Glórias do Passado: Djalma

 

Djalma


Historiar a vida futebolística do brasileiro Djalma é percorrer um palco onde se desenvolve uma verdadeira tragicomédia daquele que será, seguramente, um dos mais sensacionais avançados que envergaram a camisola do Vitoria SC.

A antítese do profissional exemplar desembocava num jogador de futebol simplesmente brilhante, famoso e eternamente admirado pelos adeptos, onde muitos recordam, ainda hoje, jogadas estupendas e golos memoráveis.

Natural do Bairro Caxangá, na cidade do Recife, no Brasil, Djalma Nascimento de Freitas, nasceu no dia 27 de Novembro de 1941. Foi nesse bairro popular da capital pernambucana que Djalma começou a jogar futebol e, desde muito jovem, a trabalhar na estação dos correios local como ajudante de telegrafista.

Foi exercendo essa profissão que o jovem Djalma ajudou a sustentar a sua família desde os seus 12 anos de idade. Aos 17 anos, finalmente, realizou um sonho e conseguiu tornar-se profissional de futebol, aquilo que afinal era a sua verdadeira paixão e para o que revelava ser um predestinado.

Desde miúdo que Djalma dedicava cada minuto do seu tempo livre aos jogos da bola. Com 15 anos de idade inscreveu-se na equipa de juvenis do Caxangá EC e logo surgiu a jogar na sua posição predilecta – avançado centro – marcando imensos golos, tornando-se, desde logo, num pequeno ídolo daquele clube e contribuindo, decisivamente, para o titulo de campeão da cidade na categoria de juvenis.

Jogou mais um ano nos juvenis e logo apareceu na equipa sénior do Caxangá EC, clube de futebol amador, que disputava o Campeonato Suburbano, actualmente denominado Campeonato Amador da Capital, onde a visibilidade foi maior ao ponto mesmo de despertar a cobiça dos clubes mais importantes da cidade de Recife.
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Em 1958, com apenas 17 anos de idade, Djalma transferiu-se para o América FC e tornou-se então profissional de futebol. Uma temporada bastou ao serviço deste clube para transferir-se para o Sport Clube do Recife, um dos maiores clubes pernambucanos.
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(Equipa do Sport Clube do Recife em 1961)
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Logo no ano de estreia com a camisola rubro negra do Sport Clube do Recife, Djalma sagrou-se campeão vencendo a Copa do Norte e o Torneio de Inicio do Campeonato Pernambucano de 1959.

O sonho, porém, era vencer o estadual e tornar-se no melhor marcador da região. A fama de Djalma chegava, contudo, a todo o território brasileiro, ao ponto de no decurso do ano de 1961 o S. Paulo FC, treinado por Flávio Costa, ter convidado o jogador a integrar uma digressão durante quatro meses daquele grande clube brasileiro por toda a América do Sul.

Nessa viagem, o pernambucano Djalma, representando por empréstimo o S. Paulo FC, integrou uma verdadeira equipa de luxo, recheada de grandes estrelas do futebol brasileiro.

Apesar de todo o mediatismo das estrelas paulistas, foi mesmo Djalma quem mais se evidenciou e por isso mereceu rasgados elogios, conseguindo demonstrar todas as suas qualidades como futebolista, com uma técnica individual admirável e marcando imensos golos.
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(Djalma junto dos jogadores do S. Paulo FC em 1961 na Argentina)
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No regresso ao Brasil o S. Paulo FC tentou contratar definitivamente o jogador ao Sport Clube do Recife, contudo, as exigências financeiras do clube pernambucano foram consideradas irrazoáveis e Djalma continuou no Recife.

Em 1961, com o contributo decisivo de Djalma, o Sport Clube do Recife venceu o Campeonato Estadual Pernambucano, o popular “estadual”, sagrando-se o jogador, como tanto desejava, o melhor marcador da competição, com 36 golos apontados na prova.
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(Djalma, de costas, é o n.º 8 da equipa do Sport Clube do Recife)
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Nessa altura esteve muito próximo de ingressar no futebol português. O Presidente do Sport Clube do Recife era natural da cidade da Covilhã. Aproveitando essa facto, e como nessa época o SC Covilhã militava no escalão principal do futebol português, Djalma esteve quase a reforçar a equipa serrana.

A transferência ficou acertada e Djalma quase viajou para Portugal, até que há ultima hora, num volte face, o Presidente do clube brasileiro, temendo a reacção da massa associativa, arrependeu-se e desfez o negócio.

Djalma permaneceu no Sport Clube do Recife mas a ideia de jogar no futebol português manteve-se. Contudo, antes de concretizar esse seu desejo, ainda conseguiu conquistar em 1962, ao serviço do Sport Clube do Recife, o bi-campeonato estadual, a Copa do Norte-Nordeste e a Copa do Norte, competição que voltaria a vencer no ano de 1963, sempre com o especial contributo do fantástico Djalma.
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(Remate de Djalma com o pé esquerdo ao serviço do Sport Clube do Recife)
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O ano de 1965 marca o ingresso de Djalma no futebol português. Num breve trecho conta-se a histórica transferência de Djalma para o Vitoria SC. Mais uma vez, é António Pimenta Machado, celebre emigrante vimaranense radicado no Recife, profundo conhecedor das qualidades futebolísticas de Djalma, quem indicou o brasileiro ao Vitoria SC.

António Pimenta Machado encontrou o futebolista num café local e logo o convenceu a representar o Vitoria SC. A anuência do Sport Clube do Recife para a transferência do jogador só foi possível pela intervenção pessoal do emissário vimaranense e pelo reconhecimento efectivo que seria um passo importante na carreira de Djalma.

Assim, perto dos fazer 24 anos de idade, o brasileiro Djalma viajou para Portugal e ingressou no Vitoria SC no início da temporada de 1965/66, chegando a Guimarães em Junho de 1965.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1965/66)
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(Djalma no Vitoria SC)
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Para trás deixou uma memorável passagem pelo Sport Clube do Recife, ainda hoje recordada, já que Djalma continua presentemente a ser o segundo melhor marcador, com 161 golos, de sempre na história do clube pernambucano.

As referências que Djalma trazia para Portugal eram as melhores e em Guimarães todos esperavam que ele conseguisse atingir a fama que arrecadou no Brasil. Porem, o que em Portugal, certamente, poucos sabiam, alem da reputação de grande futebolista, Djalma trazia aliado a si a fama de farrista e jogador indisciplinado, modo de ser que viria a confirmar em terras lusas, como a historia relatará em algumas peripécias da sua vida.
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Djalma foi, inquestionavelmente, a grande sensação do futebol português na época de 1965/66. Assumiu a titularidade na equipa do Vitoria SC, treinada por Jean Luciano, jogando no sector ofensivo com Mendes “Pé Canhão”, Castro e Vieira, acompanhados no meio campo por Peres e pelo compatriota José Morais.

Esta temporada de 1965/66 há uma grande revolução no plantel vitoriano, sendo as grandes contratações, exactamente, os brasileiros Djalma e José Morais, ambos indicados por António Pimenta Machado.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1965/66)
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(Djalma lesionado no jogo de estreia carregado pelo árbitro, companheiros e Carlos Cardoso do Vitória de Setubal)
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Djalma estreia-se com a camisola do Vitoria SC ao melhor nível, jogando muito bem e marcando golos. Foi na ronda inaugural do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1965/66, numa partida realizada no novo Estádio Municipal de Guimarães, onde Vitoria SC, defrontando o Vitoria de Setúbal, vence por 4-2, realizando uma grande exibição e criando, desde logo, nos seus adeptos as melhores expectativas.

Neste jogo de estreia, o brasileiro Djalma foi o autor de dois golos na vitória sobre os setubalenses, contudo, lesionou-se, infelizmente, com gravidade e ficou arredado da equipa durante algumas semanas.

Regressou, porem, com todas as capacidades e conseguiu ajudar a equipa do Vitoria SC a atingir o 4º lugar na classificação geral no termo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1965/66.

Reconhecidamente, o futebol apresentado pela equipa vitoriana era, verdadeiramente, espectacular e os resultados bem consentâneos com a qualidade demonstrada. Certamente, não fosse a onda de lesões que afectou a equipa no terceiro quarto da competição e que obrigou ao lançamento de muitos jovens sem experiência da 1ª Divisão, a classificação final seria manifestamente melhor.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1965/66)
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(Djalma combinando com Mendes numa partida frente ao Varzim SC)
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No decurso da primeira metade do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1965/66 há ainda um desafio que marca na memória de todos aqueles que tiveram a oportunidade de assistir ao jogo e a histórica passagem de Djalma pelo Vitoria SC.

Foi o encontro entre os velhos rivais Vitoria SC e SC Braga disputado no Estádio Municipal de Guimarães, onde os vimaranenses cilindraram, literalmente, a formação bracarense por 6-2, realçando-se nesta partida, recorrentemente, a lendária exibição do avançado brasileiro Djalma, autor dos seis golos vitorianos.

Alias, o SC Braga foi, digamos, a grande vítima da argúcia ofensiva de Djalma, pois se em Guimarães marcou seis golos, já no encontro da segunda volta jogado na cidade dos arcebispos, o avançado brasileiro marcou mais cinco golos, num sensacional triunfo dos vimaranenses por 3-5.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1965/66)
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(Djalma junto à estatua de D. Afonso Henriques em Guimarães)
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Ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1965/66 o brasileiro Djalma marcou 18 golos nos 22 jogos que alinhou. Desses 18 golos, 11 foram marcados, precisamente, ao SC Braga. Impressionante!

Foi o segundo melhor marcador da equipa do Vitoria SC naquela temporada de 1965/66, apenas superado pelo português Mendes “Pé Canhão”, autor de 19 golos, embora tivesse actuado em maior número de jogos.

Da passagem por Guimarães Djalma guardará, por certo, as melhores recordações e onde foi muito feliz. Terá sido aquele o melhor dos anos que jogou em Portugal, apesar de ter tido também uma brilhante passagem, seguidamente, pelo FC Porto.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1965/66)
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(Golo de Djalma ao serviço do Vitoria SC, com remate colocado)
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Na 15ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Vitoria SC venceu o Sporting CP por 3-2, naquela que seria a primeira derrota da equipa leonina na principal competição portuguesa.

Mais uma vez, foi o brasileiro Djalma a grande estrela da partida realizando uma exibição realmente inesquecível. De tal modo que o seleccionador nacional português na altura, Manuel da Luz Afonso, publicamente, elogiou o jogador e lamentou apenas o facto de ele não ser português pois reservar-lhe-ia um lugar na Selecção Nacional de Portugal.

Mas nesse jogo frente à equipa do Sporting CP, o brasileiro Djalma conseguiu algo verdadeiramente invulgar naquela altura, principalmente, sobre uma verdadeira lenda do futebol português, o guarda-redes Vítor Damas.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1965/66)
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(Djalma no Vitoria SC perante um opositor do Varzim SC)
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Naquele seu estilo desafiante, Djalma prometeu que iria marcar um golo a Damas, mas não seria um golo qualquer. Djalma garantiu que iria driblar o Damas antes de introduzir a bola no fundo da baliza.

Assim o prometeu, da mesma forma cumpriu. A dada altura desse encontro frente ao Sporting CP, o avançado vitoriano Djalma surge isolado perante Damas, executa um sensacional drible sobre o guarda-redes e fica com as portas do golo escancaradas, introduzindo-se, em seguida, deleitosamente, com a bola para baliza adentro, num raríssimo momento de futebol.

Elogios infindáveis ecoaram de todos os quadrantes sobre aquele memorável golo que o brasileiro Djalma marcou ao internacional guarda-redes português Vítor Damas. Esta era também uma das facetas deste sensacional jogador brasileiro.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1965/66)
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(Djalma acaba de marcar ao serviço do Vitoria SC na Venezuela)
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Outras porem emergiam da personalidade de Djalma. Essas, certamente, bem mais nefastas para a sua vida pessoal e sobretudo para a sua carreira de futebolista profissional.

O futebolista brasileiro Djalma tinha tanto de bom jogador como de indisciplinado, num contraste naturalmente inadmissível para um atleta de topo. Djalma era um incorrigível vivaço, um amante da boa vida, boémio e um verdadeiro D. Juan entre as mulheres.

Só em Portugal, durante a sua passagem pelo nosso país, o brasileiro Djalma deixou sete filhos. No Brasil tem cinco, num total de 12 filhos, todos eles com mulheres diferentes.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1965/66)
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A tudo isso acrescia o álcool que consumia em doses exageradas. Djalma não prescindia nunca de uma fresca cervejinha, mesmo que fosse ingerida antes de importantes partidas de futebol.

Se do Brasil já trazia um rol de episódios de indisciplina na sua carreira, em Guimarães confirmou na plenitude essa sua faceta e os acontecimentos negativos sucederam-se de forma interminável.

Em Djalma era frequente beber antes do jogos, sair dos estágios da equipa sem autorização, em suma, fugindo a todas as responsabilidades, mesmo que depois a recompensa viesse com golos e memoráveis exibições.
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(Djalma jantando com o compatriota vitoriano José Morais)
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Em Guimarães, um dia, fugiu de um estágio do Vitoria SC para ir ter com uma namorada que tinha em Braga. Na viagem, ao passar junto do actual Estádio 1º de Maio, conduzindo o seu famoso Austin - oferta de um director do Vitoria SC – Djalma atropelou um homem de etnia cigana. Acabou por ser julgado e condenado embora, desta vez, sem grandes consequências.

Se fora do campo os actos de indisciplina eram imparáveis, esporadicamente, o mesmo sucedia dentro das quatro linhas. Djalma tinha aí também um comportamento indecoroso e desordeiro.

Desde insultar os adversários, desafia-los em tom de gozo, cuspir-lhes, ou mesmo agredi-los fisicamente, eram comportamentos repetidamente vistos no brasileiro Djalma, de forma que foi criando uma fama pouco grata nessa matéria em Portugal.

Um dia custou-lhe caro essa faceta. Ao serviço do Vitoria SC foi punido pelas instâncias federativas com seis jogos de suspensão e essa ausência terá mesmo impedido que Djalma viesse a conquistar o título de melhor marcador no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Esse castigo foi a consequência de uma zaragata ocorrida num jogo frente ao SC Salgueiros a contar para a Taça de Portugal. Reza a historia que um adversário terá simulado uma agressão de Djalma. O árbitro, conhecedor do feitio do brasileiro, acreditou no teatro do jogador salgueirista e expulsou Djalma.

O futebolista brasileiro do Vitoria SC achou-se injustiçado e perdeu facilmente a cabeça. Correu como um louco atrás do árbitro da partida tentando agredi-lo com murros e pontapés.

Por outro lado, havia a faceta puramente futebolística de Djalma e nesse aspecto, diga-se, o brasileiro era um jogador de eleição. Era um goleador nato. Um avançado centro de grandíssima qualidade.

Entretanto, os actos de indisciplina fora da competição também não terminavam, os acidentes de automóvel sucediam-se, por exemplo, uma vez, durante a madrugada, despistou-se e entrou pela montra de um café em Guimarães. Ninguém conseguia-a conte-lo.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1965/66)
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No final da temporada os responsáveis do Vitoria SC, apesar da enorme qualidade do jogador, não quiseram manter Djalma em Guimarães e aceitaram transferir o jogador para o FC Porto.

Ao serviço do Vitoria SC, no Torneio de Caracas, numa digressão do clube vimaranense realizou à Venezuela, Djalma é considerado o melhor jogador da competição. O mesmo acontece em jogos na Corunha e em Vigo durante a temporada de 1965/66.

Mesmo assim, o brasileiro Djalma é vendido pelo Vitoria SC ao FC Porto por 150 contos mais as cedências a título definitivo do defesa Joaquim Jorge e Naftal e os empréstimos para a temporada de 1966/67 de Miranda e Lazaro.
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(Equipa do FC Porto em meados da decada de 60)
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(Djalma no FC Porto)
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(Djalma advertido pelo árbitro)
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(Em acção ao serviço do FC Porto)
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Apesar do lado negativo na personalidade de Djalma e do modo desenfreado que levava a vida, havia, por outro lado, a faceta puramente futebolística e nesse aspecto, diga-se, o brasileiro era um jogador de eleição. Era um goleador nato. Um avançado centro de grandíssima qualidade.

Era peitudo, um lutador valente, um pouco viril, e com uma raça tremenda e nunca dava um lance por perdido. Tinha um sentido de baliza verdadeiramente invulgar. Dentro da grande área Djalma era um perigo constante, dificílimo de segurar para qualquer defesa adversário.
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(Caricaturas da equipa do FC Porto)
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(Djalma no FC Porto)
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(Em jogo frente ao Sporting CP ao serviço do FC Porto)
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(Sofrendo uma dura entrada de um adversário do Leixões SC)
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Tinha ainda uma técnica individual apuradíssima e um domínio do esférico excepcional. Rápido, passada larga e uma finta curta, mas demolidora, faziam, efectivamente, de Djalma um jogador brilhante.

Pena, muita pena mesmo, que essas infindáveis qualidades como futebolista fossem ofuscadas pela sua conduta como homem. Apesar da transferência para o FC Porto, os actos inqualificáveis, nada próprios de um futebolista profissional iriam, lamentavelmente, continuar.
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(Equipa do FC Porto na temporada de 1967/68)
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(Djalma no FC Porto)
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(Evitando um defensor leixonense ao serviço do FC Porto)
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(Em jogo contra a AD Sanjoanense na época de 1967/68)
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Naquela altura o FC Porto, comandado por José Maria Pedroto, procurava um avançado centro capaz de dar a equipa agressividade e profundidade ofensiva. José Maria Pedroto, disciplinador rigoroso, acreditou conseguir transformar Djalma num futebolista profissional exemplar.

Djalma ingressou no FC Porto e atingiu toda a notoriedade que o seu futebol evidenciava. Realizou grandes exibições e tornou-se pedra fundamental na equipa portista.
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(Equipa do FC Porto na época de 1967/68)
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(Djalma jogando de cabeça no FC Porto)
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(Remate na passada numa partida frente ao Sporting CP)
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(Desta feita contra o CF Belenenses)
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Rubricou um contrato valido para três temporadas no FC Porto. Passou a ser o jogador mais bem pago do clube, recebendo 60 contos no primeiro ano, 70 no segundo e, finalmente, 80 contos no terceiro. Alem disso, Djalma coleccionou variadíssimos prémios individuais e muitos deles em géneros, a premiar os seus golos, como equipamentos eléctricos ou caixas de vinho que o jogador fazia questão de beber logo em seguida.

Sempre titular indiscutível, Djalma foi o goleador portista, sobretudo, nas primeiras duas épocas vestido de azul e branco onde sagrou-se o melhor marcador da equipa do FC Porto.
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(Equipa do FC Porto na temporada de 1967/68)
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(Djalma com a camisola do FC Porto)
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(Novamente contra o Sporting CP ao serviço do FC Porto)
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(Deixando pelo caminho um adversário da AD Sanjoanense)
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Na primeira época no FC Porto marcou 18 golos em 25 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, enquanto na temporada seguinte de 1967/68 apontou 16 golos em 21 jogos.

O período que permaneceu no FC Porto nunca conseguiu conquistou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, repetindo por três vezes o 3º lugar, mas venceu a Taça de Portugal na temporada de 1967/68, o seu primeiro e único titulo conquistado em Portugal, derrotando na final dessa competição, jogando como titular, o Vitoria de Setúbal por 2-1, depois de ter eliminado nas meias finais o SL Benfica.
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(Equipa do FC Porto vencedora da Taça de Portugal de 1967/68)
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(Djalma capa da conceituada revista Idolos do Desporto)
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(Actuando ao serviço do FC Porto contra o CF Belenenses)
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(Vai marcar mais um golo com a camisola portista)
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(O defensor sportinguista não consegue impedir o remate de Djalma)
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A última época de Djalma no FC Porto, na temporada de 1968/69, a conquista do principal ceptro nacional esteve bem próxima. A equipa iria claudicar apenas na ponta final da prova, perdendo o título, novamente, para o grande rival SL Benfica, depois de grandes desavenças entre José Maria Pedroto, os jogadores e dirigentes do FC Porto.

Em 1968/69 Djalma marcou apenas 8 golos em 26 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. A saída de José Maria Pedroto originou uma mudança profunda nos quadros do FC Porto.
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(Equipa do FC Porto na época de 1968/69)
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(Djalma ao serviço do FC Porto frente ao Varzim SC)
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(Em grande estilo finalizando de cabeça)
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(Novamente batendo um guarda-redes, as suas vitimas principais)
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(Equipa do FC Porto na decada de 60)
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(O centro da area)
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(Combinando com Custódio Pinto contra o SL Benfica)
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(Forte remate para golo)
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(Vai ultrapassar o defesa sanjoanense)
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(Escapa a uma entrada dura de um defesa do CF Belenenses)
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(Nas alturas Djalma, o camisola n.º 9)
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(Assistindo à luta nas alturas)
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Os episódios de indisciplina continuavam e por isso os responsáveis do FC Porto decidiram provocar também a saída do brasileiro Djalma. Com 28 anos de idade, Djalma foi representar o CF Belenenses, clube com o qual assinaria um contrato por três temporadas.

As expectativas sobre Djalma eram enormes e a convicção que as suas qualidades seriam decisivas para os objectivos do clube pareciam inabaláveis. Porem, mais uma vez, a conduta repreensível de Djalma deitou tudo a perder e logo nos primeiros tempos no CF Belenenses começou o fim da carreira de futebolista profissional.

Tradicionalmente, o CF Belenenses realizava longas digressões em África no início da temporada, principalmente, por Angola. A época de 1969/70 não era excepção, contudo, Djalma não conseguiu resistir aos apelos de uma jovem lisboeta que acabara de conhecer e não queria ir nessa viagem.

Conseguiu convencer o médico do CF Belenenses que estava lesionado e não seguiu viagem com a equipa. Logo no Domingo, fatidicamente, atropelou e matou três pessoas na Ponte Oliveira Salazar, actual Ponte 25 de Abril, em Lisboa.

Djalma, a bordo de um potente Alfa Romeo e na companhia da sua nova namorada lisboeta, conduzindo completamente bêbado, despistou-se e atropelou, fatalmente, três transeuntes.

Pôs-se em fuga e mais tarde seria detido e julgado pela pratica de três crimes de homicídio. Foi condenado, em cúmulo, a quase dois anos de cadeia, embora, pelo bom comportamento e pelas influencias de altas instancias do regime ligadas ao CF Belenenses, Djalma apenas cumpriu parcialmente a pena nos estabelecimentos prisionais do Montijo e depois em Sintra.

Saiu já em 1970 e do estabelecimento prisional rumou directamente para o aeroporto para ir jogar contra o FC Porto no Estádio das Antas. Antes da partida, ainda no hotel, soube que afinal não iria jogar e, como o próprio contou, em vez de acompanhar a equipa para o Estádio das Antas, decidiu ir recordar os velhos tempos no Tamariz, famosa casa nocturna da cidade do Porto.

No CF Belenenses, treinado pelo técnico Mário Wilson, Djalma jogou somente um jogo no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1969/70 sem ter apontado, naturalmente, qualquer golo.

Na época seguinte de 1970/71, já com Joaquim Meirim e posteriormente Félix Mourinho no comando técnico, o brasileiro Djalma realizou 8 jogos pelo CF Belenenses no principal campeonato português, marcando, desta feita, dois golos.
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(Plantel do CF Belenenses na temporada de 1970/71)
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(Djalma no CF Belenenses)
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Em ambas as temporadas o clube do Restelo não foi alem do 7º lugar na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, enquanto Djalma, fruto das infindáveis peripécias de indisciplina, com consequências mais nefastas também por causa da idade, nunca mais atingiu o nível que habituou o publico português.

Ainda com contrato com o CF Belenenses, Djalma foi dispensado ainda temporada de 1970/71 e cedido a título de empréstimo ao Clube Oriental de Lisboa e já na época de 1971/72 ao AC Marinhense.

Em 1972/73 ainda jogou no AC Marinhense, mas seria em 1973/74 que voltaria à ribalta, voltando a ter sucesso desportivo, embora em menor dimensão, quando ingressou na equipa do SC Espinho e ajudou o clube espinhense, sob o comando do treinador Joaquim Andrade, a subir à 1ª Divisão Nacional.

De forma algo surpreendente a formação do SC Espinho realizou um notável percurso ao longo da temporada de 1973/74 acabando por conseguir a subida à 1ª Divisão Nacional, um feito inédito na longa história do clube espinhense.

Mas o brasileiro Djalma não desarmava e continuou a ser aquilo que foi durante toda a sua carreira de futebolista. Porem, desta feita, foi a vítima dos seus próprios e irreflectidos actos, ficando às portas da morte.

Quando seguia para um encontro no Café Velásquez na cidade do Porto foi abalroado por um camião. Quase morreu. Esteve durante 12 horas na sala de operações e 18 dias em como no Hospital de Santo António.

Perdeu dois dedos da mão esquerda e a perna direita teve que ser totalmente reconstruída, tendo ficado mais curta alguns centímetros. Era assim o fim da carreira de futebolista do brasileiro Djalma.

As loucuras porem não acabaram. Mal acordou do coma, Djalma fugiu do hospital e foi para o Tamariz beber e gozar a noite com as mulheres. Os empregados da casa, espantados por o verem lá e sabendo que Djalma quase morrera, ligaram para o hospital. Para lá voltou, mas desta vez, preso com um cadeado na cama.
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(Djalma à mesa portuguesa)
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Quando recomposto quis voltar a jogar. Assim o fez e só parou no dia em que o medico o alertou que qualquer pancada mais forte na zona afectada e a perna operada tinha que ser amputada.

A vida de Djalma em Portugal acabou praticamente na miséria. Ele que teve o mundo a seus pés e foi um afamado futebolista derreteu, quase literalmente, todo o dinheiro que ganhou no futebol.

Em 1976 o FC Porto teve que realizar uma festa de homenagem ao brasileiro Djalma no Campo do Riopele para angariar fundos que ajudassem o antigo jogador a reunir o dinheiro necessário para regressar ao Brasil.

Depois de regressar ao seu país, Djalma fez um pouco de tudo para sobreviver, mas nunca deixou de ser o bon vivant gozando a vida como ninguém. Continuou a ser um apaixonado do futebol, sendo presença assídua nos jogos do Sport Clube Recife.
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(Djalma Nascimento de Freitas)
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Visitou Portugal no ano de 1995 com 54 anos de idade. Recordou a sua história e reviu muitos companheiros e admiradores, principalmente, nas cidades de Guimarães e no Porto.


Autor: Alberto de Castro Abreu

Grande, Grande jogador.

Vi exibições e golos fantasticos quando serviu o meu FCP.

Lembro-me de vir cá em 95 numa gentileza da direcção do FCP.

O Guimarães na altura acertava sempre nos reforços brasucas.

Ainda é vivo ?
 
esta vivo sim , mora na Varzea , no Municipio do Recife-pe
 
É meu vizinho,mora aqui em Recife no Bairro da Vázea,e é um cara muito legal e bem quisto por todos.Ainda ontem viajou comigo de ônibus.Mande me um contato que posso enviar fotos e até posso pedir a Djalma que dite algo prá mim escrever aqui.Aquele abraço!
 
Meu email: alexandresouza2009@hotmail.com
orkut :xinxadorecife@gmail.com
meu blog :http://alexandresouza1.blogspot.com
 
Tive grande alegria em ler sobre Djalma. O maior atacante que vi jogar com a camisa do Sport. Estão cometendo uma injustiça em não lembrar seu nome numa votação sobre a seleção do Sport de todos os tempos no site oficial. Espero que ele esteja bem.
Marcos Morais
 
Uma pena. hoje Djalma vive esquecido por todos. Conta que ja teve coleção de carros, hoje mora de favor.
 
sim ele é vivo, e mora na antiga vila anita na várzea.
 
ele falecey hj 14/06/2012.
sou sobrinha neta dele.
mais informações:
https://www.facebook.com/martinhafluz?ref=tn_tnmn
 
Caros amigos lusos,faleceu ontem aqui em Recife,Brasil.o craque Djalma,cujo funeral será hoje no cemitério da Várzea nesta cidade.
 
Sou dono de uma padaria no Bairro da Várzea (Padaria Princesa LTDA)Onde Djalma toma seu café da manhã todos os dias, conversámos horas a fio, ele contando sua façanhas e eu de olhos vidrados naquele senhor humilde e de bom coração. Até que no dia 14/06/2012 foi encontrado morto na cama em que dormia. Morreu !!!!
Sozinho e abandonado pelos clubes que jogou.Sendo o segundo maior artilheiro do Sport Clube do Recife com 159 gol's. Este, o abandonara até os dias de hoje.
Por: Anderson Alves Monteiro
 
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