Silvinho era um veloz extremo esquerdo brasileiro que jogou no Vitoria Sport Clube nas temporadas de 1988/89 e 1989/90, dotado de grande qualidade, de tal forma que deixou em Guimarães inúmeros admiradores. Terá sido o último verdadeiro extremo esquerdo de raiz e com talento que passou em Guimarães, onde apenas 2 épocas de brilhantes exibições chegaram para que se transformasse numa verdadeira glória do passado vitoriano.
Sílvio Paiva é o nome de baptismo de Silvinho, nascido a 13 de Novembro de 1958 na cidade de Franca, famosa cidade brasileira do Estado de São Paulo no Brasil pela qualidade reconhecida em todo o mundo nas indústrias do calçado.
Silvinho começou a sua carreira de futebolista no América Futebol Clube de São Paulo, mas atingiu o estrelato no seu pais na natal ao serviço do Internacional de Porto Alegre. De resto, seria ao com as cores do Colorado Gaúcho que Silvinho viria a representar a selecção brasileira olímpica.
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Na verdade, foi nos Jogos Olimpicos de 1984, realizados na cidade norte americana de Los Angeles, que a Selecção Olímpica do Brasil era composta na sua maioria por jogadores que integravam o plantel do Internacional de Porto Alegre. A conhecida na época como a Sele/Inter, ficou classificada no 2º lugar da prova, conquistando desta forma a medalha de prata nos Jogos Olímpicos, atrás da França que venceu na final o Brasil, num jogo em que estiveram presentes a assistir ao vivo à partida no Estádio Rosabowl, mais de 100.000, um recorde de assistência em Jogos Olímpicos que se mantêm ate aos dias de hoje.
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(Selecção Olímpica do Brasil de 1984. Em cima: Júlio Espinosa, Luís Carlos Wink, Gilmar, Ademir, Mauro Galvão, Aloísio e André. Em baixo: Paulo Santos, Dunga, Kita, Milton Cruz e Silvinho).
Nessa Selecção Olímpica do Brasil encontrava-se o aqui recordado Silvinho, juntamente com jogadores que se tornariam famosos no mundo inteiro, como os casos de Mauro Galvão, Aloísio e Dunga, actual seleccionador canarinho.
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Ao serviço do Internacional de Porto Alegre Silvinho conquistou, alem de alguns torneio internacionais realizados no Canada, no Japão e em Espanha, nomeadamente, o a Taça Joan Gamper, frente ao FC Barcelona. Internamente, Silvinho com a camisola do Internacional venceria por varias vezes Campeonato Estadual Gaúcho.
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(No Internacional de Portoalegre em 1982).
As suas exibições e qualidades evidenciadas despertaram o interesse dos clubes portugueses, nomeadamente o Sporting CP, que na temporada de 1986/87 contratou os serviços do internacional brasileiro. No Sporting, treinado por Keith Burkinshaw, Silvinho garantiu, desde logo, um lugar na equipa principal, num trio de ataque formado juntamente com Ralph Meade e Manuel Fernandes. Porem, colectivamente, a temporada de 1986/87 não foi de forma nenhuma famosa para as hostes leoninas.
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No Campeonato Nacional o Sporting CP não foi alem do 4º lugar na classificação final, logo atrás do Vitoria de Guimarães que foi o brilhante 3º colocado. E na Taça de Portugal, apesar de ter chegado à final do Jamor, a equipa verde e branca acabou derrotada na partida decisiva pelo velho rival SL Benfica que assim conquistou o ceptro.
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(No Sporting CP em 1986/87)
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(Frente ao FC Porto em 1986/87 a jogar pelo Sporting CP).
(Plantel do Sporting CP na temporada de 1986/87)
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Individualmente, ao longo da época Silvinho foi perdendo a qualidade de titular indiscutível, pelo que apenas foi utilizado em 19 partidas oficiais, apontando apenas 1 golo no decorrer de toda a prova, num jogo realizado no Estádio José de Alvalade frente ao Marítimo SC, numa estrondosa vitoria dos leões por 6-1.
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(Disputando um lance com João Pinto do FC Porto em 1986/87)
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(Desta feita com Veloso do SL Benfica na época de 1986/87)
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(No Sporting CP na temporada de 1986/87)
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A segunda temporada de Silvinho com a camisola do Sporting CP começou logo com a conquista de um título nacional, o primeiro para o internacional brasileiro, no qual a sua marca ficou bem registada. Na verdade, na disputa da Supertaça Cândido de Oliveira, o Sporting CP venceria os 2 jogos frente ao SL Benfica, um por 0-3 em pleno Estádio da Luz e a 2ª mão por 1-0 no Estádio José de Alvalade, com Silvinho a apontar 3 dos 4 golos concretizados pela equipa sportinguista.
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(Equipa do Sporting CP na época de 1987/88)
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(Equipamento alternativo do Sporting CP na temporada de 1987/88)
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(Equipa do Sporting CP na temporada de 1987/88)
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Na época de 1987/88 a equipa do Sporting CP tinha um novo avançado, o brasileiro Paulinho Cascavel, e um jovem, também brasileiro, Marlon, que juntamente com Silvinho formavam uma frente de ataque de enorme respeito. Silvinho contribuiria em dose elevada para inúmeros golos concretizados por Paulinho Cascavel ao longo de toda a temporada. De resto, com 23 golos concretizados no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, Paulinho Cascavel viria a vencer novamente, desta feita com a camisola do Sporting e com o enorme contributo de Silvinho, o premio que consagrava o melhor artilheiro da prova - a Bola de Prata, troféu instituído pelo Jornal A Bola.
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De qualquer modo, esta segunda época em Alvalade foi para Silvinho, no cômputo geral, mais condizente com a sua real valia, tendo alinhado em 29 jogos oficiais e apontado 5 golos no decorrer de toda a prova. Marcou 2 golos ao Penafiel na goleada caseira do Sporting CP por 7-0, e marcou ainda um golo ao Marítimo (2-3), outro ao Rio Ave (1-2) e outro ao Salgueiros (2-4), em jogos disputados pelo Sporting CP na condição de visitante.
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(Em acção pelo Sporting CP)
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(Equipa do Sporting CP na época de 1987/88)
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(Juntamente com os companheiros de equipa no SPorting CP).
Todavia, no seu conjunto, o Sporting CP continuava longe de cumprir os objectivos a que se propunha e no final da prova classificava-se novamente na 4ª posição do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, agora atrás do CF Belenenses que foi o 3º colocado.
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Mais um insucesso colectivo de um Sporting CP que via fugir pela 6ª época consecutiva o título nacional motivou mais uma revolução no quadro de jogadores que compunham o elenco de jogadores da sua equipa principal. Jorge Gonçalves, presidente sportinguista, não teve pejo em dispensar o brasileiro Silvinho e inclui-lo no lote de jogadores que envolviam a transferência do central Miguel do Vitoria SC para o Sporting CP. Alias, Pimenta Machado, presidente da Direcção do Vitoria, fez finca pé na condição do nome de Silvinho ser incluído no negocio da transferência de Miguel.
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(Equipa do Sporting CP na temporada de 1987/88).
(Com a camisola do Sporting CP na temporada de 1987/88)
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(Equipa do SPorting CP que conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira)
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E é assim que chega a Guimarães o extremo internacional brasileiro Silvinho. Tratava-se efectivamente de um jogador que impendia bastante velocidade ao jogo, era um autêntico extremo esquerdo de raiz, daqueles que fazem da linha lateral do campo a sua principal companhia. Era dono de um pé esquerdo bastante habilidoso, cruzava com muito perigo para a área e tinha ainda uma veia goleadora assinalável. Era contudo, um jogador mais de contra ataque, pois necessitava de espaço para jogar, não se dando muito bem com defesas de marcação que fossem demasiadamente agressivos, pois evitava a todo o custo o choque.
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Ingressa no Vitoria Sport Clube na temporada de 1988/89, vindo do Sporting CP juntamente com Germano e Vítor Santos. É titular indiscutível do Vitoria, realizando 34 jogos oficiais no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, concretizando 3 golos ao longo de toda a competição. Marcou um dos golos dos vimaranenses à AD Fafe, na vitoria por 2-0, e um outro golo, na vitoria frente ao Beira Mar por 1-0. Mas aquele que mais significado teve para Silvinho foi o golo que apontou ao Sporting CP, seu ex clube, na vitória dos vitorianos por 1-0 em jogo disputado no Estádio Municipal de Guimarães.
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(No Vitoria SC no inicio da temporada de 1988/89)
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(Plantel do Vitoria de Guimarães na época de 1988/89)
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1988/89, o Vitoria Sport Clube efectuou uma prova pautada pela mediania não indo alem da 9ª colocação na tabela final. Todavia, ficaria esta época marcada pela conquista da Supertaça Cândido de Oliveira pelos vimaranenses, que seria a segunda a ser inscrita no palmarés individual de Silvinho.
Seria também nesta temporada que Silvinho realizaria o seu único jogo de carácter oficial nas provas internacionais de clubes com a camisola do Vitoria Sport Clube. No entanto, a sua utilização foi escassa, resumindo-se apenas a 2 minutos em campo, frente ao Roda, no Estádio Gemeentelijk Sportpark, no jogo da 1ª mão, da 1ª eliminatória da Taça das Taças, quando entrou em campo para substituir Vítor Santos.
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Na Taça de Portugal, caiu cedo o Vitoria, logo nos 16avos de final, onde foi derrotado pelo Vasco da Gama de Sines por 2-1, clube que na época militava na 3ª Divisão Nacional.
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(Em pleno Estádio das Antas exibindo com os companheiros o troféu da Supertaça Cândido de Oliveira conquistada com a camisola do Vitoria Sport Clube).
(Na equipa do Vitoria de Guimarães na época de 1988/89).
(No Vitoria com a Supertaça Cândido de Oliveira).
(Plantel do Vitoria na época de 1987/88)
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(No Vitoria - Boavista FC na época de 1988/89)
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(Formação do Vitoria SC na época de 1988/89)
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(Em posição acrobática frente ao Vitória de Setubal de Jorge Cadete)
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(Equipa do Vitoria no Estádio das Antas na época de 1988/89)
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(Com Crisanto do Vitoria de Setubal na época de 1988/89)
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1988/89).
(Em 1988/89 pelo Vitoria no desafio frente ao Portimonense SC)
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A temporada de 1989/90 marca o regresso de Paulo Autuori a Guimarães, desta feita para ocupar o cargo de treinador principal da equipa do Vitoria. A equipa de Guimarães efectuou uma brilhante participação no Campeonato Nacional, no qual ficou classificado na 4ª posição, garantindo desta forma mais um apuramento para uma prova internacional de clubes. Já na Taça de Portugal aconteceu um amargo de boca inesquecível, pois o Vitoria seria eliminado da competição nas meias-finais frente ao Estrela da Amadora, formação que viria a vencer a competição.
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Fruto essencialmente do sistema táctico implantado por Paulo Autuori, que assentava em 3 defesas centrais e laterais bem ofensivos, bem como devido ao lote de jogadores que o Vitoria possuía na zona mais avançada do terreno, Silvinho acabou por fazer uma época mais apagada que a anterior, pois, normalmente era mais utilizado nas segundas partes dos jogos, ou em partidas que o Vitoria actuava mais inclinado para situações de contra ataque, tirando assim partido da sua característica velocidade
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Mesmo assim, foi dos jogadores mais utilizados, aparecendo em 25 partidas na máxima prova nacional apontando somente 3 golos. De todo o modo, esta utilização não evitou a sua saída de Guimarães, não chegando a acordo com o Vitoria para a renovação do seu vínculo contratual. Completava assim o ciclo de 2 temporadas ao serviço do Vitoria Sport Clube.
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(Na capa da Revista Foot)
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(Plantel do Vitória na época de 1989/90)
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(Frente ao Sporting CP, seu anterior clube em Portugal, pelo Vitoria de Guimarães na época de 1989/90) .
De Guimarães rumou à cidade de Santo Tirso para integrar o plantel do FC Tirsense comandado pelo Prof. Neca. A aposta forte realizada pelo FC Tirsense na contratação de Silvinho viria a ser recompensada pelas exibições que o mesmo protagonizou ao longo da época de 1990/91, onde foi uma autêntica estrela da companhia. Silvinho jogou em 34 partidas no Campeonato Nacional e foi o autor de 7 golos da equipa de Santo Tirso.
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Contudo, as suas prestações não foram suficientes para evitar a descida de divisão do FC Tirsense. Classificado em 16º lugar, num Campeonato Nacional da 1ª Divisão disputado por 20 clubes, originou a descida à II Divisão de Honra do futebol português.
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(No FC Tirsense na época de 1990/91).
(Com a camisola do FC Tirsense em 1990/91)
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A aposta forte do FC Tirsense manteve-se para a temporada de 1991/92 e o objectivo único era o regresso à I Liga Nacional. A muito custo, o objectivo foi atingido, ocupando o FC Tirsense a 3ª e ultima vaga de acesso à divisão maior do futebol português. No Campeonato Nacional da 2ª Divisão de Honra, Silvinho alinhou em 33 jogos oficiais disputados pelo FC Tirsense comandado por Rodolfo Reis, e apontou 7 golos no decorrer da prova. A equipa do FC Tirsense inclui nesta altura o jogador Nascimento que havia sido companheiro de equipa de Silvinho no Vitoria de Guimarães, alem de Vítor Pontes que também tinha sido guarda-redes suplente nos vimaranenses na década de 80 e que muito recentemente foi seu treinador principal.
Silvinho era por esta altura o jogador mais importante no plantel do FC Tirsense, e por esse facto tudo foi feito para que o mesmo continuasse a representar o clube nortenho. Entrava-se na 3ª temporada consecutiva ao serviço do FC Tirsense, que para Silvinho em termos individuais pautou-se pela mesma bitola qualitativa, mas que em termos colectivos voltou a ser um fracasso, pois a 16ª posição alcançada no classificação final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época 1992/93, não foi suficiente para garantir a manutenção.
O internacional brasileiro naquela altura já com 34 anos, ainda realizou 33 jogos ao longo da prova apontando ao todo 4 golos. Três desses quatro golos foram apontados em jogos disputados no Estádio Abel Alves de Figueiredo, casa do FC Tirsense, um deles ao SL Benfica (1-2), outro ao Marítimo SC, então treinado pelo seu anterior técnico Paulo Autuori (1-0), e outro ao SC Salgueiros, no empate a 1-1. O 4º golo da prova e último golo de Silvinho na 1ª Divisão do Futebol Português, foi marcado no Estádio das Antas, num jogo frente ao FC Porto, em que o FC Tirsense saiu derrotado por 3-1.
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(Plantel do FC Tirsense na temporada de 1992/93)
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Terminou assim a passagem de Silvinho pelos principais palcos do futebol nacional, mas não terminou ai a sua carreira. Seguiram-se mais 4 anos como futebolista profissional.
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Assim, na temporada de 1993/94 rumou ao arquipélago da Madeira, para representar o CD Nacional, treinador por João Baptista Pinheiro, que militava na 2ª Divisão de Honra. No CD Nacional foi o melhor jogador naquela temporada, destacando-se a autoria de 9 golos durante toda a prova e a participação em 29 jogos. O CD Nacional terminou classificado na 11ª posição na tabela final da competição.
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(Plantel do Nacional da Madeira na época de 1993/94)
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(Com a camisola do Nacional da Madeira na temporada de 1993/94)
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(Equipa do Nacional da Madeira na época de 1993/94. Nesta equipa destacam-se ainda os brasileiros Luis Carlos e Edmilson e português Marco Freitas)
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Na época seguinte voltaria ao norte do país, deste feita para actuar pelo clube da capital do móvel, que na campanha de 1994/95 procurava o regresso à 1ª liga do futebol português. O FC Paços de Ferreira com uma época conturbada, em que por lá passariam 3 técnicos (José Rachão, Raul Aguas e Caíca) ficou às portas da subida de divisão, terminando a prova posicionado no 4º posto. Silvinho não apontou qualquer golo mas actuaria em 30 jogos oficiais.
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(Plantel do Paços de Ferreira na época de 1994/95).
(Com a camisola do Paços de Ferreira)
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O treinador José Rachão, conhecedor das qualidades de Silvinho, apesar da idade que já dava sinais evidentes, indicou o internacional brasileiro para integrar o plantel principal do FC Maia que disputava a 2ª Divisão B Zona Norte. No FC Maia, e já com 37 anos de idade, Silvinho realizou 31 jogos ao longo do campeonato e ainda apontou 3 golos, terminando o clube maiato classificado no 1º terço da tabela classificativa (6º lugar).
Terminada a carreira em Portugal, Silvinho regressaria ao seu pais natal, onde viria ainda jogar a segunda fase do Campeonato Estadual Gaúcho pelo EC Novo Hamburgo. Seria uma passagem rápida e na qual seria colocado o ponto final na sua longa carreira de futebolista profissional.
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Após o final da sua carreira de futebolista, recordo-me de ainda ver Silvinho como motorista de um veículo de transporte de pão de uma empresa da cidade de Guimarães e ainda como garçon e musico, propriamente tocador de pandeireta, num famoso restaurante brasileiro na cidade do Porto, propriedade do brasileiro Edmilson, ex jogador do FC Porto, PSG e Sporting CP, que foi seu companheiro de equipa no CD Nacional da Madeira.
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(Silvinho com a pandeireta)
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(Festejando com vários amigos em Portugal. Com ele Elzo que jogou no SL Benfica)
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(Silvinho com o seu filho em Portugal na decada de 80)