Glórias do Passado: Moreira de Sá

 

Moreira de Sá


Moreira de Sá era um jogador que actuava na linha atacante caracterizando-se por ser um jogador de baixa estatura, extremamente veloz, que predominantemente actuava nas alas ou no apoio ao ponta de lança. Era o típico jogador para equipas que actuavam preferencialmente em contra ataque. Jogou durante oito épocas na 1ª Divisão e foi um verdadeiro saltimbanco no futebol português pois actuou em varias equipas nacionais.

Ao longo da sua carreira e dos clubes que representou conta também uma passagem pelo Vitoria de Guimarães nas temporadas de 1991/92 e 1992/93 onde digamos que foi muito feliz, principalmente, na segunda época onde praticamente não foi utilizado. Normalmente era utilizado como uma espécie de “arma secreta”, aquele avançado que ficava sempre sentado no banco de suplentes e que era lançado no decorrer da segunda metade dos encontros para incutir mais pendor atacante à equipa, ou, quando se encontrava em vantagem, aproveitar o balanceamento ofensivo do adversário.

Este avançado português nasceu no dia 3 de Fevereiro de 1966 em Nogueira da Maia e tem como nome completo Manuel Arnaldo Maia Moreira de Sá. A sua primeira inscrição federativa remonta a época de 1980/81, quando com 14 anos de idade representou o FC Porto no escalões de juvenis.

Como sénior fez a sua estreia ao serviço do Rio Ave FC na temporada de 1986/87 na 1ª Divisão Nacional com apenas 20 anos de idade. A chegada à equipa de Vila de Conde deveu-se a Mário Reis treinador dos vilacondenses no inicio da temporada, mas foi com o falecido António Morais que Moreira de Sá começou a dar nas vistas no futebol português.
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(No Rio Ave FC na época de 1986/87)
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Logo na primeira época foi utilizado em 14 jogos sendo que apenas em uma ocasião jogou os 90 minutos. Era suplente preferido de António Morais que se encontrava na antecâmara dos atacantes titulares Jaime Graça e Chico Faria. Nessa sua primeira época na 1ª Divisão Nacional, o Moreira de Sá apontou 2 golos ao serviço do Rio Ave FC que terminou a prova 12ª posição com 25 pontos garantindo assim o objectivo delineado que passava pela permanência.
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(Na temporada de 1986/87 no Rio Ave FC)
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Em 1987/88 foi para o FC Felgueiras da 2ª Divisão Nacional, mas regressou à 1ª Divisão Nacional na época seguinte para representar o Leixões SC que estava de regresso ao primeiro escalão do futebol português. Na equipa de Matosinhos assumiu-se como uma das peça mais importantes da equipa tendo alinhado em 31 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1988/89 e contabilizado 5 tentos ao longo da prova.
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(No Leixões SC na época de 1988/89)
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Nesse Campeonato em que o Leixões SC foi penúltimo na classificação, descendo por esse motivo à 2ª Divisão Nacional, um dos golos apontados por Moreira de Sá foi precisamente ao Vitoria de Guimarães. Aconteceu no jogo disputado no Estádio do Mar na cidade de Matosinhos quando o Leixões SC venceu o Vitoria por 2-1 com os golos da equipa da casa a serem apontados por Ruben e Moreira de Sá e o golo dos vimaranenses da autoria de Chiquinho Carlos.
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(Com o equipamento alternativo do Leixões SC na época de 1988/89)
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Os desempenhos protagonizados por Moreira de Sá ao serviço do Leixões SC foram por si suficientes para ingressar no CS Marítimo na época de 1989/90 treinado pelo “mágico” Quinito que porém, em face dos maus resultados, foi demitido e substituído no cargo por Ferreira da Costa, um antigo futebolista do Vitoria de Guimarães.
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No CS Marítimo, Moreira de Sá não foi feliz e apenas alinhou em 6 encontros do Campeonato Nacional sem ter obtido qualquer golo. Não se adaptou definitivamente à Ilha da Madeira e por isso regressou ao norte de Portugal para integrar o plantel do FC Penafiel treinado por Joaquim Teixeira.
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(Plantel do CS Marítimo na época de 1989/90)
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No FC Penafiel da época de 1990/91, que disputou a 1ª Divisão Nacional onde foi 15º classificado, Moreira de Sá fez aquela que poderá ser considerada a sua melhor época. Alinhou em 36 partidas da prova tendo apontado 9 golos, sagrando-se como o melhor marcador da equipa e um dos avançados portugueses com maior destaque na competição.
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(No plantel do FC Penafiel na época de 1990/91)
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(Com a camisola do FC Penafiel)
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(No FC Penafiel na época de 1990/91)
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Não surpreendeu ninguém que Moreira de Sá fosse no final daquela temporada um dos jogadores mais disputados no mercado de transferências. Na corrida à sua contratação acabou por levar a melhor o Vitoria de Guimarães, então treinado por João Alves, que bem sabia onde, quando e como poderia retirar de Moreira de Sá as melhores qualidades.
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No Vitoria Sport Clube, Moreira de Sá era um nome que constava invariavelmente da lista de convocados, mas que muitas das vezes não passava de suplente utilizado. Moreira de Sá era aquele avançado útil a qualquer plantel de quem obviamente não se poderia esperar a titularidade pois o Vitoria era uma equipa que normalmente jogava em ataque continuado e onde os seus avançados eram alvo de marcações cerradas.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1991/92)
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A Moreira de Sá cabia jogar em esquemas tácticos onde o espaço livre ofensivo fosse bem maior. Quando se propiciava as situações de contra ataque Moreira de Sá era o primeiro jogador a ser lançado por João Alves na equipa do Vitoria.

Fez a estreia oficial com a camisola do Vitoria na 1ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1991/92 no Estádio 22 de Junho na cidade de Famalicão. Nessa tarde escaldante do mês de Agosto e perante mais de 10.000 espectadores que faziam “rebentar pelas costuras” aquele recinto desportivo, o Vitoria cilindrou o FC Famalicão, treinado por Josip Skoblar, por 4-1 num jogo de futebol em que a equipa vimaranense protagonizou um verdadeiro hino ao futebol espectáculo. Moreira de Sá iniciou o jogo no banco de suplentes às ordens de Acácio Casimiro (João Alves estava a cumprir castigo federativo pelo que entregou o comando da equipa ao seu adjunto) tendo entrado ao minuto 86 para o lugar do avançado tunisino Ziad que nesse jogo apontou um golo do “outro mundo”.
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De Moreira de Sá com a camisola do Vitoria podemos recordar ainda o seu envolvimento num lance que ficou na história do nosso futebol. À 11ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão o Vitoria recebeu o Sporting CP de Luís Figo, Cadete, Balacov, Peixe, que era treinado pelo brasileiro Marinho Peres.

No Estádio Municipal de Guimarães, perante mais de 20.000 espectadores e sob a arbitragem do eborense José Pratas o jogo entre vimaranenses e leões estava empatado até 2 minutos do final do encontro a 1-1. O Vitoria tinha-se adiantado no marcador por intermédio de Caio Júnior aos 22 minutos e o Sporting CP alcançado o empate pelo defesa internacional português Leal aos 77 minutos.

Depois do golo do empate do Sporting CP, João Alves decidiu lançar o avançado Moreira de Sá na frente de ataque do Vitoria. Aos 88 minutos de jogo, o Moreira de Sá fez uma arrancada pelo lado direito do ataque, conseguindo penetrar na grande área leonina e, já no seu interior perto da linha de fundo, fez um cruzamento rasteiro para a boca da baliza onde aparece o defesa central do Sporting CP Jorginho a introduzir a bola na própria baliza à guarda de Tomislav Ivkovic.

O Vitoria venceu assim aquele encontro por 2-1 e, para muitos, esta terá sido a perfeita vingança ao célebre lance que cerca de duas décadas antes tinha tido em Manaca o protagonista, quando este foi o autor de um auto-golo com a camisola do Vitoria frente ao Sporting CP, entregando assim a vitoria naquele encontro aos leões de Alvalade e consequentemente o titulo nacional.

Moreira de Sá actuou com a camisola do Vitoria na época de 1991/92 em 13 ocasiões sendo que apenas por uma vez foi titular na equipa vimaranense. Curiosamente, foi nesse encontro que jogou a titular que obteve o seu único golo naquela época. O Vitoria enfrentava o rival SC Braga no Estádio 1º de Maio com cerca de 13.000 espectadores maioritariamente apaniguados vimaranenses.

O jogo realizou-se numa magnífica tarde de sol onde o árbitro designado foi o conhecidíssimo José Guímaro. O Vitoria apresentou nesse encontro uma dupla de ataque formada por Caio Júnior e Moreira de Sá. E as coisas foram muito bem para Moreira de Sá que logo aos 6 minutos de jogo colocou o Vitoria na frente do marcador.
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Todavia, outra estrela iria brilhar nessa tarde. Foi o brasileiro Chiquinho Carlos, agora ao serviço do SC Braga depois de ter sido dispensado de Guimarães, que apontou os dois golos dos bracarenses que proporcionaram a reviravolta no marcador, terminando o jogo com a vitória dos arsenalistas por 2-1.
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(No plantel do Vitoria SC na época de 1992/93)
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(Com a camisola do Vitória SC)
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Em 1992/93 o Moreira de Sá permaneceu ao serviço do Vitoria de Guimarães. Mas esta época foi recheada de infortúnios para o avançado português. Em primeiro lugar nunca foi aposta nem de Marinho Peres, nem de Bernardino Pedroto, isto alem de varias lesões que o impediram de dar o seu contributo a equipa do Vitoria.
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Moreira de Sá foi apenas utilizado em 2 encontros, num total de 58 minutos de jogo, onde, compreensivelmente, não apontou qualquer golo, passando assim quase em branco este que seria o seu último ano ao serviço do Vitoria.
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(No Vitoria SC)
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A época de 1993/94 foi passada na 2ª Divisão de Honra onde representou até Dezembro de 1993 o FC Felgueiras e a partir daquela data o Leça FC. No FC Felgueiras de Rodolfo Reis alinhou em 7 partidas apontando somente 1 golo e ao serviço do Leça FC participou em 8 encontros tendo concretizando 2 golos.
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(Plantel do FC Felgueiras na época de 1993/94)
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(Com a camisola do FC Felgueiras)
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Na temporada seguinte regressou ao futebol de primeira quando integrou o plantel do FC Tirsense comandado por Eurico Gomes e que abrilhantou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na época de 1994/95.

A equipa FC Tirsense onde pontificavam jogadores como Paredão, Porfírio, Caetano e Marcelo, andou sempre nos lugares cimeiros da tabela tendo terminado a prova numa meritória 8ª posição. Moreira de Sá era suplente na equipa mas regularmente convocado. Foi utilizado, porem, em 9 partidas sem concretizar qualquer tento.
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Defrontou nesta época o seu antigo clube - o Vitoria de Guimarães - logo na 3ª jornada do Campeonato, quando a formação do FC Tirsense foi derrotada pelos vimaranenses no Estádio D. Afonso Henriques por 1-0, com um tento da autoria de Dane ao 78 minutos. Moreira de Sá participou nesta contenda quando aos 72 minutos entrou para o lugar do médio João Mário.
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(Com a camisola do FC Tirsense na época de 1994/95)
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(Plantel do FC Tirsense na temporada de 1994/95)
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Na época seguinte permaneceu ao serviço do FC Tirsense, algo quase inédito na sua carreira, pois à excepção do que aconteceu no Vitoria, o Moreira de Sá nunca continuou a representar o mesmo clube por mais de uma época.

No entanto, nesta segunda época em Santo Tirso foi mais de acordo com os interesses individuais de Moreira de Sá que alinharia em 23 encontros no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1995/96, mas, em termos colectivos, foi bem mais aziaga e em sentido contrario do que havia ocorrido na época anterior. Pois, na verdade a equipa do FC Tirsense, comandada por José Romão e mais tarde de novo por Eurico Gomes, perdeu aqueles que foram os seus melhores elementos na temporada transacta e por isso não foi alem do ultimo lugar na prova e assim desceu à 2ª Divisão de Honra.
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Moreira de Sá apontou 3 golos nesta segunda temporada ao serviço do FC Tirsense. Um no empate a 1-1 em Vidal Pinheiro frente ao SC Salgueiros. Outro na vitoria caseira sobre o Campomaiorense por 2-0 e, por ultimo, na vitoria sobre o SC Farense por 2-1.
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(No FC Tirsense na época de 1995/96)
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(Plantel do FC Tirsense na temporada de 1995/96)
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Já com mais de 30 anos de idade e como um dos jogadores mais experientes do futebol português, Moreira de Sá na sua carreira representou ainda na época de 1996/97 o CD Aves e na temporada de 1997/98 o FC Maia, ambos na 2ª Divisão de Honra.
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Na primeira época no CD Aves, treinado por Luís Campos, alinhou apenas em 9 desafios, concretizando apenas um tento. No FC Maia foi utilizado em 26 ocasiões contabilizando na sua conta pessoal apenas 3 golos.
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(Plantel do CD Aves na época de 1996/97)
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(No CD Aves em 1996/97)
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Actualmente, Moreira de Sá ainda surge a alinhar em algumas equipas de veteranos. Acontece na equipa de veteranos do FC Porto, por exemplo, ou em alguns torneios indoor para veteranos.


Autor: Alberto de Castro Abreu

Lembro-me de fazer uma colecção de cromos em que o cromo que mais vezes tinha repetido era precisamente o do Moreira de Sá.
Penso que seja esse em que ele está com a camisola do Tirsense.
Nunca mais me esqueci do seu nome e imagem e já lá vão uns aninhos.
 
conheci o Moreira de Sá na Ilha da Madeira e nunca mais tive contato com ele. Sou brasileiro e irmão do Wando ex Benfica. Sou o Cláudio e gostaria muito de novamente falar com o meu amigo Moreira. Quem sabe através desse será a forme de conseguir.
claudiobomfim.bsb@hotmail.com
Felicidade a todos.
 
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