Glórias do Passado: Armando

 

Armando


Armando Maria da Silva Spencer, cabo-verdiano de nascença, chegou à cidade de Guimarães, para representar o Vitoria SC, na época de 1962/63, tendo jogando ainda com o símbolo de D. Afonso Henriques na temporada seguinte de 1963/64.
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Era um avançado/extremo esquerdo, rápido e muito habilidoso, que em Portugal alinhou, além do Vitoria SC, nas formações do SC Farense, GD O Coruchense, SC Olhanense, e no AC Marinhense, terminado a sua carreira de futebolista nos Estados Unidos da América, país onde esteve emigrando longos anos.
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Armando começou por notabilizar-se no AC Marinhense na 2ª Divisão Nacional, depois de passagens pelas equipas do SC Farense, GD O Coruchense durante a década de 50. Ingressou pela primeira vez na equipa da Marinha Grande na época de 1959/60, clube com o qual manteve uma relação ao longo de vários anos, ficando ligado a capítulos históricos daquela colectividade.
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(SC Farense na decada de 50)
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Na primeira época ao serviço do AC Marinhense, Armando contribuiu imensamente para a excelente temporada realizada pela equipa na 2ª Divisão Nacional. A equipa do AC Marinhense classificou-se no 2º posto da tabela, às portas de conseguir ascender à 1ª Divisão Nacional.
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AC Marinhense ainda participou na liguilha com o Atlético CP, SC Braga e Oriental de Lisboa, mas acabou por não conseguir apurar-se para o escalão principal, pois no jogo decisivo frente aos bracarenses a equipa da Marinha Grande não foi além de um empate a 1-1.
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(AC Marinhense na temporada de 1959/60)
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(AC Marinhense na época 1959/60)
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Em 1961/62 ingressou no SC Olhanense e pelo clube algarvio iria participar pela primeira vez na sua carreira na 1ª Divisão Nacional. O SC Olhanense, que estava de regresso ao escalão máximo do futebol português, realizou uma fantástica temporada sob os comandos do técnico Francisco André.
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No final da temporada, o SC Olhanense atingiu um brilhante 8º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1961/62, sendo Armando considerado um dos grandes destaques da formação algarvia, além de ter sido o melhor marcador do conjunto com os 10 golos apontados em toda competição.
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(Com a camisola do SC Olhanense)
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As suas exibições aguçaram o desejo de clubes de maior dimensão. Entre eles, o Vitoria SC, clube que conseguiria contratar os serviços do avançado Armando para a temporada de 1962/63.
O plantel do Vitoria SC para a nova época de 1962/63, treinado pelo técnico José Valle, sofreu uma grande revolução ao nível dos seus integrantes, começando aqui a desenhar-se um conjunto de jogadores que duraria várias épocas em Guimarães.

A formação do plantel do Vitoria SC ficou em grande medida resolvido com as transferências dos jogadores Augusto Silva e Pedras para o SL Benfica. Pois, nesse negócio, alem do considerável encaixe financeiro realizado, a equipa do Vitoria SC recebeu no seu plantel tão só sete novos jogadores provenientes do clube da Luz.
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O primeiro negócio a ser concretizado foi a transferência do jovem Pedras para os encarnados, com os vimaranenses a receberem como contrapartida a avultada quantia de 550 contos, mais os jogadores Peres, Mendes e Fonseca.
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(Vitoria SC na época de 1962/63)
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(Vitoria SC na época de 1962/63)
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(Armando aguardando o erro do guarda redes azul no Vitoria SC - CF Belenenses em Coimbra no jogo de desempate na meia final da Taça de Portugal)
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Volvido pouco tempo após a transferência de Pedras, foi a vez de Augusto Silva transferir-se para o SL Benfica, tendo os vitorianos recebido a cifra de 700 contos, mais os passes de Manuel Pinto, Teodoro, Zeca Santos e Testas, estes dois últimos na condição de emprestados.
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Relativamente à composição do plantel regista-se, alem das sete caras novas provenientes do SL Benfica, as contratações do guarda redes Roldão, de Paulino, o cabo verdiano Armando e do avançado brasileiro Lua, mais uma pérola vinda do outro lado do Atlântico indicado por António Pimenta Machado, vimaranense radicado na cidade pernambucana do Recife/Brasil.

No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1962/63 o Vitoria SC foi o 6º posicionado na tabela classificativa final da competição, lugar muito meritório para uma equipa praticamente nova. Armando não foi um titular indiscutível na equipa vimaranense, mas ainda assim alinhou em 14 partidas da competição, apontando 3 golos.
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Alias, a linha avançada do Vitoria SC foi aquele sector que mais variou ao longo da época, mas era maioritariamente composta por Romeu, Lua, Mendes e Armando. Sendo Paulino, Castro, Teodoro e Testas, as restantes opções no sector ofensivo.
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(Vitoria SC na temporada de 1962/63)
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(Vitoria SC na época de 1962/63)
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(Armando com a camisola do Vitoria SC)
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O bom desempenho protagonizado pelo Vitoria de Guimarães no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1962/63 foi todavia suplantado pela sensacional campanha realizada na Taça de Portugal, que levou o clube, pela segunda vez no seu historial, à final da competição que se disputava no Estádio do Jamor.

Depois de eliminar o SC Covilhã, a Académica de Coimbra, o CF União da Madeira, sucessivamente, o Vitoria SC encontrou na eliminatória das meias-finais o CF Belenenses, o 4º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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Naquela altura, a competição da Taça de Portugal era disputada num sistema de dois jogos, um em casa, outro disputado fora, e um terceiro jogo em campo neutro, no caso de se verificar um empate no confronto das duas mãos.
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(Vitoria SC na época de 1962/63)
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No jogo da 1ª mão, o Vitoria SC perdeu no Restelo por 2-0. Mas na semana seguinte, em Guimarães, em jogo disputado no lotadíssimo Campo da Amorosa, o Vitoria SC vence o CF Belenenses por 3-1.

Houve, pois, necessidade de realizar um terceiro jogo em campo neutro a meio da semana, tendo sido escolhida a cidade de Coimbra e o seu Estádio Municipal para palco da decisiva partida.

O jogo é impróprio para cardíacos. A 6 minutos do fim do encontro o Vitoria SC perde por 0-1. Mas a fé vitoriana é a ultima abandonar a cidade de Coimbra, e nos últimos minutos do jogo, o Vitoria SC marca 3 golos sem resposta, vencendo no final a partida por 3-1 e carimbando dessa forma o passaporte para a final da competição no Estádio do Jamor em Lisboa. Inimaginável festa acompanha os adeptos e a equipa na viagem de regresso à cidade berço.

Porem, a fortuna que acompanhou o Vitoria SC naquele dia do meio da semana não se estendeu até ao Domingo, dia da final frente ao Sporting CP, pois alem do cansaço provocado pelo jogo disputado a meio da semana, a equipa perdeu o seu capitão, o defesa Silveira que se tinha lesionado com gravidade.

No dia 30 de Junho de 1963, no Estádio do Jamor, em jogo apitado pelo Senhor Clemente Rodrigues, da A.F. Porto, o Vitoria SC apresentou-se na final da Taça de Portugal, numa equipa onde Armando foi titular na frente de ataque.
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O Sporting CP, treinado por Juca, que mais tarde viria a ser treinador do Vitoria SC, apresentou a seguinte composição, venceu os vimaranenses por 4-0, com golos apontados por Figueiredo em duas ocasiões, Lúcio e Mascarenhas, acabando por conquistar a Taça de Portugal da época de 1962/63, sendo o Vitoria SC um digno vencido.
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(Vitoria SC na final do Jamor na época de 1962/63)
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(Caricatura de Armando)
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A preparação para a nova temporada de 1963/64 - que vai terminar com o Vitoria SC a igualar, com um 4º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, a sua melhor classificação de sempre até aquela altura – inicia-se com a renovação de contrato com o treinador José Valle, dando assim sequencia ao bom trabalho desenvolvido na época anterior.
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Na constituição do plantel vitoriano regista-se desde logo a importante saída do avançado centro brasileiro Lua, transferido para o Racing White da Bélgica, apesar de devidamente compensada com a entrada de uma expressiva quantia monetária. A perda daquele avançado, que tinha mesmo sido o melhor marcador da equipa do Vitoria SC na época anterior, foi equilibrada com a contratação, essencialmente, do brasileiro Rodrigo, mais um jogador enviado por António Pimenta Machado, o vimaranense radicado no Brasil.
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(Equipa do Vitoria SC numa viagem à Madeira)
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(Vitoria SC na época de 1963/64)
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Armando permaneceu no plantel do Vitoria SC, mas nesta temporada acabou por perder alguma da preponderância que ainda foi tendo durante o primeiro ano em Guimarães. Jogou tão só cinco partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1963/64, sendo autor de apenas 1 golo na prova.
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O Vitoria SC realiza uma primeira metade da época de grande nível, terminando-a na 3ª posição da classificação geral e exibindo-se com um futebol ofensivo de qualidade e extremamente eficiente. De resto, esta toada ofensiva, mas também bastante produtiva como o números documentam, manteve-se ao longo de toda a época, de tal forma que o conjunto vimaranense foi mesmo a segunda equipa com maior número de golos marcados, à frente de FC Porto e Sporting CP.
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(Vitoria SC na época de 1963/64)
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Registe-se, ainda, um encontro que certamente terá causado sensações diferentes no jogador Armando. Tratou-se de uma eliminatória da Taça de Portugal da época de 1963/64 em que a equipa do Vitoria SC eliminou o AC Marinhense com uma vitória por 5-0 em Guimarães, depois de a equipa da cidade berço ter perdido na 1ª mão, na Marinha Grande, por 2-1.
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(Vitoria SC na época de 1963/64)
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Pouco utilizado em Guimarães na época de 1963/64 levou Armando a deixar o Vitoria SC e rumar novamente ao AC Marinhense, que militava a Zona Norte da 2ª Divisão Nacional.
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Na época de 1964/65 - tendo Armando como titular indiscutível - o AC Marinhense foi somente o 8º classificado na prova, sendo, nesta temporada, o ponto alto a surpreendente vitoria alcançada no jogo da Taça de Portugal em Alvalade frente ao Sporting CP, que apesar de insuficiente para prosseguir em prova, não deixa de ser digna de registo.
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(AC Marinhense na época de 1964/65)
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Armando, permaneceria ao serviço do AC Marinhense mais quatro épocas consecutivas. Em 1965/66 dá-se, porém, a descida do clube da Marinha Grande à 3ª Divisão Nacional depois de um campeonato muito equilibrado e competitivo.
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(AC Marinhense na temporada de 1965/66)
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Na temporada seguinte, o AC Marinhense tentou pela primeira vez, sem sucesso, o regresso ao segundo escalão do futebol português. O objectivo de voltar à 2ª Divisão Nacional não foi concretizado, ficando somente na 2ª posição da tabela classificativa da 5ª Série da 3ª Divisão Nacional.

Em 1967/68 o clube tentou, novamente sem sucesso, regressar à 2ª Divisão Nacional, o que apenas se veio a verificar na temporada seguinte de 1968/69, com a importante entrada de Pinto para técnico principal.

O AC Marinhense foi o 1º classificado na sua série da 3ª Divisão, à frente da UD Leiria, conseguindo, desta forma, regressar finalmente à 2ª Nacional.

Entretanto, após o regresso à 2ª Divisão Nacional, o extremo Armando, deixou o clube da Marinha Grande, vindo a emigrar para os Estados Unidos da América, país onde continuou a jogar futebol e a trabalhar após o final da carreira.
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Actualmente, com perto de 70 anos de idade, encontra-se a viver novamente em Portugal, precisamente na Marinha Grande, cidade para onde regressou depois de ter estado a residir nos Estados Unidos da América.

Autor: Alberto de Castro Abreu

Armando Spencer, como aqui nos EUA o conhec�amos, � um grande sujeito. Boa pessoa mesmo, e grande conversador. Chegei-me a encontrar com ele pelo menos uma dezena de vezes. N�o creio que por aqui aninda esteja, mas vou perguntar ao pessoal que o conhecia.

Como jogador, nunca o vi jogar. Mas sei que esteve na final da Ta�a de Portugal de 1962/63, que levaria o Sporting � Ta�a dos Vencedores de Ta�as, que venceria e com esse tal 'golo ol�mpico' do Morais.
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Falei ontem com um amigo meu que conhece bem o Armando Spencer e ele disse-me que o Armando regressou a Portugal h� uns anos atr�s, mas que presentemente se encontra nos EUA. Um dos motivos desse regresso � o facto da esposa dele ter falecido recentemente.

Os mais sinceros p�sames a toda a fam�lia enlutada e amigos.
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Conheço o Armando,desde o tempo em que jogou no Vitoria,e convivi com ele e familia,durante 25 anos,em Newark,N.J. nos Estados Unidos,e presentemente ele vive na Marinha Grande,terra de onde a falecida esposa era natural,e goza actualmente de optima saude.Espero um dia,tê-lo aqui em Guimarães para reviver tempos antigos.
 
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