Glórias do Passado: Temporada de 1977/78 - 12ª Parte

 

Temporada de 1977/78 - 12ª Parte


Como é habitual o Vitoria SC também participou na Taça de Portugal na época de 1977/78, embora, desta feita, cedo ficou pelo caminho nesta prestigiada competição, eliminado, em Guimarães, surpreendentemente, pelo SC Braga.

A primeira eliminatória que o clube vimaranense disputou, correspondente aos dezasseis avos de final, teve como adversário o AC Marinhense, um clube da Marinha Grande que, naquela altura, militava no segundo escalão do futebol português.

Por isso, como era de esperar, foi visível a superioridade do Vitoria SC sobre o adversário em todos os capítulos do jogo. Na verdade, a equipa vimaranense nem precisou realizar uma grande exibição para golear por 5-1 e eliminar o AC Marinhense, apesar do brio e empenho demonstrado pela modesta equipa da Marinha Grande.

O jogo decorreu sem qualquer imprevisto e dentro da normalidade atendendo à diferença abissal entre as duas equipas. Embora, diga-se, o Vitoria SC tenha encarado o adversário com todo o respeito e sem desprezar as suas potencialidades. Por isso, a equipa vimaranense jogou com profissionalismo e rapidamente demoveu a resistência preparada pela equipa do AC Marinhense.

E a história da partida resumiu-se, assim, aos golos, sucessivamente, apontados pelo Vitoria SC e ao tento de honra conseguido pela formação da Marinha Grande. Deste modo, logo aos 13 minutos, Mané fez o primeiro golo respondendo com eficácia a um cruzamento de Romeu. O Vitoria SC aumentou a vantagem pouco depois, aos 19 minutos, agora por intermédio de Ferreira da Costa aproveitando um deslize do guardião marinhense Vítor.

O intervalo chegou com a vantagem de 2-0 no marcador a favor do Vitoria SC. Antes do terceiro golo vimaranense alcançado já no 2º tempo, realce para uma jogada bastante caricata, quando o brasileiro Mané rematou para o interior da baliza do AC Marinhense mas a bola saiu por debaixo da rede e o árbitro Joaquim Gonçalves não validou o golo apesar dos protestos dos jogadores do Vitoria SC.

Aos 53 minutos, todavia, chegou o 3-0, através de Abreu, com um remate de fora da área que fez a bola passar por baixo das pernas do infeliz guarda-redes do AC Marinhense.

No minuto seguinte Abreu bisou após uma boa jogada com Romeu. E, aos 82 minutos, foi a vez de Mané, desta feita, também bisar, apontado o quinto golo vimaranense num belo e colocado pontapé.

Antes do apito final, precisamente, aos 85 minutos de jogo, foi a vez do AC Marinhense conseguir o seu golo de honra por meio de Marito, fixando assim o resultado final em 5-1.


(Imagem do jogo entre o Vitoria SC e o AC Marinhense a contar para a Taça de Portugal na época de 1977/78. Na imagem surge Mané momentos antes de apontar o 1º golo da equipa vimaranense)

Na ronda seguinte o sorteio da Taça de Portugal ditou um derby minhoto entre o SC Braga e o Vitoria SC, no Estádio 1º de Maio, na cidade dos arcebispos. Ao recinto bracarense, como era usual, acorreram muitos milhares de adeptos vimaranenses para assistir a este desafio da prova rainha nacional.

E, na oportunidade, assistiram a uma partida com todas as virtudes de um derby. Muita entrega e luta de ambas as equipas, uma partida vibrante, entusiasta perante um público empolgante e ruidoso.

Como é natural foi o SC Braga que assumiu as despesas do jogo e, durante os primeiros vinte minutos, teve alguma supremacia sobre a equipa vimaranense. Após esse período o ritmo da formação bracarense abrandou ligeiramente e o Vitoria SC passou então a equilibrar os acontecimentos.

A primeira parte terminaria, porem, com uma grande oportunidade para o Vitoria SC adiantar-se no marcador com um remate bem colocado de Abreu a rasar o poste da baliza defendida por João.

Já no segundo tempo o futebol bracarense foi perdendo lucidez à medida que o Vitoria SC foi subindo no terreno, tomando conta dos acontecimentos e abeirando-se cada vez com maior perigo junta da área do SC Braga.

(Jogo no Estádio 1º de Maio, em Braga, na eliminatória da Taça de Portugal. Nesta imagem vê-se o defesa central brasileiro do Vitoria SC, Celton, e o guarda-redes bracarense João em acrobacia entre um molhe de jogadores dentro da grande área do SC Braga)

Os 90 minutos de jogo terminariam então com uma igualdade no marcador a 0-0. Houve então necessidade de recorrer a um período complementar jogado, devido ao adiantado da hora, com pouca luminosidade.

O prolongamento começaria da melhor forma possível para o SC Braga com um golo magistral de Paulo Rocha obtido logo aos três minutos. Em desvantagem, à equipa do Vitoria SC restava lançar-se no ataque em busca, pelo menos, da igualdade no marcador.

A equipa do SC Braga, visivelmente fatigada, limitou-se à acantonar-se na sua defesa, rechaçando todas as bolas que iam surgindo nas imediações. Os vimaranenses, porém, com um inesgotável espírito de entreajuda conseguiram alcançar a igualdade aos 21 minutos do prolongamento através de um golo da autoria de Romeu.

O prolongamento terminou pouco depois com um empate a 1-1 no marcador relegando, desta forma, o desfecho na eliminatória para o jogo de desempate que iria disputar-se em Guimarães.

(Intervenção do guardião vitoriano Melo perante o remate do avançado bracarense Lito)

E nesse decisivo jogo aconteceu algo impensável ou, pelo menos, seguramente, inesperado. O Vitoria SC foi derrotado em pleno Estádio Municipal de Guimarães por 0-4, num jogo completamente diabólico do buliçoso bracarense Lito.

Este jogo até ficou marcado por uma peripécia rara. O árbitro designado pela Federação Portuguesa de Futebol não compareceu e foi necessário recrutar das bancadas outro árbitro para dirigir a partida.

João Gomes, árbitro portuense, assumiu a condução do desafio e foi assim o primeiro protagonista do jogo. Mas, lamentavelmente, no decorrer do encontro foi também por outras razões o protagonista da partida com decisões erradas que penalizaram fortemente a equipa do Vitoria SC.

O Vitoria SC assumiu o favoritismo e começou ao ataque. Por seu turno, o SC Braga, organizou-se bem defensivamente e dispôs-se de forma notável para jogar em contra-ataque, municiado pelo tecnicista Marinho e executado em rápidas descidas à área vimaranense pelos extremos Lito e Nelinho.

E foi nesta toada que o SB Braga adiantou-se no marcador. O desinquieto Lito fugiu aos defesas vitorianos e sofreu uma falta bem à entrada da área. Paulo Rocha cobrou o livre com perigo para Rodrigo finalizar ao segundo poste. Sem que nada tivesse feito para isso o SC Braga estava assim na frente do marcador.


(Imagem do desafio de desempate em Guimarães. Lance na defensiva vitoriana com Lito entre vários jogadores do Vitoria SC)


O Vitoria SC teve então que reagir. Surgiu então um lance de evidente grande penalidade dentro da grande área bracarense com um jogador do SC Braga a desviar deliberadamente um remate vitoriano com a mão. Apesar dos inúmeros protestos e da evidência do lance, inacreditavelmente, o árbitro nada assinalou e mandou o jogo seguir.

E a partir de então os erros da equipa de arbitragem foram-se sucedendo. Estiveram mal não assinalando faltas existentes, nos fora-de-jogo não assinalados à equipa do SC Braga e na ausência de penalizações disciplinares para várias entradas perigosas de jogadores bracarenses.

Este jogo, porém, ficou marcado também pelas opções talvez excessivamente arrojadas do técnico do Vitoria SC, Mário Wilson. Provavelmente, demasiado cedo, lançou homens para o ataque e desguarneceu a sua defesa em pontos nevrálgicos.

O Vitoria SC só pensava em atacar, descurou o seu lado direito, sobretudo, após a saída de Ramalho, e abriu o caminho para as arrancadas em contra-ataque de Lito. É dessa forma que aos 59 minutos o SC Braga aumenta a vantagem para 0-2 por intermédio de Lito.

Em posição bastante duvidosa Lito surge isolado perante Melo e aos 66 minutos eleva a contagem para 0-3. Finalmente, aos 75 minutos, foi a vez de Chico Gordo, também isolado, selar a contagem em 0-4.

Foi uma pesada derrota aquela que o SC Braga impôs ao eliminar o Vitoria SC da Taça de Portugal, premiando, assim, o seu futebol calculista jogado em contra-ataque, e penalizando, fortemente, os erros vitorianos, muito embora, a equipa vimaranense tenha sido vitima também das decisões erradas do árbitro em vários momentos cruciais do jogo, os quais, caso não se verificassem, conduziriam o jogo, seguramente, para uma feição diferente daquela que teve.


Autor: Alberto de Castro Abreu

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