Glórias do Passado: Temporada de 1955/56

 

Temporada de 1955/56


A temporada de 1955/56 seria a primeira de um conjunto de três épocas consecutivas que o Vitoria de Guimarães iria passar na 2ª Divisão Nacional depois do fatídico ano de 19954/55 onde surpreendentemente a equipa vimaranense foi rebaixada ao escalão secundário do futebol português.

O objectivo primário dos responsáveis directivos era recolocar o principal clube da cidade de berço na 1ª Divisão Nacional. Para o efeito, apostaram fortemente na equipa de futebol, logo naquela que seria primeira época na 2ª Divisão Nacional, afim de atingir o mais rapidamente possível o desiderato por qual todos ansiavam.

Assim, foi contratado para treinador da equipa de futebol um técnico de renome nacional. Fernando Vaz, antigo adjunto do inglês Randolph Galloway no Sporting CP, ex-treinador do FC Porto e antigo seleccionador nacional, foi o escolhido para comandar a equipa do Vitoria.

Para reforçar a equipa de futebol foram contratados o defesa Virgílio ao FC Tirsense, os argentinos Rosato ao SC Covilhã e Rinaldi ao Atlético CP, e o avançado Benje ao CD Montijo. Além de Virgílio - que jogaria no Vitoria durante 10 temporadas - a verdadeira coqueluche da equipa era o avançado brasileiro Ernesto Paraíso.

Ernesto Paraíso foi tão só o primeiro jogador brasileiro a jogar no Vitoria de Guimarães. Chegou a Guimarães indicado por António Pimenta Machado, vimaranense residente no Estado do Recife no Brasil e primo de Alberto Pimenta Machado Júnior naquela altura Vice-Presidente da Direcção do Vitoria Sport Clube. António Pimenta Machado, o português radicado no Brasil, foi o responsável pela vinda de vários jogadores de nacionalidade brasileira que abrilhantaram o futebol português com a camisola do Vitoria. Ernesto Paraíso foi assim o primeiro de muitos jogadores de qualidade que chegavam amiúde à cidade de Guimarães para representar o Vitoria.

Naquela altura o Campeonato Nacional da 2ª Divisão era uma prova disputada inicialmente em duas zonas – a norte e a sul – compostas cada uma com 14 equipas. Posteriormente, os três primeiros classificados da cada zona reuniam-se numa fase final para apurar o vencedor - que subia directamente à 1ª Divisão Nacional - e o 2º classificado que disputaria os chamados jogos de passagem com o penúltimo classificado da 1ª Divisão.

Na Zona Norte, série onde o Vitoria foi integrado, era composta, além, claro está, da equipa vimaranense, pelos seguintes clubes: SC Salgueiros, Boavista FC, Leixões SC, FC Tirsense, Gil Vicente FC, SC Vianense, SC Espinho, AD Sanjoanense, GD Chaves, Académico de Viseu, União de Coimbra, GD Peniche e o Leões de Santarém.

O Campeonato Nacional iniciou-se de pior forma para os vimaranenses com quatro resultados negativos. Perdeu nas deslocações aos redutos do SC Salgueiros por 3-1 e no SC Espinho por 4-3 e em Guimarães, no Campo da Amorosa, perdeu com o Boavista FC por 1-3 e empatou com o GD Peniche a 1-1.

Naturalmente, os maus resultados e os protestos vindos dos apaixonados adeptos vitorianos obrigaram o técnico Fernando Vaz a proceder a algumas alterações que se revelaram essenciais para a encetada recuperação.

Deste modo, Silveira – que até então jogava a avançado – passou a jogar no centro da defesa, posição na qual se notabilizou, formando com Virgílio e Costa um trio defensivo que transmitia segurança a equipa e na frente de ataque surge o avançado brasileiro Ernesto Paraíso que denotava especial apetência pelo golo.

A partir da 5ª jornada o Vitoria principiou uma recuperação notável exibindo-se ao mais alto nível contabilizando cinco triunfos consecutivos interrompido apenas por uma derrota em São João da Madeira frente ao AD Sanjoanense por 1-0. Seguiu-se uma nova série de quatro vitórias consecutivas o que permitiu aos vimaranenses terminaram a 1ª volta na 3ª posição.
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Na 2ª jornada da 2ª volta o Vitoria desloca-se ao Bessa para defrontar o Boavista FC, sem poder contar naquele desafio com os argentinos Rosato e Rinaldi, bem como o extremo esquerdo Rola, um dos principais jogadores da equipa. Apesar de desfalcado o Vitoria apenas perderia aquele encontro por 1-0, segundo rezam os relatos da época, devido à prejudicial arbitragem de Joaquim Campos, um árbitro que anos mais tarde veio a ser considerado como o melhor juiz português.

Alias, Joaquim Campos é um nome que ficará umbilicalmente ligado à passagem do Vitoria Sport Clube pela 2ª Divisão Nacional e do qual os vimaranenses se queixaram frequentemente, nomeadamente, nos jogos em que tinha de defrontar as equipas da A.F. do Porto.

Depois daquela derrota na cidade do Porto frente ao Boavista FC, seguiram-se uma nova série de bons resultados que catapultaram a equipa do Vitoria para o 1º lugar no final do Campeonato da Zona Norte da 2ª Divisão Nacional.

Para a fase final seguiram o Vitoria SC, o SC Salgueiros e o Boavista FC, pela Zona Norte, e o COL Oriental, SC Olhanense e o Coruche, pela Zona Sul da 2ª Divisão Nacional.

No desenrolar da fase final da prova destacam-se as vitorias alcançadas em Olhão, frente à fortíssima equipa do SC Olhanense por 1-3, e em Guimarães, no Campo da Amorosa, frente ao SC Salgueiros por 2-1 e frente ao Boavista FC por 3-1. Os jogos decisivos para o apuramento do 1º classificado foram, porem, aqueles que os vimaranenses defrontaram o COL Oriental. Em Guimarães o Vitoria não foi além de um empate a 2-2 e em Lisboa, a derrota por 4-3.

Todavia, o jogo que comprometeu definitivamente o acesso directo à 1ª Divisão Nacional foi o encontro disputado pelo Vitoria na cidade do Porto frente ao Boavista FC. Mais uma vez, o árbitro Joaquim Campos influenciou decisivamente o desenrolar do jogo beneficiando consecutivamente a equipa axadrezada.

Segunda rezam as crónicas, além de ter prejudicado o Vitoria em diversos lances de jogo ainda expulsou o argentino Rosato, deixando a equipa vimaranense a jogar com menos um homem. O Boavista FC venceu o desafio por 1-0 ficando o 1º lugar na classificação da fase final da 2ª Divisão Nacional entregue ao COL Oriental que assim garantiu a subida automática à 1ª Divisão Nacional.

Ao Vitoria coube o 2º posto na tabela o que lhe permitiria ainda disputar os jogos de acesso com o penúltimo classificado da 1ª Divisão Nacional. O adversário nos jogos da passagem, disputado a duas mãos, foi a Académica de Coimbra que militava no escalão maior do futebol português.

A 1ª mão foi disputada no Campo da Amorosa em Guimarães, terminando o jogo empatado a 1-1. No final do encontro, registaram-se vários incidentes com os adeptos e responsáveis do Vitoria a protestar contra a arbitragem de Eduardo Gouveia da A.F. Lisboa que alegadamente sonegou, num lance capital, uma evidente grande penalidade a favor do Vitoria.

Para o jogo da 2ª mão o Vitoria teria de vencer em Coimbra para subir à 1ª Divisão Nacional. O jogo seria disputado em campo relvado, o único naquela época, o que obrigou o Vitoria, que não possuía um campo relvado, a treinar no Estádio 28 de Maio em Braga (actual Estádio 1ª de Maio) durante toda a semana que antecedeu o jogo.

Todavia, o Vitoria acabou derrotado pela Académica de Coimbra por 1-0. Nesse jogo destacou-se, essencialmente, pelas magníficas intervenções evitando os golos vitorianos, o guarda-redes conimbricense Ramin, que anos mais tarde viria a representar o Vitoria de Guimarães.
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(Avançado Bartolo com a camisola do Vitoria Sport Clube)

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Nesta época destaca-se a equipa base do Vitoria: Silva foi o guarda-redes mais utilizado deixando a Lobato na condição de suplente. A defesa era composta por Virgílio, Silveira e Costa, sendo também algumas vezes utilizados Cerqueira e o jovem Daniel. No meio campo destacavam-se Cesário e Rosato e, em algumas ocasiões, Bibelino. No ataque jogavam regularmente Bártolo, Lutero, Ernesto Paraíso, Rola e Benje. Na frente de ataque também jogariam varias vezes o argentino Rinaldi e Silveira.
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(Caricatura do avançado Bartolo com as cores branco e preto do Vitória Sport Clube)

Autor: Alberto de Castro Abreu

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