Glórias do Passado: Ferreirinha

 

Ferreirinha



A grande aquisição do Vitoria SC na temporada de 1960/61 foi, de facto, Ferreirinha, um médio de qualidade proveniente do FC Porto, que nas camadas jovens chegou a ser internacional português. Fernando Ferreira, futebolisticamente conhecido por Ferreirinha, nasceu na cidade de Santo Tirso no dia 1 de Fevereiro de 1936.

Com 17 anos de idade, entrou na equipa de juniores do FC Porto na época de 1952/53 permanecendo duas épocas a jogar naquele escalão pela equipa azul e branca. Logo na primeira temporada na equipa portista venceu o Campeonato Nacional de Juniores.

Ferreirinha, um jovem médio de qualidade, era considerado como uma das grandes esperanças do futebol português e, com frequência, jogava na Selecção Nacional de Juniores. Contabilizou cinco internacionalizações pela Selecção Nacional de Juniores e uma pelo escalão de Esperanças.
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(Selecção Nacional de Juniores em 1955)
. (Incluido na Selecção Militar na decada de 50)
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Finalizado o processo de formação, ingressou no FC Tirsense, regressando ao clube da sua terra natal, então a militar na 2ª Divisão Nacional. Naquele clube nortenho jogou durante as temporadas de 1954/55 e 1955/56.

Na época de 1956/57 transferiu-se para o SC Braga, clube pelo qual atingirá a 1ª Divisão Nacional. O SC Braga fica em 2º lugar na fase final do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de 1956/57, atrás do SC Salgueiros campeão, mas ainda assim consegue subir ao primeiro escalão do futebol português.
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Ferreirinha foi um jogador decisivo para o êxito da formação arsenalista. Com apenas 20 anos de idade, torna-se no jogador sensação. Marca o golo mais bonito da sua carreira precisamente nesta época, num desafio decisivo para a subida de divisão frente ao SC Salgueiros, quando acudindo a um cruzamento da esquerda, recebe a bola no peito e sem deixar cair o esférico ao chão desfere um indefensável remate para golo.
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(Equipa do SC Braga na época de 1956/57)

(Ferreirinha no SC Braga)

(Equipa do SC Braga na temporada de 1956/57)
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Na cidade dos arcebispos manteve-se, ininterruptamente, durante 3 épocas, jogando as temporadas de 1957/58 e 1958/59 na 1ª Divisão Nacional. Na estreia no primeiro escalão do futebol português foi uma das grandes revelações da prova.

Desequilibrador por natureza, tornou-se no jogador mais temido na linha ofensiva do SC Braga e um dos principais protagonista na brilhante campanha do clube bracarense no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1957/58, onde terminou classificado no 5º lugar.
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(SC Braga na decada de 50)
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(SC Braga na decada de 50)
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O jovem médio Ferreirinha fica ainda ligado à decisão da atribuição do título nacional do Campeonato da 1ª Divisão de 1957/58. FC Porto e Sporting CP disputavam palmo a palmo o 1º lugar do nacional maior, porem, um derrota em Braga por 3-2 deixaram os portistas, irremediavelmente, fora do titulo.

Nesse jogo, o interior direito Ferreirinha foi, inquestionavelmente, o melhor jogador em campo, realizando, segundo o próprio, aquela que terá sido a sua melhor exibição de sempre.
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(Equipa do SC Braga na decada de 50)
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As performances do jovem nortenho, despertou, obviamente, o interesse dos clubes mais fortes. À cabeça surgiu o interesse do SL Benfica que procurava, incessantemente, um jovem que fosse um bom condutor de jogo.

O SC Braga, como contrapartida pela desvinculação do jogador, exigiu a avultada quantia de 300 contos mais a cedência de dois atletas benfiquistas, contudo, os responsáveis encarnados não cederam às pretensões dos bracarenses e, como tal, Ferreirinha permaneceu mais um ano no clube minhoto.

As boas exibições ao serviço da equipa arsenalista continuaram durante a época de 1958/59, obtendo o SC Braga um honroso 7º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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(SC Braga na época de 1958/59)

(Equipa do SC Braga na temporada de 1958/59)

No final da temporada de 1958/59, Ferreirinha finalizou o contrato com o SC Braga e, sendo um jogador livre, aceitou regressar às Antas e ingressar na equipa do FC Porto, clube onde tinha despontado para o futebol.

Tapado na equipa portista durante a época de 1959/60, em que o FC Porto foi apenas 3º classificado, aceitou o repto de voltar ao Minho, assinando, desta feita, contrato com o Vitoria SC no início da época de 1960/61. Em Guimarães, ao serviço do Vitoria SC, permaneceu ao longo de duas temporadas onde nunca chegou a atingir a notoriedade esperada.

(Plantel do Vitoria SC na época de 1960/61)
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Na primeira época, em que o Vitoria SC foi sensacionalmente o 4º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o interior Ferreirinha nem sequer foi titular na equipa comandada por Artur Quaresma. Apenas foi utilizado em 11 encontros não tendo conseguido concretizar qualquer tento.

Ferreirinha era um jogador bastante tecnicista, rápido e com um bom domínio do esférico. Um excelente condutor de jogo ofensivo, Ferreirinha jogava, preferencialmente, na posição de interior ou extremo direito.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1960/61)
. (Ferreirinha no Vitoria SC)
. (Equipa do Vitoria SC na temporada de 1960/61)
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Na temporada seguinte 1961/62, Ferreirinha já vestiu mais vezes a camisola com o emblema de D. Afonso Henriques no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, concretamente, alinhou em 21 partidas naquela competição, sendo o autor de 1 golo naquela prova.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1961/62)

(Vitoria SC na temporada de 1961/62)
.(Ferreirinha no Vitoria SC)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1961/62)
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(Em Braga, Equipa do Vitoria SC na temporada de 1961/62)
.(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1961/62)
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Deixou o Vitoria SC prosseguindo a carreira no Leixões SC dos ex avançados vimaranenses Edmur e Azevedo, na época de 1962/63, também na 1ª Divisão Nacional. Nesta temporada, a equipa de Matosinhos, treinada por Lourival Lorenzi, foi mesmo a grande sensação da prova, fruto do 5º lugar alcançado na tabela classificativa, não sendo, todavia, Ferreirinha uma peça fundamental naquela campanha, pois apenas actuou em 13 jogos e marcou 1 golo.
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(Leixões SC na temporada de 1962/63)
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(Ferreirinha no Leixões SC)
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Por isso, na época seguinte, deixou a cidade de Matosinhos e regressou ao SC Braga, clube onde tinha sido muito feliz. Permaneceu ao serviço do SC Braga nas épocas de 1963/64 e 1964/65, a primeira delas a disputar a 2ª Divisão Nacional e onde contribui, mais uma vez, para o regresso da equipa do Minho ao primeiro escalão nacional.
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Alem de alcançar a subida à 1ª Divisão Nacional, o SC Braga sagrou-se, ainda, campeão nacional da 2ª Divisão, pois, venceu a final da prova frente ao SCU Torreense por 2-1, depois de ter vencido a Zona Norte daquele escalão.
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(SC Braga na época de 1963/64)
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(Equipa do SC Braga campeão nacional da 2ª Divisão em 1963/64)
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Voltou a ser influente na equipa arsenalista comandada por António Teixeira, que na época de 1964/65 ficou no 10º lugar do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Os números de Ferreirinha nesta temporada foram de 25 jogos oficiais e 2 golos apontados.

Já perto dos 30 anos de idade, Ferreirinha decidiu regressar à equipa da sua terra natal, o FC Tirsense, para aí ficar umbilicalmente ligado à história daquele modesto clube. Aí permaneceu até ao final da carreira de futebolista ao mais alto nível, integrando a equipa do FC Tirsense que pela primeira vez ascendeu à 1ª Divisão Nacional, escalão no qual participou na época de 1967/68.

Em 1965/66 o FC Tirsense sobe da 3ª Divisão, à 2ª Divisão Nacional. Logo na época seguinte de 1966/67, o clube jesuíta alcança novo feito, subindo à 1ª Divisão Nacional do futebol português.
É já na condição de jogador/treinador que Ferreirinha, com 31 anos de idade, lidera a equipa do FC Tirsense, na 1ª Divisão Nacional, durante a época de 1967/68. Nesta competição realiza 19 jogos e é o autor de um golo.
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(Equipa do FC Tirsense em 1967/68)
. (Ferreirinha no FC Tirsense)
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(No FC Tirsense)
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Colocado o ponto final da carreira de jogador de futebol, Ferreirinha assumiu uma carreira de treinador, onde se destaca, sobretudo, a sua ligação aos grandes momentos vividos pelo GD Riopele, no qual desempenhava as funções de técnico principal.

A carreira de Ferreirinha como treinador iniciou ao serviço do FC Tirsense, como dissemos, passando pelo FC Famalicão (durante 3 temporadas consecutivas e também na condição de jogador/treinador), o SC Braga em 1971/72 e, a partir de 1972/73 o GD Riopele. Foi na equipa fabril do GD Riopele que Ferreirinha atingiu a notoriedade como treinador de futebol.
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(GD Riopele na temporada de 1975/76)
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(Ferreirinha no banco de suplentes do GD Riopele)
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Permaneceu varias épocas no comando da equipa do GD Riopele onde em 1977/78 atingiu mesmo a 1ª Divisão Nacional, depois de varias épocas a brilhar na 2ª Divisão Nacional. Em todos ficou uma imagem de marca da equipa de Pousada de Saramagos, como uma formação combativa, com um futebol extraordinariamente bonito e de qualidade.

Grandes jogos iriam receber o Parque de Jogos José Dias de Oliveira, a “casa” do GD Riopele naquela temporada na 1ª Divisão. Com capacidade oficial para 25.000 espectadores, apesar dos poucos lugares sentados que possuía, era considerado na altura como um dos melhores campos pelados do país, sempre tão bem tratado.
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(GD Riopele na época de 1977/78)
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(O treinador do GD Riopele, Ferreririnha)
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(Ferreirinha e as aquisições do GD Riopele para a época de 1977/78)
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1977/78, o GD Riopele não conseguiu o objectivo da manutenção, mas de forma alguma fez uma prova decepcionante. Alias, lutou até à última jornada pela manutenção no principal escalão terminando a prova na 15ª posição com 21 pontos, decorrentes das 6 vitórias e 9 empates alcançados na prova. Perdeu 15 encontros, concretizando 23 golos e sofrendo 5.

A sua carreira de treinador de futebol prossegue quase sempre ao comando de equipas nortenhas na 2ª Divisão Nacional. Em 1979/80 regressa ao comando do FC Famalicão, para a partir de 1980/81 assumir a equipa do FC Paços de Ferreira, onde permanece durante quatro épocas consecutivas.
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(Plantel do FC Paços de Ferreira na época de 1981/82)
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(O técnico Ferreirinha no FC Paços de Ferreira)
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Regressa, também, ao FC Tirsense em 1984/85 e 1985/86. Passa pelo Lusitânia FC de Lourosa e CD Aves entre 1986/87 e 1987/88. Realiza duas temporadas na 3ª Divisão Nacional, ao leme da AD Ovarense, na época de 1989/90 e SC Vianense, na temporada de 1990/91.
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Em 1991/92 assume a função de treinador principal no CD Aves na 2ª Divisão de Honra, até 1992/93. Passa depois pelo comando técnico do FC Moreirense nas épocas de 1993/94 e 1994/95, pelo Leixões SC, em 1996/97, e pelo SC Vila Real em 1998/99.
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(Plantel do CD Aves na época de 1992/93)
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(Moreirense FC na época de 1994/95)
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Finalmente, aquela que terá sido a ultima temporada de Ferreirinha no activo, foi a época de 2001/02, novamente no comando técnico do FC Tirsense, afinal o clube das suas origens.
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(Ferreirinha)


Autor: Alberto de Castro Abreu

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