Glórias do Passado: Temporada de 1977/78 - 2ª Parte

 

Temporada de 1977/78 - 2ª Parte


O Vitoria SC iniciou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1977/78 defrontando o SC Espinho, um recem primodivisionário, no Estádio Municipal de Guimarães num dia de calor intenso.

E neste jogo da jornada inaugural do nacional maior, o Vitoria SC não teve, diga-se, uma tarefa nada fácil, pois a equipa espinhense apresentou-se com um dispositivo defensivo bem montado e o qual criou inúmeras dificuldades à formação minhota.

O Vitoria SC, naturalmente, assumiu as despesas do jogo, dominando os acontecimentos, enquanto ao SC Espinho cabia-lhe defender, simplesmente, sem nunca sequer espreitar o contra ataque.

A partida, jogada sem grande recorte técnico, é um facto, teve, porem, alguns momentos de emoção na sequência, sobretudo, dos inúmeros lances de golo criados pelo Vitoria SC junto da baliza do SC Espinho.

Durante os primeiros 20 minutos de jogo, essencialmente, a equipa vimaranense exibiu-se ao melhor nível, sempre sob a batuta de Romeu, verdadeiramente endiabrado no ataque. Duas bolas nos ferros, um par de boas intervenções do guarda-redes Gaspar do SC Espinho, iam evitando, sucessivamente, o golo ao Vitoria SC.

Apesar do insofismável ascendente vitoriano, a equipa espinhense, sempre briosa e abnegada, só cedeu à passagem do minuto 60, altura em que o Vitoria SC, finalmente, conseguiu marcar através de um auto-golo apontado por Amaral.

Nesse lance, não resistindo à pressão do avançado vitoriano Tito, o defesa espinhense Amaral aliviou a bola directamente para o interior da sua baliza traindo o seu guarda-redes Gaspar.

A vencer por 1-0, o SC Espinho adiantou-se mais no terreno, relaxando o seu esquema defensivo. O Vitoria SC, aproveitando esse facto, conseguiu selar o resultado final em 2-0 no minuto 70, através do avançado brasileiro Mané.

Mané, numa magistral execução individual na finalização, com um chapéu sobre o guarda-redes, aproveitou bem mais um erro da defensiva espinhense ao intrometer-se num atraso mal medido ao guardião do SC Espinho.

O Vitoria SC, embora beneficiando da sorte nos lances capitais da partida e da infelicidade dos jogadores do SC Espinho, venceu merecidamente este jogo da 1ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Na 2ª ronda o Vitoria SC rumou ao Algarve para jogar contra o Portimonense SC, numa partida disputada no Estádio de S. Luís, na cidade de Faro, já que a casa da equipa de Portimão encontrava-se a receber obras de melhoramento, essencialmente, com o arrelvamento do campo de jogos.

Mesmo assim, os aficionados do Portimonense SC e também o muito público estrangeiro de ferias na região do Algarve lotaram completamente o Estádio de S. Luís para assistir a este encontro do campeonato português.

Mercê de uma 1ª parte verdadeiramente exemplar, o Vitoria SC cedo ganhou vantagem sobre o conjunto algarvio. Ainda não estava completado o primeiro minuto de jogo e já o Vitoria SC estava a vencer por 0-1, com um golo de Mané bem servido por Romeu.

Aos 25 minutos foi o avançado Tito a ampliar a vantagem do Vitoria SC para 0-2. Mas, mais uma vez, tudo começou com uma iniciativa individual de Romeu e que culminou com a assistência de Mané para Tito finalizar em cima da linha de golo.

Porem, ainda antes do intervalo, o Portimonense SC, aos 32 minutos de jogo, reduziu para 1-2 por intermédio de Sério, que surgiu solto ao segundo poste da baliza do Vitoria SC a finalizar um cruzamento na cobrança de um canto.

Aos 58 minutos aconteceria, no entanto, o momento mais negativo do encontro e que colocou o Vitoria SC em serias dificuldades, pois até então dominara facilmente o desenrolar da partida.

O jogador vitoriano Romeu, reagindo a uma entrada a roçar a violência por parte do defesa algarvio José Eduardo, foi expulso pelo árbitro Augusto Bailão, quando estava a ser o elemento mais inspirado do Vitoria SC. À expulsão de Romeu seguiu-se a lesão de Mané, jogador importante na linha atacante.

A partir de então, principalmente por estar com um homem a menos, o Vitoria SC passou a preocupar-se mais com o resultado e menos com a exibição. Com um meio campo povoado – alias uma estratégia adoptada desde o início do jogo – o Vitoria SC controlou razoavelmente os acontecimentos perante a incapacidade ofensiva do Portimonense SC.

O Vitoria SC venceu, de facto, justamente, demonstrando uma enorme personalidade perante as várias adversidades que lhe foram surgindo no decorrer do encontro. Alem disso, efectivamente, o Vitoria SC foi a equipa melhor escalonada no terreno de jogo, sabendo tirar partido das desatenções e imperícias do Portimonense SC.

Foi como líder da classificação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão que o Vitoria SC recebeu na 3ª jornada o SL Benfica no Estádio Municipal de Guimarães completamente lotado.
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(Vitoria SC - SL Benfica na época de 1977/78 no Estádio Municipal de Guimarães. Neste lance o capitão benfiquista Toni disputa o lance com os jogadores vitorianos, entres eles, Abre)
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O SL Benfica apresentou-se debilitado fisicamente na sequência de uma jornada europeia disputada a meio da semana e, sobretudo, durante a 1ª parte não criou qualquer oportunidade de golo.

Já o Vitoria SC, apesar de órfão de Romeu, a cumprir castigo pela expulsão no jogo anterior, esteve em bom nível e foi, inquestionavelmente, a melhor equipa sobre o terreno de jogo.
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(Soares disputando um lance nas alturas)
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Principalmente durante a primeira metade do encontro, o Vitoria SC jogou muito bem e criou varias ocasiões de golo, obrigando a equipa benfiquista a defender a sua baliza com unhas e dentes.

Foram várias as oportunidades que a equipa do Vitoria SC dispôs para se adiantar no marcador, perdidas por gritante infelicidade, nalguns casos, outras por evidente falta de inspiração dos avançados Tito e Mané nos lances capitais. Também o guarda-redes benfiquista Bento esteve, verdadeiramente, sensacional, evitando, com soberbas intervenções, o golo vitoriano num punhado de ocasiões.
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(Lance no interior da area do SL Benfica. Os avançados do Vitoria SC Mané e Tito no meio da muralha defensiva do SL Benfica com Alberto, Eurico e Humberto Coelho)
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Já na 2ª parte o jogo tornou-se ligeiramente diferente. Mário Ventura e Pedrinho, os melhores jogadores do Vitoria SC durante o primeiro período, também caíram fisicamente e o jogo equilibrou-se.

O SL Benfica passou a ter alguma iniciativa embora sem criar grandes chances de golo, enquanto o Vitoria SC perdeu a vivacidade demonstrada na 1ª parte.

Num período do jogo pautado pela toada morna e em que a igualdade parecia ser o destino final, o SL Benfica marcou o golo do triunfo num lance de pura sorte. Corria o minuto 79 quando o defesa do Vitoria SC Alfredo atrasou a bola ao seu guarda-redes de forma deficiente, permitindo a Bastos Lopes, em insistência, intrometer-se e sem dificuldade rematar para o fundo da baliza vitoriana.
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(Pietra na condução do esférico perante a perseguição do centrocampista do Vitoria SC, Abreu)
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A partir daí o Vitoria SC reagiu e tentou repor a igualdade, todavia, tanto o tempo escasseava como as forças faltavam aos jogadores vimaranenses para ultrapassar a bem organizada defensiva encarnada.

Ainda assim, no último minuto jogo, porem, a infelicidade vitoriana manifestou-se novamente quando um disparo para golo certo de Ferreira da Costa foi desviado magistralmente pelo guarda-redes Bento.

O Vitoria SC foi infeliz, é um facto, e não mereceu a derrota visivelmente injusta por 0-1 naquele encontro contra o SL Benfica. Mas, também é verdade, ficou a dever a si próprio este resultado negativo porque não soube aproveitar os lances de golo que dispôs e ainda ofereceu em bandeja dourada o golo ao adversário.
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(Disputa de lance no meio campo entre Toni e Mario Ventura neste desafio entre o Vitoria SC e o SL Benfica da temporada de 1977/78)
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Na 4ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1977/78 o Vitoria SC deslocou-se a Coimbra para defrontar, na altura, o denominado Académico de Coimbra, equipa ainda sem qualquer ponto na competição e a viver em crise.

O Académico de Coimbra entrou determinado a vencer o Vitoria SC e para isso contou com um apoio maciço do público conimbricense. Com uma entrada de rompante o Académico de Coimbra fez o primeiro golo logo aos 10 minutos de jogo através de Rogério.

Numa jogada de insistência, Brasfemes disparou uma verdadeira “bomba” à baliza do Vitoria SC que depois de embater nos dois postes sobrou para a zona frontal no interior da área onde o avançado conimbricense Rogério não desperdiçou e bateu o guarda-redes vitoriano Melo.

O Vitoria SC, porem, não vacilou perante o ímpeto inicial do Académico de Coimbra. Revelou maturidade suficiente para aguentar o golo do adversário e assumiu as despesas do jogo.

À passagem do minuto 30 o Vitoria SC chegaria ao golo, consequência normal para o desenrolar dos acontecimentos. Numa jogada bem gizada, o avançado Tito isolou-se, driblou o guarda-redes conimbricense Hélder e atirou para a baliza onde surgiu o defesa José Freixo a desviar a bola ostensivamente com a mão.

Penalty assinalado e Abreu, sem mácula, converteu em golo fixando o resultado em 1-1. Este golo do Vitoria SC teve o condão de perturbar imensamente a equipa do Académico de Coimbra e o destino do jogo mudou radicalmente. O Vitoria SC quebrou o ímpeto da briosa, tornou-se dominador e ainda mais perigoso.
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(Lance junto à baliza do Vitoria SC, com a intervenção do guarda-redes Melo ao solo segurando o esférico)
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Já no decorrer da 2ª parte a superioridade vimaranense foi inequívoca e avassaladora com evidente reflexo no resultado final. O golo da equipa do Vitoria SC estava iminente perante tanta superioridade.

Aos 58 minutos de jogo o Vitoria SC colocou-se em vantagem, fruto de uma bela jogada de ataque onde Mané concluiu de cabeça um bom cruzamento de Tito com conta, peso e medida.

Pouco minutos depois, aos 63, o Vitoria SC selou definitivamente o triunfo por 1-3, numa excelente jogada individual de Pedrinho ao desfazer-se com categoria de dois adversários e perante a saída do guarda-redes Hélder a rematar colocado.

A equipa do Académico de Coimbra, completamente desorientada, ainda tentou uma reacção ao resultado negativo, mas sem qualquer êxito, pois nessa altura a defensiva vitoriana revelou-se verdadeiramente imperial, soberana e coesa.

Triunfo justíssimo do Vitoria SC por 1-3 em Coimbra frente ao Académico de Coimbra, na terceira vitoria da equipa vimaranense no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1977/78.
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(Agora um lance disputado nas alturas junto à baliza do Académico de Coimbra, neste desafio entre a equipa conimbricense e o Vitoria SC)

O percurso vitorioso da formação vitoriana continuaria, desta feita, contra o histórico rival SC Braga em jogo disputado na cidade de Guimarães. Numa partida emotiva, muito própria de um derby minhoto onde a rivalidade entre os dois clubes é evidente para as respectivas massas associativas, o Vitoria SC venceu por 2-1.

Durante a 1ª parte, o jogo foi, de certo modo, equilibrado com as poucas oportunidades a surgir para ambos os lados. O SL Braga começou melhor e teve a primeira chance para marcar por Chico Gordo.

(Lance no interior da grande area do SC Braga com o guarda-redes Conhé a afastar a bola ao pontapé)

(No tapete verde do Estádio Municipal de Guimarães, o enfermeiro Salgado assiste o jogador do Vitoria SC com a ajuda do n.º 9 Romeu)

Depois do primeiro quarto de hora, o Vitoria SC passou a dominar e a encurralar a equipa bracarense na sua metade do terreno de jogo, dispondo, então de duas boas oportunidades para marcar, primeiro por Abreu e depois por Mané.

Já na 2ª parte o Vitoria SC entrou bem melhor e logo aos 49 minutos adiantou-se no marcador por intermédio de Tito a concluir bem um centro rasteiro de Pedrinho, centrocampista lançado ao intervalo para substituir Mané.

(Tito na recepção da bola já no interior da grande area do SC Braga, neste encontro entre o Vitoria SC e o rival bracaranse na época de 1977/78)

(Os festejos do golo do Vitoria SC apontado pelo capitão Tito. Na companhia surge tambem Romeu a festejar)
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O segundo golo vimaranense chegou aos 59 minutos na transformação de uma grande penalidade a punir uma falta do defesa Rolando sobre o brasileiro do Vitoria SC Almiro. Abreu, com mestria suficiente, marcou a grande penalidade e colocou o Vitoria SC a vencer por 2-0.

Este não seria, porem, o resultado final do encontro porque entretanto o SC Braga reduziu para 1-2 por intermédio de Chico Gordo. Num lance desenvolvido sobre o lado direito do ataque bracarense surgiu um cruzamento para a área onde apareceu Chico Gordo, solto de marcação, a reduzir o marcador.
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(Imagem do desafio entre o Vitoria SC e o SC Braga na temporada de 1977/78)
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Fixou-se, assim, o resultado final, embora o SC Braga tenha procurado a igualdade ate aos 90 minutos. Contudo, fisicamente desgastado, desconexo e sem o discernimento suficiente, a equipa do SC Braga não dispôs de grandes oportunidades para marcar, apesar da emoção gerada pela incerteza do resultado.


Autor: Alberto de Castro Abreu

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