Glórias do Passado: Cerqueira

 

Cerqueira


O esteio defensivo da equipa do Vitoria SC na primeira metade da década de 50 foi, reconhecidamente, o defesa central Cerqueira. Proveniente do SL Benfica no inicio da época de 1949/50, Cerqueira representou o Vitoria SC durante sete temporadas consecutivas, vindo mesmo a terminar a sua carreira de futebolista no clube vimaranense já no final da época de 1955/56.


Eduardo Cerqueira nasceu no dia 31 de Março de 1921 na cidade de Lisboa. E Foi representando clubes da região de Lisboa que cumpriu, praticamente, metade do seu percurso futebolístico. O inicio oficial da sua carreira remonta, precisamente, à temporada de 1937/38 quando, com 16 anos de idade, representou o SC Sacavém.


Após uma época ao serviço da equipa da Sacavém, Cerqueira passou a alinhar, durante três temporadas, no GD “Os Fósforos”, uma das colectividades de cuja fusão originou o Clube Oriental de Lisboa. . Antes de ingressar no SL Benfica - o clube que afinal viria a projecta-lo na alta-roda do futebol nacional - Cerqueira ainda representou o Sport Lisboa e Monte Pedral durante a época de 1941/42.


Foi por isso no inicio da temporada de 1942/43 que Cerqueira, com apenas 22 anos de idade, entrou no SL Benfica, convencendo o então técnico dos encarnados, Janos Biri, de todas as suas potencialidades. Alias, como adiante se comprovará, o técnico húngaro irá mesmo revelar-se uma influência decisiva em vários momentos da carreira futebolística de Cerqueira.


O defesa lisboeta Cerqueira jogaria no clube benfiquista durante sete épocas seguidas. Nos primeiros dois anos integrou a equipa de reservas do SL Benfica disputando as competições regionais da categoria.


Chegou à formação principal do SL Benfica na temporada de 1944/45, assumindo-se, desde logo, uma peça fundamental na equipa benfiquista que se sagrou campeão nacional da 1ª Divisão.


Realizando magníficas exibições, Cerqueira actuaria em 13 jogos pelo SL Benfica no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1944/45, jogando como defesa, quer na zona central ou pelas laterais, numa equipa comandada pelo técnico húngaro Janos Biri.

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(Equipa do SL Benfica na época de 1944/45)

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(Cerqueira no SL Benfica)

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(Cerqueira assistindo o seu colega num intenso desafio entre o SL Benfica e o Sporting CP)

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(Equipa do SL Benfica na temporada de 1944/45)

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(No SL Benfica na época de 1944/45)

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(Cerqueira no centro da defesa benfiquista neste desafio frente ao Boavista FC)

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(Equipa do SL Benfica em 1945)

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(Cerqueira na decada de 40 junto de outros colegas benfiquistas)

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Na temporada seguinte de 1945/46 o defesa Cerqueira manteve-se como titular indiscutível na equipa do SL Benfica e tornou-se um dos jogadores mais importantes do futebol português. Esta época, porém, não redundou em grandes êxitos para o conjunto encarnado. Alias, bem pelo contrário, o SL Benfica realizou uma temporada medíocre não conquistando qualquer competição relevante.


Perdeu o Campeonato Nacional da 1ª Divisão para o CF Belenenses, foi eliminado na Taça de Portugal logo nos quartos de final pelo Atlético CP e no Campeonato de Lisboa, uma das mais conceituadas prova naquela altura, não foi além de um 4º lugar na classificação.

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(Equipa do SL Benfica na época de 1945/46)

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(Cerqueira em acção pelo SL Benfica num desafio frente ao FC Porto na temporada de 1945/46)

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(Na mesma época, também frente ao FC Porto, Cerqueira no centro da defesa do SL Benfica)

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(Cerqueira saltando com um adversário e o guarda-redes benfiquista)

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(Sporting CP - SL Benfica na época de 1945/46)

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(Equipa do SL Benfica na temporada de 1945/46)

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(Jogo entre o Vitoria de Setubal e o SL Benfica na temporada de 1945/46)

. (No Campo da Amorosa, em Guimarães, completamente lotado, na época de 1945/46, Cerqueira impede o avanço do vitoriano Alcino enquanto o guardião benfiquista Martins segura o esférico) .

(No mesmo desafio, agora com os vitorianos Alcino e Brioso, numa nova intervenção arrojada do guarda-redes benfiquista Martins)

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Foi, porém, durante esta temporada, concretamente, em Março de 1946, que Cerqueira - devido à sua notoriedade, então, como excelente futebolista do SL Benfica - foi convocado para representar Portugal num desafio amigável frente a um conjunto de ingleses.


Este desafio, recorde-se, viria a ficar na história no desporto português devido aos contornos em que o mesmo se organizou e às polémicas consequências que o regime vigente impôs ao jornal A Bola.


Naquela altura um esquadrão de navios ingleses da Home Fleet atracou em Lisboa. Na sua tripulação, como era frequente, viajavam alguns jogadores de futebol. Com o objectivo de reeditar uma memorável partida de futebol realizada entre equipas de militares ingleses e portugueses, as entidades nacionais organizaram um novo desafio entre os dois países no Estádio do Jamor.


Os marinheiros ingleses formaram uma equipa entre os tripulantes do esquadrão do Home Fleet, enquanto os responsáveis nacionais decidiram escolher os melhores futebolistas portugueses para formar uma selecção nacional que defrontasse o conjunto inglês. Entre os seleccionados portugueses estava o defesa benfiquista Cerqueira.


Após um estágio realizado na Costa da Caparica, a formação portuguesa, evidentemente superior, jogando com Cerqueira na equipa titular, venceu facilmente o conjunto de amigos britânicos por 11-1.


O defesa Cerqueira vestiu assim, pela única vez, a camisola das quinas de Portugal. Aquela pesada derrota valeu alguns comentários negativos, expressos no jornal A Bola, sobre exibição da equipa inglesa.


Por causa disso, a denominada Comissão de Censura do regime português, puniu aquele periódico nacional com um mês de suspensão da actividade por – consideraram - falta de respeito a um velho país aliado de Portugal e Sua Majestade, a Rainha de Inglaterra.

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(Equipa de Portugal que em Março de 1946 defrontou, no Estádio do Jamor, os ingleses do Home Fleet)

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Cerqueira começou a temporada de 1946/47 como indiscutível na equipa do SL Benfica. Todavia, uma grave lesão sofrida num desafio frente aos ingleses do Charlton, jogado em Setembro de 1946, afastou-o da equipa principal durante muito tempo e ter-lhe-á comprometido, seguramente, uma carreira bem mais brilhante.


Com isso, Cerqueira perdeu a sua preponderância na formação benfiquista. Na verdade, depois de recuperado da lesão, nunca mais conseguiu voltar definitivamente à equipa principal e as suas aparições tornaram-se cada vez mais esporádicas.

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(Equipa do SL Benfica na época de 1946/47)

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(Cerqueira no SL Benfica)

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(Equipa de reservas do SL Benfica na temporada de 1947/48)

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(Em 1947/48, no Campo da Amorosa, em Guimarães, num desafio entre o Vitoria SC e o SL Benfica, com o vimaranense Fernandes em acção perante a presença proxima de Cerqueira)

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(No mesmo desafio agora cobrindo a acção do vitoriano Miguel)

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(Cerqueira observando a intervenção do guarda-redes Rogério)

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O SL Benfica vivia também, nesta altura, tempos de menor fulgor, completamente subjugado ao poderio do famoso Sporting CP dos “Cinco Violinos”. De facto, foi o Sporting CP que venceu os três Campeonatos Nacionais da 1ª Divisão referente às épocas seguintes de 1946/47, 1947/48 e 1948/49.


Nesta época de 1948/49 já o defesa Cerqueira estava afastado da equipa principal do SL Benfica, jogando agora, novamente, apenas pela equipa de reservas dos encarnados nas competições distritais.

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(Integrando um misto de Lisboa na época de 1947/48)

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De qualquer forma, figura ainda no seu palmares individual a conquista da Taça de Portugal referente à época de 1948/49, quando o SL Benfica venceu na final da competição o Atlético CP por 2-1, embora o defesa Cerqueira não tivesse actuado nesse jogo decisivo.


Tinha chegado ao fim a ligação de Cerqueira ao SL Benfica. O jogador, avesso à estagnação, não queria manter-se afastado dos grandes palcos do futebol português e por isso procurava nesta nova época de 1949/50 um novo rumo para a sua carreira de futebolista.

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(Equipa de Reservas do SL Benfica na época de 1948/49)

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(Cerqueira em 1948/49 num desafio entre o SL Benfica e o Atlético CP)

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Nesta altura, o técnico Janos Biri assume o comando técnico da equipa do Vitoria SC. Profundo conhecedor da valia de Cerqueira, o treinador húngaro convence o jogador a mudar-se para Guimarães e assim ingressar na formação vitoriana. Sobre Cerqueira impenderá uma enorme responsabilidade.


Caberia ao antigo jogador benfiquista substituir o valoroso defesa Curado que, no final da época anterior, havia regressado à Académica de Coimbra depois de vários anos com sucesso ao serviço do Vitoria SC.

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(Equipa do Vitoria SC na época de 1949/50)

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(Cerqueira no Vitoria SC)

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(Em jogo frente ao Sporting CP na época de 1949/50, Cerqueira na marcação ao sportinguista Vasques)

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(Cerqueira em acção pelo Vitoria SC na temporada de 1949/50 num desafio frente ao CF Belenenses)

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Cerqueira, como se confirmará, rapidamente assumiu-se como um verdadeiro líder da equipa vimaranense, não defraudando as expectativas e exigências, servindo sempre com inestimável êxito o Vitoria SC durante sete temporadas, reservando, por isso, também, um lugar de grande relevo na história do clube vimaranense.


Actuando Cerqueira em 15 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão na época de 1949/50, o Vitoria SC foi apenas o 11º classificado na tabela geral. A equipa vimaranense teve uma modesta prestação na principal competição portuguesa, salvando-se da descida de divisão apenas na última jornada com um triunfo sobre o GD Estoril – Praia.

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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1949/50)


. (Em jogo frente ao Vitoria de Setubal na época de 1949/50)

. (Desta feita frente ao Atlético CP na mesma temporada)

. (Novamente frente ao Sporting CP com o sportinguista Jesus Correia)

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Também na época seguinte, ainda sob o comando do treinador Janos Biri, os resultados do Vitoria SC não são os melhores e o clube vive, novamente, momentos de enorme sobressalto com o espectro da iminente descida de divisão.


Contabilizando resultados muito contraditórios, ora ganhando surpreendentemente a clubes mais fortes e candidatos aos lugares cimeiros, ora perdendo inexplicavelmente para clubes da mesma ou inferior valia, o Vitoria SC terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 13ª posição da classificação geral. Cerqueira realizou os 26 jogos da competição sendo assim um dos totalistas da equipa do Vitoria SC na competição.

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(Equipa do Vitoria SC na época de 1950/51)


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(Cerqueira no Vitoria SC)

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(Desafio frente ao CF Belenenses na época de 1950/51, com Cerqueira a proteger a intervenção do guarda-redes vitoriano Silva)

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(Aqui frente ao Vitoria de Setubal saltando com um adversário e o guarda-redes Silva)

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(Novamente os mesmos protagonistas. Cerqueira vê Silva segurar o esférico neste desafio frente ao SL Benfica na época de 1950/51)

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(No Estádio 1º de Maio, em Braga, frente ao SC Braga, neste lance entre Cerqueira e o bracarense Mário)

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(Ao fundo Cerqueira assiste a mais uma intervenção do guardião vitoriano Silva num jogo contra o SL Benfica)

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(Cerqueira na época de 1950/51 numa entrada impetuosa num desafio frente ao Clube Oriental de Lisboa)

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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1950/51)

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(Imagem novamente do jogo SL Benfica - Vitoria SC na época de 1950/51)

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(Vitoria SC - GD Estoril Praia)

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(Agora num jogo entre o Vitoria SC e o Boavista FC)

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(SC Covilhã - Vitoria SC)

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(GD Estoril - Praia - Vitoria SC)

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(Vitoria SC - SL Benfica)

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(Jogo entre o FC Porto e o Vitoria SC na época de 1950/51 com o portista José Maria o vitoriano Cerqueira a disputar o lance)

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(Equipa do Vitoria SC na época de 1950/51)

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(SC Olhanense - Vitoria SC)

. (Jogo contra o Sporting CP em 1950/51. Cerqueira vê o choque entre Mario Wilson e o guardião vitoriano Silva)

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(Vitoria de Setubal - Vitoria SC)

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(Vitoria SC - SL Benfica)

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(Vitoria SC - GD Estoril Praia)

. (Vitoria SC - Vitoria de Setubal) .
Na temporada seguinte de 1951/52 vem para o Vitoria SC outro treinador húngaro, o conceituado Alexandre Peics, um técnico que implantou na equipa vimaranense um novo modelo táctico, muito em voga naquela época mas, simultaneamente, bastante controverso na doutrina do futebol mundial.


Aquele sistema táctico ficou conhecido pelo WM, que, fundamentalmente, primava pela marcação homem-a-homem directa dos defesas centrais aos avançados centro. Cerqueira adaptou-se facilmente ao tal sistema, fazendo uso de todas as suas faculdades como defensor.

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(Equipa do Vitoria SC na época de 1951/52) . (Cerqueira no Vitoria SC) .
Cerqueira era, marcadamente, um jogador de equipa, jogando sempre em prol dos interesses da equipa, muito abnegado e combativo. Embora tecnicamente fosse um pouco rudimentar, factor tão típico nos defesas daquela altura, Cerqueira, fazia da rapidez, da inteligência, do voluntarismo e do seu enorme espírito de sacrifício, as virtudes perfeitas para o sucesso do seu futebol.


Numa época que se revelou algo conturbada com uma sucessão rara de treinadores no comando da equipa - primeiro Peics, depois Alberto Augusto e, finalmente, Cândido Tavares - o Vitoria SC atravessou algumas dificuldades ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, contudo, conseguiu alcançar um 10º lugar na classificação geral, mantendo-se, por via disso, entre os maiores clubes do futebol português.


Quanto à prestação de Cerqueira nesta temporada de 1951/52 foi, refira-se, consentânea com as exigências. Foi titular e jogou em 21 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1951/52)

. (Sporting CP - Vitoria SC na decada de 50) .(Equipa do Vitoria SC na época de 1951/52) . (Jogo entre o Vitoria SC e o SC Salgueiros na época de 1951/52) .
Na temporada de 1952/53 o Vitoria SC terminou a prova na 8ª posição da tabela classificativa. Todavia, esta classificação não foi sinónimo de normalidade nem de uma prova realizada sem sobressaltos. Antes pelo contrário, pois os vimaranenses estiveram envolvidos, ate ao final da competição, na luta pela permanência no principal escalão com o Boavista FC, SC Covilhã, Académica de Coimbra, Atlético CP, SC Braga e GD Estoril – Praia.

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(Equipa do Vitoria SC na época de 1952/53)

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(Cerqueira no Vitoria SC) .
Alias, o Vitoria SC só garantiria a permanência num dramático jogo disputado na cidade de Guimarães, frente ao SC Braga, no Campo da Amorosa. No recinto vimaranense, completamente lotado, assistiu-se, com elevado dramatismo, ao desenrolar do jogo que permanecia empatado até ao último minuto, altura em que Caraça, avançado vitoriano, apontou o golo do triunfo, o qual permitiu ao Vitoria SC escapar da descida de divisão, vencendo a partida por 3-2 e remetendo a formação arsenalista para o jogo da liguilha.


Nesta época, Cerqueira continuou titular indiscutível no sector defensivo do Vitoria SC, jogando com Lourenço e Francisco Costa, este último o seu parceiro de sector durante varias épocas. Cerqueira realizou 21 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1952/53)

. (Cerqueira no Vitoria SC) .
Seguiu-se a época de 1953/54, ainda sob o comando técnico de Cândido Tavares, na qual o Vitoria SC repetiu a 8ª posição na tabela classificativa, numa prova que decorreu sem grandes sobressaltos para os vimaranenses que, com tranquilidade, atingiram o objectivo de garantir a permanência no principal escalão do futebol português.


O defesa Cerqueira, nesta temporada, jogou 21 jogos pelo Vitoria SC na principal competição portuguesa, mantendo a mesma bitola exibicional evidenciada nas épocas anteriores.

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(Jogo entre o FC Porto - Vitoria SC na época de 1953/54)

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(CF Belenenses - Vitoria SC)

. (FC Porto - Vitoria SC) . (Sporting CP - Vitoria SC) .
Viria então a fatídica época de 1954/55, aquela que ditou a descida do Vitoria SC à 2ª Divisão Nacional pela primeira vez na sua história. Inexplicavelmente, a formação vimaranense não conseguiu garantir a manutenção no principal escalão português, facto que surpreendeu todo o panorama futebolístico nacional, precisamente num ano em que o Vitoria SC apostou fortemente no reforço do plantel.


Não obstante uma aposta tão relevante no plantel com a contratação de jogadores de inegável qualidade e num conceituado técnico, o antigo treinador inglês do Sporting CP, Randolph Galloaway, a verdade é que os resultados foram uma verdadeira desilusão e o Vitoria SC acabaria por ser o último classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1954/55. Quanto ao defesa Cerqueira, refira-se, jogou 25 jogos na principal competição portuguesa, mantendo o seu estatuto de titular da equipa vimaranense.

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(Equipa do Vitoria SC na época de 1954/55)

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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1954/55)

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(Equipa do Vitoria SC na época de 1954/55)

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O Vitoria SC, como se referiu, foi relegado para a 2ª Divisão Nacional na época de 1955/56, mas o veterano Cerqueira continuou a jogar no clube vimaranense, realizando aquela que seria última temporada da sua carreira de futebolista.


Para esta temporada de 1955/56 o Vitoria SC contratou um técnico de renome nacional, o português Fernando Vaz. O Campeonato Nacional da 2ª Divisão iniciou-se de pior forma para os vimaranenses, contabilizando quatro resultados negativos.


Naturalmente, com os maus resultados e os protestos dos adeptos vitorianos, o treinador Fernando Vaz foi obrigado a proceder a algumas alterações na equipa, as quais viriam a revelar-se essenciais para a recuperação então encetada. Deste modo, o açoriano Silveira – que até então jogava como avançado – passou a jogar no centro da defesa, posição na qual se notabilizou e tornou-se o grande líder do Vitoria SC, formando com Virgílio e Francisco Costa um trio defensivo que transmitia enorme segurança defensiva à equipa.


O sacrificado foi, assim, o já veterano Cerqueira, em final de carreira e cujo rendimento começava, visivelmente, a diminuir drasticamente.

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(Equipa do Vitoria SC na época de 1955/56)

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Assim, a partir da 5ª jornada, o Vitoria SC principiou uma recuperação, verdadeiramente, notável e, exibindo-se ao mais alto nível, contabilizou uma serie de resultados positivos. O Vitoria SC, vencendo a Zona Norte, apurou-se para a fase final do Campeonato Nacional da 2ª Divisão, a fase decisiva para a ansiada subida ao principal escalão do futebol português.


Nessa fase final, porem, o Vitoria SC quedou-se pelo 2º lugar na tabela classificativa, posição que lhe permitiria ainda disputar os jogos de acesso à 1ª Divisão Nacional com o penúltimo classificado daquele escalão.


O adversário nos denominados “jogos da passagem” foi a equipa primodivisionaria da Académica de Coimbra. Na 1ª mão, disputada no Campo da Amorosa, em Guimarães, o jogo terminou empatado a 1-1.

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(Treino do Vitoria SC na época de 1955/56)


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Para a partida da 2ª mão o Vitoria SC teria de vencer em Coimbra. Todavia, o Vitoria SC acabou derrotado pela Académica de Coimbra por 1-0 e assim não conseguiu subir à 1ª Divisão Nacional. Com o fim da temporada de 1955/56 terminava também a ligação de Cerqueira ao Vitoria SC.


Com 33 anos de idade o veterano jogador decide abandonar a pratica da modalidade e, pelos briosos préstimos em favor do clube vimaranense, é alvo, no final da época, de uma justa homenagem e uma singela festa de despedida promovida pelo Vitoria SC.

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(Equipa do Sport Lisboa e Saudade em 1958, uma equipa de veteranos do SL Benfica, com defesa Cerqueira entre eles)

Autor: Alberto de Castro Abreu

Grande Eduardo Cerqueira!
Grande homem, ainda hoje é vivo. Vive num Lar de idosos em Oeiras, sempre bem disposto e sempre com a mesma postura de braços cruzados como aparece nas fotos! Ainda se lembra de muitos momentos do seu passado futebolístico, apesar de sofrer de Alzaimer. deixo aqui um grande abraço para o meu grande amigo Eduardinho,(como eu o trato) e para si que fez este trabalho excelente sobre esta grande gloria do futebol português!
 
Tive o prazer de conviver com ele, em Lisboa, no Nacional de Natação, depois de se ter retirado e continuava a ser um indivíduo de grande entrega e camaradagem. Duma vez, no intervalo dum jogo de basquetebol, ele, do lado de fora do recinto de jogo, pediu a bola a um dos jogadores do Nacional, éramos todos amigos e conhecidos, e insistiu tanto que o outro lhe passou a bola. O amigo Cerqueira, cá de fora, lançou, encestou e claro envergonhou quem jogava, dizendo-lhe que era assim é que se encestava!
Prezo muito que, apesar do seu problema de saúde, ainda esteja vivo.
Cumprimentos,
João Celorico
 
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