O Futebol Clube Felgueiras foi fundado no ano de 1934 na nortenha cidade do nosso pais que deu o seu nome ao clube e foi extinto no ano de 2005 em virtude de uma insolúvel crise económica/financeira, mas também social, que impediu a revitalização da popular agremiação duriense.
O principal clube da cidade de Felgueiras encontrava-se filiado na Associação de Futebol do Porto, fazendo o seu percurso desportivo ao longo da sua história de vida essencialmente nas divisões do futebol distrital daquela região.
A partir sensivelmente da década de 80, o FC Felgueiras começou a participar com maior regularidade nos campeonatos nacionais de futebol. Na temporada 1982/83 conseguiu o seu primeiro grande feito com expressão nacional quando venceu a sua série na 3ª Divisão Nacional e consequentemente garantindo a presença na 2ª Divisão Nacional.
Na época de 1991/92 o FC Felgueiras sob o comando de Mário Reis foi o vencedor da Zona Norte da 2ª Divisão B, garantindo dessa forma o acesso à 2ª Divisão de Honra. De resto, foi na década de 90 que o clube felgueirense esteve no auge da sua história, pois escassos anos após ter conseguido chegar ao segundo patamar do futebol português, atingiu na época de 1995/96 um lugar na 1ª Divisão Nacional.
De certa forma surpreendentemente, a equipa então treinada por Jorge Jesus conquistou o 3º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de Honra da temporada de 1994/95, garantindo a última vaga que permitia o acesso à 1ª Divisão Nacional.
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(Plantel do FC Felgueiras na temporada de 1994/95).
Na sua participação no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1995/96, que de resto foi a única da sua história, o FC Felgueiras chegou a ser o clube sensação, realizando uma primeira volta notável, posicionando-se sempre nos lugares da frente da tabela classificativa. Todavia, a segunda volta da prova foi de tal forma desastrosa que acabou por ser relegado à 2ª Divisão de Honra, depois de desbaratar imensos pontos.
Os pontos brilhantemente amealhados no decorrer da primeira parte do Campeonato Nacional não foram suficientes para compensar a desgraçada campanha realizada pela equipa do FC Felgueiras no segundo turno não evitando a descida de divisão.
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(Plantel da equipa do FC Felgueiras na temporada de 1995/96)
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Jorge Jesus era o treinador principal da equipa do FC Felgueiras na sua única participação na 1ª Divisão Nacional. A equipa duriense era constituída por um misto de veterania, com vários jogadores com enorme experiência de 1ª Divisão, e um conjunto de jogadores jovens e a despontar para o futebol português.
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(Jorge Jesus o treinador do FC Felgueiras)
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Dos jogadores mais velhos destaca-se naturalmente o defesa Leal, internacional português, que foi jogador do Sporting CP e do CF Belenenses durante varias temporadas. Existia também um avançado de qualidade, Rosário, que primava pela rapidez, e se tornava decisivo em equipas que se destacavam pelo jogo de contra ataque. Todavia não foi muito feliz ao serviço do FC Felgueiras.
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(Leal)
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(Rosário)
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Pela juventude, o destaca vai inteirinho para Sérgio Conceição, extremo direito português que jogou vários anos na alta roda do futebol internacional. Estava naquela altura cedido por empréstimo pelo FC Porto, clube pelo qual veio a destacar-se e a sagrar campeão. Jogou ainda em Itália e na Bélgica, alem de contabilizar inúmeras internacionalizações por Portugal, quer nas equipas mais jovens, quer na principal selecção portuguesa.
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(Sérgio Conceição)
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Referencia ainda para Zé Carlos, guarda-redes internacional brasileiro que jogou no Vitoria de Guimarães antes de ingressar no FC Felgueiras na época de 1995/96, e ainda Costa, um médio defensivo que chegou a representar o Vitoria umas temporadas depois de ter jogado na formação felgueirense.
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(Zé Carlos)
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(Costa)
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Mas a principal estrela da companhia era o avançado Lewis, cidadão de Trinidad e Tobago, um jogador de enorme talento que durante a época de 1995/96 apontou 15 golos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sagrando-se como um dos melhores marcadores da prova.
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(Lewis)
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A título de curiosidade destaque ainda para a presença no plantel do FC Felgueiras da época de 1995/96 do avançado brasileiro Alessandro Bereta que chegou do Brasil a Portugal para representar o Vitoria de Guimarães, clube onde realizou uma excelente primeira época.
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(Alessando Bereta)
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O FC Felgueiras terminou a prova na 16ª posição, amealhando 33 pontos no decurso da competição, decorrentes de 8 vitórias obtidas, 9 empates e 17 derrotas consentidas. Para a estatística ficam os 29 golos apontados e os 47 sofridos.
Foi também na época de 1995/96 que o Vitoria de Guimarães defrontou pela primeira vez em jogos oficias da principal liga portuguesa o FC Felgueiras. As relações entre os dois clubes nortenhos, praticamente vizinhos, foram sempre muito próximas e de amizade. Eram frequentes a realização de jogos amigáveis ou de treinos entre as duas formações, bem como o intercâmbio de jogadores. O FC Felgueiras foi durante algum tempo uma espécie de clube satélite do Vitoria Sport Clube. Frequentemente eram cedidos jogadores pelo Vitoria ao FC Felgueiras para aí rodarem, ganharem maturidade e experiência. Fernando Meira, Lixa, Pedro Mendes são alguns exemplos de jogadores que saíam das camadas jovens do Vitoria para o FC Felgueiras.
Apesar das estreitas relações entre os clubes, o Vitoria não foi meigo com a equipa do FC Felgueiras no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1995/96. Foram 2 jogos correspondestes a duas vitorias dos vimaranenses.
À 8ª jornada o Vitoria, treinado por Vítor Oliveira, recebeu no Estádio D. Afonso Henriques o FC Felgueiras em jogo apitado pelo árbitro internacional António Costa. O Vitoria alinhou com Neno; José Carlos, Vítor Silva, Tanta e Quim Berto; Soeiro, Ndinga, Vítor Paneira e Zahovic; Gilmar e Capucho. Jogaram ainda no decorrer da 2ª parte os médios Marco Freitas e Emerson Almeida e o avançado Vorkapic.
Pelo FC Felgueiras, treinado por Jorge Jesus, alinhou com Zé Carlos; Acácio, José Joaquim, Rui Gregório e Leal; Bozinoski, Amaral, Costa e Sérgio Conceição; Baroni e Lewis. Na 2ª metade do jogo entraram Fenando Gomes, Earl e Rosário.
O Vitoria venceu aquele encontro por 2-0, com golos da autoria do defesa Tanta, à passagem do minuto 58, e por Capucho, ao minuto 88.
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(Equipa do FC Felgueiras na época de 1995/96)
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Na 2ª volta, já a equipa do FC Felgueiras estava em curva descendente enquanto o Vitoria, por outro lado, estava no auge da época, realizando excelentes exibições já com o treinador Jaime Pacheco ao leme.
Suportado por uma enorme falange de apoio o Vitoria deslocou-se ao Estádio Dr. Machado de Matos à 25ª jornada do Campeonato Nacional e aí venceu por um resultado categórico de 0-3. Para o Vitoria marcaram Ricardo Lopes ao 69 minutos, e Gilmar, aos 82 e 85 minutos. Curiosamente a equipa apresentada pelo FC Felgueiras foi exactamente a mesma que havia apresentado no jogo da 1ª volta. Já o Vitoria operou algumas alterações. Jogou assim com: Nuno; José Carlos, Arley, Marco Freitas e Quim Berto; Soeiro, Emerson Almeida e Vítor Paneira; Capucho, Edinho e Ricardo Lopes. Na 2ª parte jogaram Gilmar, Armando e Ndinga.
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(FC Felgueiras na temporada de 1995/96, nesta formação destaque-se a presença do guarda-redes Lopes que representou durante largos anos o Vitoria de Guimarães).
Após a descida de divisão e o regresso à 2ª Divisão de Honra o FC Felgueiras tentou nos primeiros anos o retorno à 1ª Divisão Nacional. Formou boas equipas comandadas por bons treinadores mas falhou invariavelmente o objectivo da subida de divisão.
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(Plantel do FC Felgueiras na época de 1996/97 treinado por Augusto Inácio).
A partir de determinada altura o clube começou a passar por preocupantes dificuldades financeiras, correndo sérios riscos de descer de divisão. Algo que de resto veio a verificar-se em 2005/06, quando a equipa do FC Felgueiras foi impedida pela LPFP de participar no Campeonato da 2ª Divisão de Honra por causa de salários em atraso a ex atletas, bem como um ror de dividas fiscais e a Segurança Social.
Foi no mesmo ano impedido pela FPF de participar na 2ª Divisão B escancarando assim as portas do clube para a sua extinção. Alem das enormes dificuldades financeiras que o clube atravessava, a situação agudizou-se com um processo crime instaurada à Presidente da Câmara Municipal de Felgueiras, onde constava factos e relatos de ligações perversas entre a autarquia e o clube.
No verão de 2005, fruto de todas estas dificuldades e da incapacidade para encontrar uma solução, os associados do FC Felgueiras deliberaram extinguir o clube. De então para cá a cidade de Felgueiras perdeu o futebol. Pelo menos o futebol em patamares nacionais, pois que, a nível regional, foram em 2006 criados 2 clubes na cidade em substituição do FC Felgueiras, mas infelizmente, mais com conotações politicas que desportivas.