Glórias do Passado: Temporada de 1956/57

 

Temporada de 1956/57


Na época de 1956/57 o Vitoria de Guimarães voltou a disputar o Campeonato Nacional da 2ª Divisão inserido na Zona Norte daquele escalão novamente com a clara intenção de alcançar a subida à 1ª Divisão Nacional que a final desafortunadamente não conseguiu concretizar.

Ao lote de clubes naturais candidatos à subida de divisão, onde se incluía naturalmente o Vitoria e que transitavam da temporada anterior, haveria que incluir, desta feita, o SC Braga que no final da época de 1955/56 desceu da 1ª à 2ª Divisão Nacional. Os apaixonantes confrontos entre os eternos rivais Vitoria e SC Braga estavam agora de regresso, se bem que inseridos na 2ª Divisão Nacional.

A competição disputar-se ia exactamente nos mesmos moldes verificados na época anterior, onde o Campeonato Nacional da 2ª Divisão estava inicialmente dividido em duas zonas – a norte e a sul – compostas cada uma com 14 equipas. Posteriormente, os três primeiros classificados da cada zona reuniam-se numa fase final para apurar o vencedor - que subia directamente à 1ª Divisão Nacional - e o 2º classificado que disputaria os chamados jogos de passagem com o penúltimo classificado da 1ª Divisão.

No comando técnico da equipa do Vitoria havia um novo treinador, o argentino Óscar Tellechea, que chegava a Guimarães para substituir Fernando Vaz, que, devido a problemas particulares, não permaneceu na cidade berço, apesar dos enormes esforços realizados pelos dirigentes vimaranenses para o convencer a manter-se à frente da formação.

Óscar Tellechea era um argentino que chegou a Portugal na década de 30 para jogar futebol. Como atleta destacam-se as 3 temporadas em que representou o CF Belenenses entre anos de 1938 a 1941. Jogou também ao serviço do FC Famalicão antes de enveredar pela carreira de treinador. Permaneceria apenas esta época de 1956/57 no Vitoria de Guimarães, depois de um ano antes ter dirigido o SCU Torreense na 1ª Divisão Nacional. Foi ainda treinador do União de Tomar na principal liga portuguesa nos finais de da década 60, inícios da década de 70.

Em matéria de aquisições destaca-se desde logo a contratação de Armando Barros um avançado proveniente da AD Fafe, mas que ficou famoso por ter jogador várias temporadas no Sporting CP, onde se sagrou Campeão Nacional da 1ª Divisão por 4 vezes consecutivas.

Barros era um dos jogadores que integravam a famosa equipa leonina dos apelidados “5 violinos” que conquistou o tetra-campeonato nas épocas de 1950/51, 1951/52, 1952/53 e 1953/54. Barros enquanto esteve ao serviço do Sporting CP foi treinado nas primeiras 3 épocas por Randolph Galloway, o treinador da descida de divisão no Vitoria, e na última época em Alvalade teve como técnico Tavares da Silva e depois José Szabo.

O nome de António Barros ficou também de certa forma ligado à história do Vitoria de Guimarães. Sendo certo que era um jogador de qualidade e que se destacou ao serviço do Vitoria em vários jogos, a verdade é que o seu nome é bem mais recordado pela grande penalidade que falhou no jogo decisivo para a subida de divisão disputado em Faro contra o SC Farense.
.
(Barros com a camisola do Vitoria Sport Clube)
.
(Plantel do Sporting CP com Barros na temporada de 1950/51)
.
(Plantel do Sporting CP exibindo os troféus conquistados na época de 1950/51)
. (Equipa do Sporting CP em 1955 no Brasil com Barros em cima é o 1º do lado direito)
.
(Equipa do Sporting CP em 1955 com Barros em pé com a bola debaixo do braço)
.
Outra importante aquisição do Vitoria para a temporada de 1956/57 foi um médio esquerdo argentino de nome Auleta. A formação do Vitoria mais utilizada nesta época era constituída da seguinte forma: Lobato; Virgílio, Silveira e Daniel; Cesário e Auleta; Bártolo, Barros, Ernesto Paraíso, Rola e Benje.

No Campeonato Nacional da 2ª Divisão o Vitoria voltou a não entrar da melhor forma na competição cedendo um empate a 1-1 no Campo da Amorosa na jornada de abertura frente ao Gil Vicente FC. Logo na 2ª jornada corrigiu aquele desaire ao vencer o GD Peniche como visitante por 0-2.

No final da 1ª volta da Zona Norte o Vitoria estava posicionado no 2º lugar da tabela classificativa com o Leixões SC, ambos com 19 pontos, e menos um ponto que o SC Salgueiros que era o 1º posicionado. Nesta primeira parte do Campeonato Nacional destaca-se pela positiva a vitoria alcançada em Braga por 0-1, no regresso dos emocionantes derbys e, pela negativa, a pesada derrota no Campo da Amorosa, frente ao Leixões SC por 1-5.

O Vitoria apesar de ter iniciado a 2ª volta com um derrota em Barcelos frente ao Gil Vicente FC por 2-1, coleccionou uma série de bons resultados que redundaram no apuramento para a fase final a duas jornadas do fim da prova. Destaque, porém, para a goleada imposta pelo SC Braga no Campo da Amorosa ao Vitoria por 0-5, que contudo, viria a ser vingada, na mesma medida no decurso da fase final da competição.

Para a fase final do Campeonato da 2ª Divisão Nacional apuraram-se o SC Salgueiros, o Vitoria SC e o SC Braga, pela Zona Norte, e o SC Farense, o GD Coruchense e o CD Montijo pela Zona Sul.

No 1º joga da fase final o Vitoria foi derrotado na cidade do Porto pelo SC Salgueiros por 2-1 com mais uma tendenciosa arbitragem de Joaquim Campos, árbitro da A.F. Porto, a quem os vitorianos acusavam de proteccionismo aos clubes daquela região.

Seguiram-se quatro vitórias consecutivas em outros tantos jogos de onde se destaca a goleada imposta ao SC Braga por 5-0. A 2ª volta começou de novo da pior maneira com o Vitoria a empatar em casa por 3-3 com o SC Salgueiros e a perder por 2-0 no terreno do SC Braga.

Depois de vencer o GD Coruchense e o CD Montijo vai de viagem até Faro para aí realizar o jogo decisivo para a subida de divisão contra o SC Farense, formação que já se encontrava sem qualquer possibilidades de alcançar os primeiros lugares. Ao Vitoria bastava o triunfo para classificar-se no 1º lugar e assim garantir automaticamente o regresso à 1ª Divisão.
.
.
Sucede que o Vitoria não conseguiu ir alem de um empate a 2-2. E teve tudo para conseguir levar de vencida os leões do Algarve. A poucos minutos do final do desafio a equipa do Vitoria beneficiou de uma grande penalidade que, a concretizar-se, certamente atribuiria o triunfo aos vimaranenses e consequentemente a subida à 1ª Divisão. A sorte foi madrasta para a equipa do Vitoria que desperdiçou a oportunidade de se colocar na frente do marcador com Armando Barros a não converter a grande penalidade em golo. Dramático e infortúnio final.
.
SC Salgueiros, SC Braga e Vitoria SC, as três formações do Norte que seguiram para a fase final ficaram igualadas na 1ª posição com 14 pontos no total, mas, pelo desempate pela diferença de golos, a turma da cidade do Porto subiu directamente de Divisão, enquanto a equipa bracarense seguiu para os jogos de passagem.

Autor: Alberto de Castro Abreu

Enviar um comentário



<< Home
Site Meter