Glórias do Passado: Hugo Cunha

 

Hugo Cunha


No dia 25 de Junho do ano de 2005 abateu-se sobre o futebol português a triste notícia do falecimento do meio campista Hugo Cunha, jogador formado nas escolas do FC Barreirense e que na 1ª Divisão Nacional representou clubes como o SC Campomaiorense, a UD Leiria e o Vitoria de Guimarães. Na equipa da cidade berço permaneceu durante 4 épocas consecutivas, clube onde afirmou-se definitivamente na alta-roda do futebol nacional.

Hugo Filipe da Silva Cunha nasceu no dia 18 do mês de Fevereiro do ano de 1977, no Barreiro. Foi no principal clube daquele concelho que começou o seu percurso futebolístico quando integrou os escalões de formação do FC Barreirense. Naquela associação desportiva, famosa pela sua escola de formação, o Hugo Cunha percorreu todas as etapas no futebol juvenil, onde de resto se destacou como um dos melhores executantes, até que na época de 1995/96, com apenas 18 anos de idade, integrou o plantel sénior da equipa do FC Barreirense, treinada por Jean Paul e a militar na 2ª Divisão Nacional “B”.

Os primeiros anos da carreira trilhada por Hugo Cunha no futebol sénior foram passados no FC Barreirense, o seu clube do coração, sempre a disputar a Zona Sul da 2ª Divisão “B”. Teve como técnicos que o ajudaram na sua evolução como futebolista profissional, o já mencionado Jean Paul, Mário Nunes e José Rachão. Alias, este ultimo, foi aquele que retirou de Hugo Cunha todo o seu potencial que de tal forma que as exibições protagonizadas levaram-no a rubricar um contrato com o SL Benfica.
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Na verdade, Hugo Cunha era um elemento nuclear na manobra da equipa do FC Barreirense, essencialmente nas duas ultimas épocas em que representou a formação do Barreiro sob o comando de José Rachão. Na época de 1997/98 apontou 4 golos em 29 jogos e na temporada de 1998/99 foi o autor de 10 golos em 22 jogos realizados com a camisola do FC Barreirense no Campeonato Nacional da 2ª Divisão “B”, onde a equipa do Barreiro quase conseguiu a subida à 2ª Divisão de Honra, quedando-se todavia pelo 2º lugar da classificação geral.
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(FC Barreirense 1997/98)
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(FC Barreirense 1997/98)
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(No FC Barreirense 1997/98)
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(FC Barreirense 1997/98)
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(FC Barreirense)
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Alem do sucesso colectivo que representou a ultima época no FC Barreirense, também ao nível individual, a temporada de 1998/99 foi excelente para Hugo Cunha, cujas exibições despertaram o interesse do SL Benfica, acabando mesmo o jovem do Barreiro por rubricar um contrato com a equipa encarnada.
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(FC Barreirense 1998/99)
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(FC Barreirense 1998/99)
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(Homenagem do FC Barreirense a Hugo Cunha)
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(FC Barreirense 1998/99)
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Todavia, Hugo Cunha nunca chegou a vestir a camisola do SL Benfica em jogos oficiais sendo consecutivamente cedido a título de empréstimo até a desvinculação contratual no final da época de 2000/01.
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(Dia da apresentação no SL Benfica)
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Como jogador pertencente aos quadros do SL Benfica foi cedido primeiramente ao SC Campomaiorense na época de 1999/00 no período áureo da história daquela colectividade. Seria nessa temporada que iria efectuar com a camisola dos leões do Alentejo a sua estreia oficial na 1ª Liga Nacional.
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Na equipa do SC Campomaiorense, treinada pelo técnico Carlos Manuel, o médio Hugo Cunha encontrou como companheiros de equipa o defesa central brasileiro Arley, que tinha representado o Vitoria SC, e também Rogério Matias e Laelson, jogadores que viriam a ser seus colegas de equipa também em Guimarães.
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(SC Campomaiorense 1999/00)
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(SC Campomaiorense 1999/00)
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No ano de estreia na 1ª Liga Nacional, Hugo Cunha foi praticamente sempre considerado um titular indiscutível na equipa do SC Campomaiorense que conseguiu atingir a manutenção no primeiro escalão. Alinhou em 25 partidas e apontou 2 golos.
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O jogo da estreia oficial no principal patamar do futebol português aconteceu no dia 22 de Agosto de 1999 no decorrer do desafio entre o Gil Vicente FC e o SC Campomaiorense disputado no velhinho Estádio Adelino Ribeiro Novo, na cidade de Barcelos. Nessa partida que os barcelenses venceram por concludentes 3-0, Hugo Cunha foi titular mas substituído no decorrer da segunda metade do encontro, actuando durante 73 minutos.
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(SC Campomaiorense 1999/00)
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Entretanto, em Guimarães, no final da época de 1999/00, consumava-se a transferência do internacional português Fernando Meira para o SL Benfica. Em contrapartida o clube encarnado pagava uma elevada quantia em dinheiro e cedia, a título de empréstimo, o jogador Hugo Cunha ao Vitoria de Guimarães.
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Depois de uma grande temporada em Campo Maior, Hugo Cunha chegava à equipa da cidade berço disposto a singrar e definitivamente assegurar um lugar entre os melhores jogadores em Portugal. Não foi todavia muito feliz no ano em que se estreou com a camisola do Vitoria de Guimarães, pois a equipa vimaranense passou por serias dificuldades no Campeonato Nacional, correndo sérios riscos de descer de divisão. Por outro lado, o Hugo Cunha ainda foi vítima de algumas lesões que não permitiram assegurar um papel mais preponderante na equipa do Vitoria SC.
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(Vitoria SC 2000/01)
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(Vitoria de Guimarães 2000/01)
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(À saida do autocarro da equipa do Vitoria SC)
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Estreou-se com a camisola do Vitoria SC no Estádio 1º de Maio em Braga, no jogo que marcou o arranque da 1ª Liga Nacional de 2000/01 que opunha o SC Braga ao Vitoria SC. Hugo Cunha não foi titular nesse desafio mas entrou aos 65 minutos de jogo para o lugar do vimaranense Pedro Mendes.
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O SC Braga, treinado por Manuel Cajuda, venceu o derby minhoto por 1-0, num jogo bastante polémico em que a equipa do Vitoria SC foi extremamente prejudicada pela arbitragem de Lucílio Baptista da A.F. Setúbal, que alem de sonegar dois evidentes penaltys aos vimaranenses, perdoou as expulsões de Artur Jorge e Barroso à equipa bracarense.
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(Vitoria Sport Clube 2000/01)
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(Vitoria SC-SC Salgueiros na época de 2000/01)
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(Vitoria SC 2000/01)
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Ao longo da época de 2000/01, o Hugo Cunha apenas actuou em 12 encontros oficiais da principal competição portuguesa ao serviço do Vitoria SC, que acabou por garantir a manutenção após a passagem pelo clube de três treinadores. O brasileiro Paulo Autuori iniciou a época, sendo mais tarde substituído no cargo de treinador do Vitoria SC por Álvaro Magalhães, que mais tarde também cedeu as funções a Augusto Inácio.
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Apesar de pouco utilizado pelo Vitoria SC na temporada de 2000/01, Augusto Inácio e os dirigentes vimaranenses, facilmente perceberam a qualidade do médio Hugo Cunha, e assim, após desvincular-se do SL Benfica acabou por rubricar um contrato de 3 temporadas com a formação da cidade berço.
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(Hugo Cunha)
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Ou como titular no meio campo do Vitoria SC ao lado de Pedro Mendes e Nuno Assis, ou como suplente utilizado, a verdade é que Hugo Cunha conquistou um espaço na equipa comandada por Augusto Inácio. A utilidade daquele médio residia essencialmente na sua versatilidade dentro do terreno de jogo.

Hugo Cunha tanto desempenhava tarefas ofensivas, como um verdadeiro n.º 10, numa posição em que se destacava com toda a sua capacidade técnica, essencialmente ao nível do passe, como exercia na perfeição as funções de médio de contenção. Em face da velocidade que denotava alinhou ainda muitas vezes como médio ala direito na equipa do Vitoria SC.
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Era criterioso na função de distribuidor de jogo, onde fazia uso recorrente da sua capacidade de passe, bem como revelava-se muito inteligente nas movimentações dentro do terreno de jogo, buscando sempre um espaço livre nas suas desmarcações.
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(Treino do Vitoria SC em 2001/02)
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(Vitoria SC 2001/02)
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(Vitoria SC 2001/02)
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Na temporada de 2001/02, que acabou por ser categorizada de mediana para o Vitoria de Guimarães que foi 9º na tabela classificativa, o médio Hugo Cunha alinhou em 24 jogos oficias da Liga onde apontou 2 tentos.
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A partir daqui os desempenhos de Hugo Cunha ao serviço do Vitoria SC começaram a denotar uma regularidade impressionante, de forma que o tornavam num verdadeiro jogador do grupo, sempre pronto a ocupar qualquer posição dentro do terreno de jogo. Foi, com a experiência adquirida, ganhando cada vez maior consistência no seu jogo.
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(Hugo Cunha no Vitoria SC em 2001/02)
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(Vitoria de Guimarães 2001/02)
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(Vitoria Sport Clube 2001/02)
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Nas épocas de 2002/03 e 2003/04 manteve a mesma bitola exibicional. Não sendo considerado um jogador titular indiscutível na equipa do Vitoria SC, pois a concorrência era forte, foi sempre utilizado, quer por Augusto Inácio, quer mais tarde por Jorge Jesus, com bastante regularidade. Em 2002/03, época que o Vitoria SC actuou em Felgueiras e se classificou na 4ª posição da tabela geral, o Hugo Cunha actuou em 25 partidas oficiais da 1ª Liga Nacional onde apontou 2 golos.
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(No Vitoria SC em 2002/03)
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(Vitoria SC 2002/03)
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(Vitoria SC 2002/03)
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Na temporada de 2003/04, a ultima em que equipou com a cores de branco e preto do Vitoria de Guimarães, o meio campista Hugo Cunha alinhou em 25 jogos oficias da 1ª Liga Nacional, com 1 tento no seu pecúlio pessoal, numa época em que os vimaranenses efectuaram uma prestação medíocre apenas garantindo a manutenção na ultima jornada da prova.
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(Vitoria SC 2003/04)
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(Festejando golo frente ao Moreirense em 2003/04)
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(Vitoria SC 2003/04)
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(Hugo Cunha)
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(Vitoria de Guimarães 2003/04)
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(Vitoria Sport Clube 2003/04)
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(Vitoria SC 2003/04)
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No final da época de 2003/04, Hugo Cunha não viu o seu contrato com o Vitoria SC renovado, apesar de ser sua intenção permanecer em Guimarães, pelo que prosseguiu a sua carreira de futebolista em outras paragens, concretamente na UD Leiria na temporada de 2004/05 para onde se transferiu juntamente com o avançado Fangueiro seu companheiro na cidade berço. Infelizmente, esta foi mesmo a ultima época do jovem Hugo no mundo do futebol.
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(UD Leiria 2004/05)
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(UD Leiria 2004/05)
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Ao serviço da UD Leiria que foi o 15º classificado no Campeonato Nacional, salvando-se in extremis da descida de divisão, em que o treinador principal era Vítor Pontes, o Hugo Cunha apenas realizou 15 jogos oficias na Superliga na época de 2004/05, sem obter qualquer golo.
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Tinha contrato para continuar a actuar ao serviço dos leirienses na época de 2005/06. Porem, aquele desiderato não viria a cumprir-se, pois a vida deste jovem jogador foi fatalmente interrompida em Junho de 2005, quando se encontrava a gozar um período de férias.
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(Durante um treino na UD Leiria)
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A fatal morte do querido Hugo Cunha ocorreu no dia 25 de Junho de 2005, em pleno Estádio 1º de Maio, recinto do US Montemor-o-Novo, quando participava numa “peladinha” entre amigos, representando a equipa de veteranos do SC Vinhense, da Baixa da Banheira, que defrontava a formação do Almaçor.

O Hugo Cunha entrou para o campo a poucos minutos do intervalo. Porem, aos 5 minutos da segunda metade daquele desafio, sentiu-se mal e caiu inanimado sobre o terreno de jogo. Ainda foi assistido no local e transportado para um Centro de Saúde próximo não resistindo porem a uma paragem cardíaca que lhe foi fatal.

Após o falecimento, Hugo Cunha e a sua família foram alvos de alguns jogos de homenagem ou mesmo de solidariedade. Alem daquele organizado pelo Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol no Estádio Alfredo Silva no Barreiro onde estiveram presentes alguns dos seus ex companheiros de equipa e adversários, também o Vitoria de Guimarães e os seus associados, prestaram uma sentida homenagem a Hugo Cunha em Setembro de 2005, num encontro amigável realizado no Estádio D. Afonso Henriques entre os vimaranenses e a UD Leiria.

Hugo Cunha: Descansa em paz...


Autor: Alberto de Castro Abreu

Mais um jovem humilde, trabalhador e excelente profissional que foi "roubado" ao futebol.
Desapareceu num periodo especialmente sombrio (e ensombrado) do futebol português e internacional.

Que descanse em paz.

Vedeta ou Marreta ?
 
Homenagem justa e merecida a um jovem que desapareceu a fazer aquilo que mais gostava... jogar à bola!

Parabéns pelo post e pelo blogue!
 
Homenagem ao meu querido sobrinho e primo, que amamos muito e que esta sempre no nosso pensamento, e no nosso coracao.
Beijos e abracos para a minha irma e sobrinho Pedro.

Margarida Silva
 
Bom jogador, grande homem e excelente amarada... estejas onde estiveres nunca mudes... até um dia Cunha...
 
Tenho a camisola original desse jogador,Vitoria SC no Estádio 1º de Maio em Braga, no jogo que marcou o arranque da 1ª Liga Nacional de 2000/01.
 
Só quem conheceu a sua infância pode ter uma ideia de quão grande era o seu carácter e a sua bondade. Lembro-me dele a tomar conta do irmão mais novo (um loirinho de cabelo à tijela) num pequeno parque do bairro 25 de abril onde vivia.
 
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