Glórias do Passado: Temporada de 1958/59

 

Temporada de 1958/59


A época de 1958/59 marca o regresso do Vitoria Sport Clube à 1ª Divisão Nacional, escalão onde militaria ininterruptamente durante cerca de 50 anos, cimentando, definitivamente, uma posição de destaque, como um dos principais clubes do panorama futebolístico português.

Após a subida de divisão, o Vitoria atravessou consideráveis dificuldades financeiras e directivas que inicialmente perturbaram a preparação da equipa de futebol para a nova época. O Presidente da Direcção, o Eng. Alberto Costa Guimarães, esgotado, não continuou no cargo e a passagem do clube pela 2ª Divisão Nacional prejudicou sobremaneira as finanças do clube.

O vazio directivo foi longo, durando até Julho de 1958, altura em que um grupo de associados decidiu assumir os órgãos sociais do Vitoria Sport Clube, com o senhor António Faria Martins a empossar o cargo de Presidente da Direcção.

Compreensivelmente, a composição do elenco futebolístico vitoriano para a nova temporada começou a ser gizado tardiamente. Desde logo, o Vitoria não conseguiu renovar com o treinador responsável pela subida de divisão, o senhor Fernando Vaz, que rumou a Lisboa para comandar os destinos do CF Belenenses, passando a partir deste momento a ser o eterno desejado da massa associativa do Vitoria.
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Para o cargo de treinador principal foi contratado Mariano Amaro, antigo jogador internacional, uma das maiores figuras da história do CF Belenenses e do futebol português na década de 30 e 40.
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(Mariano Amaro, o treinador do Vitoria SC)
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Mariano Rodrigues Amaro, nasceu no dia 7 de Agosto de 1915 na cidade de Lisboa. Originário do bairro de Alfama, por isso um alfacinha de gema, Mariano Amaro foi um dos melhores jogadores de futebol do seu tempo. Como jogador, notabilizou-se na posição de médio centro, onde as características do seu futebol mais se evidenciavam, apesar de ao longo da sua carreira ter actuado em diversas posições no terreno de jogo, inclusive a guarda-redes.
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(Com a camisola do CF Belenenses)
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(Equipa do CF Belenenses na época de 1943/44)
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Para aquela época, era de facto um jogador diferente. Com uma versatilidade, sentido posicional e leitura de jogo deveras assinalável. A qualidade de passe era excepcional, sobretudo quando usado na resposta às desmarcações que os seus colegas de equipa encetavam.
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Antes de se tornar jogador de futebol de “corpo inteiro”, Mariano Amaro foi torneiro de metais. A sua primeira inscrição oficial remonta à época de 1931/32 no GS Adicense da cidade de Lisboa. Esteve posteriormente duas épocas sem jogar futebol oficialmente, dedicando-se somente a jogar à bola na praia.
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(Equipa do CF Belenenses em 1945/46)
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(Novamente a equipa do CF Belenenses em 1945/46)
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Em 1934/35 inicia no CF Belenenses uma carreira de jogador de futebol que iria durar 13 épocas consecutivas. Na verdade, é como jogador do CF Belenenses que Mariano Amaro tornou-se num verdadeiro ídolo do desporto em Portugal, nomeadamente como um dos melhores jogadores de futebol portugueses. Alem disso, é no clube da Cruz de Cristo que Amaro dedica toda a sua carreira de jogador profissional de futebol.

Mariano Amaro era, inquestionavelmente, um jogador de futebol original, mas, a essa vertente, adicionava-lhe características da rebeldia de um “bom malandro”. Era boémio, gostava do jogo e de cantarolar um fado na noite lisboeta. Notável jogador, mas ao mesmo tempo, um amante dos prazeres da vida.
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Aurélio Márcio, conceituado jornalista português, definia a rotina de Mariano Amaro da seguinte forma: “Treinava-se de manha, passava à tarde pelo café Nicola, saía com a rapariga que escolhia entre as muitas que se lhe davam, terminando a noite na jogatina. E sobre tudo isto era um jogador excepcional...”
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(Mariano Amaro ao centro na festa azul e branca)
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(Equipa do CF Belenenses na época de 1945/46)
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É com Cândido Oliveira como treinador do CF Belenenses que Mariano Amaro atinge o auge das suas performances futebolísticas, não só no clube da Cruz de Cristo, mas também na Selecção Nacional. Também pelo clube lisboeta ganhou os títulos que figuram no seu palmares. Foi Campeão Nacional da 1ª Divisão em 1945/46, venceu a Taça de Portugal de 1941/42 frente ao Vitoria Sport Clube.

A final da Taça de Portugal disputou-se no dia 12 de Julho de 1942 no Campo do Lumiar em Lisboa, sob a arbitragem de Vieira da Costa do Porto. O CF Belenenses apresentou a seguinte linha inicial: Salvador Jorge; José Simões e António Feliciano; Mariano Amaro, Francisco Gomes e Serafim Neves, Artur Quaresma, António Eloi, Gilberto Vicente, José Pedro e Franklim Oliveira. O seu treinador era o português Roberto Faroleiro.

O Vitoria Sport Clube, treinado por Alberto Augusto, apresentou a seguinte formação: Machado; Lino e João; Castelo, Zeferino e José Maria; Laureta, Miguel, Alexandre, Ferraz e Arlindo.
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O CF Belenenses, grande potência do futebol luso da época, ancorado nas invulgares capacidades do meio campista Mariano Amaro, venceu o Vitoria SC por 2-0, com golos da autoria de Artur Quaresma e Gilberto, conquistando assim a Taça de Portugal na edição de 1941/42.
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(Equipa do CF Belenenses em 1945/46)
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(Equipa do CF Belenenses em 1947)
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Ao serviço do CF Belenenses, Mariano Amaro venceu ainda dois Campeonatos de Lisboa em 1943/44 e 1945/46, uma das mais importantes provas de futebol disputadas naquele tempo.

Mariano Amaro, sendo um dos melhores jogadores de futebol português, foi, naturalmente, internacional por Portugal. Foi 19 vezes internacional pela principal selecção portuguesa entre o ano de 1937 e 1947

A sua estreia ocorreu no dia 28 de Novembro de 1937, num encontro particular não reconhecido pela Fifa, disputado entre Espanha e Portugal, no Estádio dos Balaídos, na galega cidade de Vigo. O jogo apitado pelo italiano Barlassina terminou com a vitória portuguesa por 1-2 com os golos apontados por Pinga e Valadas. Cândido Oliveira era naquela altura o seleccionador nacional, assumindo também aqui um papel fundamental na carreira de Mariano Amaro na Selecção portuguesa.
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O último encontro de Mariano Amaro com a camisola das quinas decorreu no Estádio Nacional em Lisboa, no confronto que opôs Portugal à França no dia 23 de Novembro de 1947. Aquele desafio de carácter particular, apitado pelo suíço Von Wartburg, terminou com a vitória dos forasteiros por 2-4, sobre uma equipa portuguesa liderada por uma comissão técnica composta por Virgílio de Paula, Martinho de Oliveira e João de Brito.
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(Equipa do Portugal em 1947)
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Também ao serviço da Selecção Nacional, Mariano Amaro colocou em pratica todo o seu espírito rebelde e de afrontamento ao sistema da época. Na verdade, o meio campista do CF Belenenses era também o capitão da Selecção de Portugal e, foi nessa qualidade, que defrontou a Selecção espanhola no dia 26 de Janeiro de 1947 no Estádio Nacional na capital portuguesa.

Nesse dia, Mariano Amaro, juntamente com outros dois colegas de equipa decidiram afrontar ostensivamente o sistema político que vigorava na altura em Portugal. Normalmente, após a entrada em campo das equipas, era costume os atletas fazerem uma saudação oficial à tribuna de honra, perfilando-se hirtos e de braço erguido.

Artur Quaresma, Mariano Amaro e José Simões, todos eles jogadores do CF Belenenses, não cumpriram a tradição, com o primeiro deles a nem levantar o braço e os outros dois a irem bem mais longe na manifestação, pois, apesar de erguerem o braço em direcção à tribuna cerraram, porém, o punho. Despoletada a polémica, os jogadores chegaram a ser detidos nos calabouços da PIDE para inquérito.
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Mariano Amaro jogou praticamente toda a sua carreira no seu clube do coração, o CF Belenenses, apesar de diversas vezes convidado a ingressar no SL Benfica, FC Porto ou Sporting CP, que lhe ofereceram muito dinheiro. Apesar de seduzido pelas avultadas maquias que lhe apresentavam, Mariano Amaro nunca traiu o seu coração, permanecendo sempre nas Salésias.
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(Mariano Amaro em acção pelo CF Belenenses)
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Abandonada a carreira de jogador, Mariano Amaro tornou-se treinador de futebol. Porém, a sua carreira nesta área nunca atingiu notoriedade nem resultados de relevo que tinha atingido enquanto atleta. Alias, a experiência mais bem sucedida enquanto treinador de futebol foi mesmo a passagem pelo Vitoria de Guimarães em 1958/59, onde apanhou uma formação que vinha da 2ª Divisão Nacional, com as adversidades já mencionadas, levando-a ao 5º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Terminou definitivamente a ligação ao futebol profissional e a partir de 1970 passou a trabalhar como funcionário público para a companhia dos telefones. Faleceu no dia 23 Maio de 1987, com 72 anos de idade, vítima de um ataque cardíaco fulminante.

Relativamente ao plantel principal do Vitoria SC para a época de 1958/59, registe-se, desde logo, a manutenção de praticamente todos os elementos da época anterior, aqueles que tinham sido os heróis da subida. Em matéria de aquisições, assinala-se a contratação de dois jogadores brasileiros que foram indiscutivelmente uma mais valia para a equipa vimaranense.

Mais uma vez, assumiu particular importância a acção de António Pimenta Machado, vimaranense emigrante em Recife no Brasil, que indicou ao Vitoria a aquisição dos brasileiros Carlos Alberto e Edmur.
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(Carlos Alberto com o equipamento do Vitoria SC)
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(Caricatura de Carlos Alberto com as cores do Vitoria SC)
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Carlos Alberto era um avançado/médio interior, natural do Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 28 de Setembro de 1930. No Brasil actuou em grandes equipas e tornou-se famoso. Veio para Portugal com quase 29 anos de idade, mas bem a tempo de demonstrar em solo luso todas as suas qualidades como jogador de futebol.
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Facilmente se adaptou ao Vitoria e à cidade de Guimarães onde chegou a casar com uma senhora portuguesa. No Vitoria logo adquiriu um lugar cativo na equipa onde a sua capacidade técnica deslumbrava e fazia a diferença. Os adeptos vitorianos consideravam-no um verdadeiro malabarista da bola.
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(Carlos Alberto, Caiçara, Edmur e Ernesto Paraíso, os quatro brasileiros do Vitoria antes de uma viagem de comboio)
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(Novamente os quatro brasileiros do Vitoria no Campo da Amorosa. Edmur, Carlos Alberto, Ernesto Paraíso e Caiçara em linha)
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Com a camisola do Vitoria anotou grandes exibições, com jogadas de mestre e belíssimos golos, que ficaram na memória de todos aqueles que o viram jogar. À volta do seu nome, havia também uma discussão entre os associados do Vitoria que ficou celebre. Saber se o brasileiro Carlos Alberto devia jogar como médio interior ou como ponta de lança era uma querela que preenchia o dia a dia nas conversas de café entre os adeptos do clube.
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(Bártolo, Edmur, Azevedo, Carlos Alberto e Daniel, cinco jogadores do Vitoria SC no Campo da Amorosa)
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O brasileiro Carlos Alberto permaneceu, todavia, apenas duas temporadas em Guimarães ao serviço do Vitoria, já que no final da época de 1959/60 foi dispensado por motivos disciplinares juntamente com outros jogadores que até eram titulares da equipa. Este lote de dispensados, que incluía o nome de Carlos Alberto, causou na massa associativa opiniões dispares sobre o assunto, com uns a manifestarem-se a favor e outros visceralmente contra.

O Campeonato Nacional da 1ª Divisão continuava a ser disputado por 14 equipas compondo-se a competição com as seguintes formações: FC Porto, SL Benfica, Sporting CP, CF Belenenses, Vitoria SC, Vitoria de Setúbal, SC Braga, SC Covilhã, Lusitano de Évora, Académica de Coimbra, GD Cuf, FC Barreirense, Caldas SC e o SCU Torreense.

O Vitoria defrontou na 1ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão o SL Benfica no Estádio da Luz na cidade de Lisboa. O dia 14 de Setembro de 1958 marca o dia do regresso do Vitoria aos principais palcos do futebol nacional. O resultado do encontro é que não foi nada animador e colocou em estado de alerta toda a nação vitoriana.

O Vitoria saiu do Estádio da Luz derrotado pelo SL Benfica por 7-0. Na equipa do Vitoria, só o brasileiro Carlos Alberto era aquisição para a nova época, que assim entrava no lugar que era do argentino Mário Cívico na temporada anterior. Mariano Amaro apresentou naquele dia o seguinte onze: Sebastião; Daniel e Virgílio; Augusto Silva, Silveira e João da Costa; Bártolo, Romeu, Ernesto, Carlos Alberto e Rola.

O alarme causado na 1ª jornada do Campeonato Nacional da época de 1958/59 não se viria a repetir, com o Vitoria a partir daí a percorrer um caminho notável com destino à melhor classificação de sempre na sua história até então. Um fantástico 5º lugar, logo atrás dos principais clubes daquele tempo, era realmente espantoso para um clube que estava de regresso ao primeiro escalão do futebol nacional.

Logo à 2ª jornada, num jogo memorável de Carlos Alberto e que marcava a estreia com a camisola do Vitoria do avançado brasileiro Edmur, os vimaranenses levam de vencida o CF Belenenses treinado por Fernando Vaz por um concludente 3-0. Seguidamente vence o FC Barreirense no Barreiro por 1-2 e o SC Braga, no Campo da Amorosa por 3-1, jogo este que marcava o regresso do derby minhoto à 1ª Divisão Nacional.

À 4ª jornada o Vitoria é líder da classificação e rejubila-se em Guimarães com as exibições da equipa. Neste Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1958/59, destaca-se pela positiva, desde logo, a vitoria sobre o SL Benfica no Campo da Amorosa por 2-1 na abertura da 2ª volta.
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Outros destacados resultados são as vitorias expressivas conseguidas no Campo da Amorosa sobre o Vitoria de Setúbal por 4-1, sobre o Lusitano de Évora por 3-0, contra o GD Cuf por 5-0, ao Caldas SC por 3-0 e a máxima goleada ao SCU Torreense por 8-0, num vendaval ofensivo do quinteto avançado do Vitoria composto por Bártolo, Edmur, Ernesto, Carlos Alberto e Rola.
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(Avançados do Vitoria: Bártolo, Edmur, Ernesto Paraiso, Carlos Alberto, Romeu e Rola)
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Pela negativa destacam-se as goleadas infligidas pelo FC Porto que se sagrou Campeão Nacional nesta época e que venceu o Vitoria por 0-6 em Guimarães e por 6-1 na invicta cidade do Porto.

É ainda de realçar o encontro disputado no Campo da Amorosa entre o Vitoria e Sporting CP a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1958/59, onde a arbitragem de Francisco Guerra, arbitro que viria a tornar-se internacional, foi imensamente contestada pelos vimaranenses, sobretudo após a validação de um golo obtido na cobrança de um livre sem que o juiz tivesse apitado para o lance o que naquela altura era obrigatória na reposição da bola em jogo.
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De resto, o público vitoriano nunca esqueceu aquela arbitragem contra o Sporting CP, de tal modo que sempre que Francisco Guerra vinha a Guimarães apitar qualquer jogo era fortemente vaiado e apupado.
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(Com o Castelo de Guimarães ao fundo, os brasileiros Carlos Alberto, Ernesto Paraíso e Edmur)
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Já perto do final da competição, o Vitoria com o 5º lugar assegurado lançou-se no encalço do 4º classificado que era o Sporting CP. Faltaria apenas disputar um encontro frente à Académica de Coimbra no Campo da Amorosa, encontro esse que era vital para os conimbricenses que precisavam de vencer para garantir a manutenção na 1ª Divisão Nacional.
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Apoiados por milhares de estudantes que se deslocam da cidade de Coimbra a Guimarães para apoiar a Académica, os conimbricenses acabam por vencer o Vitoria por 4-5 num fantástico jogo de futebol desenrolado no lotado Campo da Amorosa. A Académica conseguiu assim salvar-se e o Vitoria terminou o Campeonato Nacional da época de 1958/59 no 5º lugar da tabela classificativa, com 29 pontos alcançados, em virtude das 13 vitórias, 3 empates e 10 derrotas, obtendo 59 golos e consentindo 55. Este 5º lugar na tabela geral que era até aquela altura a melhor classificação de sempre do Vitoria Sport Clube.
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(Quatro jogadores do Vitoria SC na época de 1958/59. Carlos Alberto, Daniel, Edmur e Ernesto Paraíso)
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Participou também o Vitoria SC na edição da Taça de Portugal daquela época. Na 1ª eliminatória, o Vitoria SC eliminou o Juventude de Évora, com um empate a 1-1 no jogo da 1ª mão, e uma goleada de 7-2 no jogo da 2ª mão. Na 2ª eliminatória correspondente aos oitavos de final o Vitoria SC acabou eliminado pelo SC Braga, com uma derrota no 1º jogo por 4-0, que dificultou a reviravolta, pois o 2-0 a favor do Vitoria no 2º jogo revelou-se escasso.
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Destacamos aqui a vitória da equipa de juniores do Vitoria SC que uma vez mais venceu o Campeonato Distrital da categoria da Associação da Futebol de Braga.
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(Equipa do juniores do Vitoria SC que conquistou o Campeonato Distrital de Juniores da A.F. Braga em 1959, onde pontificava o jogador Pedras)


Autor: Alberto de Castro Abreu

Mariano Amaro, uma figura incontornável do futebol português e do Belenenses.
Já não se fazem jogadores assim.
 
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