Glórias do Passado: Manaca

 

Manaca


Manaca é o nome do protagonista principal em torno do qual se desenrolou um dos mais celebres casos do futebol português. Aconteceu, precisamente, no final da temporada de 1979/80, quando, em jogo decisivo para a atribuição do título de campeão nacional, o Sporting CP venceu, em Guimarães, o Vitoria SC por 0-1 com um auto-golo da autoria de Manaca, jogador da equipa vitoriana, mas sobre o qual recairiam enormes suspeitas de ter beneficiado propositadamente a equipa sportinguista.

Alem deste celebre episódio que marcou a decisão da principal competição portuguesa da época de 1979/80, onde recorrentemente se recorda este jogador, em Manaca realça-se também a sua longa carreira, participando em 17 edições do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, onde, ao serviço do Sporting CP venceu títulos de campeão nacional e conquistou Taças de Portugal.

Carlos Alberto Manaca Dias, moçambicano de naturalidade, nasceu no dia 22 de Setembro de 1946, na Beira. Foi, naturalmente, no Sporting Clube da Beira que o jovem futebolista Manaca se evidenciou de forma a conseguir uma oportunidade no Sporting CP.

Curiosamente, no início da carreira, Manaca actuava como avançado, contudo, foi jogando em posições mais recuadas, sobretudo, como defesa central, que este futebolista mais se notabilizou.

Surge no Sporting CP, comandado por Juca, na época de 1965/66, onde a equipa de Alvalade sagrou-se campeão nacional da 1ª Divisão. O jovem Manaca, com apenas 20 anos de idade, conquistava assim o seu primeiro título no futebol português, jogando, todavia, apenas 4 jogos naquela competição.

Na temporada seguinte Manaca foi, novamente, muito pouco utilizado, numa época mais conturbada para a equipa sportinguista, que não foi alem do 4º lugar na principal competição nacional. Apenas alinhou em 4 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, actuando com maior regularidade, é certo, na equipa de reservas do Sporting CP.
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(Equipa de Reservas do Sporting CP na época de 1956/57)
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Em 1967/68, permanecendo no Sporting CP, não realizou qualquer encontro do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Fernando Caiado, técnico sportinguista naquela época, não deu qualquer oportunidade ao jovem jogador numa prova em que o Sporting CP, classificando-se em 2º lugar, sagrou-se o vice-campeão nacional.

Tapado na equipa do Sporting CP, recheado de bons valores no sector atacante, Manaca foi cedido à AD Sanjoanense no início da temporada de 1968/69. A modesta equipa de S. João da Madeira dava então os últimos passos no escalão principal do futebol português.

Jogando ainda como avançado, Manaca alinhou em 17 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão ao serviço da AD Sanjoanense, tendo apontado então 3 golos na competição.

Colectivamente é que a temporada não foi nada famosa para as bandas sanjoanenses. É que, fruto de uma época de baixa produtividade, a AD Sanjoanense quedou-se pelo último lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, realizando assim a sua última presença no escalão maior do futebol português.

Regressou ao Sporting CP na temporada de 1969/70, agora sob o comando técnico de Fernando Vaz, o treinador que viria a apostar, mais frequentemente, em Manaca a jogar em sectores defensivos.

Em 1969/70 a equipa de Alvalade voltava a conquistar o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, numa das melhores temporadas de sempre do Sporting CP, que praticava um futebol espectacular e ganhou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão com mais 8 pontos de vantagem sobre o SL Benfica, o eterno rival.

Nesta época do regresso ao covil do leão, Manaca apenas actuou em 5 partidas da principal competição portuguesa. Nesta mesma temporada regista-se ainda a presença do Sporting CP na final da Taça de Portugal, onde, contudo, foi derrotado pelo SL Benfica por 3-1. Neste jogo decisivo para a atribuição do troféu registou-se a presença de Manaca, que actuou como suplente utilizado.
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(Plantel do Sporting CP na temporada de 1969/70)
. (Manaca no Sporting CP)
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A temporada seguinte de 1970/71, não sendo o ano da total afirmação de Manaca, foi uma época onde começou a ser utilizado, com maior regularidade, na equipa principal do Sporting CP.

Aproveitando as ausências do defesa lateral Pedro Gomes e do central Calo, Manaca, lançado por Fernando Vaz, começou a jogar com muita frequência na defesa leonina. Nesta época de 1970/71 actuou em 17 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, competição onde o Sporting CP terminou como vice-campeão.

Compensou esse dissabor com a vitória na Taça de Portugal de 1970/71, numa final vencida sobre o SL Benfica por 4-1 e onde Manaca actuou como defesa central na equipa do Sporting CP. Era mais um titulo para o curriculum do jogador, mas terá o primeiro para qual Manaca contribuiu com mais proeminência.

Seguiram-se mais quatro temporadas sempre de leão ao peito. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1971/72 o Sporting CP foi apenas o 3º classificado, desta feita, atrás de Vitoria de Setúbal e SL Benfica, novamente o campeão nacional.
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Manaca era, digamos assim, o primeiro defesa suplente, aquele que normalmente era chamado quando alguém titular estivesse impedido de jogar. Ainda assim, Manaca jogou 15 encontro do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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(Plantel do Sporting CP na época de 1972/72)
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(Manaca no Sporting CP)
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Mas colectivamente, bem pior seria o ano seguinte de 1972/73, com o Sporting CP a não ir alem do 5º lugar no principal campeonato português. Ronnie Allan primeiro e Mário Lino depois, os treinadores do Sporting CP durante esta época, não conseguiram guindar o clube aos êxitos.

Esta foi, porém, a época em que Manaca assumiu-se, praticamente, como titular indiscutível na equipa do Sporting CP. Actuou em 25 jogos oficiais da principal competição, apontando o primeiro golo com a camisola leonina naquela competição.
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Nesta época venceu mais uma Taça de Portugal, desta vez, derrotando na final da competição o Vitoria de Setúbal por 3-2. No decisivo encontro, Manaca foi titular no centro da defesa.
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(Equipa do Sporting CP na temporada de 1972/73)
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(Manaca no Sporting CP)
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Em 1973/74 o Sporting CP voltou a sagrar-se campeão nacional, com o português Mário Lino no comando técnico. Manaca foi então titular indiscutível e um dos pilares do êxito alcançado pelo clube. Ao lado de Carlos Alhinho, Manaca formou uma dupla defensiva, verdadeiramente, intransponível. Contabilizou, nesta temporada do regresso aos títulos, 28 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, competição em que apontou 2 golos.
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(Sporting CP na época de 1973/74)
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(Manaca no Sporting CP na temporada de 1973/74)
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A temporada de 1974/75 foi a ultima época desta passagem de Manaca pelo Sporting CP. Seria mais uma temporada conturbada para o Sporting CP, com sucessivas alterações no comando técnico. Primeiro o mítico Alfredo Di Setefano, que foi substituído por Osvaldo Silva, que mais tarde também cedeu o lugar a Fernando Riera, foram os treinadores do Sporting CP no decurso da época.

Ainda assim, o Sporting CP terminou no 3º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75, apresentando os números individuais de Manaca uma presença em 28 partidas do nacional maior, sem qualquer golo apontado.
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(Equipa do Sporting CP na época de 1974/75)
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(Em 1974/75 Manaca no Sporting CP)
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Surpreendentemente, numa altura em que parecia titularíssimo no Sporting CP, Manaca deixou a equipa leonina e foi reforçar a equipa do Vitoria de Setúbal, treinado na época de 1975/76 por Mário Lino, velho conhecido do moçambicano Manaca dos tempos de Alvalade.

Em Setúbal, o jogador deixou o sector mais recuado e, apesar de lhe incumbirem funções defensivas, Manaca jogava no meio campo, desempenhando o papel, tradicionalmente, denominado como trinco.

Contribuiu para o 9º lugar do Vitoria de Setúbal no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, alinhando em 26 jogos da competição e marcando 6 golos, a sua melhor marca como goleador.
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(Plantel do Vitoria de Setubal na época de 1975/76)
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(Manaca no Vitoria de Setubal)
. (Caricatura de Manaca no Vitoria de Setubal)
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A uma grande época de Manaca no Vitoria de Setúbal outra se seguiu no SC Braga. Manaca transferiu-se para a formação bracarense onde, mais uma vez, foi treinado pelo seu bem conhecido técnico Mário Lino.

Tornou-se um dos elementos preponderantes na defensiva arsenalista. Foi, naturalmente, titular indiscutível no SC Braga que terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão num honroso 8º lugar. Alinhou em 27 jogos daquela competição nacional e apontou 3 golos.
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(Equipa do SC Braga na época de 1976/77)
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(Manaca no SC Braga)
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(Manaca em acção pelo SC Braga em 1976/77)
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Nesta época voltou a estar presente na final da Taça de Portugal, agora ao serviço do SC Braga, defrontando o FC Porto. Mas desta feita não venceu a competição, já que o FC Porto triunfou por 1-0, numa final disputada no Estádio das Antas, com um golo da autoria de Fernando Gomes. Manaca foi titular, jogando no meio campo da equipa bracarense.

Realce ainda, nesta temporada de 1976/77, para a conquista da Taça Federação Portuguesa de Futebol pelo SC Braga, esta que foi uma competição com passagem efémera pelo calendário futebolístico nacional.
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(Equipa do Sporting CP na época de 1976/77)
. (Manaca no SC Braga)
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(Jogo frente ao CF Belenenses na época de 1976/77)
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(Equipa do Sporting CP na época de 1976/77)
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(Manaca no Estádio 1º de Maio em Braga)
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(Em acção pelo SC Braga na temporada de 1976/77)
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(Equipa do SC Braga na época de 1976/77)
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(Manaca no SC Braga)
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Agora, com 31 anos de idade, Alvalade abriu novamente as portas ao regresso de Manaca ao Sporting CP. Na época de 1977/78, a equipa sportinguista, treinada inicialmente pelo brasileiro Paulo Emílio (substituído mais tarde por Rodrigues Dias) não foi além do 3º lugar na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Ainda na referência a esta época, destaca-se ainda a vitória do Sporting CP na Taça de Portugal. Na necessária finalíssima para decidir o vencedor da competição, o Sporting CP venceu o FC Porto por 2-1, não tendo Manaca actuando em qualquer dos jogos decisivos.

O moçambicano Manaca foi titular indiscutível na equipa leonina. Jogou 26 jogos no nacional maior e não marcou qualquer golo. Apesar da titularidade, em Alvalade encetou-se mais uma remodelação do plantel.
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(Equipa do Sporting CP na época de 1977/78)
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(Agora em 1977/78 Manaca no Sporting CP)
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(Em jogo frente ao SL Benfica no Estádio da Luz)
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(Equipa do Sporting CP na temporada de 1977/78)
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(Manaca no centro da defesa do Sporting CP)
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(Manaca no Sporting CP)
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(Frente ao FC Famalicão ao serviço do Sporting CP na época de 1977/78)
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Incluído no lote das saídas constava o nome de Manaca. Ao experiente jogador surgiram varias propostas para prosseguir a carreira. Uma delas, vinda directamente do Minho, acabou por seduzir Manaca.

Este popular futebolista ingressava assim no Vitoria SC no início da época de 1978/79. Manaca destacava-se, essencialmente, por se tratar de um defesa central poderoso e de choque. Fortíssimo na marcação individual, Manaca era também bastante duro na abordagem aos lances o que, naturalmente, impunha imenso respeito aos adversários.

Talvez pela sua formação futebolista como avançado, Manaca tinha muita técnica. Por esse motivo, também, jogava frequentemente em varias posições do terreno de jogo. Afinal, a polivalência, era uma das melhores virtudes deste futebolista moçambicano.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1978/79)
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(Manaca no Vitoria SC na época de 1978/79)
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(Manaca, pelo Vitoria SC, e Chalana, pelo SL Benfica)
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Juntamente com Mundinho e o regressado Jeremias, Manaca foi uma das principais aquisições do Vitoria SC para esta temporada de 1978/79, sob o comando do velho capitão Mário Wilson. Manaca chegava a Guimarães para colmatar a saída do defesa central brasileiro Celton, jogador mal sucedido em Guimarães.

A estreia oficial de Manaca com a camisola do Vitoria SC ocorreu na 1ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, num desafio disputado em pleno mês de Agosto de 1978 na cidade da Povoa do Varzim.

Lotado por imensos veraneantes vindos de Guimarães, o recinto poveiro foi pequeno para albergar tanto aficionado do Vitoria SC. A estreia de Manaca com a camisola vimaranense não foi, contudo, nada feliz.
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(Equipa do Vitoria Sc na temporada de 1978/79)
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(Manaca no Vitoria SC)
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(Jogo em Guimarães frente ao Sporting CP em 1978/79)
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A equipa do Vitoria SC acabou por sucumbir à enorme vontade e capacidade de luta da formação poveira. O Varzim SC venceu o Vitoria SC por 1-0, com um golo da autoria do brasileiro Washington, na cobrança de um livre, logo aos 17 minutos da 1ª parte.

A época de 1978/79 para o Vitoria SC foi recheada de inúmeras circunstancias negativas que prejudicaram a prestação do clube no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Vários acontecimentos geraram um profundo e insanável conflito entre a Direcção do Vitoria SC e o treinador Mário Wilson. O Velho Capitão nem chegou mesmo a terminar a temporada de 1978/79, acabando demitido do cargo de treinador do Vitoria SC.

Ainda assim a equipa vitoriana terminou a principal competição portuguesa na 6ª posição da classificação geral. Quanto a Manaca, diga-se, alinhou em 28 jogos da competição, sendo titular no centro da defesa do Vitoria SC com o experiente defensor Soares.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1978/79)
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(Manaca no Vitoria SC)
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(Jogo entre o Vitoria SC e o CS Maritimo em 1978/79)
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Alem dos 28 jogos, Manaca foi autor de 2 golos com a camisola do Vitoria SC no decurso da competição. O primeiro golo apontado com as cores vitorianas foi no triunfo sobre o CAF Viseu por 1-0.

Numa partida que teve que ser realizada na cidade de Famalicão devido à interdição do Estádio Municipal de Guimarães, o Vitoria SC teve muitas dificuldades em marcar, sobretudo, pelas dificuldades causadas pelo relvado do Estádio Municipal de Famalicão que, na verdade, transformou-se num autentico lamaçal devido às intensas chuvas que caíam naquela zona.

O jogo pelo ar era a única forma de chegar perto da baliza visiense. Por isso, a partir de determinada altura, o defesa Manaca, lutador, resistente e com bom jogo de cabeça, foi lançado no ataque.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1978/79)
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(Caricatura de Manaca no Vitoria SC)
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(Jogo com o CAF Viseu disputado em Famalicão)
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O golo decisivo que Manaca apontou naquele jogo para o triunfo dos vimaranenses, nasceu de uma enorme confusão dentro da grande área do CAF Viseu, surgindo a bola à mercê do jogador do Vitoria SC que a pontapeou para o fundo da baliza do desamparado guarda-redes Vaz.

Já quanto ao segundo golo de Manaca, ao serviço do Vitoria SC, nesta época de 1978/79, foi apontado logo na jornada seguinte à partida frente ao CAF Viseu, jogada em Famalicão.

Foi no jogo disputado o FC Barreirense e o Vitoria SC que terminou empatado a 1-1. o defesa Frederico abriu o marcador para a equipa da casa aos 27 minutos da partida. Em desvantagem, o Vitoria SC lançou-se no ataque com todas as forças, enquanto a turma do Barreiro tentava fechar todos os caminhos para a sua baliza.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1978/79)
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(Manaca no Vitoria SC na época de 1978/79)
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(Jogo num torneio em França entre o Paris FC e o Vitoria SC)
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Mais uma vez, um dos trunfos do Vitoria SC, foi Manaca que, abandonando o sector mais recuado, foi jogar como avançado, tentando abrir espaços na área do FC Barreirense com todo o seu poderio físico.

O golo do empate do Vitoria SC chegou bem perto do final do jogo, aos 87 minutos, numa jogada bem finalizada por Manaca. A jogada do golo vitoriano nasceu de uma inconfundível arrancada do lateral Ramalho pela banda direita, cruzando junto à linha de fundo para a cabeça de Manaca que bateu o guarda-redes barreirense Jorge Martins.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1978/79)
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(Caricatura de Manaca com as cores do Vitoria SC)
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(No Estadio das Antas desarme de Manaca ao atacante portista)
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Depois da boa época realizada ao serviço do Vitoria SC, Manaca esteve com excelentes perspectivas em emigrar para os Estados Unidos da América e jogar num clube da liga norte americana.

Este possibilidade gorou-se e Manaca permaneceu em Guimarães, ao serviço do Vitoria SC, durante mais uma temporada. É então no final desta época que acontecerá o mais celebre episodio da carreira do Manaca.

Antes de registarmos os acontecimentos, referencia para o facto de Manaca continuar a ser um titular indiscutível no Vitoria SC. Nessa época, a equipa vitoriana iniciou muito bem o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, chegando à 8ª jornada da competição sem ter sofrido qualquer golo.

Obviamente, que a inviolabilidade da baliza do Vitoria SC muito se devia à dupla de defesas centrais formada por Manaca e Tozé. O moçambicano Manaca, perto dos 34 anos de idade, alinhou em 26 jogos do Vitoria SC na principal compteição, marcando apenas um golo, concretamente, no triunfo sobre o Rio Ave FC, em Guimarães, por 3-1. Manaca apontou, naquela altura, aos 25 minutos de jogo, o segundo golo do Vitoria SC.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1979/80)
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(Manaca no Vitoria SC na temporada de 1979/80)
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(No centro da defesa do Vitoria SC, de negro, em partida amigavel frente ao R. Valladolid de Espanha)
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Houve um outro golo da autoria de Manca ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1979/80. Este bem mais celebre que todos aqueles que este futebolista marcou ao longo de tantos anos de carreira.

A célebre história que colocou o futebol português em efervescente convulsão conta-se, com maior ou menor grau de fidedignidade, da seguinte forma. O Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1979/80 estava muito próximo do final.

Somente a duas jornadas do fim, o FC Porto e o Sporting CP seguiam empatados na liderança da classificação. A penúltima jornada antevia-se decisiva para a atribuição do titulo de campeão nacional, pois, enquanto o FC Porto recebia em casa o Boavista FC, o Sporting CP deslocava-se à cidade de Guimarães para defrontar o Vitoria SC, um dos jogos, tradicionalmente, mais difíceis para o leões de Alvalade.

Ao longo de toda a semana que antecederam as partidas daquela jornada, alem de muita tensão sobre os intervenientes, muitos rumores surgiram na impressa e nos círculos de adeptos e dirigentes sobre as movimentações para falsear os resultados. Um dos que maior eco teve foi o rumor de que um jogador vitoriano estaria comprado e que iria provocar, propositadamente, uma grande penalidade a favor do Sporting CP ou iria marcar um auto-golo.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1979/80)
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(Manaca no Vitoria SC)
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(Com Nogueira do CF Belenenses em jogo disputado no Restelo)
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Os dias foram passando até que chegou o dia 25 de Maio de 1980, o dia do célebre acontecimento. À mesma hora iniciaram-se os jogos FC Porto – Boavista FC e o Vitoria SC – Sporting CP.

Como o Sporting CP levava vantagem sobre o FC Porto, desde que em Guimarães conseguissem o mesmo resultado que os portistas alcançassem sobre o Boavista FC, o titulo estaria praticamente garantido, até porque, na ultima jornada, jogando em Alvalade, o adversário seria o frágil e já relegado UD Leiria.

Aos 28 minutos, no Estádio das Antas, o FC Porto marcava através do médio Frasco e colocava grande pressão sobre o Sporting CP, com os responsáveis de ouvido colado no rádio, ia jogando em Guimarães.

Apenas 8 minutos depois, precisamente, aos 36 minutos do primeiro tempo, aconteceu o lance que ficou para a história do futebol português. Na marcação de um livre, Manuel Fernandes, de pé direito, faz um cruzamento para o interior da grande área vimaranense, onde surge Manaca a saltar com o avançado do Sporting CP Manoel.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1979/80)
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(Manaca no Vitoria SC)
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(Manaca em acção no celebre jogo frente ao Sporting CP)
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Naquela movimentação, o defesa Manaca, fazendo-se ao lance, cabeceou a bola para a sua própria baliza e ao marcador do Estádio Municipal de Guimarães subia um golo a favor do Sporting CP. Seria mesmo o golo do triunfo e do resultado final favorável aos leões de Alvalade por 0-1 que assim poderiam comemorar o título de campeão nacional.

Se antes do jogo já os ânimos estavam atiçados, depois daquele momento uma verdadeira guerra verbal estalou no futebol português com inúmeras intervenções públicas de todos os intervenientes.

De um lado, claro está, as pessoas ligadas ao FC Porto, com discursos inflamados, acusando Manaca de ter sido subornado e propositadamente ter favorecido o Sporting CP, prejudicando o seu próprio clube o Vitoria SC. Chegou mesmo a constar que Manaca ter-se-á juntado, já em Lisboa, aos jogadores do Sporting CP nos festejos da conquista do título de campeão nacional.

Disse-se tambem que, no final do jogo contra o Sporting CP, os próprios jogadores do Vitoria SC tentaram linchar Manaca. Alguns dizem mesmo que Tozé, parceiro de defesa, terá mesmo agredido o companheiro de equipa.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1979/80)
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(Manaca no Vitoria SC)
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(Em 1979/80 disputando um lance com um avançado do SC Espinho)
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Pimenta Machado, o jovem Presidente da Direcção do Vitoria SC naquela altura, recentemente empossado pela primeira vez no cargo que exerceu durante mais de duas décadas, despediu Manaca três dias depois do célebre jogo.

O jogador Manaca negou tudo, naturalmente, mas a suspeita sobre a sua intervenção nunca deixou de pairar. Naquela época, o Manaca chegou mesmo a afirmar que terá sido o FC Porto a alicia-lo e não o Sporting CP.

Segundo o jogador, terá sido o FC Porto que ofereceu 100 contos a Manaca para ganhar ao Sporting CP, premio que a juntar à quota-parte que lhe caberia no premio atribuído pelo Vitoria SC, formava uma considerável quantia que o jogador tinha perdido.

O certo é que o FC Porto perdeu a revalidação do tri, pois, como se esperava, o Sporting CP venceu em casa o frágil UD Leiria por 3-0 e assim confirmou a vitória no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1979/80.

Relativamente ao Vitoria SC, na época de 1979/80, que inicialmente teve como treinador o argentino Mário Imbelloni, mais tarde foi substituído pelo seu adjunto Cassiano Gouveia, ficou no 6º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Quanto a Manaca, deixando Guimarães, foi jogar para o GD Estoril Praia, a militar na 2ª Divisão Nacional, na época de 1980/81. A equipa estorilista, muito categorizada, venceu a Zona Sul do segundo escalão do futebol português e com isso garantiu a subia à 1ª Divisão Nacional.
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(Equipa do GD Estoril Praia na época de 1980/81)
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Voltou então à 1ª Divisão Nacional na temporada de 1981/82, onde Manaca, apesar do 36 anos de idade, revelou-se fundamental na permanência da equipa estorilista no primeiro patamar do futebol nacional.

Actuando sobre o meio campo, Manaca jogou 29 jogos e marcou 5 golos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, capitaneando a equipa do GD Estoril Praia que terminou a prova no 12º lugar.

Nesta temporada, a equipa canarinha fez do seu campo o grande fortaleza que guiou à manutenção no primeiro escalão. No Estoril apenas o Sporting CP venceu. O 12º lugar na classificação geral não revela, porem, qualquer facilidade, pois a equipa do GD Estoril Praia apenas garantiu a permanência na última jornada, em casa, triunfando por 1-0 sobre o CAF Viseu.
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(Equipa do GD Estoril Praia na época de 1981/82)
. (No GD Estoril Praia na época de 1981/82)
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(Capitão da equipa do GD Estoril Praia)
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(Jogo na Amoreira frente ao seu anterior clube o SC Braga)
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(Manaca ao serviço do GD Estoril Praia)
.(Equipa do GD Estoril Praia na época de 1981/82)
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(Manaca no GD Estoril Praia)
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(No Estádio do Restelo em 1981/82 representando o GD Estoril Praia)
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(O veterano Manaca no GD Estoril Praia)
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(Equipa do GD Estoril Praia na temporada de 1981/82)
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(O capitão Manaca)
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(No GD Estoril Praia)
.(Mais uma vez Manaca na equipa canarinha)
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Mais tranquila seria a época de 1982/83. Terminando o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 11ª posição, o GD Estoril Praia realizou uma época, verdadeiramente, fantástica, com Mano Nunes no comando técnico.

Manaca continuava a ser preponderante na equipa. Alem de desempenhar o papel de capitão de equipa e um dos jogadores mais experientes do plantel, futebolisticamente, Manaca, continuava a ser fundamental.

Foram 24 jogos com a camisola do GD Estoril Praia no principal campeonato português de 1982/83. Esta temporada seria a ultima do jogador Manaca no GD Estoril Praia e assim se despedia, definitivamente, da 1ª Divisão Nacional.
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(Equipa do GD Estoril Praia na época de 1982/83)
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(Manaca na temporada de 1982/83 no GD Estoril Praia)
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(Disputando um lance em Paranhos, ao serviço do GD Estoril Praia, frente ao SC Salgueiros, na época de 1982/83)
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(Manaca concedendo uma entrevista)
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Manaca terá seguido então a função de treinador. Entre outros, treinou o GD Peniche na época de 1983/84, numa das melhores épocas da história do clube, terminando o Campeonato Nacional da 2ª Divisão, Zona Centro, no 2º lugar, acendendo a liguilha de acesso à 1ª Divisão Nacional.

Passados alguns anos Manaca deixou o futebol português. Radicou-se no Canada, onde, com 62 anos de idade, reside actualmente Carlos Alberto Manaca Dias, mais conhecido somente por Manaca.


Autor: Alberto de Castro Abreu

E que grande golo o Manaca marcou ao V.Guimarães nesse célebre jogo com o Sporting!
Mas nessa altura, no futebol ainda só havia "gente honrada" e por maiores que fossem as evidências estava sempre tudo bem. Ainda não se tinha saido bem do tempo do 3 pra mim (benfica) e 1 pra ti (Sporting), mas já se anunciavam os novos tempos.
Em todo o caso dá para reflectir o facto de um jogador que embora tenha tido uma carreira interessante ficará com o seu nome para sempre ligado a uma indignidade e a 1ª coisa de que as pessoas sem lembrarão quando ouvirem o seu nome é o frete a que se prestou.
 
Tentativa de linchamento foi pouco.Grande palhaço. No tempo de Pedroto também Damas se preparava para o mesmo mas o Mestre mandou-o para o banco...
 
... Auto-golo propositado autenticamente, aquele, como facilmente se apercebeu quem teve olhos, tal o gesto do cabeceamento...!
Uma vergonha, que os "pseudo honestos" não se cansam de tentar fazer esquecer ou até escamotear"... E, depois do Porto ter ajudado o Vitória a não descer, em 1969/70, naquele célebre empate nas Antas(que teve cumprimento de promessa a pé até à Penha),houve tal agradecimento, através de um forasteiro...
Há sempre quem não tenha memória curta.
 
Dizem as pessoas mais sábias que a "chave" para o mistério do autogolo do Manaca está num jogo anterior contra o Boavista, antes do qual até circulou o boato de que o Manaca teria morrido.
Dizem também essas pessoas avisadas que, para além da luta renhida pelo título entre o Porto e o Sporting, havia outra, não menos renhida, por um lugar na Taça UEFA, entre o Vitória e o Boavista. Elas lembram-se também de um espectador surpresa nesse mesmo jogo entre o Vitória e o Sporting, um abutre "major" que por agora pousa pelos lados de Gondomar.

Enfim, acho que se calhar a história do autogolo de Manaca até teve pouco a ver com a disputa entre o Porto e o Sporting, mas eu não sou nem sábio nem avisado.
 
O Manaca teve uma carreira com successo e sem confusao, nao era no fim de carreira que ele ia fazer um golo de proposito na sua baliza sem nenhum proveito individual. Foi sempre um profissional e so'clubistas e' que pensam o contrario.
 
Pagina do facebook do Manaca https://www.facebook.com/pages/Manaca/298235053523744
https://twitter.com/#!/CManaca
 
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