
O brasileiro Manuel irá permanecer ao serviço do Vitoria SC durante três temporadas consecutivas ficando celebre, nesta altura, não apenas pelos golos que marcou com a camisola vitoriana, mas também pela dupla atacante e demolidora que emparelhou com Mendes, o “Pé Canhão”.
Natural do Rio de Janeiro, no Brasil, cidade onde nasceu no dia 25 de Fevereiro de 1945, Manuel Martins de Sousa, representou vários clubes cariocas até ingressar no S. Cruz FC, da cidade do Recife, no estado de Pernambuco, clube onde viria a ser descoberto pelos emissários do Vitoria SC.
Manuel começou a jogar futebol com 16 anos de idade no Fluminense FC. Passou, seguidamente, pelo América FC e pelo Olaria AC, ambos os clubes também do Rio de Janeiro, antes de ingressar no S. Cruz FC e finalmente rumar a Portugal.
Vem para o nosso país com 24 anos idade para reforçar a equipa do Vitoria SC e substituir o seu compatriota Campinense, um avançado que não conseguiu convencer os adeptos e responsáveis vitorianos.
A época de 1967/68 ficou marcada pela onda de lesões que fustigou a equipa vitoriana ao longo de quase toda a temporada. Por esse motivo, a equipa do Vitoria SC começou muito mal o Campeonato Nacional da 1ª Divisão sofrendo, desde logo, três derrotas consecutivas nas três primeiras jornadas da competição.
À medida que os lesionados foram recuperando, o Vitoria SC começou a subir de produção, melhorando visivelmente os seus resultados e, consequentemente, a sua posição na tabela classificativa, de tal modo que ainda viria a terminar o Campeonato Nacional da 1ª Divisão classificado 6ª posição da tabela.
O avançado Manuel realizou um total de 20 jogos na principal competição portuguesa, tendo apontado somente 7 golos, um numero suficiente, porem, para o tornar no melhor marcador da equipa do Vitoria SC nesta edição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
As suas exibições, contudo, nem sempre foram do agrado da massa associativa e consentâneas com as exigências dos responsáveis vitorianos. Na verdade, o seu rendimento foi algo titubeante, o que deixou muita gente apreensiva quanto ao real valor do avançado brasileiro.

(Manuel no Vitoria SC na época de 1967/68)

Na época seguinte de 1968/69, todavia, Manuel viria a ser um dos principais protagonistas do Vitoria SC, exercendo uma influencia decisiva na sensacional equipa vitoriana que conquistou, brilhantemente, o 3º lugar na classificação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão e garantiu, pela primeira vez na historia do clube, um apuramento para as competições internacionais.
Alem de protagonista na equipa vimaranense, Manuel acabou mesmo por ser um dos principais goleadores da principal competição nacional, alcançando o 2º lugar na lista dos melhores marcadores, pelos 18 golos apontados, com apenas menos um golo que o melhor marcador da prova, o celebre avançado da Académica de Coimbra, Manuel Antonio.
Como se disse, Manuel era um avançado centro voluntarioso, oportunista, com uma inegável intuição para o golo e cuja principal característica era a sua grande mobilidade e capacidade de desmarcação.
Tecnicista, finalizava bem com os dois pés, Manuel revelava-se, também, como um excelente cabeceador. Era, porém, um genuíno jogador atacante típico do futebol brasileiro. Jogava na muito na “tabelinha”, na simulação, no passe curto, na arrancada em drible enternecedor.
Na memória dos vitorianos que tiveram o prazer de o ver jogar estarão, por certo, as suas progressões vigorosas em direcção à baliza contrária, num estilo de jogo que conjugava a força, a potencia e a determinação com uma desenvolta qualidade técnica.
Por sua vez, o principal defeito que, recorrentemente, apontava-se a este avançado brasileiro do Vitoria SC era o facto de ser, por vezes, demasiado individualista no seu modo de jogar.
Por outro lado, o estilo de jogo de Manuel assentava, sobretudo, em boas condições físicas. Pois quando o avançado brasileiro atravessava alguns períodos em que estava fisicamente debilitado, o seu futebol tornava-se incaracterístico, inibido, previsível e moroso na decisão.
Ao longo da temporada de 1968/69, Manuel actuou em 26 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sendo o autor, como se disse, de 17 golos do Vitoria SC na competição.
Ficou no 2º lugar na lista dos melhores marcadores da principal prova nacional, mas esteve muito próximo de ultrapassar o avançado academista Manuel Antonio e conquistar a conceituada “Bola de Prata”.
Na realidade, à entrada para a última jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão tal desiderato parecia longe de ser alcançado. O avançado vitoriano Manuel seguia atrás de Manuel Antonio com seis golos de desvantagem na lista dos melhores marcadores da prova.
Todavia, uma prestação sensacional de Manuel na partida frente ao AD Sanjoanense, realizada no Estádio Municipal de Guimarães, na última ronda da prova, quase foi capaz de concretizar esse objectivo pessoal.
Manuel apontou os cinco golos do Vitoria SC no triunfo da equipa vitoriana por 5-0 sobre a formação de S. João da Madeira. Alias, o desempenho de Manuel tornou-se mesmo na principal atracção daquele desafio, pois a classificação de ambas as equipas estava definida e à medida que os golos iam surgindo pela autoria do avançado do Vitoria SC, a proeza de vulto ficava cada vez mais próxima de consumar.
Na verdade, Manuel dispôs mesmo da possibilidade de igualar Manuel António na frente dos melhores marcadores e assim conquistar, pelos critérios de desempate, o distinto troféu. É que, alem dos cinco golos apontados, Manuel ainda desperdiçou uma ocasião soberana de golo, quando não conseguiu converter uma grande penalidade favorável ao Vitoria SC.
De qualquer forma, era inegável o êxito alcançado pelo avançado brasileiro do Vitoria SC e incontestável a importância que desempenhou nas conquistas históricas do clube vimaranense ao longo da temporada de 1968/69.
Depois daquela sensacional época, a temporada seguinte de 1969/70 ficou marcada, sobretudo, pela presença do Vitoria SC nas competições internacionais de clubes, concretamente, disputado a denominada Taça das Cidades com Feiras.
Alem disso, nesta época de 1969/70, o Vitoria SC, comandado pelo técnico brasileiro Giba e mais tarde por Fernando Caiado, voltou a realizar um excelente Campeonato Nacional da 1ª Divisão, terminando classificado no 5º lugar e desse modo garantindo, novamente, a presença nas provas europeia na época seguinte.
Manuel fez 21 jogos na principal competição portuguesa e marcou 11 golos, repetindo, novamente, a proeza de terminar a competição como o melhor marcador da equipa do Vitoria SC.
Quanto à participação do Vitoria SC nas competições internacionais de clubes realça-se, sobretudo, a eliminação da equipa do Banik Ostrava, uma das melhores equipas do futebol da Checoslováquia, na primeira eliminatória da prova.
O Vitoria SC viria, contudo, a ser eliminado da Taça das Cidades com Feiras, a precursora da actual Taça Uefa ou Liga Europa, na 2ª eliminatória da competição pela equipa inglesa do Southampton FC.
Quanto ao avançado brasileiro do Vitoria SC, Manuel, refira-se que foi titular nos quatro jogos disputados pela equipa vimaranense na competição, embora não tivesse apontado qualquer golo.
No final da temporada de 1969/70, algo surpreendentemente, o avançado brasileiro saiu do Vitoria SC. Permaneceu, porem, em Portugal, onde tinha credencias firmadas e reconhecidas por vários clubes.
Ingressou no primodivisionário FC Tirsense, treinado por Orlando Ramin, técnico que viria a ser substituído já na ponta final da época pelo então jovem treinador Mário Wilson.
A modesta equipa nortenha lutou acerrimamente pela manutenção na 1ª Divisão Nacional, feito que viria a concretizar com a obtenção de um honroso 9º lugar na tabela classificativa.
Manuel actuou em 20 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão na temporada de 1970/71, tendo sido o autor de apenas dois golos, números muito aquém daquilo que tinha conseguido com a camisola do Vitoria SC.
Na época seguinte de 1971/72, porem, a performance do avançado brasileiro Manuel foi ainda foi mais modesta que a registada na temporada anterior. Actuaria somente em 10 encontros da principal competição portuguesa, representando o FC Tirsense, voltando a marcar apenas dois golos.
Desta vez, contudo, também o desempenho da equipa do FC Tirsense ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão foi bastante negativo, acabando a formação nortenha por terminar a prova no ultimo lugar da classificação e, desse modo, descendo ao segundo escalão do futebol português.
Mesmo relegado ao segundo patamar do futebol nacional, o brasileiro Manuel continuou a representar o FC Tirsense, pelo menos, durante mais duas temporadas, disputando, sem grandes sucessos colectivos, refira-se, a Zona Norte do Campeonato Nacional da 2ª Divisão.
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