João Alves é indubitavelmente uma das principais personagens da história do futebol português. Como jogador foi um dos mais geniais futebolistas portugueses de todos os tempos, uma autêntica atracção no espectáculo, considerado em Portugal e no estrangeiro como um verdadeiro fora de série, sobretudo, pela invulgar capacidade técnica e o fino toque de classe que impendia em cada lance.
Também como treinador de futebol João Alves foi diferente e inovador, marcando efectivamente uma época no futebol português, realizando desde o início dessa função uma carreira admirável tanto em grandes como em clubes de pequena dimensão.
A figura de João Alves marcou o fenómeno futebolístico português não só pela sua evidente classe como jogador, mas também pelo adereço que teimava em apresentar em cada jogo que participava. Em todos os jogos o atleta João Alves calçava umas luvas pretas como sua imagem de marca, com o objectivo sentido de homenagear o seu avô, Carlos Alves, afinal, o seu grande ídolo de sempre.
O jogador João Alves ficou por isso conhecido como o famoso “Luvas Pretas”. A história das luvas pretas não pode, obviamente, faltar quando se recorda a carreira do futebolista João Alves.
O avô de João Alves, Carlos Alves, foi também ele um grande jogador de futebol na década de 20 como defesa direito, chegando mesmo a atingir o estatuto de internacional olímpico português. Carlos Alves foi considerado o melhor jogador português de todos os tempos na posição de defesa direito, notabilizou-se, sobretudo, ao serviço do Carcavelinhos e Académico do Porto, tendo jogado também pelo FC Porto.
Também Carlos Alves, a partir de determinada altura da sua carreira, passou a ostentar as luvas pretas calçadas nas suas mãos em cada jogo em que participava. A razão da opção de Carlos Alves em usar umas luvas pretas advém de uma das mais românticas histórias do futebol português.
Certo dia, Carlos Alves a jogar no Carcavelinhos, teria como adversário o SL Benfica. Momentos antes do tradicional desafio uma pequena miúda abeirou-se de Carlos Alves e pediu-lhe que jogasse com as suas luvas pretas calçadas. O defesa explicou então à garota que não poderia satisfazer o seu pedido, pois o futebol e o jogo em questão eram assuntos demasiado sérios para estas brincadeiras. A miúda tristonha calou-se, mas não desistiu.
Já no célebre encontro frente ao SL Benfica, a equipa do Carcavelinhos perdia ao intervalo. A certa altura, Carlos Alves descobre dentro dos bolsos dos seus calções o pequeno par de luvas pretas que pequena rapariga ali colocara sem autorização.
Foi então que Carlos Alves, deveras supersticioso, calçou as pequenas luvas pretas nas suas mãos e regressou ao jogo. A história conta então que o Carcavelinhos acabou por virar o resultado e vencer a equipa do SL Benfica, e a partir de então, o sensacional defesa Carlos Alves nunca mais deixou de jogar com umas luvas pretas.
A primeira vez que o jovem João Alves usou as luvas pretas aconteceu no dia 14 de Novembro de 1970, dois dias depois do falecimento do seu avô Carlos Alves. Com este gesto João Alves prestou a sua particular homenagem ao seu avô decidindo seguir a tradição familiar das luvas pretas.
Além de influenciar a imagem do “Luvas Pretas”, o avô Carlos Alves, foi também determinante na carreira inicial de João Alves. Nos finais da década de 60, Carlos Alves era treinador da equipa principal da AD Sanjoanense e nesse clube inscreveu o seu neto João.
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No modesto clube de S. João da Madeira o pequeno João começou a adquirir a técnica dos grandes jogadores de futebol e foi oficialmente registado nas equipas mais jovens da AD Sanjoanense na época de 1968/69.
(O jovem João Alves, ainda sem as luvas pretas, na AD Sanjoanense nos finais da decada de 60)
Imediatamente começou a evidenciar-se ao serviço da equipa juvenil da AD Sanjoanense e de norte a sul do país vários eram os emissários dos maiores clubes portugueses que observavam periodicamente o jogador.
Em 1969 consumava-se o ingresso do pequeno João Alves no SL Benfica, apesar do assédio do FC Porto. Foi o então treinador adjunto da equipa principal benfiquista, Fernando Cabrita, que observou ao vivo o jogador e aconselhou a sua contratação.
Ingressou na equipa de juvenis do SL Benfica na temporada de 1969/70 e rapidamente mostrou a sua grande categoria como jogador, demonstrando uma técnica individual notável, uma visão de jogo extraordinária, um espírito determinado e uma cultura táctica surpreendente para um jovem da sua idade.
(João Alves no ano de 1969 na categoria de juvenis do SL Benfica)
Os responsáveis encarnados auguravam-lhe um grande futuro àquele que já consideravam como a grande vedeta dos futebolistas mais jovens. Depois de um ano na equipa de juvenis, João Alves actuou durante as épocas seguintes de 1970/71 e 1971/72 na categoria de juniores do SL Benfica.
(Equipa do SL Benfica em juniores no inicio da decada de 70)
(Já com as famosas luvas pretas no SL Benfica em junior)
Porém, terminado o percurso na formação do SL Benfica e chegando ao escalão sénior, os responsáveis benfiquistas decidiram - em face do conjunto de estrelas que serviam o clube encarnado e tapavam o imediato surgimento de João Alves - emprestar o valioso jogador ao Varzim SC, equipa nortenha a militar na 2ª Divisão Nacional, Zona Norte, na temporada de 1972/73.
Na equipa poveira o jovem João Alves brilhou a grande altura. Os ecos dos desempenhos protagonizados pelo atleta ao serviço do Varzim SC chegaram ao conhecimento do técnico benfiquista Jimmy Hagan que ordenou o imediato regresso à casa mãe com vista a sua integração no plantel do SL Benfica para a nova temporada de 1973/74.
(No Varzim SC na época de 1972/73)
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(Ao serviço do Varzim SC na temporada de 1972/73)
Todavia esse regresso não se verificou. Um celebre incidente com o magriço António Simões, uma das maiores estrelas do SL Benfica, provocou a saída definitiva do promissor jogador.
O episódio ocorreu no final de um jogo disputado em Freamunde para homenagear Santana, antiga glória do SL Benfica. Ao que se diz a discussão começou por qualquer incidência do jogo mas acabou por desembocar nas famosas luvas pretas que João Alves considerava intocáveis, pois simbolizavam o eterno afecto que nutria pelo seu avô.
A importância de António Simões no seio do SL Benfica era imensa comparada com as promissoras qualidades do jovem João Alves. Por isso, após o celebre incidente, João Alves foi transferido, sem critério, a título definitivo, para CD Montijo pela insignificante quantia de 600 contos, o mesmo valor que o SL Benfica tinha pago no ano anterior para evitar a mobilização do jovem para o ultramar.
É no CD Montijo que João Alves vai estrear-se na 1ª Divisão Nacional com o técnico José Caraballo. Logo nessa primeira temporada na 1ª Divisão Nacional, João Alves destacou-se como o melhor jogador da equipa montijense na época de 1973/74, realizando 30 jogos e apontando 2 golos na principal competição portuguesa.
(Equipa do CD Montijo na época de 1973/74)
(João Alves no CD Montijo na época de 1973/74)
(João Alves numa partida ao serviço do CD Montijo)
A inexperiente formação do CD Montijo não evitou, porém, a descida à 2ª Divisão Nacional. Tal facto, não impediu a cobiça de outros clubes pelo concurso do jovem médio português.
José Maria Pedroto, treinador do Boavista FC, conhecia profundamente as potencialidades do jovem João Alves. Insistiu na sua contratação e por 1.500 contos pagos pela transferência ao CD Montijo, João Alves reforçou a equipa do Bessa.
Foi no Boavista FC que João Alves “explodiu” definitivamente para o futebol português. As suas exibições ao serviço dos axadrezados tornaram-no na maior figura da equipa e no maior ídolo da massa associativa do Boavista FC. Rapidamente, também toda a imprensa desportiva o considerava com um dos melhores futebolistas portugueses.
Em 1974/75, a primeira época no Boavista FC, João Alves realizou 30 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e apontou 11 golos, cifra que lhe atribui o lugar de 2º melhor marcador da equipa. Nesta temporada, pelas exibições ao serviço do Boavista FC, foi distinguido pelo CNID como o futebolista português do ano.
(Equipa do Boavista FC na época de 1974/75)
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Apesar dos muitos golos apontados a sua função primária era municiar a terrível dupla de avançados boavisteira Mané e Salvador. O Boavista FC foi o 4º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, mas o maior feito foi a conquista da Taça de Portugal da temporada de 1974/75, que traduziu-se numa grande vingança de João Alves aos responsáveis benfiquistas.
O jogo foi disputado na noite do dia 14 de Junho de 1975, no Estádio José de Alvalade em Lisboa, entre o Boavista FC e o SL Benfica, o antigo clube de João Alves. Os boavisteiros venceram o SL Benfica por 2-1, arrecadando o troféu em disputa.
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João Alves, segundo rezam as crónicas, terá realizado naquele jogo uma das melhores exibições da sua carreira, contribuindo decisivamente para a vitória da equipa axadrezada, tendo marcando, alias, um dos golos da partida.
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(No Boavista FC na temporada de 1974/75)
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(João Alves ao serviço do Boavista FC)
(João Alves na equipa da Selecção do Porto na decada de 70)
O Boavista FC revalidaria a conquista da Taça de Portugal na época seguinte, desta vez, sobre o Vitoria SC. Também neste jogo disputado no Estádio das Antas, que o Boavista FC venceu por 2-1, o médio João Alves voltou a desempenhar um papel de destaque, realizando uma excelente exibição.
Já no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1975/76 o Boavista FC sagrou-se vice campeão nacional, obtendo um fabuloso 2º lugar na tabela classificativa.
A participação de João Alves na equipa boavisteira voltou a ser fundamental, realizando uma temporada a todos os títulos soberba. Em 29 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o meio campista João Alves marcou 15 golos, tornando-se o melhor marcador da equipa.
(Equipa do Boavista FC na época de 1975/76)
(João Alves no Boavista FC na temporada de 1975/76)
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(Em 1975/76 numa partida entre o CD Cuf e o Boavista FC)
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A qualidade futebolística de João Alves já tinha ultrapassado as fronteiras do território nacional. Em Espanha, o UD Salamanca, subiu à 1ª Divisão Nacional na temporada de 1975/76.
Para a nova época de 1976/77 reforçou-se com a contratação o médio João Alves ao Boavista FC, depois de varias observações realizadas em Portugal. Alem da equipa espanhola também em França havia interessados no jogador português, nomeadamente, os casos públicos do Paris SG e o Olympique de Marselha. Diz-se que a aquisição disputada de João Alves terá custado ao UD Salamanca cerca de 12.000 contos
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(Caricatura alusiva à saida de João Alves para Espanha)
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Também em Salamanca o “Luvas Pretas” foi imensamente feliz e os seus desempenhos adjectivados de sensacionais. Facilmente conquistou o carinho e a simpatia da aficion do UD Salamanca. Alias, ainda hoje o português João Alves é considerado como o melhor jogador da história do UD Salamanca e o maior símbolo do clube.
Realizou duas grandes temporadas ao serviço do UD Salamanca, em partidas recheadas de grandes exibições e muitos golos. Na 1ª Liga Espanhola jogou um total de 64 jogos e marcou 10 golos ao longo das temporadas de 1976/77 e 1977/78.
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(João Alves na equipa da UD Salamanca na época de 1977/78)
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(Na UD Salamanca na época de 1977/78)
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(Ao serviço da UD Salamanca)
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No final da época de 1976/77 teve a um pequeno passo de regressar a Portugal e entrar no FC Porto de José Maria Pedroto. Os dirigentes portistas tudo fizeram para convencer o UD Salamanca a vender o jogador, oferecendo uma elevada quantia em dinheiro e ate mesmo António Oliveira, a maior vedeta da equipa portista.
Apesar da insistência e de todos as “demarches” junto de João Alves, os dirigentes do FC Porto não conseguiram convencer a junta directiva do UD Salamanca a deixar sair o jogador.
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(João Alves com a camisola da UD Salamanca)
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Na ultima época em Espanha, a temporada de 1977/78, João Alves revelou todo o seu esplendor futebolístico, sendo unanimemente reconhecido e mesmo agraciado pelos especialista com o premio de melhor jogador estrangeiro no futebol espanhol, país onde pontificavam jogadores da estirpe de Johan Cruiiff, Mário Kempes, Neeskens, Ayala ou Luís Pereira.
A época de 1977/78 foi bastante penosa para o UD Salamanca a viver profundos problemas financeiros. João Alves em grande destaque na equipa era assediado pelos maiores clubes europeus. Diz-se que teve tudo acertado para ingressar no Real Madrid, mas pelo benfiquismo obstinado regressou a Portugal.
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(Equipado no UD Salamanca)
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(João Alves com a camisola do conjunto espanhol UD Salamanca)
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O SL Benfica conseguiu convencer os dirigentes salamantinos e contratou o jogador por 30.000 contos, uma exorbitante quantia naquela época. Ao jogador o SL Benfica ofereceu 200 contos mensais, o mais alto salário do futebol português.
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Foi a principal aquisição do SL Benfica na época de 1978/79 sob o comando técnico de John Mortimore. Finalmente, estreou-se oficialmente com a camisola da equipa principal do SL Benfica no dia 28 de Agosto de 1978, numa partida disputada no Estádio da Luz, entre os encarnados, que venceram por 1-0, e a formação do FC Barreirense.
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(SL Benfica na época de 1978/79)
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(João Alves no SL Benfica na temporada de 1978/79)
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Referencia também para o primeiro golo apontado na principal competição portuguesa com a camisola do SL Benfica. Aconteceu também no Estádio da Luz, aos 18 minutos da partida realizada no dia 28 de Outubro de 1978, em que o SL Benfica venceu o Varzim SC, antigo clube de João Alves, por 3-0.
Nessa temporada do regresso de João Alves ao futebol português, o centrocampista actuou em 26 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão e marcou 11 golos, numa prova vencida pelo FC Porto, terminando o SL Benfica em 2º lugar da classificação geral.
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(João Alves em gesto acrobático ao serviço do SL Benfica)
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Não foi inteiramente feliz o regresso de João Alves ao SL Benfica. O jogador chegou mesmo a afirmar-se arrependido pela decisão tomada. Nesse sentido, João Alves emigrou novamente, desta feita, rumou ao Paris SG, clube francês que “perseguia” João Alves há bastante tempo.
Mais uma transferência milionária, pois o Paris SG pagou a exorbitante quantia de 32.000 contos ao SL Benfica pela aquisição do médio português. Mas se o primeiro regresso de João Alves à Luz não tinha corrido de feição, a experiência no futebol francês foi amargurada pela grave lesão contraída num encontro frente ao Sochaux.
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(João Alves no Paris SG na época de 1979/80)
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(João Alves ao serviço do Paris SG num encontro frente ao O. Marselha)
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A partida contava para a 3ª jornada do Campeonato Nacional da França, quando Gengini, jogador do Sochaux, protagonizou uma violenta entrada por trás, sobre João Alves, que lhe fracturou imediatamente a perna.
Foi um longo calvário a recuperação do jogador português que se prolongou por mais de 5 meses, período em que esteve afastado dos relvados. Por isso, apenas alinhou em 19 encontros da principal competição francesa pelo Paris SC, sem ter apontado qualquer golo.
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(João Alves com a camisola do Paris SG na época de 1979/80)
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Voltou a Portugal no início da época de 1980/81 para sagrar-se, pela primeira vez na sua carreira, como campeão nacional, ao serviço do SL Benfica, treinado pelo húngaro Lajos Baroti. Venceu também a edição deste ano da Taça de Portugal, derrotando na final a equipa do FC Porto por 3-1, num encontro que contou com João Alves a titular.
A temporada de 1980/81 foi o regresso em grande do português João Alves, não apenas as grandes exibições, como aos golos. Jogou em 30 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontando 14 golos, classificando-se em 2º lugar na lista de melhores marcadores do SL Benfica, atrás do avançado Nené.
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(SL Benfica na época de 1980/81)
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João Alves era um centrocampista bem ofensivo, rápido, que facilmente aparecia na área de rigor, penetrando com toda a sua habilidade e talento na defesa contrária. Essa posição potenciava também, sobremaneira, o seu sentido de oportunidade, verdadeiramente excepcional.
Mas nessa posição outros pormenores tornavam João Alves como fundamental em qualquer equipa. Era o verdadeiro motor da equipa, gerindo o ritmo e pautando todo o jogo ofensivo, sempre com muita classe. Era daqueles jogadores que jogava muito e fazia jogar.
Tinha uma qualidade de passe simplesmente notável, sobretudo, a longa distancia, bem visível nas desmarcações que realizava com a sua invejável visão de jogo e de cabeça sempre bem levantada. Revelava ainda muita facilidade no drible e um exímio rematador, na finalização perto da baliza, como na meia distância, sendo muitas vezes autor de golos magníficos.
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Fisicamente era baixo e não muito forte. Também não sabia defender e marcar um adversário, é certo, mas na vertente ofensiva era poderoso. No auge da carreira de futebolista era considerado como um dos melhores jogadores da Europa. O seu futebol fazia vibrar os apaixonados pela modalidade, enchia os estádios e regalava o público que admirava a sua técnica individual.
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(João Alves no SL Benfica na época de 1980/81)
(No Estádio da Luz, João Alves remata em posição acrobática à baliza do Vitoria de Setubal, defendida por Silvino)
Na temporada de 1981/82 o SL Benfica não conseguiu revalidar o título de campeão nacional. E a época não correu de feição a João Alves. Apenas jogou 14 jogos, e nem sempre titular, e apontou 3 golos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
O SL Benfica ficou em 2º lugar a dois pontos do Sporting CP, campeão nacional, no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Depois de uma má pré-temporada o SL Benfica teve inesperadas derrotas fora de casa, como por exemplo, contra o Rio Ave FC, FC Amora e o Vitoria SC, todas por 1-0, resultados negativos que acabaram por afastar o clube do título.
(SL Benfica na época de 1981/82)
(No SL Benfica na temporada de 1981/82)
(No Estádio das Antas num FC Porto - SL Benfica)
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Entretanto, estava próximo do final da ligação histórica de João Alves ao SL Benfica. A época de 1982/83 seria inesperadamente a ultima temporada do famoso “Luvas Pretas” na formação benfiquista. Ainda por cima porque João Alves realizou mais uma tremenda campanha a nível nacional e internacional.
Fez uma época em grande, sobretudo na parte final, jogando todo o seu futebol e tornando-se preponderante na conquista pelo SL Benfica do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1982/83. Nesta competição alinhou em 27 jogos, sem ter apontado, nesta época, qualquer golo.
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(SL Benfica na época de 1982/83)
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(João Alves com o equipamento alternativo do SL Benfica)
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Foi também decisivo na caminha do SL Benfica ate à final da Taça UEFA frente aos belgas do Anderletch. E terá sido nas vésperas dos jogos decisivos desta final que atirariam João Alves, definitivamente, para fora do clube no final da temporada.
Um dia chegou atrasado a um treino do SL Benfica. O sueco Sven Goram Eriksson, castigou o jogador, não o convocando para o jogo decisivo da final da Taça UEFA. Desentendeu-se irremediavelmente com o treinador campeão e acabou por não renovar o contrato com o SL Benfica.
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(No SL Benfica na época de 1982/83)
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(João Alves no SL Benfica)
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Antes de sair do SL Benfica, o “ Luvas Pretas” coleccionou, oficialmente, mais um troféu nacional, com a conquista da Taça de Portugal na temporada de 1982/83. Os encarnados venceram na final o FC Porto por 1-0, em partida que não contou com a participação de João Alves.
Na carreira de João Alves também consta um percurso importante na Selecção Nacional de Portugal. Habituou-se, desde muito jovem, aos trabalhos da Selecção Nacional integrando o núcleo dos melhores jogadores portugueses em cada etapa da sua carreira.
A primeira vez que João Alves representou Portugal foi na categoria de juniores, frente à França, no Estádio da Tapadinha, na cidade de Lisboa, concretamente, num encontro disputado no dia 13 de Fevereiro de 1971, para a 1ª mão da eliminatória de qualificação para o Torneio Internacional da UEFA naquele escalão, a realizar na Checoslováquia.
Segundo as crónicas, João Alves realizou um óptima exibição na vitória portuguesa sobre a França por 3-2, que abriu caminho para a qualificação de Portugal para a fase final, já que na 2ª mão em Paris, o resultado terminou com uma igualdade a 0-0.
João Alves, a grande estrela da equipa portuguesa, não esteve presente nessa fase final do Torneio Internacional da UEFA, em que a Selecção de Portugal foi a 2º classificada, porque, na preparação para essa competição, lesionou-se com gravidade no menisco num jogo particular contra a Roménia.
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O popular “Luvas Pretas” escreveu também um percurso na selecção principal portuguesa. Entre 1974 e 1983 contabilizou 36 jogos pela Selecção Nacional, apontando 3 golos nesse percurso.
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(Selecção de Portugal na época de 1974/75)
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(João Alves com a camisola da Selecção Nacional)
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A estreia pela Selecção Nacional “A” aconteceu pelas mãos de José Maria Pedroto, profundo admirador das qualidades de João Alves, no dia 13 de Novembro de 1974, em Berna, na Suiça. Portugal realizou um jogo particular frente à selecção da Suiça, acabando derrotado por 3-0.
O primeiro golo que marcou pela principal Selecção Nacional portuguesa foi, precisamente, o golo da vitoria frente ao Chipre por 1-0, numa partida a contar para a qualificação para o Campeonato da Europa de 1976, disputada no dia 3 de Dezembro de 1975 no Estádio do Bonfim, em Setúbal.
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(Selecção Nacional portuguesa na decada de 80)
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(Com a camisola das quinas na decada de 70)
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Depois de muitos anos com presença assídua na Selecção Nacional, João Alves realizou o ultimo jogo com a camisola das quinas no dia 27 de Abril de 1983, em Moscovo, frente à URSS, na fase de qualificação para o Campeonato Europeu de 1984, em França. Neste ultimo jogo de João Alves por Portugal, a seleccionado luso foi amplamente derrotado pela URSS por 5-0.
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(Selecção de Portugal em 1981 no jogo frente à Republica da Irlanda)
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(Com a camisola da Selecção Nacional da decada de 80)
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Terminada a ligação com o SL Benfica no final da época de 1982/83, João Alves prosseguiu a carreira no Boavista FC. Foi o regresso do desejado e ídolo da massa associativa dos axadrezados.
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O FC Porto voltou a estar interessado na contratação de João Alves. Contudo, desta feita, o celebre pacto de não agressão estabelecido entre os azuis e brancos e o SL Benfica, afastou o “Luvas Pretas” da rota do Estádio das Antas. Rumou ao Bessa, muito por influência do Major Valentim Loureiro, amigo pessoal de João Alves, de quem até era sócio numa empresa de material desportivo.
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(Boavista FC na época de 1983/84)
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(João Alves no Boavista FC na temporada de 1983/84)
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No Boavista FC da temporada de 1983/84, treinado por Henrique Calisto, João Alves foi igual a si próprio. Com 31 anos de idade, cheio de experiência, foi um jogador preponderante nos boavisteiros que obtiveram um 7º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
João Alves, o famoso “Luvas Pretas”, comandando o meio campo do Boavista FC, realizou 29 jogos na principal competição portuguesa, tendo apontado 3 golos ao longo da prova.
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(João Alves no Boavista FC na época de 1983/84)
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(João Alves capitão da equipa do Boavista FC)
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A época de 1984/85, talvez inesperadamente, seria a ultima temporada do futebolista João Alves e a primeira do treinador de futebol. O Boavista FC começou a ser comandado pelo capitão Mário Wilson.
No dia 9 de Março de 1985, aquando da 21ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1984/85, depois de uma derrota caseira frente ao Vitoria de Setúbal por 0-2, o presidente do Boavista FC, o Major Valentim Loureiro, desanimado com a carreira do clube, demitiu Mário Wilson e convenceu João Alves a assumir o comando da equipa até final da temporada.
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(Equipa do Boavista FC na decada de 80)
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(Em 1984/85 João Alves o capitão da equipa do Boavista FC)
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(Caricatura do "Luvas Pretas" com o equipamento axadrezado)
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(João Alves em acção ao serviço do Boavista FC)
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João Alves, com apenas 32 anos de idade, encerrou a carreira de futebolista e iniciou a carreira de treinador de futebol, substituindo Mário Wilson no comando técnico dos axadrezados. Foi um dos treinadores mais novos do futebol português a treinar na 1ª Divisão Nacional.
O Boavista FC melhorou significativamente a produção na temporada de 1984/85 após o inicio da liderança de João Alves, conseguindo a proeza de ainda conquistar um 4º lugar na classificação final apurando-se para a Taça Uefa.
Como treinador João Alves colocou em pratica todo o seu saber e experiência adquirida ao longo de muitos anos ligado ao futebol como praticante. Foi considerado com o primeiro “Manager” do futebol português, tal a forma como organizava e preparava as suas equipas.
Revelou-se também um verdadeiro caça talentos. Tinha um faro impressionante para descobrir novos valores nas divisões inferiores ou nas camadas jovens. Deve-se a João Alves a descoberta de jogadores como Paulo Bento, Pedro Barbosa, Abel Xavier, Pauleta, entre outros.
Desde muito novo João Alves demonstrou muito interesse pelo estudo do futebol. Com 25 anos de idade já detinha o curso de treinador de futebol. Ao longo da carreira de treinador patenteou, efectivamente, tratar-se de um técnico por vocação.
Em 1985/86 continuou a comandar a equipa do Boavista FC. Conquistou o 5º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. O maior feito da temporada, porém, foi a eliminação dos italianos da Fiorentina na 1ª eliminatória da Taça Uefa de 1985/86. Com esta vitória o Boavista FC chegava pela primeira vez na sua história à 2ª eliminatória de uma competição europeia de clubes.
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(Plantel do Boavista FC na época de 1985/86)
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(Ao lado do Major Valentim Loureiro no Boavista FC)
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Depois do Boavista FC, a sua carreira de treinador conta então com passagens por outros clubes portugueses onde realizou trabalhos notáveis e nalguns casos históricos mesmo.
Em 1986/87, no final da 16ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, é demitido do Boavista FC e foi substituído por José Torres. Abraçou o comando do Leixões SC na época de 1987/88, na 2ª Divisão Nacional, sagrando-se campeão e fazendo regressar a histórica equipa leixonense ao primeiro escalão do futebol português.
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(Plantel do Leixões SC na época de 1987/88)
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No início da temporada de 1988/89 abraçou o projecto do CF Estrela da Amadora. Esteve duas épocas no clube da Reboleira, garantindo sempre o objectivo do clube, isto é, a manutenção na 1ª Divisão Nacional.
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(Plantel do CF Estrela da Amadora na época de 1988/89)
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Fica, porém, para sempre, ligado à história do CF Estrela da Amadora sobretudo pela conquista da Taça de Portugal de 1989/90. Depois de eliminar o Vitoria SC nas meias-finais da competição, o CF Estrela da Amadora derrotou na decisão da competição a equipa algarvia do SC Farense, arrebatando, deste modo, o segundo troféu mais importante do futebol português.
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(Em 1989/90 no banco de suplentes do CF Estrela da Amadora)
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(Durante a final da Taça de Portugal na época de 1989/90)
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No início de 1990/91 regressou ao Bessa para comandar os destinos do Boavista FC. Durou apenas 12 jornadas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão o regresso de João Alves ao Bessa. Foi substituído no cargo por Artur Ferreira.
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(Boavista FC na época de 1990/91)
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Ainda no decorrer da época de 1990/91, o técnico João Alves voltou a trabalhar. Desta feita, assumindo o comando técnico da equipa do Vitoria SC, substituindo o uruguaio Pedro Rocha no cargo de treinador.
No início da temporada de 1990/91, o Vitoria SC manteve o seu treinador da época anterior, o brasileiro Paulo Autuori, e largas eram as esperanças das gentes vitorianas na sequência da fantástica temporada protagonizada em 1989/90. Sucede que, a época desportiva, não começou nada bem para o Vitoria SC, com problemas graves que de certa forma acabaram por afectar o rendimento do grupo ao longo da temporada.
O Campeonato Nacional da época de 1990/91 foi bastante atribulado e cheio de resultados contraditórios. Depois de uma derrota em Barcelos, frente ao Gil Vicente FC, o brasileiro Paulo Autuori pede a demissão. Para o seu lugar entra o uruguaio Pedro Rocha, ex treinador do Sporting CP e antiga glória do futebol uruguaio.
Contudo, apesar da alteração no comando da equipa técnica, os resultados alcançados pelo Vitoria SC não melhoraram e a equipa vimaranense acabou por cair para os últimos lugares da classificação no final da 1ª volta.
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Como o desempenho da equipa não melhorava o Vitoria SC procedeu a nova mudança no comando da equipa técnica. Entra João Alves para o lugar de Pedro Rocha. Será com João Alves ao leme da equipa, que o Vitoria SC encetou uma franca recuperação na classificação, que terminará com um tranquilo 9º lugar na classificação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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(João Alves no banco do Vitoria SC na época de 1990/91)
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(Caricatura de João Alves alusiva à época de 1990/91)
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João Alves estreia-se no banco do Vitoria SC numa partida importantíssima, em Guimarães, frente ao Marítimo SC. Os vimaranenses venceram por 1-0 e iniciaram aí uma ligeira recuperação, garantindo a manutenção na penúltima jornada frente ao FC Tirsense, com uma vitória por 1-0 no Estádio Municipal de Guimarães.
A preparação da época de 1991/92, iniciada ainda no decorrer da temporada de 1990/91, ficou inteiramente a cargo do treinador João Alves, que formava a sua equipa técnica com Acácio Casimiro, o treinador adjunto, e Manuel Machado, como preparador físico.
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O técnico João Alves exerceu um papel preponderante na escolha dos elementos que iriam compor o plantel do Vitoria Sport Clube para a nova temporada. Frederico, Caetano e Jaime Alves chegavam contratados ao Boavista FC. Da Amadora viriam Paulo Bento, Paulo Jorge e Basaula, e ainda, de outras paragens, os centrais Matias e Taoufik, Quim Machado, Fonseca, Moreira de Sá e Pedro Barbosa. Este último seria um dos grandes futebolistas portugueses da década de 90, um verdadeiro talento descoberto por João Alves.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1991/92)
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O Vitoria SC realizou no decurso da época de 1991/92 um excelente temporada. A equipa vimaranense foi até meio da época um sério candidato ao título. Contudo, alguns resultados negativos, essencialmente, realizados em casa, afastaram a equipa dos primeiros lugares, restando-lhe apenas a luta pelos lugares de acesso às competições internacionais.
A equipa apresentava um estilo de jogo assente na rapidez ofensiva e na agressividade e marcação. Era um grupo bastante unido, uma autêntica família, com um futebol muito à imagem do seu técnico.
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(João Alves no Vitoria SC na temporada de 1991/92)
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O guarda-redes principal era Jesus, que dividiu o posto com o jovem Carlos. A defesa tinha a liderança do veterano e experiente Frederico, que partilhava o centro do sector defensivo com o Matias ou o tunisino Taoufick. Nas laterais, Basílio e Caetano eram quase indiscutíveis.
O meio campo era jovem, muito voluntarioso e cheio de talento. Paulo Bento, Soeiro e Pedro Barbosa, destacaram-se. Mas também N´Dinga, Jaime Alves, Quim Machado e o brasileiro João Baptista tiveram uma acção importantíssima.
A frente de ataque dependia quase exclusivamente da dupla Caio Júnior e Ziad, especialmente, o tunisino, o goleador da equipa. Moreira de Sá, Paulo Jorge e Basaula foram, embora esporadicamente, jogadores importantes na manobra da equipa.
Jogando fora do Municipal de Guimarães o Vitoria SC conquistava excelente resultados. Conquistou 7 vitórias e 4 empates fora do seu reduto, contra 7 vitórias caseiras e 9 empates.
Na verdade foi nas partidas disputadas em Guimarães que o Vitoria SC revelou maiores dificuldades, cedendo pontos com equipas de menor valia técnica e com ambições diferentes.
No final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1991/92 o Vitoria SC quedou-se pelo 5º lugar da classificação geral, apurando-se para as competições, confirmando a vocação de João Alves em cumprir os objectivos delineados pelos clubes.
De forma injusta o treinador João Alves não foi convidado a renovar o contrato com o Vitoria SC. O clube vimaranense optou por fazer regressar a Guimarães o brasileiro Marinho Peres, para assumir o cargo de treinador principal do Vitoria SC para a época de 1992/93.
João Alves regressou ao CF Estrela da Amadora na época de 1992/93, desta feita, a militar na 2ª Divisão de Honra. Foi Campeão Nacional da 2ª Divisão de Honra em 1992/93, fazendo regressar a equipa da Reboleira à 1ª Divisão Nacional.
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(Plantel do CF Estrela da Amadora em 1992/93)
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(João Alves treinador do CF Estrela da Amadora em 1993/94)
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Permaneceu liderando o conjunto do CF Estrela da Amadora na época de 1993/94 na 1ª Divisão Nacional, escalão em que se manteve, fruto do tranquilo 9º lugar obtido no final da competição.
Em 1994/95 foi substituir José Romão no cargo de treinador do CF Belenenses, mantendo-se em 1995/96 como técnico dos azuis do Restelo, obtendo um meritório 6º lugar, numa altura em que o clube da cruz de Cristo vivia dias difíceis por causa de uma crise económica e financeira.
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(Treinador do CF Belenenses na época de 1994/95)
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(Plantel do CF Belenenses na temporada de 1995/96)
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(João Alves treinador do CF Belenenses na temporada de 1995/96)
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No início da temporada de 1996/97, João Alves foi contratado pelos espanhóis do UD Salamanca. Foi mais um regresso na carreira do “Luvas Pretas” a um clube marcante, agora, na condição de treinador.
Formou uma equipa com vários jogadores portugueses ou que jogavam em Portugal, como Nuno Afonso, Paulo Torres, Taira, Agostinho, Pauleta e Catanha. João Alves seria treinador do clube durante pouco tempo, pois em Novembro de 1996, por causa de falta de resultados, foi substituído por Andoni Goikoetxea.
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(No UD Salamanca na época de 1996/97)
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(Conjunto dos portugueses no UD Salamanca na época de 1996/97)
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Ainda em 1996/96 voltou a treinar o Boavista FC, sem êxito. Teve passagens meritórias na 1ª Divisão Nacional ao comando do SC Campomaiorense, nas épocas de 1997/98 e 1998/99, e pelo SC Farense, na temporada de 1998/99 e 1999/00.
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(No Boavista FC na época de 1996/97)
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(Plantel do SC Campomaiorense na temporada de 1998/99)
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(No banco do SC Farense na temporada de 1998/99)
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(João Alves treinador do SC Farense na temporada de 1999/00)
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Assumiu em 2000/01 os destinos da Académica de Coimbra na 2ª Divisão Nacional de Honra, subindo o clube à 1ª Divisão Nacional na época de 2001/02. Ainda comandou a equipa de Coimbra no início da época de 2002/03, mas cedeu o lugar a Vítor Alves à 12ª jornada.
Passou ainda pelo Leixões SC, em mais um regresso a um clube marcante nos primeiros tempos da carreira de treinador, e ao CF Estrela da Amadora. Esteve até 2007 afastado do futebol profissional, mas manteve-se ligado à modalidade, nomeadamente, na formação de jovens.
Importante papel na vida recente de João Alves tem a sua escola de futebol criada nos inícios de 2000 em Santiago do Cacem. A Escola de Futebol Luvas Pretas e umas das escolas de futebol mais prestigiadas do país.
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(A inauguração da Escola de Futebol Luvas Pretas)
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(João Alves com os jovens das escolas de futebol)
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Finalmente, o ano de 2007 marcou o momento de mais um regresso na carreira de João Alves. 24 Anos depois de deixar o clube, ainda como jogador, o popular “Luvas Pretas” regressou ao SL Benfica, assumindo agora o cargo de treinador da equipa de juniores do clube encarnado no decorrer da época de 2007/08.
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(João Alves e Luis Filipe Vieira no dia do regresso do "Luvas Pretas" ao SL Benfica)
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(Plantel do SL Benfica na época de 2007/08 na categoria de juniores)