Glórias do Passado: Pedro Espinha

 

Pedro Espinha


Recordamos desta feita o guarda-redes Pedro Espinha que se tornou jogador internacional português quando se encontrava ao serviço do Vitoria de Guimarães, clube onde mais se destacou e onde seguramente se afirmou como um dos melhores guarda-redes portugueses da história mais recente do futebol nacional.

Pedro Manuel Espinha Ferreira, nasceu no dia 25 de Setembro de 1965 na cidade de Mafra, e desde muito novo se dedicou à paixão pelas balizas de futebol, seguindo as pisadas do seu pai que também foi guarda redes de futebol nas camadas mais jovens do SL Benfica nos tempos do húngaro Otto Gloria. Na altura, ainda miúdo, tinha como principal referencia o guarda-redes internacional português Vítor Damas, a quem considerava o ídolo da sua infância.

Miúdo ainda, era um admirado rei nas improvisadas balizas do Liceu onde estudava ou no modesto clube de um bairro de Lisboa onde oficialmente deu os seus primeiros pontapés na bola. Regista-se oficialmente como guarda-redes da equipa do SB Corvense no seu escalão de iniciados na temporada de 1979/80. Do SB Corvense, seguiu-se um trajecto de jogador de futebol trilhado nos melhores palcos das competições futebolísticas nacionais e internacionais. Passou pelo CF Belenenses, CD Cova da Piedade, SCU Torreense, Académica de Coimbra, SG Sacavenense, SC Salgueiros, Vitoria SC, FC Porto, Vitoria de Setúbal, alem das representações pela Selecção Nacional de Portugal.

Jogou ainda na temporada de 1980/81 no SB Corvense no seu primeiro ano no escalão de juvenis, transferindo-se na segunda temporada naquele escalão para o CF Belenenses onde fez a restante formação futebolística.

Em 1983/84 terminava a sua carreira nos escalões de formação da equipa de juniores do CF Belenenses, clube do qual foi dispensado, pelo que a sua primeira experiência no escalão sénior é feita no CD Cova da Piedade da 2ª Divisão Nacional na temporada de 1984/85.

No CD Cova da Piedade pisou pela primeira vez um dos principais palcos do futebol português, aquele mesmo em que curiosamente viria mais tarde a fazer a sua estreia na 1ª Divisão Nacional. A equipa do CD Cova da Piedade chegava meritoriamente aos oitavos de final da Taça de Portugal onde teve que defrontar o SL Benfica em pleno Estádio da Luz. Pedro, com apenas 19 anos de idade, foi o guarda-redes que defendeu as balizas do CD Cova da Piedade, ou pelo menos tentou. Naquele dia 19 de Março de 1985, SL Benfica venceu o encontro por 4-0, com golos da autoria de Jorge Silva, Nunes e Nené, que apontou dois.

Rezam as crónicas da altura que Pedro não foi brilhante, cometendo alguns erros que resultaram em golos dos encarnados. Diz-se que se preocupou mais com as defesas dignas de uma pose para a fotografia do que com a eficácia necessária para quem ocupa aquela posição no terreno de jogo, todavia, cremos, seriam por certo consequências da inexperiência e da juventude, já que a sua subsequente carreira revelam características totalmente distintas do exibicionismo.

Pedro era um guarda-redes extremamente sólido, eficaz e de grande capacidade. Entre os postes era imponente, rápido e com reflexos apurados o que lhe permitia a execução de defesas consideradas impossíveis. Fora da baliza, respondia com segurança às bolas aéreas e com uma rapidez assinalável nas saídas aos pés dos avançados contrários. Raramente errava, era fiável como o melhor relógio suíço, não se lhe apontando defeitos assinaláveis.

Era também muito inteligente na coordenação defensiva, com uma tranquilidade assustadora e com sentido de responsabilidade e um profissionalismo irrepreensível. Com o decorrer da carreira foi ganhando uma enorme experiência e maturidade que lhe foram essenciais na sua afirmação no futebol português ao ponto de chegar a defender as balizas de Portugal em grandes competições como o Europeu de 2000.

Do CD Cova da Piedade seguiu na época seguinte de 1985/86 para o SCU Torreense também da 2ª Divisão Nacional, onde a qualidade dos seus desempenhos foram suficientes para convencer a Académica de Coimbra treinada por Vítor Manuel a contratar os seus serviços.

Rubrica contrato com a equipa da briosa, integrando o plantel que iria disputar a 1ª Divisão Nacional como suplente do guarda-redes Vítor Nóvoa que também viria a ser jogador e treinador no Vitoria. Era a sua primeira experiência no mais alto escalão do futebol português, sem que todavia conseguisse perder a condição de suplente. Apenas foi utilizado numa partida ao longo daquela edição do Nacional maior do futebol português.
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Lançado pelo treinador Vítor Manuel, fez a sua estreia na 1ª Divisão Nacional no dia 16 de Novembro de 1986 no Estádio da Luz frente ao SL Benfica, em encontro que os encarnados viriam a vencer por 2-0. Nessa partida, Pedro realizou uma exibição perfeitamente normal não tendo de nenhuma forma comprometido a sua equipa.
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(Académica de Coimbra em 1986/87)
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(Académica de Coimbra em 1986/87)
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(Academica de Coimbra em 1986/87)
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Pedro não estava todavia interessado em prosseguir a carreira na condição de suplente e mais uma vez decide dar um passo atrás com o objectivo de no futuro poder dar dois em frente. Volta a jogar na 2ª Divisão Nacional, desta feita ao serviço do SG Sacavenense, clube que representa durante as temporadas de 1987/88 e 1988/89. Em ambas as épocas Pedro está novamente em plano de evidência, sobretudo na segunda temporada, que, apesar de colectivamente ter sido aziaga para o clube de Sacavém - pois posicionaram-se na última colocação da tabela descendo por essa via á 3ª Divisão Nacional - foi um excelente cartão de visita para regressar a um clube da 1ª Divisão.

Vai assinar contrato com o CF Belenenses, voltando assim ao clube que havia representado enquanto juvenil e júnior. Seriam mais cinco anos consecutivos com o emblema da Cruz de Cristo ao peito.
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Na primeira época no Restelo Pedro foi suplente do suplente. O CF Belenenses treinado pelo búlgaro Hristo Mladenov tinha no seu plantel outros dois guarda-redes de inegável capacidade e uma vasta experiência. A titular, o internacional búlgaro Mihailov, e ainda com alguma utilização o português Justino. O CF Belenenses fez uma boa época terminando o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1989/90 na 6ª colocação.
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(CF Belenenses 1989/90)
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Na temporada seguinte os responsáveis do CF Belenenses decidiram criar um clube satélite afim de proporcionar rodagem aos jogadores mais novos. Assim, na época de 1990/91 o guarda-redes Pedro é inscrito pelo CF Belenenses que participava na 1ª Divisão e pelo Juventude de Belém FC, como clube satélite que iria disputar a 3ª Divisão Nacional.
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(CF Belenenses de 1990/91)
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Nesta época de 1990/91 Pedro começa por defender as redes do Juventude de Belém FC. Todavia, os maus resultados realizados pela equipa principal do CF Belenenses na 1ª Divisão Nacional, provocaram a substituição do técnico Henry Depireux pelo brasileiro Moisés Matias Andrade. A meio da época Pedro iria agarrar a titularidade na equipa principal substituindo o internacional búlgaro Mihailov acabando por efectuar 15 jogos naquela edição do Campeonato Nacional.
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O CF Belenenses realizaria uma paupérrima campanha global naquela época acabando por ser relegado à 2ª Divisão de Honra do futebol português fruto da 19ª posição na tabela classificativa.
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(Juventude de Belem em 1990/91)
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(Juventude de Belem em 1990/91)
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A temporada seguinte ainda foi iniciada pelo brasileiro Moisés Matias Andrade como técnico principal, mas que viria a ser substituído pelo também brasileiro Abel Braga. Depois de um mau arranque, o CF Belenenses ainda foi a tempo de conseguir classificar-se na 2ª posição na tabela do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de Honra de 1991/92 e assim ascender ao escalão principal. Pedro foi um dos baluartes da equipa azul que cimentou o regresso à 1ª Divisão Nacional. Actuou nos 34 jogos da prova.
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(CF Belenenses em 1991/92)
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(CF Belenenses em 1991/92)
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Regressando à 1ª Divisão Nacional o CF Belenenses mantinha o seu técnico Abel Braga e como seu principal guarda-redes o Pedro. É a ele que é entregue a titularidade da baliza dos azuis desde o início da temporada. Pedro viria contudo a perder a titularidade para o veterano Figueiredo.
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Pedro jogou as primeiras 23 partidas da competição. À 23 jornada Pedro perdeu a camisola n.º 1 depois da equipa da Cruz de Cristo ter perdido na Madeira frente ao Marítimo por 4-2. O CF Belenenses estava em 6º lugar na luta pelo acesso às competições europeias. Após essa derrota Pedro não mais jogou naquela temporada em que o CF Belenenses terminou a prova em 7º lugar.
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(CF Belenenses de 1992/93)
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(Caricatura de Pedro Espinha)
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(CF Belenenses em 1992/93)
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(CF Belenenses 1992/93)
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(CF Belenenses 1992/93)
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Na época seguinte aconteceria o inverso. Começou Figueiredo como titular cedendo mais tarde o lugar no onze azul a Pedro. Foi todavia uma época bem mais conturbada para o CF Belenenses onde naquela temporada de 1993/94 passaram 3 técnicos. Começou Abel Braga, mais tarde substituído por José António e finalmente José Romão.

Pedro estreou-se na competição de 1993/94 apenas à 17ª jornada em jogo frente ao Vitoria de Setúbal no Estádio do Bonfim, com os sadinos a derrotarem a equipa do Restelo por 3-0.
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Nesta que foi a sua última época no CF Belenenses Pedro actuou em apenas 13 partidas. Desses 13 jogos, destacamos aquele em que Pedro foi uma das vítimas do avançado tunisino Ziad do Vitoria de Guimarães. À 23ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1993/94, o Vitoria treinado por Bernardino Pedroto recebeu e venceu o CF Belenenses por 3-0. Em jogo disputado no Estádio D. Afonso Henriques e arbitrado por Mário Leal da A.F. de Leiria, o verdadeiro rei naquela tarde em Guimarães foi Ziad que apontou os 3 golos do Vitoria, fuzilando Pedro aos 17, 30 e 42 minutos.
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(CF Belenenses 1993/94)
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(CF Belenenses em 1993/94)
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(CF Belenenses em 1993/94)
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(Caricatura de Pedro Espinha)
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No final da época de 1993/94 Pedro deixou o CF Belenenses que viria a contratar o guarda-redes internacional jugoslavo Tomislav Ivkovic para o seu plantel. Pedro seguiu viagem para norte assinando um contrato valido por 3 temporadas com o SC Salgueiros.

No SC Salgueiros, Pedro adquiriu mais um nome futebolístico, acrescentando o Espinha ao Pedro, pois na formação de Paranhos já existia um outro Pedro. Assim Pedro, o guarda-redes, passou a ser conhecido por Pedro Espinha, e Pedro, o central, passou a Pedro Reis, o mítico capitão salgueirista.
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O plantel do SC Salgueiros treinado por Mário Reis, integrava na época de 1994/95 alem de Pedro Espinha, mais 3 guarda-redes: o veterano Madureira, e os eternos suplentes Best e Fernando. Nesta equipa do SC Salgueiros pontificavam os extremos Edmilson, brasileiro que jogaria no FC Porto e no Sporting CP, alem do PSG e ainda Basílio, que em Guimarães, virou Basílio Almeida.
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(SC Salgueiros em 1994/95)
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Fez a sua estreia pelo popular clube de Paranhos logo na 1ª jornada da edição de 1994/95 do Campeonato Nacional da 1ª Divisão no Estádio Municipal de Chaves, onde o Desportivo local treinado por António Jesus, recebeu o SC Salgueiros. Excelente estreia de Pedro Espinha, com uma grande exibição e decisiva para a conquista da vitoria alcançada por 0-1 com o golo da autoria de Chico Oliveira aos 44 minutos.

Pedro Espinha alinhou em 33 jogos neste Campeonato Nacional. Foi o titular indiscutível apenas cedendo o seu lugar nas duas ultimas jornadas, onde no decorrer da penúltima foi substituído durante o jogo frente ao FC Porto por Madureira, que viria a jogar também na ultima ronda em Barcelos frente ao Gil Vicente FC, quando estava já tudo decidido para a equipa do SC Salgueiros.
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O SC Salgueiros terminou a prova numa tranquila 11ª posição no Campeonato Nacional. Pedro Espinha com as suas exibições teve grande influência no rendimento de toda a equipa.
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(SC Salgueiros em 1994/95)
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(SC Salgueiros em 1994/95)
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Na época de 1995/96 o SC Salgueiros fez novamente um campeonato tranquilo como bem demonstra o 10º lugar alcançado no final da competição. Pedro Espinha foi totalista alinhando nas 34 jornadas da prova, não dando qualquer hipótese a Madureira e ao jovem Jorge Silva, seus companheiros de posição no plantel salgueirista.
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Grande destaque para o jogo da 6ª jornada quando Pedro Espinha parou todas as investidas do super ataque do Vitoria formado por V. Paneira, Capucho, Dane, Gilmar, Edinho e companhia. O SC Salgueiros venceu em Guimarães o Vitoria por 1-2. No jogo disputado no Estádio D. Afonso Henriques e apitado pelo famoso Carlos Calheiros da A.F. de Viana do Castelo, o Vitoria marcou primeiro por V. Paneira logo aos 9 minutos, mas Basílio, o tal que virou também Almeida em Guimarães, virou o resultado com 2 golos. O Vitoria, e sua armada ofensiva, bem tentaram virar a sorte do marcador mas teimosamente Pedro Espinha foi negando a concretização dos seus intentos.
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(SC Salgueiros em 1995/96)
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(SC Salgueiros em 1995/96)
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(SC Salgueiros em 1995/96)
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Inicia-se a época de 1996/97 com Carlos Manuel no comando técnico do colectivo de Paranhos. Pedro Espinha partia para aquela que seria a sua última temporada no tradicional clube da cidade invicta.

O técnico Carlos Manuel decidiu entregar a titularidade da baliza salgueirista ao jovem Jorge Silva relegando Pedro Espinha para o banco de suplentes. À 20ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão o treinador português determinou uma mudança na baliza do SC Salgueiros depois de duas derrotas consecutivas por 3-1 frente ao Rio Ave FC em Paranhos e com o Marítimo no Funchal.
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Assim, Pedro Espinha estreia-se naquela edição da competição mor do futebol nacional na tarde do dia 16/02/1997, no Estádio Eng. Vidal Pinheiro, no jogo entre o SC Salgueiros e o Leça da Palmeira. Perante cerca de 3.500 espectadores, num terreno extremamente pesado devido as chuvas e sob arbitragem de José Rufino da A. F. Algarve, o turma salgueirista venceu com dificuldade o encontro por 1-0 com o golo a ser apontado logo ao 3 minutos por Abílio na transformação de uma grande penalidade.
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(SC Salgueiros em 1996/97)
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O certo é que, a partir desse momento a equipa do SC Salgueiros iniciou um processo de desenfreada escalada na tabela classificativa, subindo até à luta pelo acesso aos lugares europeus, onde veio a travar uma acesa luta com o Vitoria de Guimarães por lugar na Taça Uefa da época seguinte.

Mas antes de nos referirmos ao dramático final de época em que o SC Salgueiros e o Vitoria chegaram, há que salientar que a partir do momento em que Pedro Espinha foi para o lugar de titular da baliza salgueirista os resultados positivos foram-se sucedendo, contabilizando-se varias vitoria e empates consecutivos. A equipa do SC Salgueiros esteve várias jornadas sem perder. Para esse sucesso contribuiu de incontável forma o guarda-redes Pedro Espinha.

Destaque para as vitórias alcançadas no Estádio das Antas e no Estádio da Luz frente ao FC Porto e SL Benfica respectivamente. No Porto uma vitoria por 1-2 com Pedro Espinha a negar vezes sem conta o golo aos azuis e brancos. Em Lisboa uma empolgante vitoria por 3-4. À 23ª jornada realizada na tarde do dia 16 de Março de 1997 perante cerca de 15.000 espectadores o SC Salgueiros derrotou os encarnados do SL Benfica por 3-4, com uma constante alternância no marcador.
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O SL Benfica partiu na frente do marcador por Edgar aos 16 minutos de jogo, com o SC Salgueiros a empatar e a ultrapassar no marcador por intermédio de Abílio aos 36 minutos e Nandinho aos 62. O SL Benfica empataria e passaria para a frente do marcador com golos do marroquino Tahar aos 63 minutos e João Pinto aos 82. Mas, perto do final, num verdadeiro golpe de teatro, o brasileiro Marcos Severo apontou aos 89 minutos dois golos de rajada.
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(SC Salgueiros em 1996/97)
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Como acima dissemos a luta pelo 5º lugar na classificação do Campeonato Nacional de 1996/97 que permitia o acesso as provas europeias foi travada intensamente entre o SC Salgueiros e Vitoria de Guimarães. À última jornada nada estava decidido. Em Guimarães o Vitoria recebeu e empatou com o SC Braga a 0-0. À mesma hora no Estádio de São Luís em Faro o SC Salgueiros defrontava o SC Farense. Com o resultado a 1-1 o SC Salgueiros beneficia no último minuto de uma grande penalidade que a ser concretizada entreva o lugar europeu à turma de Paranhos.

Abílio, jogador salgueirista, unanimemente considerado especialista na conversão de grandes penalidades errou o alvo e o resultado manteve-se em 1-1 ate final do jogo, garantindo o Vitoria desta forma o acesso às competições europeias.

Pedro Espinha fez um final de temporada brilhante. Os convites sucederam-se. Pedro Espinha recusou renovar o contrato com o SC Salgueiros e numa jogada de antecipação do Vitoria, acabou por rubricar um contrato de dois anos com os vimaranenses que mais tarde viria a ser renovado por mais uma época. Curiosamente, um dia depois de ter assinado pelo Vitoria, Pedro Espinha ainda recebeu uma proposta do FC Porto que o queria para substituir Vítor Baia que havia sido transferido para o FC Barcelona, mas a proposta que chegou tarde demais para as intenções azuis e brancas. Pedro Espinha já era jogador do Vitoria.
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Ao SC Salgueiros chegou o veterano Silvino para substituir Pedro Espinha. A saída de Pedro Espinha esfriou um pouco mais as relações entre o Vitoria e o clube de Paranhos pois em 2 épocas consecutivas o Vitoria “roubava” o segundo jogador ao SC Salgueiros, pois na anterior havia já contratado Basílio Almeida nas mesmas circunstâncias.
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(SC Salgueiros em 1996/97)
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Assim Pedro Espinha integra o plantel do Vitoria de 1997/98 às ordens de Jaime Pacheco para substituir Madureira, que entretanto depois de dispensado assinou pelo Campomaiorense, e para ser em primeira instancia o suplente de Neno. Todavia, dada a sua qualidade, Pedro Espinha foi titular indiscutível no Vitoria alinhando em 33 jogos ao longo de toda a competição relegando o conceituado Neno para o banco dos suplentes.
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O Vitoria fez uma excepcional temporada em 1997/98 terminando a prova na 3ª colocação e garantindo assim mais um apuramento para as competições internacionais de clubes, apesar da crise que se instalou em Guimarães após a substituição de Jaime Pacheco por Quinito no comando técnico quando o clube até estava posicionado na 2ª posição.
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(Vitoria SC em 1997/98)
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(Vitoria SC em 1997/98)
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A época foi pautada por uma luta titânica entre Vitoria e o SL Benfica pelo 2º lugar na classificação que permitia o disputar o acesso à Liga dos Campeões, porém, no ultimo terço da época os encarnados em virtude de uma série de aquisições efectuadas pelo Presidente Vale e Azevedo dispararam na classificação fruto de varias vitorias consecutivas terminando um Vitoria classificado num excelente 3º lugar que igualava as suas melhores classificações de sempre.

Essencial na excelente campanha vitoriana foi o seu sector defensivo que foi tão só a defesa menos batida da prova com apenas 25 golos encaixados nas 34 jornadas. Pedro Espinha esteve com as suas redes invioláveis centenas de minutos consecutivos e o quarteto defensivo, composto pelos laterais portugueses José Carlos e Tito e pelos centrais brasileiros Márcio Theodoro e Alexandre, era de eleição.
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(Vitoria SC em 1997/98)
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(Vitoria SC em 1997/98)
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Pedro Espinha foi o guarda-redes menos batido do Campeonato Nacional da 1ª Divisão na temporada de 1997/98 o que por si só atesta as suas exibições ao longo da prova. Demonstrou um manancial de qualidades que o tornaram notado e elogiado por toda a critica.

Fez nesta época a sua estreia ao nível das competições internacionais. Foi com a camisola do Vitoria que no dia 16 de Setembro de 1997 defrontou oficialmente uma formação estrangeira. O adversário era de gala mas o resultado não foi o melhor. A Lazio de Roma treinada por Sven Goran Erikson cilindrou o Vitoria por 0-4 em pleno Estádio D. Afonso Henriques, com os golos da autoria de Casiragui, Fuser, Mancini e Nesta.
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No Olímpico de Roma o resultado foi uma nova derrota desta feita pela margem mínima de 2-1, com Pedro Espinha a efectuar um punhado de grande intervenções as investidas dos atacantes transalpinos.
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(Vitoria SC em 1997/98)
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(Vitoria SC 1997/98)
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Já na edição de 1998/99 da Taça Uefa novamente um adversário de respeito no panorama europeu. O Vitoria defrontou os escoceses do Celtic de Glasgow na 1ª eliminatória da Taça Uefa tendo Pedro Espinha defendido as balizas do Vitoria nos 2 encontros.
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A época de 1998/99 Pedro Espinha foi novamente titular indiscutível da baliza vitoriana alinhando em 31 partidas do nacional maior deixando a Neno a responsabilidade de defender nos restantes 3 jogos. O Vitoria terminou a época na 7ª posição da tabela realizando um campeonato mediano onde Zoran Filipovic o técnico do inicio da temporada foi substituído por Quinito.
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(Vitoria SC em 1998/99)
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(Polémico jogo frente ao Boavista FC na época de 1998/99)
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(Vitoria SC em 1998/99)
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(Vitoria SC em 1998/99)
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(Vitoria SC em 1998/99)
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(Vitoria SC em 1998/99)
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De resto, Quinito seria novamente o treinador do Vitoria na temporada seguinte de 1999/00 repetindo a mesma classificação da temporada transacta numa equipa recheada de novos talentos. Pedro Espinha foi de novo titularissimo sendo o seu suplente na baliza o Vítor Nuno.
. (Vitoria SC em 1999/00)
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(Vitoria SC em 1999/00)
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(Vitoria SC em 1999/00)
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(No treino do Vitoria SC na época de 1999/00)
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(Vitoria SC em 1999/00)
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(Vitoria SC em 1999/00)
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Era já nesta altura o segundo guarda-redes de Portugal com consecutivas chamadas a integrar o lote de convocados para os jogos de apuramento para o Europeu realizado na Bélgica/Holanda de 2000.

Destaque para o dia 26 de Março de 1999, quando ao minuto 77, debaixo de um estrondoso aplauso da plateia, entrou em pleno Estádio D. Afonso Henriques para o lugar de Vítor Baia no jogo entre Portugal e o Azerbeijão. Os portugueses golearam o Azerbeijão por 7-0.
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Pedro Espinha foi mesmo um dos eleitos do seleccionador português Humberto Coelho para o Campeonato da Europa de 2000 em que Portugal terminaria num sensacional 3º lugar. Era suplente de Vítor Baia, mas teve a oportunidade de se exibir num dos mais mediáticos estádios do futebol mundial. No terceiro jogo do Grupo A Portugal, já classificado para a ronda seguinte, defrontava a Alemanha na famosa banheira de Roterdão. Pedro Espinha foi o titular da baliza lusa, detendo todas as investidas dos panzers alemães, exibindo-se a grande altura num jogo tão importante como aquele. Portugal venceu por 3-0 com os três golos portugueses a serem apontados por Sérgio Conceição.
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(Selecção de Portugal em 2000)
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(Selecção de Portugal 2000)
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(Selecção de Portugal 2000)
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(Selecção Portugal 2000)
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(Selecção de Portugal 2000)
. (Selecção de Portugal 2000)
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Depois de 3 épocas de grande destaque no Vitoria de Guimarães, e com 34 anos de idade, Pedro Espinha rumou ao FC Porto onde tinha a ilusão de conquistar títulos nacionais coroando assim a sua brilhante carreira. Assumiu a camisola n.º 44 dos dragões. Apesar de ter recusado a proposta de renovação de contrato com os vitorianos Pedro Espinha nunca escondeu o prazer que teve em representar o clube da cidade berço.
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(Na Torre das Antas no dia da assinatura com o FC Porto)
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Todavia no FC Porto não foi muito feliz. Foi pouco utilizado e os títulos conquistados resumiram-se a uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira. Ficou a frustração de nunca se ter sagrado Campeão Nacional.

Na primeira época nos azuis e brancos teve muita concorrência. O guarda-redes internacional russo Ovchinikov que os portistas haviam contratado ao Alverca, alem de Rui Correia e Hilário era todos de grande valor. O FC Porto vivia ainda do drama de ter perdido Vítor Baia.

Fez apenas um jogo no FC Porto no Campeonato Nacional da 1ª Divisão na temporada de 2000/01, na equipa então treinada por Fernando Santos que classificar-se-ia na 2ª posição da tabela. Foi o guarda-redes dos azuis e brancos na Taça de Portugal, à excepção do jogo da final do Jamor em que o titular foi Ovchinikov e Pedro Espinha suplente. O FC Porto venceu o jogo da final por 2-1 ao Marítimo conquistando Pedro Espinha o seu primeiro troféu a nível nacional.

Na temporada seguinte Octávio Machado foi o técnico dos azuis e brancos que não foi alem do 3º lugar no Campeonato Nacional de 2001/02. Antes do início da época, Pedro Espinha ainda ponderou sair do FC Porto aceitando o convite do AEK Atenas treinado por Fernando Santos. Todavia, acreditava que podia ser o titular da baliza do FC Porto o que não veio a concretizar-se. Pedro Espinha não alinhou em nenhuma partida do Nacional e ainda chegou a jogar pela equipa B do FC Porto no Campeonato Nacional da 2ª Divisão B.
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Deixou o FC Porto no final dessa temporada de 2001/02 e rumou à cidade de Setúbal para representar o Vitoria treinado por Luís Campos. Encontrou em Setúbal Marco Tábuas e o jovem Rodrigo, alem de Figueiredo, seu ex companheiro de equipa no CF Belenenses e que ali desempenhava as funções de treinador adjunto de Luís Campos na vertente do treino especifico de guarda-redes.
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(Vitoria de Setubal em 2002/03)
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Na época de 2002/03, a ultima enquanto jogador profissional de futebol, Pedro Espinha dividiu a defesa das redes sadinas com Marco Tábuas, tendo o veterano internacional português alinhado em 17 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, no qual o Vitoria de Setúbal se classificou na ultima posição tendo descido juntamente com o Varzim e o Santa Clara dos Açores à 2ª Divisão de Honra.
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(Vitoria de Setubal em 2002/03)
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(Com Marco Tabuas o outro guarda-redes no Vitoria de Setubal)
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(Vitoria de Setubal 2002/03)
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(Vitoria de Setubal em 2002/03)
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Terminou a sua brilhante carreira praticamente com 38 anos de idade. Representou grandes e históricos clubes do futebol português, foi 6 vezes internacional A pela Selecção de Portugal tendo participado numa grande competição de países. De toda a sua carreira destaca-se logicamente a passagem pelo Vitoria Sport Clube onde as suas exibições atingiram os melhores níveis.
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Abandonou a carreira de jogador profissional de futebol, mas não pendurou as luvas. Enveredou pela área do treino específico dos guarda-redes. Iniciou-se no ano de 2004 no Vitoria de Setúbal como treinador daquele posto específico nos diversos escalões do clube sadino chegando mais tarde também ao futebol profissional. Actualmente, com 42 anos de idade exerce as funções de treinador de guarda-redes nos quadros da Federação Portuguesa de Futebol.
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(Selecção sub 21 Portugal no Europeu de 2004)
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(Selecção de Portugal sub 21 em 2006/07)
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(Pedro Espinha o seu autografo)


Autor: Alberto de Castro Abreu

O Pedro Espinha foi um grande guarda-redes.
Tenho pena que tenha saído do Belenenses tão cedo, pois tal como se verificou, o seu apogeu ainda estava para vir.
 
Guarda redes fantastico!!
Parabens para o site esta muito bem elaborado pena nao ter mais glorias do passado do vitoria das epocas 98/99/00 saudacoes desportivas
 
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