vicente FC, que seria titular das balizas vitorianas durante varias temporadas, relegando para suplente o já veterano Machado.
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(Guarda Redes Silva)
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria quedou-se pela 11ª posição, ficando atrás de si apenas o GD Estoril – Praia, o Elvas CAD e o Lusitano de VRSA. O Vitoria fez um péssimo campeonato apenas se salvando da descida de divisão na última jornada com uma vitória por 3-1 contra o GD Estoril – Praia. Com os primeiros classificados apenas realce para os empates conseguidos no Campo da Amorosa frente ao CF Belenenses e FC Porto, por 3-3 e 2-2 respectivamente.

Nos jogos disputados fora não alcançou qualquer vitória, apenas empatando por quatro vezes, em Braga, Coimbra, Olhão e frente ao GD Estoril – Praia.

A Taça de Portugal, segunda competição nacional de maior importância, não se realizou nesta época.


Autor: Alberto de Castro Abreu 0 Comentários

 

Peres


Neste espaço, como por certo já constataram, temos vindo a recordar jogadores e técnicos vitorianos ou momentos marcantes da nossa história relativos às décadas de 80 e 70, do milénio passado, pelo que chegou a hora, de fazermos uma incursão mais profunda ao glorioso passado do Vitória. Viramos o leme para a longínqua década de 60 para relembrar a figura de Peres, antigo jogador, capitão, treinador e dirigente do Vitória Sport Clube.

Os desempenhos protagonizados pelo Vitoria e os feitos alcançados durante a década de 60 foram a todos os títulos brilhantes, pois o clube conseguiu sempre atingir classificações no topo da tabela do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com natural destaque para o 3º lugar obtido na temporada de 1968/69, que até hoje continua sendo a melhor classificação de sempre do Clube, apenas igualada nas temporadas de 1986/87 e de 1997/98. De resto, as classificações obtidas pelo Vitoria durante aquele período, se fossem conseguidas nos dias de hoje, teriam dado direito a vários apuramentos europeus, ao jeito do que aconteceu nas décadas de 80 e 90.

Foi também nesta altura que o Vitoria voltou a disputar uma final da Taça de Portugal, precisamente na temporada de 1962/63 contra o Sporting CP, mas acima de tudo, é o período que marca a estreia do Vitoria nas grandes competições internacionais de clubes. A década de 60 fica marcada também pela inauguração do Estádio Municipal de Guimarães, local onde o Vitoria passa a realizar os seus jogos disputados na condição de visitado.

Uma das personagens que figura no rol dos expoentes máximos do Vitoria na década de 60 é precisamente o Peres que, enquanto jogador, envergou a camisola do clube vimaranense durante 9 temporadas consecutivas, sempre como titular indiscutível, da qual foi ainda seu capitão em varias épocas, e um dos melhores executantes daquele tempo. Terminada a carreira de futebolista profissional, Peres continuou ligado ao Vitoria, primeiro como treinador principal da equipa sénior, e mais tarde, assumindo funções executivas, inicialmente como secretario técnico do treinador principal Mário Wilson e depois como membro da Direcção presidida por António Rodrigues Guimarães.

António Francisco Jesus Moreira, nascido a 3 de Fevereiro do ano 1939, no Candal, em Vila Nova de Gaia, ficou conhecido no mundo do futebol por Peres, alcunha que vinha dos seus antepassados galegos, sendo por esse cognome que ainda hoje é conhecido e tratado no dia a dia. Peres era um meio campista de eleição, com um pulmão do tamanho do mundo, que lhe permitia correr quilómetros ao longo de todo o jogo. Usava preferencialmente o seu pé esquerdo, por vezes de forma notável, mas estava longe de ser um individualista, antes pelo contrário, era bem mais um jogador que dava tudo em prol do colectivo, e pelo seu carácter e forma de estar dentro do campo fazia dele um verdadeiro “patrão” da equipa. Chamavam-lhe naquela altura o “Puskas do Candal”.

Apesar de ter sido algumas vezes convocado e efectuado vários treinos, nunca chegou a ser internacional pela Selecção de Portugal A pois teve sempre o seu lugar preenchido por jogadores da nomeada, como por exemplo, o mítico Mário Coluna. Por Portugal, representou apenas a Selecção Militar.

Peres, tal como para a vida, nasceu para o futebol também no Candal, propriamente no Clube Desportivo do Candal. Fez toda a sua formação no futebol juvenil do clube gaiense, chegando a jogar na sua equipa principal ainda com idade de júnior. Em face da qualidade evidenciada pelo jovem Peres, cedo apareceram grandes clubes no seu encalço, mas surpreendentemente, acaba por ser transferido para o SL Benfica na temporada de 1958/59.

Nas duas primeiras temporadas no SL Benfica não há registos de que tenha efectuado qualquer jogo oficial, mas na temporada de 1960/61, Peres fez 1 jogo no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e assim sagrou-se Campeão Nacional. Sucede que no SL Benfica, Peres era um jovem com pouco mais de 20 anos e estava completamente tapado por Mário Coluna, um verdadeiro colosso do futebol nacional da altura. Certo é que da convivência com jogadores como do gabarito e da qualidade de Coluna, Eusébio, Torres ou Simões, fizeram-no crescer como homem e acima de tudo enquanto jogador de futebol.

Como era pouco utilizado, Peres foi cedido pelo SL Benfica, na época de 1961/62, ao Atlético CP, e aí Peres foi dos elementos mais importantes na conquista pelo clube da Tapadinha do 6º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão daquela temporada. Porem, apenas por uma temporada vestiu a camisola do tricolor alcantarense, pelo que o final daquela época marcaria o fim da aventura de Peres na zona sul do país, regressando ao norte, desta feita para jogar no Vitoria de Guimarães.
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(Peres com a camisola do Atlético Clube de Portugal na época de 1961/62)
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No final da época de 1961/62, o SL Benfica estava desvairadamente interessado na contratação de Augusto Silva jogador do Vitoria, tendo apresentando ao clube da cidade de Guimarães uma tentadora proposta para a aquisição do mesmo. Sucede que o interesse do SL Benfica pelos jogadores do Vitoria alargou-se, mais tarde, a Pedras, jogador a quem Alfredo Farinha do jornal “A bola” apelidava de “Eusébio Branco”.

A proposta do SL Benfica era de facto sedutora, não só para os atletas, como para o Vitoria de Guimarães, que nessa altura recebeu praticamente uma equipa inteira em troca, alem, claro está, do excelente e importante encaixe financeiro. Augusto Silva e Pedras seguiram rumo à capital para representar o SL Benfica, e para Guimarães, vieram, como cabeça de cartaz, Mendes o “Pé Canhão” e Manuel Pinto, e ainda Fonseca, Teodoro, Zeca Santos, Testas, Inácio, Paulinho, Moreira e o aqui recordado Peres, mais uma mala de dinheiro, com cerca de 1.250 contos, quantia bem elevada para a época.

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(Peres no Vitoria Sport Clube)
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(Uma equipa do Vitoria na decada de 60 com Peres a capitão)
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(Peres com o equipamento do Vitoria com o colega de equipa Daniel)
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(Equipa do Vitoria Sport Clube com Peres em baixo)
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A temporada de 1962/63, a primeira de Peres no Vitoria de Guimarães, é Presidente da Direcção o Eng. Hélder Rocha, e para treinador é escolhido o argentino José Valle, que irá permanecer no comando técnico dos vitorianos durante 3 épocas consecutivas. Peres assume-se desde o primeiro momento como um pilar base de uma equipa que irá alcançar vários êxitos, começando desde logo por alcançar, para uma equipa nova e ainda em construção, um meritório 6º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época 62/63.

Todavia, o grande feito dessa época foi a chegada à final da Taça de Portugal. Depois de eliminar o Sp. Covilhã, a Académica de Coimbra, e o União da Madeira, o Vitoria chega às meias-finais da prova e encontra o Belenenses (4º classificado no campeonato). Naquela altura, a Taça de Portugal era disputada num sistema de dois jogos, um em casa, outro fora, e um terceiro jogo em campo neutro, no caso de se verificar um empate no confronto das duas mãos. Na 1ª mão, o Vitoria perdeu no Restelo por 0-2. Mas na semana seguinte, em Guimarães, em jogo disputado no Campo da Amorosa, o Vitoria vence o Belenenses por 3-1. Haveria pois necessidade de realizar um terceiro jogo em campo neutro a meio da semana. A Cidade escolhida: Coimbra. Resultado: milhares e milhares de vitorianos rumam em direcção à cidade dos estudantes para apoiar o Vitoria naquele jogo decisivo. Mas fomos, somos e seremos sempre assim?

O jogo é impróprio para cardíacos. A 6 minutos do fim o Vitoria perde por 0-1. Mas a fé vitoriana é a ultima abandonar a cidade de Coimbra, e nos últimos minutos do jogo, o Vitoria marca 3 golos, vencendo a partida por 3-1 e carimbando assim o passaporte para a final da competição no Estádio do Jamor em Lisboa. Inimaginável festa acompanha os adeptos e a equipa.

Porem, a fortuna que acompanhou o Vitoria naquele dia da semana não se estendeu até ao Domingo, dia da final frente ao Sporting, pois alem do cansaço do jogo disputado a meio da semana, a equipa perdeu o seu capitão Silveira que se tinha lesionado. No dia 30 de Junho de 1963, no Estádio do Jamor, em jogo apitado pelo Senhor Clemente Rodrigues, do Porto, o Vitoria alinha com Roldão na Baliza, Caiçara, Daniel e João da Costa, na defesa, Manuel Pinto, Virgílio, Paulino e Peres, no meio campo e Lua, Mendes “Pé Canhão” e Armando Silva no ataque. O Vitoria foi derrotado pelo Sporting CP por 0-4, que acaba por vencer assim o troféu.
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(Vitoria - Sporting CP no Estadio do Jamor na final da Taça de Portugal de 1962/63)
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(Jogo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão entre o Vitoria de Setubal e o Vitoria de Guimarães. Peres está ao fundo com a braçadeira de capitão dos vimaranenses)
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(Manuel Pinto, Paulinho, Peres e Mendes, companheiros no Vitoria aqui no Campo da Amorosa em Guimarães)
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(Peres com o equipamento do Vitoria)
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Na segunda temporada em Guimarães, Peres matem-se titular, à semelhança, de resto, de quase toda a equipa que alinhou na época anterior. O treinador era o mesmo, o argentino José Valle, mas Manuel Cardoso do Vale é o novo presidente da Direcção do Vitoria. A época futebolística de 1963/64 é ainda melhor que a anterior, pois o Vitoria, com mais experiência e entrosamento, segue sempre nos lugares da frente terminando classificado na 4ª posição no Nacional da 1ª Divisão, logo atrás do SL Benfica, FC Porto e Sporting CP. Regista-se ainda maior enchente de todos os tempos em jogos disputados no Campo da Amorosa, na recepção ao FC Porto.
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(Equipa do Vitoria no Estadio 1º Maio em Braga na época de 1963/64)
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(Peres num lance aereo pelo Vitoria no lotado Campo da Amorosa num jogo frente ao SL Benfica)
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(Equipa do Vitoria na temporada de 1963/64)
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No final da temporada de 1963/64 - após onze épocas como titular do Vitoria - Silveira, o açoriano, abandona a carreira de jogador de futebol, deixando vaga a braçadeira de capitão de equipa. Apesar de existir jogadores mais antigos no plantel, é Peres o sucessor da braçadeira de capitão do Vitoria, assumindo esse cargo fundamentalmente devido à sua forte personalidade e ao espírito de liderança que emergia no grupo.

O início da época de 1964/65 é marcado pela primeira deslocação europeia do Vitoria Sport Clube e logo com uma vitoria por 2-1. Ruma à Bélgica, para disputar um jogo amigável contra o Racing White, clube que na época anterior havia contratado ao Vitoria o brasileiro Lua.

Ao nível desportivo a época é pautada por um certa irregularidade nos resultados alcançados, pelo que terminou a temporada no 7º lugar do Campeonato Nacional. Mas a época fica indiscutivelmente marcada pelo primeiro jogo realizado no Estádio Municipal de Guimarães. Tratava-se na altura de um simples campo relvado, com uma bancada central em cimento, sem balneários e uns camarotes em madeira. O adversário na ocasião foi o Belenenses. O resultado final foi uma vitória dos vimaranenses por 2-1. E o primeiro golo marcado no Estádio Municipal de Guimarães foi da autoria de Castro, jovem formado nos escalões mais jovens do Vitoria. Peres foi titular e o capitão da equipa.

A temporada de 1965/66 é a 4ª de Peres no Vitoria, na qual conhece um novo treinador. O escolhido é o francês Jean Luciano, antigo treinador do Sporting CP, que vem substituir José Valle. O Vitoria faz um início de campeonato brilhante e à 4ª jornada é líder isolado da classificação geral do Campeonato, após uma vitoria em Aveiro frente ao Beira Mar, com um golo da autoria de Peres, conseguido no ultimo minuto do encontro, na transformação de um livre directo.

O Vitoria vira para a segunda volta da prova na 2ª posição, mas acaba vergado ao peso da influência das arbitragens, terminando classificado no 4º lugar da geral, logo atrás do Sporting CP, campeão, e do SL Benfica e FC Porto.
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(Peres rodeado de 3 adversários do SL Benfica no Campo da Amorosa)
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(Caricatura de Peres)
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(Peres num remate com o seu pé esquerdo)
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(Equipa do Vitoria com Peres na temporada de 1965/66)
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(Peres nas alturas num jogo do Vitoria na cidade de Vigo)
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(Equipa do Vitoria na época de 1965/66 com Peres como capitão)
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Há um novo presidente na Direcção do Vitoria na temporada de 1966/67. Trata-se de Egídio Pinheiro, que decide manter o técnico Jean Luciano à frente do comando da equipa principal. No defeso dessa época o Vitoria desloca-se novamente ao estrangeiro, desta feita cruzando o Atlântico, para disputar na Venezuela, a denominada “Taça do Mundo”, com a Lazio de Roma e o Valência de Espanha. Derrota os italianos por 3-1, mas perde frente aos espanhóis por 0-3. Os resultados desportivos são pautados pela mediania e o resultado final é um novo 6º lugar na classificação. Para muito contribuiu as lesões a meio da temporada de Peres e Mendes “Pé Canhão”, os principais abonos de família do Vitoria.
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(Um derby Vitoria - SC Braga no Campo da Amorosa)
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Em 1967/68 é escolhido um novo treinador para o Vitoria, recaindo a escolha do Presidente Egídio Pinheiro no técnico Juca. O Campeonato não começa da melhor forma em grande parte devido ao enorme leque de jogadores que se encontravam lesionados. Mas com o tempo as “performances” da equipa vão melhorando e o Vitoria acaba por alcançar um 6º lugar no Campeonato. Esta temporada fica marcada ainda por uma alteração de fundo na indumentária usada tradicionalmente pela equipa do Vitoria no seu equipamento principal. Deixa de usar os calções pretos no equipamento principal, para passar a equipar todo de branco.
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(Peres com o equipamento negro do Vitoria recebendo um troféu nos E.U.A.)
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Já com Fernando Roriz a presidente da Direcção, o mesmo que foi até à pouco tempo Secretário-Geral na Direcção presidida por Vítor Magalhães, dá-se o pontapé de saída para a 1ª grande temporada de glória do Vitoria Sport Clube nos Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão. Apesar de varias insistências o Vitoria não consegue convencer Juca a renovar o seu contrato e este alegando razões familiares acaba por deixar Guimarães. O técnico escolhido para o substituir é o brasileiro Jorge Vieira.

Para disputar a 40ª edição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de futebol, o técnico brasileiro monta uma equipa sustentada numa forte coesão defensiva, com os laterais Gualter e Daniel, e os centrais Manuel Pinto e Joaquim Jorge. O guarda-redes é Rodrigues. O meio campo é ao mesmo tempo batalhador e criativo com Artur, Augusto e o capitão Peres. A frente de ataque é uma tripla atacante mortífera com Zezinho, Manuel e o demolidor Mendes “Pé Canhão”.

Os resultados ao longo da época de 1968/69 são magníficos. No Estádio Municipal de Guimarães, o Vitoria não perde nem um jogo. Ganha ao SL Benfica, FC Porto e Sporting, espetando duas goleadas de 5-0 à Sanjoanense e ao eterno rival SP Braga. Fora de Guimarães destaque para os empates alcançados no Estádio da Luz, frente ao SL Benfica e em Alvalade, frente ao Sporting CP, feitos inacreditáveis para a época. Foram dias de gloria e orgulho para os vimaranenses, mas também de muito reconhecimento nacional à capacidade da equipa do Vitoria.

O jogo decisivo na luta pelo titulo acontece à 28ª jornada numa deslocação ao Estádio do Restelo onde o Vitoria é derrotado pelo Belenenses por 0-1, acabando assim por descolar do SL Benfica que se sagrou campeão. Vencer aquele jogo poderia ter significado o título de Campeão Nacional já que em igualdade pontual o Vitoria teria vantagem sobre o SL Benfica e sobre o FC Porto.

De assinalar que aquela coesão defensiva resultou na melhor defesa do campeonato, pois o Vitoria apenas sofreu 17 golos, mas também o 2º melhor ataque da prova com 46 golos marcados. O avançado do Vitoria Manuel foi o 2º melhor marcador do campeonato com 18 golos, a apenas 1 de Manuel António da Académica que foi o melhor marcador. Joaquim Jorge, defesa central do Vitoria, conquistou a 2ª edicção do prémio “Somelos-Helança”, instituído pelo jornal “A Bola”, destinado a distinguir aquele que foi o jogador mais pontuado pelos seus jornalistas ao longo do Campeonato Nacional de Futebol. Joaquim Jorge disputou 26 jogos naquele campeonato recebendo 66 pontos.

Peres é o patrão da equipa que fica para a história como aquela que conquistou um 3º lugar, aquele que ainda hoje, apesar de já por duas vezes repetida, é a melhor classificação de sempre do Vitoria Sport Clube.

Acima de tudo, a classificação obtida naquele campeonato de 1968/69 significava desde logo o tão almejado apuramento para as competições europeias a disputar na temporada seguinte, as quais receberiam pela primeira vez na história do futebol o nome do Vitoria Sport Clube.
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(Plantel do Vitoria na época de 1968/69)
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(Peres com a camisola do Vitoria)
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Para a temporada seguinte a Direcção do Vitoria aposta novamente num técnico brasileiro, Gilberto Giba, para substituir Jorge Vieira, que não renova e que regressa ao Brasil, passando a ser um verdadeiro “D. Sebastião” entre os sócios.

Em Setembro de 1969 dá-se o sorteio da na época denominada Taça das Cidades com Feira, e em sorte calhou ao Vitoria a fortíssima equipa checa do Banik Ostrava, que possuía vários jogadores da selecção checoslovaca que havia alcançado a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de 1964.

No dia 10 de Setembro de 1969, no Estádio Municipal de Guimarães, sob a arbitragem de Adolfo Bueno de Espanha, dá-se a estreia do Vitoria nas competições internacionais oficiais de clubes frente ao Banik Ostrava. O Vitoria vence o jogo por 1-0 com golo de Carlos Manuel logo aos 10 minutos de jogo. Na 2ª mão disputada no Stadion Bazaly na. Na Checoslováquia, típico país de leste, sob frio e neve, o Vitoria alcança com todo o mérito e estoicismo um empate a uma bola, com um golo apontado pelo médio Artur.

Na 2ª Eliminatória da Taça das Cidades com Feira, o sorteio dita como adversário do Vitoria os ingleses do Southampton. Em Guimarães, o jogo da 1ª mão, é já disputado sob o comando técnico de Fernando Caiado, que entretanto, substituiu Gilberto Giba, que teve que regressar ao Brasil devido a uma grave doença. O resultado do primeiro jogo cifra-se num 3-3, com os golos do Vitoria a ser apontados por Mendes (2) e Pinto. Já disputa da 2ª mão, em terras de sua majestade, o Vitoria acaba vergado ao poderio do futebol inglês, sob uma chuva intensa e um publico extasiado, perdendo o encontro por 1-5, apontando Costeado o golo vimaranense. Ficava assim pelo caminho a turma vitoriana, mas estava dado o primeiro passo nas aventuras europeias.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria obteve um 5º lugar no final da prova, classificação que mais uma vez permitia o acesso às competições internacionais de clubes. O jogo decisivo é frente ao FC Porto em Guimarães, que o Vitoria teria obrigatoriamente de ganhar e assim o conseguiu fazer por 1-0.
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(Equipa do Vitoria na temporada de 1969/70)
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(Peres como capitão do Vitoria com o capitão do Banik Ostrava no jogo de ida)
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Mais uma temporada de sucesso, e um novo Presidente na Direcção que toma posse no Vitoria. Precisamente na sessão solene de tomada de posse, Antero Júnior o novo Presidente anuncia aos sócios o regresso do brasileiro Jorge Vieira – o tal D. Sebastião da massa associativa - para técnico do Vitoria na a temporada de 1970/71.

Sucede que a época das enormes expectativas vitorianas correu muito mal. O núcleo duro da equipa já tem o peso da idade às costas acusando um desgaste natural da idade e o plantel não é renovado. As aquisições falham e as lesões abundam essencialmente de Joaquim Jorge, Jorge Gonçalves e o aqui recordado Peres são indiscutivelmente nefastas. Pelo meio interdições ao Estádio Municipal de Guimarães devido ao comportamento do publico.

Os resultados obtidos durante a 1ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1970/71 são horríveis de tal forma que apenas consegue alcançar uma vitória na 7ª Jornada, na Povoa, frente ao Varzim. No final da 1ª volta é penúltimo na classificação.

Na 2ª volta os resultados não melhoram, pelo que à 18ª jornada, após um empate em casa frente ao Leixões, o técnico Jorge Vieira é demitido do cargo de treinador principal do Vitoria. Para o substituir a escolha da Direcção recai naquele que melhor poderia, naquela altura angustiante, encarnar o espírito vitoriano – O grande capitão Peres. Peres que se encontrava lesionado e impedido de dar o seu contributo à equipa assume assim os comandos da equipa de futebol e desta forma abandona a carreira de jogador profissional.

A verdade é que a situação não melhora muito, mas o Vitoria não morre. Precisa do milagre e ele acontece. Disputava simultaneamente a permanência na 1ª Divisão com o Varzim SC, o Leixões, o Farense, o Barreirense, o Tirsense e a CUF, num campeonato disputado por 14 clubes onde seriam relegados os 2 últimos classificados. O Vitoria na última jornada não poderia perder, mas enfrentava o FC Porto em pleno Estádio das Antas. Todavia, os objectivos são alcançados com um empate a 0-0 e o Vitoria consegue a fuga à despromoção.

Nem tudo foi mau durante a temporada de 1970/71, pois o Vitoria marcou novamente presença nas competições europeias e teve uma presença meritória ultrapassando, pelo menos, a 1ª eliminatória. Na disputa do jogo da 1ª mão, da 1ª eliminatória da Taça das Cidades com Feira, o Vitoria despachou os gauleses do Angouleme por 3-0. Porem, aquele jogo disputado no Estádio Municipal de Guimarães no dia 16 de Setembro de 1970, marcou a carreira do nosso Peres, já que foi autor de um dos golos da vitória do Vitoria. Os outros dois golos foram apontados por Bernardo da Velha. Já na 2ª mão em França, o Vitoria sofreu a bem sofrer, sendo derrotado por 1-3, revelando-se providencial o golo apontado por Ademir logo no inicio da 2ª parte.

Na 2ª eliminatória surgiu novamente no caminho do Vitoria o futebol britânico, desta vez os escoceses do Hibernian. A 1ª mão, disputada no Easter Road Stadium em Edimburgo na Escocia , resultou numa derrota dos vimaranenses por 0-2. O mau resultado averbado não esmoreceu as hostes vitorianas e, na 2ª mão, o Vitoria até conseguiu igualar a eliminatória, mas um golo escocês deitou tudo a perder. Os marcadores vitorianos foram Ademir e Jorge Gonçalves, no jogo da sua estreia, onde infelizmente acabou por se lesionar com gravidade.

Terminou desta forma a campanha vitoriana pelas “europas” do futebol, de forma extremamente meritória e orgulhosa. O nome Vitoria penas voltaria aos palcos europeus já na década de 80.
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(Peres o capitão do Vitoria)
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(Equipa do Vitoria na época de 1970/71)
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(Peres com equipamento branco do Vitoria)
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Terminou também a carreira de Peres enquanto jogador. Como acima dissemos, após 9 temporadas consecutivas ao serviço do Vitoria, Peres com 32 anos de idade, abandonou a carreira de futebolista. Contudo, como podemos constatar, deixou uma marca importantíssima e desta forma recordada na história do Vitoria.

Peres passou a partir da temporada de 1971/72 a desempenhar as funções de Secretario Técnico no Vitoria. Foi ainda dirigente do Clube integrando a Direcção presidida por António Rodrigues Guimarães, a qual, curiosamente, pela primeira vez nos órgãos sócias do Clube, incluía como Vice – Presidente, o nome de António Pimenta Machado, aquele mesmo que durante 24 anos presidiu os destinos do Vitoria. António Peres foi ainda o responsável máximo pelo futebol juvenil do Vitoria durante 3 anos.

Como técnico de futebol, treinou ainda o FC Famalicão durante uma época, mas as exigências do mundo empresarial fizeram assumir outra carreira, agora no mundo dos negócios.

Actualmente, perto de completar 68 anos de idade, Peres é já um reformado, vive na cidade de Guimarães, na qual ficou para sempre umbilicalmente ligado e continua um fervoroso adepto do Vitoria Sport Clube.
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(Peres nos finais da decada de 80)
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(Peres na actualidade)


Autor: Alberto de Castro Abreu 4 Comentários

 

Dito


Eduardo José Gomes Camassele Mendes, conhecido no mundo de futebol pelo simples diminutivo de Dito, nasceu na cidade de Barcelos no dia 18 de Janeiro de 1962, e tornou-se na década de 80 um dos melhores jogadores portugueses. Tratava-se efectivamente de um jogador de qualidade que além de ter jogado no SL Benfica e FC Porto, vestiu a camisola de formações como o SC Braga, clube pelo qual se afirmou no futebol português, V. Setúbal, Sporting de Espinho e Gil Vicente FC, na 1ª Divisão Nacional, e ainda pelo Torreense e Ovarense na 2ª Divisão de Honra.
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(Dito com a camisola do SC Braga em 1981/82)
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Dito ocupava a posição de defesa central, revelando-se um jogador de boa estampa física, forte no jogo aéreo e de excelente sentido posicional, com uma capacidade técnica assinalável para quem ocupava aquele sector.

Iniciou-se no futebol nas camadas jovens do clube da sua cidade natal o Gil Vicente FC pelo qual se inscreveu pela primeira vez na temporada de 1976/77 na categoria de iniciados. Pela sua qualidade, cedo deu nas vistas despertando o interesse do SC Braga, clube que o contratou ainda nas camadas jovens, tendo concluído o seu processo de formação na cidade dos arcebispos.
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(Equipa do SC Braga na temporada de 1981/82 no Estadio do Restelo com Dito na fila de cima)
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Um pouco fora do normal para aquela altura, Dito, jogador das camadas jovens de um clube que não era considerado grande, era regularmente convocado para representar as selecções mais jovens de Portugal. Assim, contabilizou no seu processo de formação 7 internacionalizações pela selecção de juvenis, mais 20 na categoria de juniores e 11 pela selecção de esperanças.

Ora, pela sua inegável qualidade cedo apareceu na equipa sénior do SC Braga. É assim que faz a sua estreia com apenas 19 anos na principal divisão do futebol português ao serviço do SC Braga e pela mão do seu mestre Quinito.
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(Dito com o equipamente tradicional do SC Braga)
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Esteve na equipa sénior do SC Braga entre 1981/82 e 1985/86 altura em que se transferiu para o SL Benfica. Porém, ao longo das cinco épocas na equipa sénior do SC Braga, Dito foi invariavelmente titular indiscutível, chegou a capitão de equipa e notabilizou-se como um dos melhores defesas centrais portugueses.

Com a camisola arsenalista destaca-se a presença na final da Taça de Portugal na época de 1981/82, com Quinito a treinador, contra o Sporting CP, em que Dito perderia o troféu já que os leões de Alvalade acabaram por vencer a decisão no Jamor por 4-0.

Na época seguinte disputou e perdeu ainda Supertaça Cândido de Oliveira referente à época de 1981/82, também contra o Sporting CP que tinha feito a dobradinha. Nessa Supertaça depois de uma vitória dos bracarenses no Estádio 1º de Maio em Braga por 2-1, seguiu-se uma derrota em Alvalade por uns concludentes 6-1. Era técnico do SC Braga o António Oliveira.
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão destaca-se o desempenho da formação do SC Braga na época de 1983/84 onde conquistou um brilhante 4º lugar na tabela classificativa que permitiu o acesso da equipa da cidade dos arcebispos à Taça Uefa. Dito era nesta altura uma pedra fundamental na equipa do SC Braga onde se notabilizava como um dos seus principais jogadores.

De tal forma assim foi que as convocatórias a integrar a selecção principal de Portugal eram uma constante. Dito contabilizou assim ao longo de toda a sua carreira 17 internacionalizações pela selecção A de Portugal e 1 pela selecção B. Tempos esses em que Portugal tinha jogadores de excelente qualidade na posição de defesa central como por exemplo, Eurico, Lima Pereira, Humberto Coelho, entre outros.
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Estreou-se pela principal selecção nacional no dia 28 de Outubro de 1981, com apenas 19 anos de idade, aquando do apuramento para o Mundial de 1982 a disputar na vizinha Espanha. Foi num jogo frente a Israel que Portugal perdeu por 4-1 com o golo português da autoria de Jordão. A equipa portuguesa treinada por Juca, alinhou com Amaral; Gabriel, Humberto Coelho, Eurico, Teixeira; Sousa, Rodolfo, Romeu; Manuel Fernandes, Romeu, Freire e Jordão. Dito entraria para o lugar de Humberto Coelho e assim faria a sua estreia.
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(Dito no SC Braga na época de 1983/84)
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Destaque ainda para o golo obtido com a camisola da selecção A de Portugal frente à RFA no Estádio do Restelo no dia 23 de Fevereiro de 1983. Portugal venceu a Alemanha por 1-0 com um golo de Dito na execução de um remate de fora da área, após uma assistência de Costa, que bateu as redes à guarda do mítico Toni Schumacher. Diga-se que foi um brilhante golo bastante elogiado em toda a Europa naquela altura.
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(Dito ao lado do selecionador Juca na Selecção de Portugal em 1988)
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Os bons desempenhos de Dito levaram naturalmente à sua transferência para o SL Benfica, onde se sagrou Campeão Nacional na temporada de 1986/87. Dito foi titular indiscutível na equipa treinada pelo inglês John Mortimore, fazendo dupla de centrais alternadamente com Edmundo ou Oliveira.

Nessa mesma época de 1986/87 o SL Benfica conquistou ainda a Taça de Portugal vencendo a final disputada no Jamor o eterno rival de Alvalade por 2-1.
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(No SL Benfica na época de 1986/87)
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(Plantel do SL Benfica na temporada de 1986/87)
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(Novamente na época de 1986/87 com a camisola encarnada do SL Benfica)
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(Plantel do SL Benfica na temporada de 1986/87 com a Taça de Campeão)
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Na época seguinte, segunda ao serviço do SL Benfica, Dito manteve a condição de titular indiscutível na equipa encarnada, tendo como ponto alto nesta época a disputa da final da Taça dos Campeões Europeus, que lamentavelmente o clube da Luz perdeu. Dito foi titular na equipa do SL Benfica nessa noite.
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(Equipa do SL Benfica na época de 1987/88)
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(Dito em acção com o equipamento do SL Benfica na epoca de 1987/88)
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(Plantel do SL Benfica na época de 1987/88)
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(Equipa da final da Taça dos Campeões Europeus 1987/88)
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Seguiu-se posteriormente o conhecido como verão quente de 88, quando Pinto da Costa fez um investida junto do rival SL Benfica contratando a revelia do clube lisboeta o defesa central Dito e o avançado centro Rui Aguas para a época de 1988/89.

Sucede que no clube portista Dito não foi de forma alguma feliz. Permaneceu apenas uma época nas Antas não passando de suplente pouco utilizado. Segundo o próprio trocar o SL Benfica pelo FC Porto foi o pior erro da sua vida.

Dito em face da diminuta utilização acabou dispensado no final da temporada e prosseguiu a sua carreira no Vitoria de Setúbal, onde foi sempre titular ao longo das duas temporadas em que representou os sadinos. Do Vitoria de Setúbal seguiu na época de 1992/93 para o Sporting de Espinho onde encontrou novamente Quinito como treinador. Depois, seguiu na época de 1993/94 para o Gil Vicente, clube da sua terra natal ao qual regressava quase 20 anos depois.
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(Plantel do Vitoria de Setubal na época de 1989/90)
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(Plantel do Vitoria de Setubal na temporada de 1990/91)
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(Dito no Sporting de Espinho novamente com Quinito em 1992/93)
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(Plantel do Sporting de Espinho em 1992/93)
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(Plantel da formação do Gil Vicente FC na temporada de 1993/94)
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(Dito com a camisola do Gil Vicente FC)
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(Equipa do Gil Vicente FC na temporada de 1993/94, com Dito e tambem Miguel e Laureta)
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No Gil Vicente jogou pela última vez na 1ª Divisão Nacional. Depois seguiu-se duas temporadas na 2ª Divisão de Honra. Na época de 1994/95 no Torreense onde foi treinado por Romeu Silva, antigo craque do Vitoria e companheiro de Dito na Selecção Nacional. E, por fim, na época de 1995/96 na Ovarense treinada pelo seu ex companheiro de equipa no SL Benfica – José Luís – que desafiou Dito a continuar a carreira. Lamentavelmente, os resultados foram de fraca qualidade nas duas épocas que jogou na 2ª Divisão de Honra, sendo nefastos às equipas que foram ambas relegadas à 2ª Divisão B.
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(Dito na equipa do Torreense na época de 1994/95)
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(Dito com a camisola da Ovarense na temporada de 1995/96)
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(Plantel da Ovarense da epoca de 1995/96)
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A sua relação com o Vitoria Sport Clube foi vivida de forma intensa naturalmente, pois alinhava tão somente por um dos principais rivais dos vimaranenses. Vários SC Braga – Vitoria viveu o Dito em Guimarães ou na cidade de Braga. Também com o SL Benfica, e pelos outros clubes, Dito disputou vários encontros com o Vitoria de Guimarães.

Destaquemos um jogo que se disputou na época de 1982/83 e que Dito participou com a camisola vermelha e branca do SC Braga. Disputou-se à 16ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. O Vitoria era 4º classificado com 17 pontos, seguido pelo SC Braga com apenas 16 pontos. O Vitoria já tinha vencido o SC Braga no Estádio 1º Maio na 1ª Jornada por 1-2, pelo que este jogo era o primeiro da 2ª volta e uma vitoria dos vimaranenses colocariam definitivamente o conjunto de Braga fora da luta pelo acesso as competições europeias.

O jogo foi disputado no Estádio Municipal de Guimarães numa tarde de sol e sob arbitragem de Fernando Alberto da A. F. do Porto e perante cerca de 15.000 espectadores. O Vitoria treinador por Manuel José alinhou com Silvino; Gregório Freixo, Alfredo Murça, Amândio e Laureta; Fonseca, Pedroto, Nivaldo e Abreu; Paulo Ricardo e Joaquim Rocha. Aos 66 minutos Paquito entrou para o lugar de Nivaldo e aos 76 entrou Barrinha para o lugar de Alfredo Murça.

A equipa do SC Braga apresentou-se da seguinte forma: Valter; Artur, Paris, Guedes, Dito e João Cardoso; Serra, Vítor Santos; Fontes; Jorge Gomes e Wando. Os bracarenses fizeram entrar Manoel para o lugar de Jorge Gomes aos 26 minutos e Spencer aos 83 minutos para o lugar de Wando.

O jogo foi bem disputado com ligeira ascendência do Vitoria, de resto bem patente na 1ª parte do jogo com diversas oportunidade de golo a ser desperdiçadas. Na 2ª parte o jogo foi um pouco mais equilibrado com o Vitoria sempre a tentar de todas as formas adiantar-se no marcador, mas com a defesa bracarense a impor-se. Até que aos 83 minutos o defesa central Amândio do Vitoria apontou o primeiro e único golo da partida, acabando os vimaranenses por vencer por 1-0.
Dito abandonou a carreira de jogador de futebol com 34 anos de idade. Pequeno interregno, porque me 1997/98 fazia a sua estreia enquanto técnico do futebol ao serviço da equipa do Esposende na 2ª Divisão B. Fez a sua estreia na 1ª Divisão Nacional enquanto treinador com o SC Salgueiros, onde foi líder da equipa técnica nas épocas de 1997/98, 1998/99 e 1999/00 onde foi demitido.
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(Dito como téncico no SC Salgueiros)
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Depois teve passagens pelo Desportivo de Chaves, Felgueiras e Portimonense onde não foi tão feliz. Actualmente Dito, com 45 anos de idade é o treinador do Moreirense clube do concelho de Guimarães que milita na 2ª Divisão B.
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(Dito no Portimonense)
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(Actualmente Dito no Moreirense)
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