Glórias do Passado: Caiçara

 

Caiçara


É um dos mais famosos jogadores brasileiros que alinhou pelo Vitoria de Guimarães durante a década de 60 e talvez um dos mais emblemáticos de sempre, cravando na memória de todos os vitorianos, sobretudo, o seu famigerado pontapé canhão que rendeu vários golos ao conjunto vimaranense. Caiçara, o seu nome de guerra, trata-se efectivamente de Fernando Barbosa Gomes, nascido no dia 26 de Julho de 1932 na cidade do Recife, capital do Estado de Pernambuco no Brasil.

Jogou seis temporadas consecutivas com a camisola do Vitoria SC, entre a época de 1959/60 e 1964/65, período em que foi considerado um dos esteios da linha defensiva vitoriana. Pela sua importância e admiração granjeada ganhou um lugar na história do Vitoria SC, o principal clube da cidade berço de Portugal, depois de ter conseguido o mesmo destaque ainda no seu pais natal ao serviço do Clube Náutico Capibaribe.

A história futebolística de Caiçara começa no modesto Íbis em 1948, um clube de futebol do Estado de Pernambuco no Brasil, onde começou a evidenciar-se actuando na defesa, onde, juntamente com Pessoa, formou uma linha defensiva ainda hoje recordada pelos aficionados daquele modesto clube pernambucano.
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Tamanha qualidade despertou naturalmente o interesse do Clube Náutico Capibaribe, um dos principais clubes da cidade de Recife, para o qual se transferiu em 1951 com apenas 18 anos de idade tornando-se ai jogador profissional de futebol. Permaneceu na equipa do Náutico até ao ano de 1959, altura em que se transferiria para o Vitoria de Guimarães.
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(Equipa do Naútico de 1951, no relvado do Estádio dos Aflitos. Caiçara. muito jovem e sem o seu famoso bigode, está à direita do capitão Ivanildo que tem as mãos sobre a bola)
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(Equipa do Nautico no jogo da estreia internacional de Caiçara. Nautico X Vélez Sarsfield da Argentina, no Estádio dos Aflitos no dia 6 de Dezembro de 1951. Os argentinos venceram por 2-3, onde Caiçara apontou um dos golos do Nautico na conversão de uma grande penalidade)
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Evidentemente, jogando quase durante 9 anos com a camisola da equipa pernambucana, Caiçara integrou famosas equipas do Náutico, onde conquistou vários títulos que ficam para a história do clube. De resto, até hoje, recorda-se uma histórica dupla defensiva que formava com Lula, não só no Náutico, como na Selecção Pernambucana de Futebol, a qual representava frequentemente.
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Em 1951 e 1952, os dois primeiros anos ao serviço do Náutico, conquistou o Campeonato Estadual Pernambucano, destacando-se a conquista do ano de 1952, onde o Náutico foi campeão invicto. Titulo que viria a conquistar novamente em 1954.
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(Caiçara com a camisola do Nautico em 1955)
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(Clube Nautico em 1951)
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Outra das grandes conquistas pelo Clube Náutico de Capibaribe foi a ocorrida em 1952, altura em que aquela equipa pernambucana possui um elenco de jogadores notável, quando se sagraram campeões no Campeonato do Norte do Brasil. Foi ainda, ao serviço do Náutico, vice campeão estadual de 1955 a 1959 e venceu o Torneio de Inicio em 1952 e 1953.
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Entre Março de 1951 e Março de 1959, altura em que deixou o Náutico para rumar a Guimarães, Caiçara alinhou em 260 partidas com a camisola alvirrubra, apontando 25 golos. Ainda hoje é dos jogadores com mais jogos disputados com a camisola do Náutico de Capibaribe.
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(Clube Nautico em 1952)
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(Comitiva do Clube Nautico numa excursão à Europa em 1953 para actuar em França e Alemanha)
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Este conceituado defesa do Náutico ganhou também um lugar na Selecção Pernambucana de Futebol pela qual alinhou em 29 jogos, sendo 19 deles oficiais disputados no Campeonato Brasileiro de Selecções, e os outros 10 em encontros de carácter amigável.
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(Jogo pelo Campeonato Brasileiro de Selecções, no Estádio Fonte Nova, na cidade de São Salvador da Bahia, em 1953. Em cima a defesa da Selecção de Pernambuco, todos jogadores do Clube Nautico - onde consta Caiçara - e em baixo a linha do ataque do Bahia)
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(Selecção de Pernambuco no Campeonato Brasileiro de Selecções em 1956)
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Em Março de 1959 Caiçara, já um experiente jogador com 27 anos de idade, foi seduzido pelo convite vindo de um clube do outro lado do atlântico para jogar futebol no campeonato português, concretamente no Vitoria de Guimarães. Caiçara foi indicado ao Vitoria SC por António Pimenta Machado, um vimaranense radicado na cidade do Recife, que descobriu um verdadeiro filão de grandes jogadores brasileiros que consecutivamente aconselhava ao clube vimaranense.
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Nessa senda chegaram primeiramente Ernesto Paraíso, posteriormente, Edmur e Carlos Alberto, e desta feita, o defesa Caiçara, todos eles jogadores de inegável qualidade. Caiçara chegou à cidade de Guimarães em meados do ano de 1959 de forma a integrar o plantel da equipa do Vitoria SC que iria atacar o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1959/60.
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(Caiçara)
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(Vitoria Sport Clube na épcoa de 1959/60)
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Este defesa brasileiro ainda chegou a tempo de integrar a comitiva vitoriana que em meados de 1959 se deslocou ao continente africano para disputar alguns jogos amigáveis, para os quais tinha sido convidado por alguns vimaranenses radicados em Africa.
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Naquela altura, era altamente prestigiantes este tipo de digressões como a que o Vitoria SC fez a terras africanas e, no caso particular dos vimaranenses, mais ainda, pois os resultados averbados nos desafios que por lá disputou foram soberbos e dignos de elogio nacional. Na verdade, o Vitoria SC venceu todas as partidas que disputou naquela viagem, à excepção de uma, que empatou contra uma equipa na Africa do Sul.
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(Vitoria de Guimarães na época de 1959/60)
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(Edmur, Carlos Alberto, Ernesto Paraíso e Caiçara, os brasileiros do Vitoria SC)
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O êxito do Vitoria SC naquela digressão e a quantidade de troféus conquistados foram devidamente vangloriados por todos os vitorianos, que em Agosto de 1959, no momento do regresso da equipa à cidade de Guimarães, receberam com pompa e circunstancia todos os atletas, técnicos e dirigentes. Desde a estação de Lordelo até Guimarães que o comboio que transportava a comitiva do Vitoria SC foi acompanhado por populares e alvo das mais variadas manifestações de regozijo.
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A chegada da equipa do Vitoria SC a Guimarães foi, segundo rezam as crónicas da época, verdadeiramente apoteótica, com o trajecto entre a Estação dos caminhos-de-ferro e o Toural completamente inundado de gente em infindáveis festejos.
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(Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(Comitiva do Vitoria SC na Câmara Municipal de Guimarães exibindo os troféus conquistados na digressão por Africa)
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Naquela digressão, o recém chegado Caiçara, demonstrou todas as suas qualidades, adaptando-se facilmente ao grupo de trabalho e impressionado, desde logo, todos aqueles que tiveram o prazer de visionar os primeiros jogos que realizou com a camisola do Vitoria SC. Logo ali, Caiçara garantiu um lugar na equipa principal do Vitoria SC para a época de 1959/60, que estaria sob o comando do treinador uruguaio Humberto Buchelli.
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Caiçara foi um jogador que espantou a exigente massa associativa do Vitoria SC, essencialmente pelo seu poderoso pé direito, sua principal característica, que se revelava um verdadeiro terror para os guarda-redes das equipas adversárias. Autor de golos impossíveis produzidos por fortíssimos pontapés do meio da rua, ou na cobrança de livres directos, também eles de longa distancia.
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(Caiçara)
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(Vitoria Sport Clube na época de 1959/60)
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Era essencialmente um defensor, jogando preferencialmente sobre o corredor direito. Sempre muito combativo e duro na abordagem aos lances, sem nunca deixar de ser um leal adversário.
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Alem disso, referem-no como sendo um profissional dedicado e cumpridor, apesar de gostar de uma boa farra e um bom copo.
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(Vitoria de Guimarães na época de 1959/60)
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(Caiçara)
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O Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1959/60 começou da melhor forma para o Vitoria SC que logo na 1ª jornada cilindrou a formação do Lusitano de Évora por 7-0 no Campo da Amorosa.
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A equipa de Humberto Buchelli apresentou o seguinte onze nesta partida: Pinho; Caiçara e Abel; Barros, Silveira e João da Costa; Bártolo, Romeu, Edmur, Carlos Alberto e Daniel. Note-se, desde logo, a presença de Caiçara como titular na defesa do Vitoria SC ao lado de Abel.
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(Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(Vitoria de Guimarães na temporada de 1959/60)
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O Vitoria SC faz uma primeira volta do Campeonato Nacional em grande estilo terminando a primeira metade da prova classificado na 3ª posição da geral. Já a segunda volta é bem mais fraca, onde o conquista somente 5 pontos, certamente em consequência do desgaste causado com a digressão ao continente africano no início da temporada.
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O Vitoria SC terminou o Campeonato Nacional na 7º posição um lugar tranquilo e meritório. O grande feito daquela época foi a conquista protagonizada pelo avançado vitoriano Edmur, que chegou a ser companheiro de equipa de Caiçara no Náutico de Capibaribe e de quem era grande amigo, ao vencer o troféu de melhor marcador do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, arrecadando dessa forma o prémio de “Bola de Prata”.
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(Edmur, Carlos Alberto, Ernesto Paraíso e Caiçara no Campo da Amorosa em Guimarães)
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(Vitoria SC na temporada de 1960/61)
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Em 1960/61 a defesa do Vitoria SC passou a ser composta por 3 elementos, fruto de alterações tácticas engendradas por Artur Quaresma o novo técnico do clube. Caiçara passou a ter como companheiros de sector o defesa central Silveira e o lateral esquerdo Daniel.
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Na temporada de 1960/61 o Vitoria SC subiu mais um degrau na hierarquia do futebol português ao atingir o 4º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão que correspondia, até aquela altura, à melhor classificação de sempre do clube na principal prova futebolística nacional.
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(Vitoria de Guimarães época de 1960/61)
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(Carlos Alberto, Caiçara, Edmur e Ernesto Paraíso, à entrada de um comboio para mais uma viagem ao serviço do Vitoria SC)
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Na 1ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1960/61 um Vitoria SC tem um desempenho mediano, concretizando alguns resultados contraditórios, terminando a 1ª metade da competição em 5º lugar.
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Foi contudo no decorrer da 2ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1960/61 que o Vitoria SC praticamente pulverizou todos os adversários com um futebol brilhante e digno de realce em toda a comunicação social.
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(Vitoria SC época de 1961/62)
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(Vitoria de Guimarães temporada de 1961/62)
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(Caiçara)
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No Campo da Amorosa ganhou a todos os apelidados grandes. Ao CF Belenenses venceu por 3-2 no jogo que marcaria a estreia do jovem Pedras. Ao SL Benfica o Vitoria SC venceu por 2-1 e ao FC Porto por 4-2, num magnífico espectáculo de futebol. Apenas o Sporting CP conseguiu uma igualdade a 0-0 em Guimarães.

A equipa do Vitoria SC era realmente imparável terminando o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 4ª posição, atrás do SL Benfica que foi o Campeão Nacional, o Sporting CP que foi o vice e o FC Porto, 3º posicionado. Atrás do Vitoria SC ficaria o CF Belenenses, feito praticamente impensável naquela época de acontecer.
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Na temporada de 1960/61, Caiçara actuou em 19 encontros do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, tendo apontado 5 golos, registo digno de destaque para um defensor.
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(Vitoria SC época de 1961/62)
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(Vitoria SC temporada de 1961/62)
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(Caiçara)
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(Vitoria SC temporada de 1961/62)
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Depois da grande época de 1960/61 onde a formação do Vitoria SC atingiu a melhor classificação de sempre no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, até aquela data, a temporada seguinte, de 1961/62, foi bastante conturbada e polémica com a equipa vimaranense a correr sérios riscos de descer à 2ª Divisão Nacional.
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O Vitoria SC começou muito mal o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1961/62, coleccionando uma série de resultados negativos que pintavam de negro o horizonte da equipa na prova.
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Depois de uma derrota no Campo da Amorosa contra o Sporting CP por 1-3, o Presidente da Direcção Casimiro Coelho Lima abandona o clube juntamente com o treinador Artur Quaresma que se demite do cargo que ocupava.

Nessa altura, paira em Guimarães o espectro da descida do Vitoria SC à 2ª Divisão Nacional. Um conjunto de personalidades, lideradas por Hélder Rocha, tomam conta dos destinos directivos dos Clube. Para o cargo de treinador indicam Joaquim Rola, o veterano jogador do Vitoria SC que já desempenhava funções de técnico na equipa de juniores.

Inicialmente, a mudança operada na liderança da equipa deu os seus frutos. Mas o jogo decisivo para a manutenção na 1ª Divisão Nacional jogou-se no Campo da Amorosa frente ao FC Porto no dia 26 de Maio de 1962. O FC Porto tinha obrigatoriamente que ganhar a partida para conquistar o título de Campeão Nacional, por seu lado, a equipa do Vitoria SC tinha também que vencer para evitar a descida de divisão.

Aquele jogo foi vivido intensamente por ambas as partes o Vitoria SC apresentou a seguinte equipa inicial: Varatojo (guarda redes que assumiu a baliza depois de Ramin e Dionísio terem sido mobilizados para combater em Africa); Caiçara, Silveira e Freitas; João da Costa e Virgílio; Augusto Silva, Romeu, Amaro, Pedras e Nunes. Venceram os vimaranenses por 1-0 com o golo apontado por Augusto Silva.

O Vitoria SC terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1961/62 na 9ª posição da tabela classificativa, tendo Caiçara actuado em 22 jogos naquela competição sem anotar qualquer golo ao longo desta temporada na sua conta pessoal.
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O período de transição da época de 1961/62 para a de 1962/63 foi deveras agitada no seio do Vitoria SC, quer ao nível directivo, em consequência da demissão da Direcção anterior, quer no tocante à composição do plantel para a nova temporada.
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(Vitoria SC época de 1962/63)
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(Caiçara)
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(Vitoria SC na época de 1962/63)
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Depois da solução transitória operada na parte final da época de 1961/62 com Joaquim Rola no comando técnico da equipa, o Vitoria SC escolheu para treinador principal o argentino José Valle, técnico que permanecerá em Guimarães durante 3 temporadas consecutivas e com resultados assinaláveis.
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1962/63 o Vitoria SC foi o 6º posicionado na tabela classificativa final da competição, lugar muito meritório para uma equipa praticamente nova, cheia de novas aquisições.
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(Vitoria SC na época de 1962/63)
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(Caricatura de Caiçara)
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(Vitoria de Guimarães época de 1962/63)
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O brasileiro Caiçara anotou 2 golos na sua conta pessoal durante o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1962/63 tendo alinhado em 22 encontros naquela competição.
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O bom desempenho protagonizado pelo Vitoria de Guimarães no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1962/63 foi todavia suplantado pela sensacional campanha realizada na Taça de Portugal que levou o clube, pela segunda vez no seu historial, à final da competição que se disputou no Estádio do Jamor.
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(Vitoria Sport Clube época de 1962/63)
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(Vitoria de Guimarães na temporada de 1962/63)
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No dia 30 de Junho de 1963, no Estádio do Jamor, disputou-se o jogo da final contra o Sporting CP, apitado pelo Senhor Clemente Rodrigues, da A.F. Porto, o Vitoria SC alinhou com a seguinte equipa: Roldão na Baliza, Caiçara, Daniel e João da Costa, na defesa, Manuel Pinto, Virgílio, Paulino e Peres, no meio campo e Lua, Mendes “Pé Canhão” e Armando Silva no ataque.
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Naquela tarde no Estádio do Jamor o Sporting CP venceu os vimaranenses por 4-0, com golos de Figueiredo que apontou 2, Lúcio e Mascarenhas, acabando por conquistar a Taça de Portugal da época de 1962/63 sendo o Vitoria SC um digno vencido.
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(Vitoria SC época de 1962/63)
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Segue-se a temporada de 1963/64. A equipa base do Vitoria SC nesta época é constituída essencialmente por Roldão; Caiçara, Silveira, Virgílio e Daniel; Manuel Pinto e Peres; Teodoro, Rodrigo, Mendes e Paulino. Note-se que Caiçara continua a ser um titular indiscutível na equipa do Vitoria SC é um dos baluartes da defensiva vitoriana.
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É exactamente esta a formação que o Vitoria SC apresenta na jornada inaugural do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1963/64 frente ao Sporting CP, num encontro disputado no Campo da Amorosa e que termina empatado a 1-1.
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(Vitoria SC na época de 1963/64)
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(Vitoria de Guimarães na temporada de 1963/64)
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(Equipa do Vitoria SC no Largo do Carmo na cidade de Guimarães)
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O Vitoria SC realiza uma primeira metade da época de grande nível, terminando-a na 3ª posição da classificação geral e exibindo-se com um futebol ofensivo de qualidade e extremamente eficiente. De resto, esta toada ofensiva, mas também bastante produtiva como o números documentam - o Vitoria SC marcou 62 golos nas 26 jornadas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1963/64 - manteve-se ao longo de toda a época, de tal forma que o conjunto vimaranense foi mesmo a segunda equipa com maior número de golos marcados, à frente de FC Porto e Sporting CP.
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O Vitoria SC terminou a época em 4º lugar na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com 34 pontos, exactamente a mesma pontuação obtida pelo Sporting CP que foi o 3º colocado. Caiçara actuou em 22 jogos nesta edição da principal competição portuguesa, tendo apontado 6 golos no decurso da prova.
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(Vitoria SC época de 1963/64)
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(Vitoria de Guimarães na temporada de 1963/64)
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(Comitiva do Vitoria SC de barco numa viagem à Ilha da Madeira)
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(Vitoria SC na temporada de 1963/64)
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A época de 1963/64 finalizou com uma viagem da equipa do Vitoria SC aos Estados Unidos da América, onde se incluía o defesa Caiçara, para aí disputar algumas partidas de carácter amistoso, mas que naquela altura, dada a importância destas digressões, revelavam bem a grandiosidade da equipa minhota, cujo o nome era já reconhecido internacionalmente.
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Nessa digressão aos Estados Unidos da América onde se conquistaram vários troféus, destaca-se essencialmente os confrontos com outras equipas europeias, como foi o caso do Estrela Vermelha de Belgrado com quem o Vitoria SC empatou a 0-0 e o AEK de Atenas a quem os vimaranenses venceram por 1-0.
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(Vitoria SC na época de 1963/64)
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(À chegada dos EUA com os troféus conquistados)
. (Vitoria SC na temporada de 1963/64)
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A temporada de 1964/65 marca a despedida, como recinto de jogos oficiais do Vitoria Sport Clube, do velhinho Campo da Amorosa e a estreia do novo Estádio Municipal de Guimarães, onde Caiçara ainda chegou a jogar com a camisola do clube da cidade berço.
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O Campo da Amorosa era já um velhinho campo de futebol em terreno pelado, sem capacidade ou infra-estruturas condizentes com a dimensão que o clube e cidade de Guimarães alcançaram. As próprias instâncias federativas e mesmo as governamentais impunham já há algum tempo um novo recinto de jogos ao Vitoria Sport Clube.
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O novo Estádio Municipal de Guimarães era já um campo relvado, mas que apesar de oficialmente inaugurado no decurso da época de 1964/65 foi, nos anos seguintes, beneficiando de melhoramentos constantes ao nível de estrutura e serviços de apoio.
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(Vitoria SC no novo Estádio Municipal de Guimarães)
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Nesta época surge na equipa do Vitoria SC o jovem Gualter, um jogador que foi fundamental na equipa do Vitoria SC e um produto da escola de formação do clube. Gualter era um lateral direito de grande qualidade que surgiu nesta temporada alinhando no lugar do conceituado brasileiro Caiçara.

No final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1964/65 o Vitoria SC foi o 7º colocado. Caiçara, já com 33 anos de idade, apenas alinhou em 6 encontros da prova, apontando somente 1 golo. Ainda começou a época como titular, mas acabou por ceder definitivamente o seu lugar na lateral direita da defensiva do Vitoria SC ao jovem Gualter, o seu substituto.
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Caiçara deixou o Vitoria SC no final da época de 1964/65, depois de 6 temporadas consecutivas ao serviço dos vimaranenses. Este lendário jogador brasileiro do Vitoria SC foi alvo de uma sentida homenagem por parte de dirigentes e associados do clube no dia 25 de Abril de 1965, tendo proferido o elogio publico o Engenheiro Hélder Rocha.
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(Vitoria SC na época de 1964/65)
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Depois do Vitoria SC ainda foi jogar na 2ª Divisão Nacional ao serviço do SC Salgueiros. Julgo que terá ai iniciado também a sua carreira de treinador de futebol. Já nessas funções voltou a servir o Vitoria SC comandando a equipa de reservas dos vimaranenses.
. (Caiçara comandando uma equipa de reservas do Vitoria SC)
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Regressou mais tarde ao Brasil onde é senhor de imenso prestigio e prosseguiu a carreira de treinador com algum sucesso em equipas como o Botafogo (PB), no ABC, Fortaleza e Ceara.

No seu país foi também alvo de varias homenagens, inclusivamente a prestada pela própria Federação Pernambucana de Futebol. Actualmente, Caiçara com 77 anos de idade, está vivo residindo em Boa Viagem no Recife, guardando, com certeza, muitas e boas recordações de Portugal, da cidade de Guimarães e sobretudo do Vitoria SC e seus adeptos.
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Agradecimento especial ao Sr. Lucídio José de Oliveira, pela colaboração prestada.


Autor: Alberto de Castro Abreu

Excelente trabalho ,Alberto
 
Jamais podia imaginar uma homengame tão significativa sobre o trabalho de meu pai. Muito obrigado e desejo saúde e sucesso a todos que fazem e fizeram o Vitória de Guimarães. Luiz Antonio. Feliz 2008 a todos!
 
Não foi no Salgueiros... Caiçara esteve no Futebol Clube de Felgueiras, clube que na época anterior havia subida da 3ª à 2ª Divisão da A. F. Porto, e o mesmo Caiçara esteve então ainda no antigo Felgueiras como jogador-treinador na época de 1965/66, conquistando o título de campeão distrital da 2ª Divisão da Associação de Futebol do Porto, subindo o clube azul-grenã à superior 1ª divisão regional (pois não havia ainda a actual de Honra). Nessa época Caiçara ficou famoso na terra do pão de ló de Margaride, pelo seu potente remate, a pontos de um seu petardo, que embateu estrondosamente na barra (quando as balizas ainda eram de traves quadradas)ter arrancado o barrote de madeira... E ficou para sempre lembrado, como se pode ler num livro, o único aliás que foi feito até agora, da história do F C Felgueiras, chamado «Futebol de Felgueiras de Felgueiras-Nas Fintas do Tempo: 1932/2007», escrito pelo historiador felgueirense Armando Pinto, em edição de autor, e entretanto esgotado segundo se julga.
 
Foi com muita alegria de ler esta pagina dedicada ao grande jogador Caicara pelo Vitoria de Guimaraes; parabens a vcs. Vale a pena ressaltar que Caicara tambem foi mencionado pelo jornal carioca "O Globo" como possivel convocado para a selacao Brasileira de futebol em 1954.
 
Boa noite!com muito orgulho falo do prazer de ter caiçara como bizo de meus filhos,Maria Alice e Artur!cicilia Albuquerque
 
O 1º nome do Caiçara era Fernando ou Francisco? Já li que era Francisco, aqui vejo Fernando. daí a dúvida.
 
Hoje, 9 de janeiro de 2013, morreu não apenas o Grande Caiçara, herói e ícone histórico do Clube Náutico Capibaribe e que, segundo ele me informou em nossas conversas, quem trouxe a ideia para o Brasil da primeira formação de Técnicos de Futebol. Morreu um vizinho, um amigo e um apaixonado pelas crianças. Minhas filhas: Maria Luísa de 10 anos e Maria Clara de 06, conheceram o amor das palavras diárias do querido Caiçara como se fosse um avô que estivesse falando para elas e dizendo: "cadê minhas lindas". Eu e minha esposa Renata, conhecemos alguém que sabia ser um bom vizinho e um homem humilde e carinhoso em suas palavras. É uma perda irreparável! Estamos tristes e pesarosos por sua partida e, ao mesmo tempo, orando para que Deus dê o conforto a sua querida esposa e agora viúva, Carminha, que por mais de 50 anos esteve casada com ele. Que Deus console a todos os seus familiares e a nós seus amigos e vizinhos.
No Cristo Vivo
Pastor Francisco Dias da Silva Filho
Pastor da Igreja Batista em Campo Grande e Igreja Batista em Afogados.
Vizinho ao lado da casa do Caiçara.
 
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