Glórias do Passado: Temporada de 1977/78 - 5ª Parte

 

Temporada de 1977/78 - 5ª Parte


Depois de uma sequência de três resultados positivos, o Vitoria SC foi batido na 12ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, em pleno Estádio do Restelo, pelo CF Belenenses por um tangencial 1-0.

Este foi um jogo realizado debaixo de um temporal verdadeiramente insuportável que assolou a cidade de Lisboa, deixando o terreno de jogo completamente empapado e impróprio para a prática do futebol, sobretudo, para equipas tão tecnicistas como eram o Vitoria SC ou o CF Belenenses, sem duvida, duas das melhores formações em prova.

A chuva diluviana que ininterruptamente caiu durante todo o encontro teve ainda o condão de arredar o público do Estádio do Restelo, recinto que apresentava as suas imensas bancadas completamente despidas de adeptos.
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(Lance do jogo entre o CF Belenenses e o Vitoria SC)
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Pese embora as adversidades, diga-se que a equipa do Vitoria SC entrou muito bem na partida, dominando o adversário e lançando-se na busca do golo. E este só não aconteceu logo nos primeiros 15 minutos de jogo porque o bloco defensivo da formação do CF Belenenses, bem montado, sempre o evitou.

A toada da partida assentou numa predominância vimaranense que se contraponha à segurança e aos perigosos contra ataques da equipa do Restelo. E foi na sequência de uma investida em contra ataque do CF Belenenses que surgiu o canto que determinou o primeiro e único golo da partida.

Aos 20 minutos, o centrocampista do CF Belenenses Esmoriz, bateu um canto do lado esquerdo directamente para a baliza vimaranense. Alfredo, o defesa do Vitoria SC que cobria o primeiro poste, e o guarda-redes Melo atrapalharam-se na decisão e a bola, depois de bater no poste, acabou por entrar na baliza vitoriana.
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(Lance do golo apontado pelo CF Belenenses, onde é evidente o falhanço de Alfredo e do guarda-redes Melo)
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O CF Belenenses adiantava-se assim no marcador. Em desvantagem, coube ao Vitoria SC, assumindo sempre as despesas do jogo, agora de forma mais evidente, tentar chegar à igualdade. Todavia, apesar de superiorizar-se ao adversário, a equipa do Vitoria SC não conseguiu marcar, teimando em esbarrar sucessivamente o esférico na bem escalonada defensiva do CF Belenenses.

Com o decorrer do jogo as dificuldades impostas pelo terreno de jogo foram-se agravando, factor que, naturalmente, acabou por favorecer a formação do Restelo. Percebeu-se, então, que as características e a dinâmica do jogo beneficiava bem mais a equipa da casa.

E assim a partida terminou com o triunfo do CF Belenenses por 1-0, resultado bastante penalizador para a equipa do Vitoria SC que fez o suficiente para merecer um desfecho bem mais positivo.
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(Lance disputado entre o jogador do CF Belenenses Vasques e o vimaranense Abreu)
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Jogando novamente fora de casa o Vitoria SC visitou na ronda seguinte a Ilha da Madeira para defrontar o CS Marítimo. E fê-lo sem a presença do seu treinador principal, pois o técnico Mário Wilson havia sido operado a um pé no decurso da semana e ficou impedido de acompanhar a equipa.

Competiu a Daniel Barreto, antiga gloria do Vitoria SC e então o treinador adjunto de Mário Wilson, assumir a condução da equipa vimaranense neste desafio frente ao CS Marítimo.

Apesar do mau tempo que assolou a Ilha da Madeira durante a madrugada, a verdade é que o relvado do Estádio dos Barreiros apresentou-se em excelentes condições, o que permitiria à equipa do Vitoria SC espalhar todo o conteúdo tecnicista do seu futebol.

Perante uma equipa maritimista muito intranquila, o Vitoria SC assumiu os destinos do jogo, controlando o meio campo, embora sem atingir um caudal ofensivo e um dinamismo que se possa considerar avassalador.

De resto, durante os primeiros 45 minutos, foram raras as situações de golo junto das balizas, cabendo, porem, à equipa do Vitoria SC a mais clara oportunidade de golo, quando Tito bem colocado atirou sobre a barra.

O segundo tempo manteve a mesma toada até ao golo do Vitoria SC. Aos 65 minutos, Ferreira da Costa, na cobrança de um livre junto à área maritimista, cruzou bem para Mané finalizar perante a apatia da defensiva do CS Marítimo.
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(Lance do golo apontado pelo avançado do Vitoria SC Mané neste desafio contra o CS Maritimo no Estádio dos Barreiros, no Funchal, a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1977/78)
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Na frente do marcador, o Vitoria SC retraiu-se. Não por iniciativa própria, mas pela réplica maritimista à desvantagem. O CS Marítimo lançou-se no ataque, sobretudo, debaixo da batuta de Tininho, que viria a apontar o golo da igualdade já próximo do final do jogo.

Aos 86 minutos, numa jogada individual de grande categoria, Tininho bateu o guardião do Vitoria SC Melo, e colocou o marcador no resultado final de 1-1, desfecho muito festejado pelos adeptos madeirenses.
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Regressando ao Estádio Municipal de Guimarães, o Vitoria SC recebeu e venceu o Varzim SC por 2-1 na 14ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1977/78.

A chuva que caiu poucas horas antes do início da partida transformou o relvado do recinto vimaranense numa verdadeira piscina de lama, factor que condicionou decisivamente o espectáculo a que se assistiu naquela tarde de Janeiro de 1978.

O Varzim SC entrou muito mal no jogo, permeável no sector defensivo e sem capacidade para suster o meio campo vitoriano. Por causa disso, o Vitoria SC fez os dois golos praticamente de rajada e sem qualquer reacção do Varzim SC.

Aos 19 minutos marcou o defesa vimaranense Soares, na sequência de um canto apontado do lado esquerdo do ataque do Vitoria SC por Tito, seguido de um desvio de cabeça desconcertante de Mané.
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(Imagem ilustrativa de um dos golos apontados pelo Vitoria SC neste desafio frente ao Varzim SC no Estádio Municipal de Guimarães)
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O segundo golo surgiu logo no minuto seguinte. Ainda o Varzim SC não se tinha recomposto do tento sofrido e já o Vitoria SC aumentava a vantagem para 2-0, por intermédio de Mané, a concluir uma excelente combinação com o companheiro de ataque Tito.

O Varzim SC só reagiu em desvantagem por 2-0 e assumiu depois uma postura mais ofensiva. Já no segundo tempo, precisamente, no minuto 63, reduziu a vantagem do Vitoria SC para 2-1, com um golo marcado por Júlio, numa recarga dentro da área vimaranense.

A equipa varzinista arriscou mais ainda tentando chegar à igualdade, enquanto o Vitoria SC, numa postura mais expectante, respondia com rápidos e perigosos contra ataques que poderiam ter surtido em golo.

No último minuto de jogo, todavia, o Varzim SC teve uma ocasião para igualar a partida, quando Marco Aurélio viu um remate para golo ser salvo sobre a linha pelo defesa vitoriano Alfredo, já com o guarda-redes Melo completamente batido.

De qualquer forma, o triunfo vimaranense não pode ser colocado em questão, sobretudo, pela supremacia evidenciada durante o primeiro tempo e as várias ocasiões de golo que dispôs durante a etapa complementar.
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(Lance com o vitoriano Tito perseguido pelos jogadores do Varzim SC Guedes e Albino)
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Na jornada seguinte o Vitoria SC conseguiria uma excelente igualdade a 0-0 no Estádio do Bessa num desafio frente ao Boavista FC. Este foi mais um jogo marcado pelo intenso temporal, com saraiva, um vento fortíssimo e chuva sempre presente.

O jogo foi dividido entre as duas equipas. Durante a primeira parte dominou o Vitoria SC e foram algumas as oportunidades para se adiantar no marcador. Já na segunda metade foi a equipa boavisteira que dispôs das melhores ocasiões de golo e controlou sempre a partida.
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(Lance de perigo junto à baliza vitoriana, com o avançado Salvador a ser importunado pelo guarda-redes do Vitoria SC Melo e Torres por perto)
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(Lance aereo dentro da grande area do Vitoria SC, perante a bancada central do Estádio do Bessa completamente cheia)
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O 0-0 que resultou no final do encontro acabou por ser um desfecho justo e de acordo com o desenvolvimento dos acontecimentos. De qualquer forma, foi um resultado bem mais apreciado pelos vimaranenses do que pelos homens do Boavista FC que actuavam perante o seu publico.


Autor: Alberto de Castro Abreu

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