Glórias do Passado: Temporada de 1960/61

 

Temporada de 1960/61


Na temporada de 1960/61 o Vitoria SC subiu mais um degrau na hierarquia do futebol português ao atingir o 4º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão que correspondia, até aquela altura, à melhor classificação de sempre do clube na principal prova futebolística nacional.

A época iniciou-se com um novo treinador, Artur Quaresma, que substituía o uruguaio Humberto Buchelli. Artur Quaresma era uma antiga glória do CF Belenenses que entrava no Vitoria SC para ocupar o cargo de treinador da equipa principal por indicação do técnico Fernando Vaz, que mantinha em Guimarães uma certa ascendência sobre os dirigentes do clube que com frequência auscultavam a sua opinião.

As principais aquisições do clube foram o guarda-redes Dionísio e o médio interior direito Ferreirinha. A meio da temporada surgiria ainda o jovem vimaranense Pedras que ascenderia nesta época do futebol júnior à equipa principal do Vitoria tornando-se mais tarde num dos jogadores mais valiosos da formação vitoriana.
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A grande aquisição foi de facto Ferreirinha, um médio de qualidade proveniente do FC Porto, que nas camadas jovens chegou a ser internacional português. Fernando Ferreira, futebolisticamente conhecido por Ferreirinha, nasceu na cidade de Santo Tirso no dia 1 de Fevereiro de 1936.
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(Ferreirinha com a camisola do Vitoria SC)
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Entrou na equipa de juniores do FC Porto na época de 1952/53 permanecendo duas épocas a jogar naquele escalão pela equipa azul e branca. Em 1954/55 e 1955/56 ingressou no clube da sua terra natal o FC Tirsense que militava na 2ª Divisão Nacional.

Na época de 1956/57 ingressa no SC Braga, clube pelo qual atinge na temporada de 1957/58 a 1ª Divisão Nacional. Na cidade dos arcebispos manteve ininterruptamente durante 3 épocas. As boas exibições ao serviço da equipa arsenalista levaram-no de regresso às Antas, alinhando na época de 1959/60 na equipa do FC Porto.
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Tapado na equipa do FC Porto aceitou o repto de voltar ao Minho assinando contrato com a equipa do Vitoria de Guimarães na época de 1960/61. Em Guimarães permaneceu 2 épocas onde não chegou a atingir a notoriedade esperada.
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(Ferreirinha com o equipamento do Vitoria SC)
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Na primeira época nem sequer foi titular na equipa comandada por Artur Quaresma. Apenas foi utilizado em 11 encontros não tendo conseguido concretizar qualquer tento. Já na época seguinte, a de 1961/62, Ferreirinha já vestiu mais vezes a camisola com o emblema de D. Afonso Henriques, concretamente em 21 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sendo o autor de 1 golo naquela prova.
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(Em 1961/62 com a camisola do Vitoria SC)
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Deixou o Vitoria SC prosseguindo a carreira no Leixões SC na época de 1962/63 na 1ª Divisão Nacional, onde a equipa de Matosinhos foi mesmo a sensação fruto do 5º lugar na tabela classificativa, não sendo, todavia, Ferreirinha uma peça fundamental naquela campanha.

Por isso deixou a cidade de Matosinhos e regressou ao SC Braga, clube onde tinha sido muito feliz. Permaneceu ao serviço do SC Braga nas épocas de 1963/64 e 1964/65, a primeira delas a disputar a 2ª Divisão Nacional e onde contribui para o regresso da equipa do Minho ao primeiro escalão nacional.
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Já perto dos 30 anos de idade regressou à equipa da sua terra natal, o FC Tirsense, para aí ficar umbilicalmente ligado à história daquele modesto clube. Aí permaneceu até ao final da carreira de futebolista ao mais alto nível, integrando a equipa do FC Tirsense que pela primeira vez ascendeu à 1ª Divisão Nacional, escalão no qual participou na época de 1967/68.
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(Ferreirinha com a camisola do FC Tirsense em 1967/68)

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Colocado o ponto final da carreira de jogador de futebol, Ferreirinha assumiu uma carreira de treinador, onde se destaca a sua ligação aos grandes momentos vividos pelo GD Riopele, no qual desempenhava as funções de técnico principal.
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A carreira de Ferreirinha como treinador iniciou ao serviço do FC Tirsense, passando pelo FC Famalicão (durante 3 temporadas consecutivas, o SC Braga, novamente o FC Famalicão e depois o GD Riopele. Foi na equipa fabril do GD Riopele que Ferreirinha atingiu a notoriedade como treinador de futebol.
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(Ferreirinha no banco de suplentes)
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Permaneceu varias épocas no comando da equipa do GD Riopele onde em 1977/78 atingiu mesmo a 1ª Divisão Nacional, depois de varias épocas a brilhar na 2ª Divisão Nacional. Em todos ficou uma imagem de marca da equipa de Pousada de Saramagos, como uma formação combativa, com um futebol extraordinariamente bonito e de qualidade.

(Ferreirinha como treinador do GD Riopele)
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Se por um lado o Vitoria SC fez poucas aquisições na época de 1960/61, por outro lado decidiu dispensar vários jogadores, alguns deles de inegável valia, mas que por motivos disciplinares abandonaram o Vitoria SC. Porem, as justificações apontadas não satisfizera a massa associativa vimaranense que muito criticou, essencialmente, a saída do brasileiro Carlos Alberto. Alem deste brasileiro, saíram também do Vitoria SC o guarda-redes Pinho, e ainda Barros e Abel.

Na 1ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1960/61 um Vitoria SC tem um desempenho mediano, concretizando alguns resultados contraditórios, terminando a 1ª metade da competição em 5º lugar.

Dois resultados assinaláveis são o empate nas Antas frente ao FC Porto por 2-2 e a vitoria em Matosinhos, contra o Leixões SC por 0-2. Negativo fora essencialmente a derrota caseira frente ao GD Cuf por 0-3, numa partida em que Rola fracturou o perónio, terminando, praticamente assim a sua carreira de futebolista.

A equipa base do Vitoria SC nesta primeira fase da época assentava em Silva, guarda redes que regressava a titularidade depois de algumas épocas como suplente, uma defesa composta por Caiçara, Silveira e Daniel, um meio campo com João da Costa e Virgílio, e a frente de ataque com Bártolo, Ferreirinha, Edmur, Romeu e Azevedo.

Foi contudo no decorrer da 2ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1960/61 que o Vitoria SC praticamente pulverizou todos os adversários com um futebol brilhante e digno de realce em toda a comunicação social.

No Campo da Amorosa ganhou a todos os apelidados grandes. Ao CF Belenenses venceu por 3-2 no jogo que marcaria a estreia do jovem Pedras. Ao SL Benfica o Vitoria SC venceu por 2-1 e ao FC Porto por 4-2, num magnífico espectáculo de futebol. Apenas o Sporting CP conseguiu uma igualdade a 0-0 em Guimarães.

A equipa do Vitoria SC era realmente imparável terminando o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 4ª posição, atrás do SL Benfica que foi o Campeão Nacional, o Sporting CP que foi o vice e o FC Porto, 3º posicionado. Atrás do Vitoria SC ficaria o CF Belenenses, feito praticamente impensável naquela época de acontecer.

Na segunda parte da época a equipa principal do Vitoria SC era já um pouco diferente. Dionísio foi o guarda-redes titular na parte final da competição e na frente de ataque, Bártolo e Ferreirinha cederam os seus lugares aos jovens Augusto Silva e Pedras.

O Vitoria foi assim o 4º classificado do Campeonato Nacional contabilizando 30 pontos, conquistados em virtude das 14 vitórias alcançadas na prova, 2 empates, e apenas 10 derrotas. Sofreu 44 golos e apontou 48 tentos.

Os autores dos golos do Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1960/61, foram o brasileiro Edmur, que pela sua conta pessoal anotou 14 golos, sagrando-se uma vez mais o melhor marcador da equipa. Romeu marcou 9 golos, Azevedo 7, Caiçara e Pedras marcaram 5 cada um, Ernesto apontou 3 golos, Bártolo 2 e Augusto Silva 1 golo. O Vitoria beneficiou ainda de 2 auto golos, um deles da autoria de Ezequiel do FC Barreirense e o outro de Raul Machado do Leixões SC.

Ao longo da época no Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria SC utilizou 20 jogadores. Jogaram os guarda redes Silva (18 jogos), Dionísio (7 jogos) e Garcia (1 jogo, mais um parcialmente). O defesa Silveira e o avançado Azevedo foram totalistas actuando nos 26 jogos.

Romeu alinhou em 25 partidas, e Edmur, Virgílio e Daniel em 23 jogos. Caiçara e Trenque jogaram 19 desafios no nacional maior, João da Costa 13 e Pedras 12. Ferreirinha e o avançado brasileiro jogaram em 11 encontros e Bártolo em 10. Menos utilizados foram Augusto Silva em 8 jogos, defesa Freitas em 5, Rola em 4 e o brasileiro Celu em 2 jogos.

Na Taça de Portugal o Vitoria de Guimarães foi eliminado nos oitavos de final Leixões SC que viria a vencer a competição derrotando na final a equipa do FC Porto por 2-0. Antes de ser eliminado pela equipa de Matosinhos o Vitoria SC deixou pelo caminho a equipa do CF União de Coimbra, com duas vitórias, uma por 4-0 e outras 1-3.

Nos dezasseis avos de final eliminou o CD Montijo depois de socorrer-se ao terceiro jogo. O Vitoria venceu em Guimarães por 1-0 e pelo mesmo resultado perdeu no Montijo. No terceiro e decisivo encontro os vimaranenses venceriam por 2-1.

Com o Leixões SC, clube que eliminou o Vitoria, os vimaranenses foram derrotados nas duas contendas. Em Guimarães por 0-1 e em Matosinhos por 4-2.

Autor: Alberto de Castro Abreu

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