Glórias do Passado: Silveira

 

Silveira


Silveira é o mais lendário capitão de todos capitães na história do Vitoria SC. Esteve doze anos consecutivos ao serviço da equipa vimaranense, assumindo desde da temporada de 1955/56 o honroso cargo de capitão de equipa, tendo, assim, o seu nome ligado a momentos marcantes da vida do clube da cidade berço.

Chegou à cidade de Guimarães decorria a época de 1952/53 e só deixou de jogar no Vitoria SC no final da temporada de 1963/64, já um veterano, para ingressar no FC Vizela e nesse clube fazer parte, também, da sua história.

Natural da localidade de Angustias, nos Açores, José Silveira Júnior nasceu no dia 26 de Setembro de 1926. Começou a jogar futebol com 16 anos de idade nos juniores do SC Horta.

Dois anos depois ascendeu à primeira equipa do SC Horta, disputando as competições regionais açorianas. Porem, as suas qualidades como um bom extremo esquerdo trouxeram Silveira, com 26 anos de idade, para o Vitoria SC no decurso da temporada de 1952/53 e para o primeiro escalão do futebol português.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1952/53)
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(Silveira no Vitoria SC)
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Embora rotulado como excelente extremo esquerdo, não seria nessa posição que Silveira mais se destacou no Vitoria SC. É verdade que começou jogando nessa posição, passou também pelo lugar de avançado centro, mas seria como defesa central que Silveira cumpriu grande parte da sua carreira e tornou-se, seguramente, num dos melhores jogadores portugueses.

Na temporada de 1952/53 o Vitoria SC participou no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e, nessa época, ao garantir a permanência tornou-se o clube com mais participações consecutivas no primeiro escalão do futebol português a seguir ao SL Benfica, Sporting CP, FC Porto e CF Belenenses, feito de realce para uma colectividade da denominada província.

No início daquela época o conjunto vitoriano manteve como técnico principal o húngaro Alexandre Peics, contudo, este viria a ser substituído a meio da temporada por Cândido Tavares, o treinador responsável pelo lançamento de Silveira na equipa principal do Vitoria SC.

Na verdade, o açoriano Silveira vem reforçar o Vitoria SC já com o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1952/53 a decorrer, juntamente com Lara II, vindo do SL Benfica.

Silveira, actuando como extremo esquerdo, vai estrear-se oficialmente pela equipa do Vitoria SC no dia 11 de Janeiro de 1953, no Campo da Amorosa, numa importante partida que opôs a formação da cidade berço ao SL Benfica. Para a história fica o resultado desse celebre jogo que terminou empatado a 0-0.

O Vitoria SC acabou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão desta temporada na 8ª posição da tabela classificativa. Todavia, esta classificação não foi sinónima de uma prova sem sobressaltos.

Alias, bem pelo contrário, pois a verdade é que o Vitoria SC viu-se envolvido numa intensa luta pela permanência no principal escalão do futebol português com o Boavista FC, SC Covilhã, Académica de Coimbra, Atlético CP, SC Braga e GD Estoril – Praia.

O Vitoria SC só garantiria a permanência no final de um dramático jogo disputado na cidade de Guimarães contra o SC Braga. No Campo da Amorosa, completamente lotado, assistiu-se, com elevado dramatismo, ao desenrolar do jogo que permaneceu empatado até ao ultimo minuto, altura em que o avançado vitoriano Caraça apontou o golo do triunfo e que significou a salvação do Vitoria SC remetendo a formação arsenalista para o jogo da “liguilha”.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1952/53, o açoriano Silveira jogou 14 jogos e foi o autor de 2 golos, enquanto na Taça de Portugal, alinhou em 7 jogos, tendo apontado 1 golo.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1952/53)
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Seguiu-se a temporada de 1953/54, onde o Vitoria SC, ainda sob o comando de Cândido Tavares, alcançou um 8º lugar final na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Esta prova decorreu sem grandes sobressaltos para os vimaranenses, os quais, com grande tranquilidade, atingiram o objectivo da permanência no principal escalão do futebol português.

Não sendo ainda um titular indiscutível, Silveira alinhou em 16 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontado somente 1 golo, enquanto na Taça de Portugal regista-se a sua presença em 4 jogos e também a autoria de 1 golo.

A terceira época de Silveira no Vitoria SC fica marcada na história a temporada em que o clube vimaranense desceu pela primeira vez à 2ª Divisão Nacional. Inexplicavelmente a formação vimaranense não conseguiu garantir a manutenção no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, facto que surpreendeu todo o panorama futebolístico nacional, precisamente, numa altura em que o Vitoria SC tinha realizado um aposta na equipa de futebol principal.

No início da temporada de 1954/55 o Vitoria SC contratou o conceituado treinador Randolph Galloaway, um inglês que tinha alcançado enorme sucesso no Sporting CP, conquistando vários troféus importantes.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1954/55)
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(Silveira no Vitoria SC)
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Não obstante o investimento realizado num técnico conceituado e conjunto de jogadores de inquestionável qualidade, a verdade é que os resultados foram uma verdadeira desilusão e o Vitoria SC acabou no último lugar da classificação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Nesta fatídica época, Silveira terá sido um dos melhores jogadores do Vitoria SC ao longo da temporada. Titular indiscutível, actuou em 24 jogos da principal competição, apontado 5 golos, aqueles que seriam os últimos golos que Silveira marcou pelo Vitoria SC na 1ª Divisão Nacional.

Foi, naturalmente, uma profunda tristeza e desilusão para as gentes de Guimarães o final daquela temporada de 1954/55. Contudo, o clube teve que dar a volta aos acontecimentos e iniciar a batalha para o regresso à principal liga nacional.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1954/55)
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E para esse movimento contou com o contributo de Silveira, apesar dos convites recebidos de vários clubes da 1ª Divisão Nacional. Silveira estava enraizado na cidade de Guimarães e tinha como propósito ajudar a recolocar o Vitoria SC no primeiro escalão do futebol português.

A temporada de 1955/56 seria, assim, a primeira de um conjunto de três épocas consecutivas que o Vitoria SC iria passar na 2ª Divisão Nacional. Para esta temporada foi contratado um técnico de renome nacional, o português Fernando Vaz, curiosamente, um antigo adjunto do inglês Randolph Galloway no Sporting CP, ex-treinador do FC Porto e antigo seleccionador nacional.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1955/56)
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(Silveira no Vitoria SC)
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O Campeonato Nacional da 2ª Divisão iniciou-se de pior forma para os vimaranenses com quatro resultados negativos. Perdeu nas deslocações aos redutos do SC Salgueiros por 3-1 e no SC Espinho por 4-3, enquanto em Guimarães, perdeu com o Boavista FC por 1-3 e empatou com o GD Peniche a 1-1.

Naturalmente, os maus resultados e os protestos dos adeptos vitorianos obrigaram o treinador Fernando Vaz a proceder a algumas alterações na equipa que viriam a revelar-se essenciais para a recuperação encetada.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1955/56)
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Deste modo, o açoriano Silveira – que até então jogava como avançado – passou a jogar no centro da defesa, posição na qual se notabilizou e tornou-se o grande líder do Vitoria SC, formando com Virgílio e Francisco Costa um trio defensivo que transmitia enorme segurança defensiva à equipa.

Assim, a partir da 5ª jornada, o Vitoria SC principiou uma recuperação, verdadeiramente, notável e exibindo-se ao mais alto nível contabilizou uma serie de resultados positivos.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1955/56)
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(Silveira no Vitoria SC)
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O Vitoria SC, vencendo a Zona Norte, apurou-se para a fase final do Campeonato Nacional da 2ª Divisão, a fase decisiva para a ansiada subida ao principal escalão do futebol português.

No desenrolar da fase final da prova destacam-se os jogos decisivos para a obtenção do 1º lugar que dava acesso directo à 1ª Divisão Nacional, sobretudo, o jogo que comprometeu, definitivamente, essa posição.

Foi exactamente o encontro disputado pelo Vitoria SC contra o Boavista FC na cidade do Porto. A grande figura dessa partida seria o árbitro Joaquim Campos que, segundo rezam as crónicas, influenciou decisivamente o desenrolar do jogo, beneficiando, diz-se, consecutivamente, a equipa axadrezada.

O Boavista FC venceu aquele desafio por 1-0, ficando o 1º lugar na classificação entregue ao COL Oriental que assim garantiu a subida automática à 1ª Divisão Nacional.

Ao Vitoria SC coube o 2º lugar na tabela classificativa, posição que lhe permitiria ainda disputar os jogos de acesso à 1ª Divisão Nacional com o penúltimo classificado daquele escalão.

O adversário nos denominados “jogos da passagem” foi a equipa primodivisionaria da Académica de Coimbra. Na 1ª mão, disputada no Campo da Amorosa, em Guimarães, o jogo terminou empatado a 1-1.

Para a partida da 2ª mão o Vitoria SC teria de vencer em Coimbra. Todavia, o Vitoria SC acabou derrotado pela Académica de Coimbra por 1-0 e assim não conseguiu subir à 1ª Divisão Nacional.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1955/56)
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Na época seguinte de 1956/57 o Vitoria SC voltou, então, a disputar o Campeonato Nacional da 2ª Divisão. A competição disputar-se-ia, exactamente, nos mesmos moldes verificados na época anterior.

Ao comando técnico da equipa vimaranense tinha chegado um novo treinador, o técnico argentino Óscar Tellechea. O Vitoria SC conseguiria apurar-se, novamente, para a fase final do Campeonato da 2ª Divisão Nacional.

O jogo decisivo para a subida de divisão jogou-se contra o SC Farense, formação que já se encontrava sem qualquer possibilidades de alcançar os primeiros lugares. Ao Vitoria SC bastava o triunfo para classificar-se no 1º lugar e assim garantir automaticamente o regresso à 1ª Divisão.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1956/57)
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(Caricatura de Silveira no Vitoria SC)
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Sucede que o Vitoria SC não conseguiu ir alem de um empate a 2-2. E teve tudo para conseguir levar de vencida os leões do Algarve, pois, a poucos minutos do final do desafio, beneficiou de uma grande penalidade que, a concretizar-se, certamente atribuiria o triunfo aos vimaranenses e consequentemente a subida à 1ª Divisão Nacional.

A sorte, porém, foi madrasta para a equipa do Vitoria SC, pois, Armando Barros, desperdiçou a oportunidade não conseguindo converter a grande penalidade em golo, gorando-se assim a possibilidade, mais uma vez, de ascender ao primeiro escalão do futebol português.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1956/57)
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Depois de duas tentativas falhadas, o Vitoria SC conseguiriam, finalmente, regressar à 1ª Divisão Nacional no final da temporada de 1957/58. No início desta época o Vitoria SC fez retornar a Guimarães o técnico Fernando Vaz, o treinador decisivo na carreira de Silveira.

O Campeonato Nacional da 2ª Divisão da época de 1957/58 começou de forma satisfatória para os objectivos do Vitoria SC com três triunfos consecutivos nas primeiras três jornadas.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1957/58)
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(Mário Civico, Silveira e o brasileiro Ernesto Paraíso)
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Depois de dois resultados negativos frente ao Boavista FC e contra o SC Covilhã, o Vitoria endireitou o seu percurso vitorioso, terminando a competição na Zona Norte no 1º lugar.

Na disputa da fase final do Campeonato Nacional da 2ª Divisão o Vitoria SC terminaria em 2º lugar, classificação que lhe permitia manter as esperanças de regressar à 1ª Divisão Nacional.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1957/58)
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(Vários jogadores do Vitoria SC em entrevista na época de 1957/58)
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Para isso, o Vitoria SC teria que levar de vencida o SC Salgueiros, o penúltimo classificado na 1ª Divisão Nacional, nos apelidados “jogos de passagem”. A 1ª mão desses “jogos da passagem”, disputado no Campo Engenheiro Vidal Pinheiro, o Vitoria SC realiza uma grande partida, surpreendendo o primodivisionario SC Salgueiros ao vencer por 1-2.

Estavam assim abertas as portas para o regresso do Vitoria SC à 1ª Divisão Nacional. Para isso, bastava menos não perder no encontro da 2ª mão a disputar na cidade de Guimarães.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1957/58)
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(Plantel do Vitoria SC em entrevista)
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Naturalmente, o Campo da Amorosa encheu-se de vitorianos ávidos para festejar o regresso do clube ao primeiro patamar do futebol luso. O jogo foi tremendamente difícil com a equipa da cidade do Porto a tudo fazer para dar a volta à eliminatória.

Briosamente, o Vitoria SC foi resistindo estoicamente as todas investidas salgueiristas e o resultado final numa igualdade a 2-2 confirmaram o ansiado regresso do clube da cidade berço à 1ª Divisão Nacional.
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(Equipa do Vitoria SC capitaneada por Silveira em 1957/58)
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(Silveira aos ombros nos festejos da subida no final da época de 1957/58)
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No Campo da Amorosa, logo após o apito final, exuberantes festejos eclodiram entre jogadores, técnicos, dirigentes, massa associativa e vimaranenses em geral que invadiram o terreno de jogo onde abraçaram e vangloriaram os heróis que acabavam de conquistar a subida de divisão.

Entre eles, naturalmente, estava o capitão da equipa Silveira, titularíssimo na equipa do Vitoria SC ao longo da época de 1957/58. Os jogadores receberam também a sua recompensa monetária pela proeza, tendo o capitão Silveira recebido o montante de 6.800$00.

A época de 1958/59 marca assim o regresso do Vitoria SC e de Silveira à 1ª Divisão Nacional. A nova temporada traz também um novo treinador ao Vitoria SC, Mariano Amaro, um antigo jogador internacional português e uma das maiores figuras da história do CF Belenenses na década de 30 e 40.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1958/59)
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(Silveira ao serviço do Vitoria SC no Estádio do Restelo)
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(Silveir ano centro da defesa não impede o golo do FC Porto)
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O Vitoria SC fez um percurso notável ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1958/59, alcançando a melhor classificação de sempre na sua história clube até então, com um sensacional 5º lugar na tabela classificativa, logo atrás dos principais clubes portugueses naquele tempo.

Ao longo da época, o defesa açoriano Silveira foi titular indiscutível no Vitoria SC, actuando em 24 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Já na Taça de Portugal, actuou em 4 jogos, sem marcar qualquer golo. Alias, Silveira, desde que recuou para a posição de defesa não marcou qualquer golo com a camisola do Vitoria SC nas principais competições nacionais.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1958/59)
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(Lance aereo numa partida frente ao CF Belenenses)
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(Em pleno Estádio das Antas, perseguindo o portista Hernani que parece vai ultrapassar o guarda-redes do Vitoria SC, Sebastião, neste encontro entre o FC Porto e a equipa vitoriana na época de 1958/59)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1958/59)
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(SL Benfica - Vitoria SC na temporada de 1958/59)
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Depois da grande temporada de 1958/59, o defeso da época de 1959/60, fica marcado pela digressão do Vitoria SC ao continente africano para disputar alguns jogos amigáveis.

Saliente-se que, naquela altura, era altamente prestigiantes este tipo de digressões como a que o Vitoria SC fez a terras africanas e, no caso particular dos vimaranenses, mais ainda, pois os resultados averbados nos desafios que por lá disputou foram soberbos e dignos de elogio nacional.

Capitaneado por Silveira, o êxito do Vitoria SC naquela digressão e a quantidade de troféus conquistados foram devidamente vangloriados por todos os vitorianos, que em Agosto de 1959, no momento do regresso da equipa à cidade de Guimarães, receberam com pompa e circunstancia todos os atletas, técnicos e dirigentes.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(Equipa do Vitoria SC exibindo a bandeira de Portugal)
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Para a nova época de 1959/60 o Vitoria SC apresentava, desde logo, como principal novidade, o seu treinador Humberto Buchelli, um técnico uruguaio proveniente do Vitoria de Setúbal.

A equipa do Vitoria SC faz uma 1ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão em grande estilo, terminando, aquela primeira metade da prova, classificada na 3ª posição da classificação geral.

Já a segunda volta é bem mais fraca, onde o conquista somente 5 pontos, consequência, certamente, do grande desgaste causado com a digressão ao continente africano no início da temporada.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1959/60)
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(Silveira no Vitoria SC)
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O Vitoria SC terminou assim o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 7º posição, uma classificação tranquila e bastante meritória. Silveira foi, mais uma vez, titular indiscutível, somando 25 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e 6 partidas na Taça de Portugal.

Esta temporada de 1959/60 fica marcada por uma lesão que impediu Silveira de se tornar o primeiro internacional “A” português da história do Vitoria SC. José Maria Antunes, o seleccionador nacional, convocou Silveira para os trabalhos da Selecção Nacional de Portugal.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(Caricatura de Silveira no Vitoria SC)
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Surpreendentemente, lá surgia Silveira, jogador do Vitoria SC, entre vários jogadores do SL Benfica, Sporting CP, CF Belenenses e pouquíssimos do FC Porto. Treinava na equipa titular de Portugal e previa-se que iria surgir no onze inicial luso em Paris, num particular contra a Frnaça, em Novembro de 1959.

Precisamente no dia anterior ao particular agendado entre França e Portugal, o defesa vitoriano Silveira lesionou-se com certa gravidade, gorando-se assim a possibilidade de tornar-se internacional português. Acabou por ficar sentado no banco dos suplentes sem poder ser utilizado.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1959/60)
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(Silveira vendo a disputa aerea neste Sporting CP - Vitoria SC)
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Na temporada de 1960/61 o Vitoria SC subiu mais um degrau na hierarquia do futebol português ao atingir o 4º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão que correspondia, até aquela altura, à melhor classificação de sempre do clube na principal prova futebolística nacional.

A época iniciou-se com um novo treinador. Artur Quaresma, também uma antiga glória do CF Belenenses, substituía o uruguaio Humberto Buchelli. Na 1ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1960/61 o Vitoria SC tem um desempenho mediano, concretizando alguns resultados contraditórios, terminando a 1ª metade da competição em 5º lugar.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1960/61)
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(Silveira no Vitoria SC)
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A equipa base do Vitoria SC, nesta altura, assentava numa defesa composta pelo brasileiro Caiçara, Silveira e o vimaranense Daniel. Nesse sector fundamentava-se também a grande 2ª volta realizada pelo Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, onde o clube vimaranense pulverizou, praticamente, todos os adversários exibindo um futebol brilhante e digno de realce em toda a comunicação social.

O Vitoria SC terminou a principal liga nacional na 4ª posição da classificação geral, atrás do SL Benfica que foi o Campeão Nacional, do Sporting CP e da formação do FC Porto. Atrás do Vitoria SC ficou o CF Belenenses, feito verdadeiramente impensável naquela altura.
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(Equipa do Vitoria SC na Ilha da Madeira)
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O capitão do Vitoria SC Silveira jogou 18 encontros da principal competição portuguesa daquela temporada, enquanto que na Taça de Portugal actuou em 6 encontros.

Silveira era um jogador de fino recorte técnico, algo verdadeiramente invulgar naquela época para um defensor. Tal característica advinha, obviamente, da sua formação como futebolista ofensivo.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1960/61)
. (Jogadores do Vitoria SC na Ilha da Madeira)
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Posicionalmente era perfeito, jogando muito bem na antecipação, acorria com facilidade à dobra nos desaires dos colegas de equipa. Bom no jogo aéreo, era determinado e lutador.

Pelo seu forte espírito de liderança, personalidade e dedicação ao clube ao longo dos anos tornou-se, reconhecidamente, num verdadeiro líder na equipa do Vitoria SC e o seu capitão, um estatuto que exercia com enorme competência.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1960/61)
. (Novamente os jogadores vitorianos na Ilha da Madeira)
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Depois da grande época de 1960/61, a temporada seguinte foi bastante conturbada e polémica com a equipa vimaranense a correr sérios riscos em descer à 2ª Divisão Nacional.

As conturbadas relações entre treinador, jogador, dirigentes e massa associativa, juntamente com os maus resultados contribuíram para uma temporada recheada de acontecimentos negativos.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1960/61)
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(Os jogadores do Vitoria SC na viagem pela Madeira)
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O Vitoria SC começou muito mal o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1961/62, coleccionando uma série de resultados negativos. Os maus resultados da equipa provocaram a demissão do treinador Artur Quaresma bem como do Presidente da Direcção Casimiro Coelho Lima.

Paira, então, em Guimarães o espectro da descida do Vitoria SC à 2ª Divisão Nacional. Nesta altura, um conjunto de personalidades vimaranenses tomam conta dos destinos directivos do clube e para o cargo de treinador inicia funções o ex futebolista vitoriano Joaquim Rola.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1961/62)
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(Silveira no Vitoria SC)
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Inicialmente, a mudança operada na liderança da equipa deu os seus frutos. Os resultados começaram a melhorar e a equipa recuperou algum atraso na tabela classificativa, todavia, um empate em casa frente ao SL Benfica por 2-2 e uma demolidora derrota sofrida no Alentejo frente ao Lusitano de Évora, por 4-1, colocou o Vitoria SC novamente em posição de iminente descida de divisão.

O jogo decisivo jogou-se no Campo da Amorosa frente ao FC Porto. A formação portista tinha obrigatoriamente que ganhar a partida para conquistar o título de campeão nacional, enquanto que o Vitoria SC, por seu lado, tinha que conquistar a vitória para evitar a descida de divisão.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1961/62)
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Aquele jogo que teve em Silveira o capitão da equipa vitoriana, foi vivido intensamente por todos os intervenientes, mas no final venceu o Vitoria SC por 1-0 com o golo apontado por Augusto Silva.

Com aquela decisiva vitoria, o Vitoria SC garantiu a manutenção na 1ª Divisão Nacional, enquanto que o FC Porto acabou por perder o ceptro nacional para a formação do Sporting CP.

O Vitoria SC terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1961/62 na 9ª posição da tabela classificativa, jogando Silveira, o capitão, todos os 26 jogos da prova, sendo por isso totalista na equipa do Vitoria SC. Na Taça de Portugal jogou 7 partidas.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1961/62)
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(Jogadores do Vitoria SC em confraternização)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1961/62)
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Seguiu-se a temporada de 1962/63 com o Vitoria SC a conseguir um 6º lugar na principal competição nacional. Naquela época evidenciou-se um conjunto de bons resultados que contrastava com outros mais adversos.

Apesar da enorme revolução que marcou a composição do plantel do Vitoria SC para a nova época de 1962/63, com a chegada também de um novo treinador, José Valle, Silveira manteve-se no clube e revelou-se importantíssimo no processo de adaptação e afirmação dos novos jogadores que formaram o núcleo duro do clube nas temporadas seguintes.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1962/63)
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(Silveira no Vitoria SC)
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Silveira, alinhou em 21 encontros do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Mas, o bom desempenho protagonizado pelo Vitoria SC naquela prova foi, todavia, suplantado pela sensacional campanha realizada na Taça de Portugal.

Depois de eliminar o SC Covilhã, a Académica de Coimbra e o CF União da Madeira, o Vitoria SC defrontou o CF Belenenses nas meias-finais da Taça de Portugal. Naquela altura, a Taça de Portugal, era disputada num sistema de dois jogos, um em casa, outro disputado fora, e um terceiro jogo em campo neutro, no caso de se verificar um empate no confronto das duas mãos.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1962/63)
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No jogo da 1ª mão, o Vitoria SC perdeu no Restelo por 2-0. Mas na semana seguinte, jogando em Guimarães, no lotadíssimo Campo da Amorosa, o Vitoria SC vence o CF Belenenses por 3-1.

Haveria pois necessidade de realizar um terceiro jogo em campo neutro a meio da semana. Jogo que decorreria na cidade de Coimbra e onde o Vitoria SC derrotou a equipa do CF Belenenses por 3-1, qualificando-se, assim, para a final da Taça de Portugal.
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Lamentavelmente, porém, o capitão do Vitoria SC Silveira lesionou-se com gravidade no decurso daquele jogo decisivo disputado a meio da semana e fica afastado de jogar a final da Taça de Portugal que se jogava no Domingo seguinte.

Silveira foi um dos grandes ausentes na final da Taça de Portugal disputada no Estádio do Jamor entre o Vitoria SC e o Sporting CP. Recuando do meio campo, no lugar de Silveira jogou Manuel Pinto, aquele que seria mais tarde o seu sucessor no Vitoria SC.

Naquela tarde de verão, o Sporting CP foi mais forte e venceu a turma vimaranenses por 4-0, com golos de Figueiredo, em duas ocasiões, Lúcio e Mascarenhas, acabando por conquistar a Taça de Portugal da época de 1962/63, acabando por ser o Vitoria SC um digno vencido.
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Segue-se aquele que seria a ultima época do capitão Silveira no Vitoria SC. A equipa vitoriana realiza uma primeira metade da época de grande nível, terminando-a na 3ª posição da classificação geral e exibindo-se com um futebol ofensivo de qualidade e extremamente eficiente.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1963/64)
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(O n.º 3 do Vitoria SC, o capitão Silveira)
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O Vitoria SC acabaria, porem, por terminar a época de 1963/64 no 4º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Silveira, retomou o seu lugar no centro da defesa do Vitoria SC, mas jogou apenas 13 encontros, surgindo, já com alguma frequência, o jovem Manuel Pinto no seu lugar.

Antes de abandonar definitivamente o Vitoria SC, Silveira ainda capitaneou a equipa da cidade berço na digressão aos Estados Unidos da América, para aí disputar algumas partidas de carácter amistoso, mas que naquela altura, dada a importância destas deslocações, revelavam bem a grandiosidade da equipa minhota, cujo o nome era já reconhecido internacionalmente.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1963/64)
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(O capitão Silveira representando o Vitoria SC)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1963/64)
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1963/64)
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(Aqui Silveira é o n.º 5 em jogo no Campo da Amorosa frente ao SL Benfica)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1963/64)
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Perto dos 38 anos de idade e ao cabo de 12 anos consecutivos no Vitoria SC, Silveira deixou o clube vimaranense e rumou ao FC Vizela, para também ai ficar fazer parte da história.

Foi durante alguns anos jogador e treinador da equipa do FC Vizela, sobressaindo, essencialmente, nesse período, a época de 1966/67 quando a formação vizelense conseguiu subir à 2ª Divisão Nacional.

Nessa temporada, depois de vencer a Serie I e chegar à fase final, o FC Vizela eliminou o Boavista FC nas meias finais do Campeonato Nacional da 3ª Divisão, vencendo na final o Tramagal SU, arrebatando assim o titulo de campeão nacional, alem da mencionada subida ao segundo escalão do futebol português.
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(Equipa do FC Vizela na temporada de 1967/68)
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(Silveira ao centro com jogadores e dirigentes do FC Vizela)
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José Silveira Júnior, esta antiga glória do Vitoria SC, com 83 anos de idade, veio a falecer no dia 7 de Fevereiro de 2008 na Califórnia, nos Estados Unidos da América, onde residia nos últimos anos de vida.


Autor: Alberto de Castro Abreu

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