Glórias do Passado: Temporada de 1976/77 - 5ª Parte

 

Temporada de 1976/77 - 5ª Parte


Dando sequência ao bom período que a equipa atravessava no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1976/77, o Vitoria SC recebeu e venceu o rival SC Braga por 1-0 numa partida a contar para a 18ª jornada da competição.

Este derby minhoto disputou-se sobre um terreno de jogo em péssimas condições - facto já frequente nesta temporada – mas que se agudizava com o passar do tempo, tornando-se mais um obstáculo para os intervenientes. De facto, o alegado relvado do Estádio Municipal de Guimarães apresentava-se completamente deteriorado e pouco recomendável para a prática do futebol.
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(Intensa disputa entre os jogadores do Vitoria SC e o SC Braga em frente à baliza bracarense à guarda de Fidalgo)
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A chuva que foi caindo copiosamente ao longo de todo o jogo transformou, precocemente, o já depauperado relvado vitoriano num verdadeiro lamaçal, onde era, efectivamente, bastante difícil jogar.

Quanto ao jogo, diga-se, que o Vitoria SC, exercendo um natural domínio, jogou ao ataque, embora, nunca descurasse o seu sector defensivo, pois, atento ao modo de jogo da equipa bracarense, era expectável alguns perigosos contra ataques.
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(Com evidentes dificuldades vê-se a disputa da bola entre o brasileiro Zezinho, antigo jogador do Vitoria SC, e o medio vitoriano Pedroto)
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O Vitoria SC chegou ao golo através do brasileiro Almiro, num remate feliz e, a partir daí, a toada da partida alterou-se bastante, com o SC Braga a ter que assumir as despesas ofensivas, enquanto a turma vimaranense, por seu turno, guardava a preciosa vantagem.

Já no segundo tempo o SC Braga muito combativa e confiante arriscou ainda mais, atirando-se na busca do golo do empate. Todavia, a equipa do Vitoria SC, com maior ou menor dificuldade, foi evitando esse golo e, jogando no contra golpe, acabou mesmo por dispor da melhor oportunidade para sentenciar definitivamente o jogo já perto dos 90 minutos.

Apesar das contrariedades acabou por ser um bom jogo de futebol, com as ambas as formações a exibirem-se em bom nível, com garra, espírito de sacrifício e muita determinação, podendo considerar-se, de qualquer forma, o Vitoria SC como um vencedor ajustado, pois foi a equipa que melhor se adaptou ao terreno de jogo.
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(Neste jogo entre o Vitoria SC e o SC Braga na época de 1976/77 é bem evidente as más condições do terreno de jogo. Com a presença de Tito, é Pedrinho que cai no enlameado terreno de jogo)
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(Lance junto à area do SC Braga, o brasileiro Pedrinho chuta em direcção à baliza. Na imagem vê-se tambem o n.º 10 do Vitoria SC, Tito)
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Na 19ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Vitoria SC deslocou-se ao Campo da Amoreira, no Estoril, para defrontar a valorosa equipa do GD Estoril Praia. A equipa de Guimarães apresentou-se, notoriamente, com o objectivo de pontuar, como conseguiu.

Esta partida do nacional maior, frente ao GD Estoril Praia, marca a estreia em jogos oficiais do jovem guarda-redes Barreira, um produto dos escalões de formação do Vitoria SC, que assim substituía o ausente Rodrigues.

Com um sistema de jogo muito cauteloso, privilegiando, sobretudo, a segurança defensiva em detrimento de aventuras atacantes, tentando controlar todas as operações no meio campo, o Vitoria SC conseguiu neutralizar quase todas as investidas estorilistas.

O Vitoria SC, na Costa do Sol, foi aquilo que normalmente se considera como uma equipa trabalhadora, determinada e humilde, jogando declaradamente para a vertente prática do jogo, ou seja, os pontos em disputa.

Em consequência, a equipa do GD Estoril Praia, embora amplamente dominadora, dispôs apenas de uma clara ocasião de golo, aquando de um excelente remate de meia distancia que esbarrou, com estrondo, na trave da baliza vitoriana. Por seu turno, o Vitoria SC, aproveitando melhor os espaços, jogando em contra ataque, teve também algumas ocasiões para marcar.
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(O caboverdiano Oscar do GD Estoril Praia vai disputar este lance com o jogador do Vitoria SC, Abreu)
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Contudo, é inegável que o Vitoria SC teve a sorte do jogo nesta partida frente ao GD Estoril Praia. A equipa canarinha jogou bem mais, esteve sempre próxima da baliza do Vitoria SC, mas nos momentos cruciais não teve arte e engenho para marcar qualquer golo.

Assim, terminou com uma igualdade a 0-0 no marcador este GD Estoril Praia – Vitoria SC, um resultado bastante positivo para a turma de Guimarães, alcançado num terreno tradicionalmente difícil.

Com este ponto conquistado extramuros o Vitoria SC conseguia expelir alguma pressão que se fazia sentir sobre a equipa, dada a proximidade dos lugares perigosos da classificação, ganhando então um novo ânimo para o resto da competição.

Nesta altura, o Vitoria SC estava posicionado na 8ª posição da tabela classificativa, separado apenas por quatro pontos dos lugares de descida, mas, por outro lado, apenas a três pontos dos lugares uefeiros.
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(O defesa vitoriano Ramalho disputando o lance perante a expectativa do companheiro de sector Alfredo, mais atrás).
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Na ronda seguinte antevia-se um jogo muito difícil para o Vitoria SC. O Académico de Coimbra, uma das grandes sensações da prova, visitava Guimarães na 20ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

As expectativas geradas confirmaram-se inteiramente no desenrolar da partida. O jogo, embora equilibrado, teve maior ascendência ofensiva por parte do Vitoria SC, contudo, nunca foi possível à equipa de Guimarães arriscar declaradamente por causa do poderoso e temido contra ataque do Académico de Coimbra.

A formação conimbricense montou também um impenetrável esquema defensivo, que o Vitoria SC nunca conseguiu ultrapassar, razão pela qual esta partida da principal competição portuguesa acabou por ser um jogo insípido e sem grandes motivos de interesse.
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(Lance na grande area do Academico de Coimbra, com o avançado Tito a ser empurrado pelo defesa conimbricense)
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Tudo se agravou, porem, quando o Vitoria SC voltou a desperdiçar uma grande penalidade, numa ocasião que a ser aproveitada poderia ter mudado radicalmente o rumo aos acontecimentos.

Deste modo, o jogo terminou empatado a 0-0, um resultado justo que satisfez ambas as equipas, sendo mais criticável, porem, a exibição da formação do Vitoria SC que, actuando em casa, tinha a obrigação de jogar para ganhar.

A equipa vimaranense foi mesmo decepcionante, temendo, notoriamente, o adversário, jogando muito abaixo das suas capacidades e longe daquilo que vinha evidenciado nas jornadas anteriores.
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(Imagem do jogo entre o Vitoria SC e o Académico de Coimbra na época de 1976/77 em Guimarães)
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Depois de três jornadas consecutivas sem conhecer o sabor da derrota, o Vitoria SC perdeu contra o Vitoria de Setúbal, no Estádio do Bonfim, numa partida altamente polémica.

Mais uma vez - como já se tornara normal – o Vitoria SC apresentou-se em Setúbal disposto a pontuar. Para isso, fez uso de um esquema de jogo bastante cauteloso e preventivo, onde a principal missão era tapar todos os caminhos em direcção à sua baliza.

Na mecânica instalada para os jogos na condição de forasteiro, o Vitoria SC fez uso do contra ataque sempre que lhe era possível e assim também criava algumas dificuldades ao sector defensivo do adversário.

Este sistema funcionou na mais completa perfeita ao longo da primeira parte, pois o Vitoria SC controlava bem o jogo no seu meio campo, conservando bem a posse do esférico e partia em rápidos contra ataques em direcção à baliza setubalense.
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(Jacinto João pelo Vitoria de Setubal e Mário Ventura pelo Vitoria SC disputam este lance do jogo entre vitórias no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1976/77)
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Durante este período esteve à vista o golo do Vitoria SC. Valeu, na ocasião, as excepcionais intervenções do guardião setubalense Jorge Martins e a incapacidade dos avançados da equipa vimaranense.

No início da segunda metade a equipa setubalense cresceu bastante e empurrou um pouco mais o Vitoria SC para o ultimo terço do campo. Embora mais pressionado, a equipa do Vitoria SC nunca se desuniu e arduamente foi controlando todas as investidas a formação setubalense.

Ambas as equipas perceberam o destino do jogo e prematuramente resignaram-se à igualdade no marcador, até que, já depois dos 90 minutos, entrou em cena aquele que viria a ser o grande protagonista da partida, o arbitro Porfírio Alves da A. F. de Lisboa, ao assinalar uma grande penalidade bastante contestada contra o Vitoria SC.

A incredulidade na decisão tomada pelo árbitro, provocou nos jogadores e responsáveis do Vitoria SC uma intempestiva reacção que redundou nas expulsões dos atletas Tito, Pedrinho e Celton, bem como do médico, massagista e delegado ao jogo vitoriano. Por exemplo, o capitão do Vitoria SC Tito era expulso pela primeira vez nos seus 17 anos de carreira de futebolista.
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(Lance aéreo no interior da defensiva vitoriana neste jogo disputado no Estádio do Bonfim)
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O árbitro manteve aquela contestada decisão e o Vitoria de Setúbal marcaria o golo do triunfo na transformação da grande penalidade através de Jacinto João. Fixava-se, assim, o resultado final em 1-0.

Depois do jogo toda a imprensa desportiva criticou violentamente o árbitro Porfírio Alves, não só por aquela decisão como por outros erros clamorosos que decidiram o jogo e prejudicou manifestamente o Vitoria SC.

Muita tinta correu após aquele jogo em Setúbal e várias foram as reacções dos responsáveis do Vitoria SC aquela arbitragem. Contudo, como seria de esperar, apesar das evidências, o árbitro do encontro não sofreu qualquer sanção por parte das instâncias federativas, ao contrário do que aconteceu com os jogadores vitorianos.


Autor: Alberto de Castro Abreu

não é o Jacinto João.
 
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