Zézinho decidiu então, com apenas 20 anos de idade, tentar a sua sorte em Portugal. Indicado por Edmur, antiga glória do clube minhoto, Zézinho chegou à cidade de Guimarães em Agosto de 1968, para prestar provas na equipa principal do Vitoria SC.
Após um pequeno período de tempo em que esteve à experiência e onde participou em vários treinos de conjunto sob a égide do brasileiro Jorge Vieira, treinador da equipa minhota – também seu antigo técnico na formação do Vasco da Gamas - Zézinho acabou por ser convidado a celebrar contrato com o clube, integrando assim o plantel do Vitoria SC para a temporada de 1968/69.
Apesar da sua juventude, terá sido mesmo uma das grandes surpresas da equipa do Vitoria SC na fantástica temporada de 1968/69, época em que os vimaranenses lutaram acerrimamente pelo titulo de campeão e que terminaram o Campeonato Nacional da 1ª Divisão no 3º lugar da classificação geral.
Foi o n.º 7 da equipa do Vitoria SC na temporada de 1968/69, actuando principalmente na posição de extremo direito no ataque, um lugar bem de acordo com as suas potencialidades e características.
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(Zézinho com a camisola do Vitoria SC)
Zézinho ganhou grande notoriedade no Vitoria SC, como nos outros clubes que representou em Portugal, essencialmente pelos venenosos contra ataques em que era o protagonista principal, pela sua velocidade e domínio de bola.
Era porém um jogador que dava-se facilmente à marcação se apenas limitasse o seu raio de acção aquela posição do terreno. Muitas vezes Zézinho tinha de flectir para o centro do campo, deambulando em desmarcações permanentes, em busca da melhor posição para servir os avançados de área da equipa ou mesmo para ele próprio surgir a finalizar.
Tinha uma capacidade de desmarcação fora do vulgar, é certo, mas também era quase sempre bem servido, essencialmente, pela acção do capitão do Vitoria SC Peres que com os seus passes o isolava, recorrentemente, em frente à baliza adversária. A capacidade de finalização era também um dos melhores argumentos de Zézinho, que ao serviço do Vitoria SC marcou alguns golos.
Por outro lado, Zézinho era também um jogador imbuído de um espírito de luta fantástico, apresentando-se sempre pronto a apoiar o sector defensivo da equipa, o que nem sempre era frequente em jogadores da escola brasileira. Fisicamente não era um jogador muito dotado, mas nunca por nunca virava a cara à luta.
Na temporada de 1968/69 o Vitoria SC conseguiu no Campeonato Nacional da 1ª Divisão atingir pela primeira vez na sua história o 3º lugar na classificação final. Ainda hoje é e continua a ser a melhor classificação de sempre do Vitoria SC na principal competição portuguesa, apesar de já ter sido igualada no decorrer da década de 80 e na de 90.
Além da equipa vimaranense ter atingido um lugar no pódio na principal competição nacional, outro feito de inegável importância foi conquistado nesta temporada de 1968/69. Fruto do brilhante 3º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Vitoria SC garantiu o direito a participar pela primeira vez na sua história nas competições internacionais de clubes na temporada seguinte.
Ofensivamente a equipa do Vitoria SC era mágica, mas acima de tudo mortífera. O Vitoria SC na época de 1968/69 foi também uma das equipas mais realizadoras do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Zézinho, Mendes e Manuel, formavam um trio de ataque demolidor, com o brasileiro Manuel e sagrar-se como o melhor marcador da equipa e o 2º melhor na prova.
A estreia oficial de Zézinho ao serviço do Vitoria SC ocorreu à 6ª jornada no Estádio Municipal de Guimarães frente à equipa do GD Cuf, um adversário tradicionalmente muito difícil para os vimaranenses, mesmo no se reduto.
A equipa do Vitoria SC entrou muito bem no jogo marcando primeiro por intermédio de Zézinho, que assim estreava-se também a marcar com a camisola do Vitoria SC. Todavia, a um minuto do final da primeira metade do desafio e quando nada o fazia esperar a equipa do GD Cuf chegou à igualdade.
O Vitoria SC, no decorrer da segunda parte, conseguiu, porém, desempatar o marcador vencendo assim a contenda por 2-1, mercê de um fantástico golo fruto de um remate de execução primorosa do avançado brasileiro Manuel.
(Disputando um lance na partida frente ao Slovan no Torneio Cidade do Porto)
Zézinho actuou em 19 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1968/69, apontando 6 golos ao longo da competição. Foi mesmo o 2º melhor marcador da equipa vimaranense nesta época de estreia no futebol português.
(Equipa do Vitoria SC no Estádio da Luz em 1968/69) (Zézinho n.º 7 finalizando jogada de ataque frente ao FC Vizela na temporada de 1968/69) (Equipa do Vitoria SC em França na época de 1968/69(Zézinho com Américo, guarda-redes do FC Porto, numa partida da temporada de 1968/69)
Seguiu-se a temporada de 1969/70, uma época que fica marcada por mais um excelente desempenho da equipa do Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, mas acima de tudo, pela primeira participação do clube em provas internacionais de carácter oficial, mercê da sensacional classificação obtida no ano transacto.
Gilberto Carvalho, conhecido pelo diminutivo de Giba, conceituado técnico brasileiro, foi a escolha da Direcção do Vitoria SC para substituir o treinador Jorge Vieira que entretanto regressou ao Brasil. Por motivos de doença Giba seria substituído praticamente no início da época por Fernando Caiado.
(Zézinho tenta cabecear a bola num desafio em Espanha entre o Vitoria SC e o Osasuna)
Realce ainda, na época de 1969/70, para o facto do extremo Zézinho ter integrado a equipa titular do Vitoria SC que no dia 10 de Setembro de 1969 fez a sua estreia nas competições internacionais de clubes frente ao Banik Ostrava da Checoslováquia.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1969/70)
(Equipa do Vitoria SC na época de 1969/70) (Zézinho de cabeça finaliza num particular frente ao CS Maritimo no Funchal)Na época de 1970/71, Zézinho cumpriu o 3º ano consecutivo ao serviço do Vitoria SC. Colectivamente, mas também individualmente, este foi sem duvida o pior ano de Zézinho ao serviço da formação vitoriana.
Esta temporada trouxe também para Guimarães um novo treinador para a equipa principal do Vitoria SC. Na verdade, tratava-se efectivamente de um regresso e não de um novo treinador, pois o brasileiro Jorge Vieira voltava a assumir os destinos da equipa vimaranense.
Consumava-se assim o ansiado regresso do treinador brasileiro ao Vitoria SC, tal como os sócios tanto desejavam, criando uma onda de grande entusiasmo e optimismo junto da massa associativa, que acreditava repetir a façanha protagonizada na época de 1968/69.
Não seria porem um regresso feliz, o de Jorge Vieira ao Vitoria SC. Acabou por ser substituído no cargo de treinador principal pelo capitão de equipa o centrocampista Peres.
A equipa do Vitoria SC conseguiu a manutenção – objectivo que se tornou prioritário com o desenrolar da temporada – a muito custo e forma manifestamente sofrida, quer pelos atletas e técnicos, quer pelos responsáveis directivos do clube e a massa associativa.
Zézinho participou em 24 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1970/71, apontando pela sua conta pessoal um total de apenas 3 golos na competição. Participou ainda em todos os encontros que o Vitoria SC disputou nesta temporada na Taça das Cidades com Feiras, frente aos franceses do Angloumê e dos escoceses do Hibernian.
No final da época de 1970/71 os responsáveis directivos do Vitoria SC operaram uma verdadeira revolução no lote de jogadores que compunham o plantel sénior do clube. Varias saídas e entradas de jogadores num processo de rejuvenescimento que chegava talvez com um ano de atraso.
Um dos jogadores que deixou o Vitoria SC no final desta temporada foi exactamente o extremo Zézinho. Não foi, porém, uma saída da iniciativa do clube, já que Zézinho era ainda um jovem jogador que tinha provado ao longo dos 3 anos ao serviço do clube ter qualidade suficiente para permanecer.
O jogador, contudo, ao abrigo da Lei Militar, transferiu-se para o CF Belenenses que lhe acenou com uma proposta bem mais vantajosa do que aquela que o Vitoria SC podia oferecer.
(No CF Belenenses na época de 1971/72)
Foi bastante utilizado na equipa do CF Belenenses, treinada inicialmente por Zezé Moreira (substituído à 24ª jornada por Alejandro Scopelli e Peres Bandeira), que se classificou na 7ª posição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1971/72. Alinhou em 20 partidas oficiais da principal prova portuguesa, apontando somente um golo.
Na época de 1973/74 o Boavista FC foi apenas o 9º classificado, tendo Zézinho como técnico principal Aimoré Moreira. Nesse ano, Zézinho foi titular indiscutível na equipa do Bessa, participando nas 30 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão e apontado 7 golos na competição. Foi mesmo o segundo melhor marcador da formação do Boavista FC.
(Zézinho com as cores do equipamento axadrezado do Boavista FC)Na temporada seguinte, com a chegada de José Maria Pedroto ao clube é que o Boavista FC se afirma definitivamente no panorama futebolístico português. Logo na primeira temporada de Pedroto no clube – a segunda de Zézinho de axadrezado – o Boavista FC conquista um 4º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Nesta época de 1974/75, de sucesso do Boavista FC, Zézinho jogou apenas 18 partidas, apontando 5 golos na principal competição nacional. Alternava a titularidade com o lugar de suplente frequentemente utilizado por José Maria Pedroto.
Esta temporada de 1974/75 ficou marcada pela conquista da Taça de Portugal, numa final em que o Boavista FC venceu o SL Benfica por 2-1, embora sem a participação de Zézinho que não actuou nesse encontro.
(Zézinho em pleno Estadio do Bessa ao serviço do Boavista FC na época de 1974/75)
O Boavista FC revalidaria a conquista deste troféu na época seguinte, desta vez, sobre o Vitoria SC, antigo clube de Zézinho, numa partida em que o extremo luso-brasileiro também não participou.
Já no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1975/76 o Boavista FC sagrou-se vice campeão nacional, obtendo um fabuloso 2º lugar na tabela classificativa. A participação de Zézinho na equipa boavisteira nesta prova manteve-se nos níveis daquilo que se verificou na época anterior. Alinhou em 17 partidas da prova e apontou 8 golos, sendo, novamente o segundo melhor marcador da equipa, atrás de João Alves que foi o melhor com 15 golos.
Zézinho despediu-se do Boavista FC precisamente no jogo da final da Taça de Portugal frente ao Vitoria SC, o seu primeiro clube em Portugal. Não jogou esse encontro, mas esteve no banco de suplentes. Ainda antes desse jogo da final, já Zézinho tinha assinado um contrato com o SC Braga por 2 anos.
Argumentava Zézinho que o contrato que assinara com o SC Braga era bem mais vantajoso do que aquele que os boavisteiros lhe ofereciam, além da verdadeira rábula que rodeou a proposta de renovação apresentada pelo Boavista FC.
Por um lado, os dirigentes do Boavista FC, Valentim Loureiro e Pinto de Sousa, afirmando publicamente que o contrato de renovação de Zézinho já estava assinado e depositado na Federação Portuguesa de Futebol, quando o jogador sabia que o contrato nem reconhecido notarialmente estava.
O comportamento dos dirigentes boavisteiros avolumou ainda mais a vontade de Zézinho em sair do clube. É assim que ingressa no SC Braga como a principal aquisição dos arsenalistas para a época de 1976/77.
(Com a camisola do SC Braga na época de 1976/77)
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(SC Braga na temporada de 1976/77)
No SC Braga Zézinho encontrou como treinador Mário Lino, que todavia não acabou a época no clube, sendo substituído na última jornada por Hilário Conceição. Foi porém titular indiscutível no SC Braga que terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão num honroso 8º lugar. Alinhou em 25 jogos naquela competição e apontou 6 golos, ficando atrás de Chico Gordo, o melhor marcador dos arsenalistas.
Nesta época voltou a estar presente na final da Taça de Portugal, agora defrontando o FC Porto. Mas desta feita não venceu a competição, já que o FC Porto venceu os bracarenses na final disputada no Estádio das Antas por 1-0, com um golo da autoria de Fernando Gomes. Mas mais uma vez Zézinho não participou naquele decisivo jogo.
Realce ainda para a conquista pelo SC Braga na temporada de 1976/77 da Taça Federação Portuguesa de Futebol, competição com passagem efémera pelo calendário futebolístico nacional.
(Equipa do SC Braga na época de 1976/77)
(Equipado no SC Braga na temporada de 1976/77) (Novamente numa equipa do SC Braga na temporada de 1976/77)Acabou todavia por não cumprir os dois anos de contrato que celebrou com o SC Braga, transferindo-se na época de 1977/78 para o SC Espinho que lhe acenou com um contrato melhor. Zézinho perto dos 30 anos de idade procurava a independência económica e assistiu decidiu aceitar a proposta dos espinhenses.
No SC Espinho não foi nada feliz. Numa partida precisamente frente ao Vitoria SC Zézinho lesionou-se com alguma gravidade ficando um longo período fora dos relvados. Participou apenas em 14 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sem ter apontado qualquer golo.
(Plantel do SC Espinho na época de 1977/78)
Foi de facto uma época fraca, não só de Zézinho - que ficou bastante aquém daquilo que dele se esperava – como do próprio SC Espinho, treinado por Mário Morais, que terminou classificado no 14º lugar, descendo por isso à 2ª Divisão Nacional.
A temporada de 1977/78 seria a ultima época de Zézinho na 1ª Divisão Nacional. Prosseguiu a carreira em clubes de menor dimensão, militando nas divisões inferiores do futebol português.
Terminou a carreira no CD Cinfães, clube da 1ª Divisão Distrital da A.F. Viseu, na temporada de 1982/83, onde acumulava as funções de treinador/jogador. Naquela época conseguiu levar a modesta equipa do distrito de Viseu aos oitavos de final da Taça de Portugal.
Depois de deixar o futebol, Zézinho, entretanto falecido, continuou a residir em Portugal, concretamente em Castro Daire, localidade onde exercia as funções de docente na disciplina de educação física na Escola Secundaria.