Rebelo foi considerado por muito críticos desportivos como o melhor médio de ataque português do seu tempo, somente comparável a Albino do SL Benfica. Notabilizou-se actuando numa posição original tacticamente naquela altura, o lugar de médio de ataque, precisamente o jogador sobre quem impendia a organização do ataque depois da recuperação da bola.
(Rebelo em acção numa partida entre o Vitoria SC e o FC Porto no Campo da Amorosa com o Castelo de Guimarães ao fundo na imagem)
(Rebelo é um dos jogadores do Vitoria SC nesta partida frente ao Sporting CP, no Campo da Amorosa, a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão)
A época de 1949/50 traz para Guimarães um novo treinador. Janos Biri, um húngaro naturalizado português, antigo guarda redes do Boavista FC, com um curriculum vitae cheio de êxitos, onde se destacam, essencialmente, os dois campeonatos nacionais conquistados, como técnico principal, ao serviço do SL Benfica nas temporadas de 1942/43 e 1944/45.
No Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria SC quedou-se pela 11ª posição, protagonizando um péssimo campeonato, salvando-se da descida de divisão, apenas, na última jornada com uma vitória por 3-1 contra o GD Estoril – Praia.
Rebelo voltou a ser uma peça fundamental na equipa vitoriana. Actuando, principalmente, na linha da frente, realizou pelo Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1949/50, um total de 24 jogos, concretizando 5 golos.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1949/50)
(Rebelo disputa o lance com os jogadores do CF Belenenses no Campo da Amorosa)
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1949/50)A temporada seguinte de 1950/51 decorreu com imensas dificuldades para o Vitoria SC, que coleccionou uma série de resultados negativos, voltando a correr iminentes riscos em descer ao escalão secundário do futebol português, algo que ainda não tinha ocorrido na história do clube vimaranense até aquela data.
No comando técnico da equipa manteve-se o húngaro, naturalizado português, Janos Biri. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria SC viveu dias tremendamente difíceis, contabilizando resultados contraditórios, ora ganhando surpreendentemente a clubes mais fortes e candidatos aos lugares cimeiros, ora perdendo, inexplicavelmente, com clubes da mesma ou inferior valia.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1950/51)(No Campo da Amorosa jogo entre o Vitoria SC e o FC Porto)
(Equipa do Vitoria SC na época de 1951/52)Efectivamente, era nesta posição que Rebelo atingia maior expressão no seu futebol. O seu sentido posicional no terreno de jogo era admirável, bem como aquele estilo sóbrio e sereno com que abordava os lances.
Rebelo era um jogador esguio, de elevada estatura, com umas pernas longas e características, de tal modo que o apelidavam carinhosamente de “Cataninha” tal a semelhança entre o efeito de uma catana com a forma como desarmava os adversários.
Por isso destacava-se bem nesta nova posição táctica. Defensivamente era dotado, mas ofensivamente era incomparável, dada a forma competente com que gizava as jogas ofensivas. Técnico, sereno, deveras intuitivo, com Peics, Rebelo passou, com sucesso, a ser o motor do ataque do Vitoria SC.
(Rebelo num encontro em Lisboa entre o Sporting CP - Vitoria SC)Jogou em 25 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontado apenas um golo ao longo da prova. Foi contudo o Rei das assistências e com isso lucraram os avançados Teixeira e Caraça, que em conjunto apontaram 28 golos na principal competição portuguesa.
(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1951/52)Na temporada de 1952/53 o Vitoria Sport Clube voltou a participar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e ao garantir a permanência no principal escalão do futebol português no final daquela época, tornou-se o clube com mais participações consecutivas na 1ª Divisão Nacional a seguir ao SL Benfica, Sporting CP, FC Porto e CF Belenenses, feito registado e de assinalar naquele tempo para uma colectividade da província.
O Vitoria SC terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 8ª posição da tabela classificativa. Todavia, a posição alcançada e que se situa a meio da tabela geral, num campeonato disputado por 14 clubes, não foi sinónimo de normalidade nem de uma prova sem sobressaltos. Antes pelo contrário, pois o Vitoria SC viu-se envolvido ate final da competição na luta pela permanência no principal escalão com o Boavista FC, SC Covilhã, Académica de Coimbra, Atlético CP, SC Braga e GD Estoril – Praia.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1952/53)Alias, o Vitoria SC só garantiu a permanência num dramático jogo disputado na cidade de Guimarães no dia 26 de Abril de 1953 frente ao SC Braga. No Campo da Amorosa, completamente lotado, assistiu-se com elevado dramatismo ao desenrolar do jogo entre vizinhos de Guimarães e Braga e que permaneceu empatado a 2-2 até ao ultimo minuto do encontro, altura em que Caraça apontou o golo da vitoria e da salvação dos vitorianos, que assim venceram a partida por 3-2, remetendo a formação arsenalista para o jogo da liguilha.
Individualmente, na equipa do Vitoria SC, continuava a destacar-se o centrocampista Rebelo. Na principal competição portuguesa voltou a ser um dos totalistas, com 26 jogos, e 4 golos marcados.
(Vitoria SC na época de 1953/54)
(Rebelo no Vitoria SC)Seguiu-se a temporada que fica marcada na historia do Vitoria Sport Clube como a época em que o clube vimaranense desceu pela primeira vez à 2ª Divisão Nacional, facto que apenas voltaria a suceder passado mais de 50 anos, nomeadamente no final da recente temporada de 2005/06, em que o clube foi relegado à 2ª Liga.
Inexplicavelmente a formação vimaranense não conseguiu garantir a manutenção no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1954/55, facto que surpreendeu todo o panorama futebolístico nacional, logo numa altura em que o Vitoria SC tinha apostado fortemente para aquela época.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1954/55)
No início da temporada contratou o conceituado treinador inglês Randolph Galloaway que em Portugal tinha alcançado enorme sucesso ao conquistar três títulos de campeão nacional de forma consecutiva como técnico principal do Sporting CP.
A 3 jornadas do final do Campeonato o Vitoria SC tinha pela frente três verdadeiras finais onde só o triunfo poderia evitar o fatídico desiderato que veio a suceder. Na primeira dessa três finais ainda vence no Campo da Amorosa a Académica de Coimbra por 2-1, mas na penúltima jornada carimba definitivamente o passaporte rumo à 2ª Divisão ao não conseguir levar de vencida o Atlético CP.
(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1954/55)
O jogo termina empatado a 0-0, com o Vitoria SC, apoiando por uma imensa falange de apoio que viajou de Guimarães, a desperdiçar inúmeras oportunidades para se adiantar no marcador e assim levar de vencida o adversário. Recorda-se um lance a poucos minutos do final do jogo quando José da Costa, um dos mais prestigiados jogadores do Vitoria, falhou um golo fácil, isolado perante o guarda-redes do Atlético CP.
Foi uma profunda tristeza e desilusão para as gentes de Guimarães que se queixaram de uma tremenda falta de sorte, não só naquele jogo como em outras situações, como a grave lesão que vitimou Rola, um dos mais categorizados jogadores do Vitoria SC e que o impediu de dar o seu contributo à equipa durante quase toda a temporada. O Vitoria SC foi o último classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1954/55, com tão só 17 pontos contabilizados.
(Manuel Tavares Rebelo, o "Cataninha")