Glórias do Passado: Temporada de 1976/77 - 1ª Parte

 

Temporada de 1976/77 - 1ª Parte


Por força da participação do Vitoria SC na Taça Intertoto no final da época de 1975/76, a preparação para a nova temporada de 1976/77 começou tardiamente, após o período de ferias dos seus jogadores.

A pré-temporada foi realizada em Esposende, com sessões de treino no pinhal e na praia de Ofir. Ao nível competitivo o Vitoria SC começou por participar no tradicional Torneio de Verão da Povoa do Varzim, seguidos de alguns jogos de carácter particular contra o SC Beira Mar, Leixões SC, entre outros.
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(Treino fisico dos jogadores do Vitoria SC na pré-temporada de 1976/77, no pinhal da Ofir, em Esposende)
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Relativamente ao plantel principal nota-se, desde logo, a continuação no cargo de treinador principal do técnico português Fernando Caiado. Quanto aos jogadores que integraram o plantel vimaranense para a época de 1976/77 regista-se as contratações do português Mário Ventura, vindo do FC Famalicão, e dos defesas Queirós, vindo AD Sanjoanense, e o brasileiro Celton, vindo do Gil Vicente FC, jogadores que já haviam representado o Vitoria SC na Taça Intertoto, disputada no final da temporada de 1975/76.

Para a nova época o quadro principal da equipa do Vitoria SC reforçou-se ainda com os juniores promovidos, os jovens Jorge Oliveira, Roque, Castro e Abreu II. Já com o Campeonato Nacional da 1ª Divisão em andamento o Vitoria SC reforçou-se ainda com o avançado brasileiro Dinho, contratado à Portuguesa dos Desportos no Brasil.
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(Os juniores promovidos à equipa sénior do Vitoria SC. Roque, Castro, Jorge Oliveira e Abreu II)
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Em relação à temporada anterior, verifica-se a saída do defesa Rui Rodrigues para a Académica de Coimbra, talvez a mais importante baixa do plantel vitoriano, o médio José Romão, cedido a titulo de empréstimo à AD Fafe, e ainda, José Carlos e o avançado Abel.

José Carlos era um veterano defesa central que durante longos anos representou o Vitoria SC. Já pouco utilizado nas últimas temporadas colocou um ponto final à ligação com o clube.

Quanto ao avançado Abel, jogador que na temporada transacta os vimaranenses tinha contratado, proveniente do FC Porto, tornou-se numa espécie de o mal amado da massa associativa do Vitoria SC. No final da época de 1975/76 foi dispensado pelo Vitoria SC e foi reforçar o SC Beira Mar.

A temporada se 1976/77 ficou marcada por um desempenho bastante modesto por parte da equipa do Vitoria SC. Na verdade, a equipa vitoriana andou sempre pela metade baixa da tabela classificativa, nunca conseguindo reverter, manifestamente, o rumo dos acontecimentos.

Muitos factores contribuíram para uma temporada tão longe dos resultados alcançados nos anos anteriores e dos objectivos do clube. Desde logo, o principal motivo que influenciou, decisivamente, o desempenho do Vitoria SC ao longo da época de 1976/77 foi, sobretudo na 1ª parte da temporada, o elevado número de lesões que vitimaram os futebolistas vitorianos.

Almiro, Torres, Ramalho, Mário Ventura, Rui Lopes e, posteriormente, o Dinho foram vitimas de lesões graves que os impediram de dar o seu contributo à equipa, sobretudo, no caso de Almiro e Rui Lopes, duas pedras fundamentais na manobra da equipa, que estiveram ausentes durante um longo período de tempo.

Outro factor que influiu notoriamente no rendimento da equipa foi a ausência de espaços de treino. Nesta altura, procedeu-se à demolição do Campo da Amorosa, devido à projectada ampliação urbanística da cidade de Guimarães.

O Vitoria SC ficou assim sem o seu Campo da Amorosa, recinto que embora com um piso pelado, fazia bastante falta ao clube, essencialmente, para as camadas jovens que ali tinham instalada a sua oficina de trabalhos e para as modalidades amadoras.

Com isso, o clube viu-se obrigado a utilizar campos de localidades vizinhas da cidade de Guimarães, como Vizela, Fafe, Moreira de Cónegos e Pousada de Saramagos, ou a sobrecarregar, demasiadamente, o relvado do Estádio Municipal de Guimarães.

De resto, o espaço situado no exterior do Estádio Municipal de Guimarães que em dias de jogos servia como parque de estacionamento, funcionou também como campo de treinos para a equipa principal ou para as camadas jovens do clube.

Ficou ainda bem evidente a carência provocada na equipa do Vitoria SC com a saída de Rui Rodrigues. De facto, a ausência deste jogador foi demasiadamente sentida pela equipa que nunca foi capaz de encontrar no seu seio um elemento à altura para substituir Rui Rodrigues.

O Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1976/77 iniciou-se na primeira semana do mês de Setembro de 1976 com a deslocação do Vitoria SC ao Estádio da Tapadinha para defrontar o Atlético CP na 1ª jornada da competição.

O Vitoria SC apresentou-se muito bem neste encontro inaugural do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Entrou de rompante na partida frente ao Atlético CP e ao cabo dos primeiros 15 minutos de jogo já o Vitoria SC vencia por 0-2, com golos da autoria de Tito e Rui Lopes.
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(Imagem do jogo entre o Atlético CP e o Vitoria SC no Estádio da Tapadinha em Lisboa. Na joga vê-se o médio Pedroto a conduzir o ataque vitoriano)
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Logo se pensou numa goleada e a verdade é que durante esse período inicial, perante a turma alcantarense completamente desamparada, o Vitoria SC perdeu ainda um conjunto de boas oportunidades de golo, pois com muita facilidade conseguia penetrar na área adversaria e importunar o guarda-redes Azevedo.

Contudo, após o segundo golo, o Vitoria SC diminuiu o ritmo de jogo, limitou-se a gerir a vantagem e cedeu a iniciativa de jogo ao Atlético CP. O conjunto alcantarense recompôs-se e conseguiu equilibrar a contenda. A verdade, porém, é que o Atlético CP nunca criou grandes dificuldades e a partida acabou por terminar com o resultado em 0-2.

O Vitoria SC, pela forma como entrou em jogo, conseguia assim um resultado importante, bem merecido, num terreno tradicionalmente difícil, torneando assim, com relativa facilidade, a equipa do Atlético CP.

Seguiu-se a 2ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão com a visita a Guimarães de um dos denominados grandes clubes do futebol português, o Sporting CP, que na jornada anterior tinha vencido sem apelo e nem agravo, no Estádio de Alvalade, o SL Benfica, por 3-0.

A equipa leonina apresentou-se na cidade de Guimarães em grande estilo, com uma equipa muito bem montada, cheia de força, revelando uma extraordinária capacidade física, velocidade e poder de remate.
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(O vitoriano Rui Lopes em lance individual dentro da grande área do Sporting CP)
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Defensivamente revelou-se muito coesa e, ofensivamente, muito perigosa e demolidora, sobressaindo entre os jogadores sportinguistas, essencialmente, os desempenhos de Fraguito e Da Costa, este fundamental na forma municiou o ataque.

O Vitoria SC, por seu turno, revelou imensas dificuldades perante tão valoroso adversário, todavia, a menor capacidade técnica/táctica dos vimaranenses agudizou-se, visivelmente, com as lesões contraídas por Torres e Rui Lopes, no decorrer da partida, que prejudicaram ainda mais o rendimento da equipa.
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(Intervenção arrojada do guarda-redes vitoriano Rodrigues)
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Foi, reconhecidamente, uma grande partida de futebol disputada por duas equipas de grande qualidade, perante um numeroso público que acorreu e coloriu as bancadas do Estádio Municipal de Guimarães.

A partida iniciou-se de forma equilibrada, terminando a 1ª parte com uma igualdade a 0-0 no marcador. Ao intervalo a primeira baixa de vulto que causou alguma desorientação na equipa do Vitoria SC. O defesa central Torres lesionou-se na clavícula e foi obrigado a sair, entrando para o seu lugar o inexperiente Queirós.
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(Ainda no decorrer da 1ª parte do Vitoria SC - Sporting CP, com o defesa Torres a controlar a situação)
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No reinício da partida, o Sporting CP adiantou-se no marcador por intermédio de Keita. Pouco tempo depois o Vitoria SC conseguiu igualar através de Rui Lopes. Para este jogador vitoriano foi fatídico o minuto 70 ao contrair uma lesão grave que o impediu de continuar a dar o contributo à equipa e que o afastaria da competição durante um longo de período de tempo, acabando por perder, praticamente, toda a temporada.

A partir da saída de Rui Lopes o ataque do Vitoria SC desapareceu. Por seu lado, a equipa do Sporting CP revelava-se na máxima força e desempatou o marcador a seu favor, terminando a vencer por 3-1, de forma, diga-se, bastante merecida.
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(Momento em que Rui Lopes, lesionado) é assistido no relvado do Estádio Municipal de Guimarães)
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Marcaram para os leões de Alvalade o português Manuel Fernandes e novamente Keita, nascendo o segundo golo do Sporting CP na transformação de uma grande penalidade a punir uma falta desnecessária de Queirós.

Embora o conjunto de azares que a equipa vitoriana sofreu possam justificar esta derrota, a verdade é que o Sporting CP foi sempre, manifestamente, superior ao Vitoria SC, apresentando-se nesta altura da temporada como o mais sério candidato ao título.
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(Intensa disputa na partida entre o Vitoria SC e o Sporting CP)
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Seguiu-se o duelo entre os dois velhos rivais do Minho. Muito público acorreu ao Estádio 1º de Maio, em Braga, para assistir ao jogo da 3ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão entre o SC Braga e o Vitoria SC. Na verdade, o anfiteatro bracarense apresentou-se, praticamente, lotado num autêntico dia de verão.

O Vitoria SC dominou a fase inicial do encontro e adiantou-se no marcador à passagem do minuto 15, por intermédio de Ferreira da Costa que, de longa distancia, desferiu um potente remate que deixou sem reacção o guarda-redes bracarense Fidalgo.
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(O n.º 7 do Vitoria SC Abreu é derrubado pelo defensor bracarense)
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Já perto do intervalo o SC Braga acabou por chegar à igualdade através de Chico Gordo, que em velocidade desmarcou-se bem e marcou, numa jogada bastante infeliz do defesa vitoriano Torres, que jogava visivelmente diminuído, pois não estava, de facto, completamente recuperado da lesão contraída no jogo anterior frente ao Sporting CP.

Alias, na própria equipa do Vitoria SC notava-se ainda a ausência de duas pedras basilares, o brasileiro Almiro, no meio campo ofensivo, e do avançado Rui Lopes, ambos em período de convalescença.
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(Chico Gordo perseguido por Torres corre para a baliza do Vitoria SC)
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Depois do intervalo o jogo alterou-se em relação aquilo que se assistiu no primeiro tempo. O SC Braga, numa arrancada fulgurante, adiantou-se cedo no marcador por centrocampista Marinho e, posteriormente, aproveitando bem o balanceamento vitoriano em busca da igualdade, aumentou a vantagem para 4-1, novamente, por intermédio de Chico Gordo e Marinho, atingindo assim o triunfo por números, manifestamente, exagerados mas que seriam o resultado final do encontro.

Autor: Alberto de Castro Abreu

Belas fotos da década de 70, altura em que os Estádios estavam sempre cheios ou quase, mesmo até na 2ªDivisão.
L.O.
 
Amigo Alberto, como é que vais?

Queria perguntar-te quem é este Jorge Oliveira, ex-júnior? Não faço a mínima ideia, os outros três conheço, mas do Jorge Oliveira, nada de nada, nem o nome.

Um abraço
Sérgio
 
Meu caro Sérgio.

Exactamente. Jorge Oliveira trata-se de um jogador proveniente dos juniores do Vitoria SC.
 
Mas sabes mais alguma coisa sobre a carreira dele?
Há um Jorge Oliveira que até foi internacional júnior, e fez longa carreira na 2ª divisão, mas creio que era das camadas jovens do Porto, se bem que pela idade até pudesse ser este.
 
Pois, meu caro Sloct, trata-se fectivamente desse jogador. Jorge Oliveira foi internacional junior pelo Vitoria SC na decada de 70 e uma grande promessa vitoriana.

Todavia, a sua carreira acabou por fazer-me mais por clubes da 2ª Divisão Nacional.

Se tiveres mais dados sobre o Jorge Oliveira e a carreira ou clubes por onde passou envia-me por favor.

Saudações Vitorianas,

Alberto de Castro Abreu
 
Muito me contas, não fazia a mínima ideia, sei que ele esteve em 79/80 no União de Coimbra, 81/82 no União da Madeira, 82/83 Ginásio Alcobaça, 83/84 União da Madeira, 84/85 Marítimo, 85/86 União da Madeira, e depois disso tens que esperar mais uns tempos até eu conseguir tempo para passar as minhas estatísticas para computador.

Um abraço
Sérgio
 
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