Glórias do Passado: Temporada de 1976/77 - 8ª Parte

 

Temporada de 1976/77 - 8ª Parte


A participação do Vitoria SC na Taça de Portugal na edição da temporada de 1976/77 iniciou-se na eliminatória dos 64/avos de final jogando no Estádio Municipal de Guimarães frente à modesta equipa do União de Montemor.
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Com facilidade, a equipa do Vitoria SC conseguiu vencer categoricamente o União de Montemor por 6-0. Fui, como se costuma dizer, um jogo sem história, pois o Vitoria SC foi manifestamente superior ao adversário, resumindo-se o desenrolar do jogo aos golos da equipa vimaranense.

O Vitoria SC, com uma entrada arrasadora, colocou-se a vencer por 3-0, decorridos apenas 15 minutos de jogo, através de Mário Ventura, Tito e Almiro, sentenciando, desde logo, o destino da eliminatória.

(Jogo entre o Vitoria SC e o União de Montemor a contar para a Taça de Portugal. Na imagem o centrocampista do Mário Ventura)
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Depois da vantagem alcançada, o Vitoria SC entrou em ritmo de treino, deixando correr o tempo, embora, dominando sempre os rumo dos acontecimentos e ampliando a vantagem, perante uma inofensiva, mas muito digna, equipa montemorense.

O quarto golo do Vitoria SC surgiu logo no início do segundo tempo, através de Ferreira da Costa, na cobrança de um livre directo. Tito marcou o quinto golo numa antecipação ao guarda-redes do União de Montemor Antonino. Por fim, selando o resultado final em 6-0, foi Abreu o autor do golo, este, marcado na transformação de uma grande penalidade.
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(Novamente Mário Ventura no encontro entre o Vitoria SC e o União de Montemor)
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Na ronda seguinte o Vitoria SC voltou a receber no Estádio Municipal de Guimarães uma equipa dos escalões secundários do futebol português. Desta feita, o adversário dos vimaranenses foi o Eléctrico FC de Ponte de Sor, uma equipa, inquestionavelmente, bem acessível para as aspirações do Vitoria SC.

Diga-se, desde logo, que a formação de Ponte de Sor resistiu briosamente durante 25 minutos, momento em que o Vitoria SC apontou o primeiro golo, através do avançado brasileiro Dinho que, eficazmente, respondeu bem a um cruzamento de Tito.

Curiosamente, ate aquela altura, a equipa do Eléctrico FC, combativa e resistente, também tinha disposto de duas boas oportunidades de golo para marcar e adiantar-se no marcador. Contudo, após o primeiro tento do Vitoria SC, esgotou-se, praticamente, a réplica da equipa do Eléctrico FC e foi possível construir um resultado volumoso.

O Vitoria SC acabou por vencer a partida por 7-0, ultrapassando assim mais uma eliminatória da Taça de Portugal. Aos 29 minutos o brasileiro Dinho bisou na partida, com um remate bem colocado e indefensável para o guardião adversário Brito. Ainda antes do intervalo, precisamente aos 44 minutos, o Vitoria SC chegou ao 3-0 por intermédio de Tito.

(Golo de Abreu no jogo entre o Vitoria SC e o Eléctrico FC de Ponte de Sor na Taça de Portugal)
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No reinício da partida, após o intervalo, a equipa do Vitoria SC aumentou a cadência de jogo e assim voltou a marcar, aos 50 minutos, através de Abreu, que ao interpor-se entre dois adversários finalizou em bom estilo.

Aos 70 minutos de jogo, o defesa Alfredo, bem incorporado em acções ofensivas, fez o quinto golo, enquanto Ferreira da Costa, aos 83 minutos, marcou o sexto golo, respondendo bem a uma assistência de Alfredo.

Instantes depois, já em cima dos 90 minutos, foi novamente o centrocampista Ferreira da Costa a marcar, estabelecendo assim o resultado final em 7-0 favorável ao Vitoria SC e a continuidade da equipa vimaranense na Taça de Portugal.

(Jogada confusa no interior da grande area do Eléctrico FC de Ponte de Sor na partida frente ao Vitoria SC no Estádio Municipal de Guimarães)
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Por sortilégios do acaso a eliminatória seguinte da Taça de Portugal colocou frente a frente os dois finalistas da mesma competição na época anterior. Num jogo encarado como uma pequena desforra, o Vitoria SC foi bastante melhor que o adversário e venceu bem o Boavista FC,

Esta partida fica ainda marcada pelas condições adversas nas quais a mesma foi disputada. Num dia de verdadeiro temporal e com o relvado do Estádio Municipal de Guimarães martirizado pelas intensas chuvas e transformado num autentico lamaçal, o espectáculo entre duas das melhores equipas portuguesas ficou naturalmente prejudicado, não só na acção dos atletas como no pouco publico que afluiu ao recinto.
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(O vitoriano Alfredo, sobre o lado direito, avança em direcção à defesa boavisteira, no visivel terreno pesado)
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Este encontro entre o Vitoria SC e o Boavista FC foi um jogo muito discutido e recheado de momentos de emoção, embora com muitos nervos de parte a parte, consecutivas quezílias entre os jogadores e muitos protestos, causa evidente dos acontecimentos verificados na partida da final da Taça de Portugal da época de 1975/76.

Naturalmente sem grandes primores técnico, o Vitoria SC assumiu ao longo do jogo uma postura realista e eficaz, vencendo, diga-se desde já, com toda a justiça por 2-0, embora, até tivesse sido o Boavista FC a dispor das primeiras duas oportunidades de golo, desperdiçadas por Mane e Celso.
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(Luta intensa entre os jogadores do Vitoria SC e o Boavista FC sob as condições dificieis do terreno de jogo do Estádio Municipal de Guimarães)
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Marcou primeiro, porém, o Vitoria SC por intermédio do brasileiro Pedrinho, num golo muito contestado, sem razão, pelos jogadores boavisteiros. Este tento, por um lado, estimulou a equipa do Vitoria SC enquanto, por outro lado, irritou, fatalmente, a turma axadrezada.

O segundo tento, que selou o resultado final, chegou num momento em que o Vitoria SC, mais autoritário, controlava a partida, tendo sido apontado por Tito numa jogada de convicção e insistência. Tito, sempre astuto, aproveitou bem uma bola que parecia perdida e que inadvertidamente ficou parada num poço de lama à entrada da grande área boavisteira, para finalizar com eficiência.
.(Nesta imagem percebe-se o juiz auxiliar a assinalar um fora de jogo ao avançado do Vitoria SC Tito perante a presença do defesa boavisteiro Artur)
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O Vitoria SC parecia encarreirar numa caminhada vitoriosa rumo às eliminatórias decisivas da Taça de Portugal. Todavia, num verdadeiro “jogo de taça” o Vitoria SC foi eliminado pelo GD Cuf, equipa do escalão secundário.

Foi uma grande surpresa o triunfo da equipa cufista sobre o Vitoria SC, não apenas por se tratar de uma equipa a militar no Campeonato Nacional da 2ª Divisão, mas também na forma como decorreu o jogo.

No popular Lavradio, no Barreiro, o GD Cuf, evidentemente mais frágil, não aguentou muito tempo a superioridade vitoriana. Logo aos 10 minutos o Vitoria SC marcou através de um excelente remate de Ferreira da Costa.

Passo a passo, a equipa da margem sul do Tejo foi equilibrando a contenda e aos 28 minutos chegou à igualdade através de Eduardo, um dos grandes heróis desta partida da Taça de Portugal.

Já na segunda parte, aos 68 minutos, a equipa do Vitoria SC chegou ao 2-1 através de Abreu. Poucos minutos antes, o árbitro do encontro César Correia, fez vista grossa a uma carga ilegal sobre Tito dentro da grande aérea do GD Cuf, não assinalando, segunda critica desportiva, uma grande penalidade nítida a favor do Vitoria SC.
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(Pedrinho, centrocampista do Vitoria SC, surge nesta imagem em boa posição perante o guarda-redes do GD Cuf)
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Quando tudo fazia crer que a eliminatória estava selada, o GD Cuf chegou à igualdade apenas a dois minutos do final do tempo regulamentar, através de José Pedro, na transformação de uma grande penalidade.

Foi necessário realizar-se um prolongamento para encontrar-se o vencedor da eliminatória. Logo aos 2 minutos, Abreu, colocou novamente o Vitoria SC em vantagem no marcador.

Fisicamente bastante debilitado, mas com uma galhardia louvável, os jogadores cufistas lutaram ate à exaustão pelo tento da igualdade. Aos 18 minutos do prolongamento, Eduardo, repôs a igualdade perante a incrível apatia dos jogadores vitorianos.

Quando tudo parecia encaminhado para um jogo de desempate, desta feita, na cidade de Guimarães e os adeptos já abandonavam o Estádio Alfredo da Silva, o GD Cuf chegou ao golo da vitória mesmo em cima do apito final, através de um inesperado remate de Carlos Manuel que surpreendeu o guardião vitoriano Rodrigues.

Tremenda desilusão para as hostes vitorianas que viam assim terminar a participação na Taça de Portugal, eliminados por uma equipa do escalão secundário por um resultado de 4-3 e quando esteve em três ocasiões na situação de vantagem.
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(Imagem de um lance disputado no encontro entre o GD Cuf e o Vitoria SC a contar para a Taça de Portugal)
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Nesta temporada de 1976/77 o Vitoria SC participou ainda na extinta Taça da Federação Portuguesa de Futebol, competição que se desenrolava na parte final da época desportiva.

O Vitoria SC foi inserido na Serie A dos clubes participantes no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, juntamente com o SC Braga, o Varzim SC e o Leixões SC. Esta competição era disputada pelos clubes do primeiro escalão do futebol português, divididos em quatro series e num sistema de todos contra todas com duas voltas.

A equipa do Vitoria SC chegou à penúltima jornada da prova com dois empates e duas vitórias e, assim, na luta pelo apuramento para a fase seguinte da competição. Nesta prova, apenas o primeiro classificado de cada serie seguiria para as meias-finais Taça da Federação Portuguesa de Futebol.

No jogo da 5ª jornada da prova, a penúltima ronda, o Vitoria SC recebeu no Estádio Municipal de Guimarães o Varzim SC. O mau tempo que se abateu sobre Guimarães causou muitos danos no relvado do recinto vimaranense e com isso sofreriam os jogadores de ambas as equipas, obrigados a um esforço suplementar para jogar.

De qualquer modo, atendendo às circunstâncias, esta partida entre os vimaranenses e a formação poveira foi um bom jogo de futebol. O Vitoria SC começou melhor e logo aos 5 minutos adiantou-se no marcador por intermédio de Tito que, num remate na passada, concluiu excelentemente uma jogada bem gizada por Mário Ventura e Rui Lopes.

Ainda no primeiro tempo, aos 33 minutos, o poveiro Marco Aurélio, num magnífico cabeceamento, igualou o marcador a 1-1. Na segunda parte o Vitoria SC teve que reagir ao resultado negativo e ir em busca do triunfo.

Porém, mais se agudizou o estado do terreno de jogo, transformado num autêntico pântano, e o jogo tornou-se muito incaracterístico. E foi, naturalmente, numa jogada incaracterística que o Vitoria SC chegou ao triunfo por 2-1. O vitoriano Pedroto, aproveitando uma inadvertida escorregadela do guardião Fonseca do Varzim SC, fez o golo da vitória.

Chegava a jornada decisiva e ao Vitoria SC era suficiente o empate para manter o primeiro lugar na Serie A e assim classificar-se para a ronda seguinte da competição, enquanto para o SC Braga, o adversário na ocasião, só o triunfo servia.

A equipa do Vitoria SC dominou completamente todo o encontro e dispôs de imensas ocasiões de golo para marcar. Porém, foi o SC Braga que venceu a partida por 0-1 apontando um golo à passagem no minuto 22, ainda na primeira parte, num rápido contra ataque finalizado por Chico Faria, conseguindo a turma bracarense, dessa forma, apurar-se para a fase final da competição.

A partir do momento em que o SC Braga se colocou em vantagem, a turma bracarense assumiu uma postura ultra defensiva, colocando enormes dificuldades à equipa do Vitoria SC, apesar de as oportunidades para igualar tivessem surgido.

Se as dificuldades colocadas pelo adversário já eram enormes, o Vitoria SC ainda foi vítima da entrada em cena do árbitro Guilherme Pinto, da A. F. do Porto. Na verdade, com um punhado de decisões reconhecidamente erradas a arbitragem prejudicou bastante a equipa do Vitoria SC.

Destaca-se, desde logo, dois lances dentro da grande área do SC Braga, quando Tito é claramente derrubado pelo guardião bracarense Fidalgo e um lance, quase imediato, onde Almiro é rasteirado em situação evidente de rematar para golo pelo defensor Fernando.

Esta arbitragem mereceu muitas críticas por parte dos dirigentes vitorianos, bem como os seus adeptos, que protestaram com veemência as decisões do arbitro Guilherme Pinto.

Autor: Alberto de Castro Abreu

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