Glórias do Passado: Costa

 

Costa


Nasceu na invicta cidade do Porto no dia 21 de Outubro de 1953 o extremo esquerdo português Costa, conceituado futebolista da nossa praça entre meados da década de 70 e meados da década de 80 onde percorreu uma longa carreira de jogador de futebol na 1ª Divisão Nacional. Costa destacou-se essencialmente na Académica de Coimbra, na altura denominado de Académico, e no FC Porto, tornando-se mesmo por mais de uma vintena de vezes internacional pela principal selecção de Portugal. Jogou ainda pelo Marítimo, e durante uma época em Guimarães no Vitoria Sport Clube.

José Alberto Costa - o seu nome completo - tem como sua primeira inscrição oficial a época de 1969/70 pelo Vila Real, aparecendo mais tarde na época de 1975/76 na Académica de Coimbra, clube onde se destacou e despertou o interesse dos maiores clubes em Portugal.
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(Costa na Académica de Coimbra em 1975/76)
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Costa era um avançado de baixa estatura que actuava preferencialmente pelo lado esquerdo do ataque. Apesar de actuar na linha mais avançada, não era muito goleador, pois são poucos os golos que contabilizou ao longo da sua carreira, mas por outro lado era perito nas assistências. Tinha um pé esquerdo de inegável qualidade técnica e em velocidade empreendia sempre muito perigo às defesas contrárias.

É ao serviço da Académica de Coimbra que definitivamente se afirma no futebol português, sobretudo na época de 1977/78 onde as suas exibições levam a representar a Selecção Nacional e despertar o interesse de Pinto da Costa, naquela época o Chefe do Departamento de Futebol profissional do FC Porto.
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(Costa com o equipamento negro da Academica)
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(Costa na temporada de 1976/77 num jogo entre o Academico e o CF Belenenses)
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Assina contrato com o FC Porto na temporada de 1978/79 e sob as ordens do Mestre José Maria Pedroto, conquista logo na primeira época de azul e branco o título de Campeão Nacional da 1ª Divisão. José Maria Pedroto não teve pejo em lhe entregar a titularidade na formação portista que revalidava assim o título nacional. Costa apontou 3 golos ao longo de toda a temporada alinhando em 24 partidas oficiais no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
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(Costa de azul e branco)
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(Equipa do FC Porto Campeão Nacional da época de 1978/79)
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(Costa como o simbolo do clube do dragão)
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Costa permaneceu ao serviço dos azuis e brancos durante 7 temporadas consecutivas onde conquistou alem do Campeonato Nacional de 1978/79, o título de Campeão Nacional na época de 1984/85, a sua ultima temporada ao serviço do FC Porto, já com Artur Jorge como treinador. Venceu ainda a Taça de Portugal da temporada de 1983/84 numa final disputada no Estádio do Jamor entre o FC Porto e o Rio Ave FC.

Supertaças Cândido de Oliveira conquistou por 3 vezes ocasiões. A primeira na época de 1980/81 com treinador austríaco Herman Stessl, outra em 1982/83, com o seu mestre José Maria Pedroto, e por fim, na época de 1983/84, já com o técnico Artur Jorge.
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(Uma caricatura de Costa)
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(Costa com a camisola do FC Porto em 1979/80)
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(Equipa do FC Porto em 1979/80)
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Ao nível internacional destaca-se logicamente a presença na final da edição de 1983/84 da Taça das Taças frente aos italianos da Juventus. Em jogo disputado no 16 de Maio de 1984, no Estádio St. Jakob, em Basileia na Suiça e arbitrado pelo juiz Adolf Prokop da antiga RDA, o FC Porto foi injustamente derrotado pela Juventus por 1-2 naquela que seria a primeira final europeia da equipa portista.

O FC Porto era já treinado por António Morais que deixou no banco de suplentes o extremo Costa, que entrou apenas aos 82 minutos de jogo para o lugar do defesa Eduardo Luís.
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(Nova caricatura de Costa com o listado azul e branco)
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(Costa capa da Revista Idolos em 1979)
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(Estilo inconfundível de Costa)
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(Um vasto plantel do FC Porto treinador po J. M. Pedroto)
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O nome de Costa fica ainda ligado ao verão quente de 1980 quando 14 jogadores do FC Porto, onde Costa estava incluído, juntamente com Oliveira, Octávio, Sousa, Frasco, Gomes, entre outros, fizeram uma autêntica rebelião não comparecendo aos trabalhos no arranque da temporada de 1980/81.

O Presidente do FC Porto Américo Sá deixava o nome de Pinto da Costa fora das listas concorrentes aos órgãos sociais. Em forma de protesto e demonstrando estar ao lado do actual presidente portista, esses 14 jogadores não compareceram aos trabalhos de preparação para a nova época sob os comandos de Herman Stessl. Esses 14 jogadores trabalhavam no Pinhal de Santa Cruz do Bispo às ordens de Hernâni Gonçalves, preparador físico de José Maria Pedroto, enquanto que os jogadores do FC Porto, os apelidados de alinhados, prosseguiam a sua preparação em Leiria.
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(O peculiar bigode de Costa tão tradicional na época)
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(Equipa do FC Porto nos inicios da decada de 80 com Costa na habitual posição)
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(Costa com o equipamento do FC Porto na época de 1980/81)
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(Costa)
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(Equipa do FC Porto na época de 1981/82)
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(Costa na época de 1981/82)
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A verdade é que depois de tantos anos Costa era mesmo um daqueles jogadores que pertencia ao núcleo duro do plantel portista. Enquanto foi perdendo preponderância dentro do terreno de jogo, foi ganhando força enquanto um dos líderes do grupo.

A verdade é que Costa foi perdendo futebolisticamente o seu lugar para Vermelhinho, com quem disputou varias vezes a titularidade, e mais tarde de forma definitiva para o jovem Paulo Futre. De resto, na sua última temporada nas Antas, Costa apenas foi utilizado em 5 encontros oficiais do Nacional da 1ª Divisão de 1984/85.
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(Plantel do FC Porto na temporada de 1982/83)
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(Costa na época de 1982/83)
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(Costa)
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(Equipa do FC Porto em 1982/83)
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(Costa)
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(Costa com equipamento completo do FC Porto)
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(Costa)
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(Costa no FC Porto na temporada de 1983/84)
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(Costa no Estádio das Antas em 1984/85)
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Na temporada de 1985/86 o Vitoria de Guimarães contratava para treinador principal o português António Morais, fiel adjunto de José Maria Pedroto. No início dessa época rumaram de Guimarães para as Antas o defesa Laureta, o médio Paquito e o ponta de lança brasileiro Paulo Ricardo. No caminho inverso veio Cerqueira e Bobo, a título de empréstimo, e o extremo esquerdo Costa e o avançado Paulinho Cascavel a título definitivo.
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(Costa no dia da apresentação em Guimarães com os restantes reforços da época de 1985/86)
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(Costa juntamente com o restante plantel do Vitoria na preparação da época de 1985/86 na montanha da Penha em Guimarães)
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António Morais conhecia perfeitamente as qualidades de Costa e sabia que da sua experiência poderia tirar fartos dividendos para a equipa do Vitoria. E assim foi.

Em Guimarães o nome de Costa não muito bem recebido por parte da massa associativa, que criticava fortemente o Presidente Pimenta Machado pela sua contratação, pois entendiam que o mesmo já estava a ficar velho. Refugiavam-se na pouca utilização que trazia nos últimos anos no FC Porto.
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(Equipa do Vitoria na época de 1985/86)
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(Costa aqui com o numero 11, o seu preferido, num jogo no Estádio Municipal de Guimarães entre o Vitoria e o Portimonense)
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Todavia, Costa fez por calar todas as criticas e em Guimarães, ao serviço do Vitoria, realizou uma excelente temporada. Contribuiu de forma decisiva para a espectacular época do Vitoria que terminou classificado na 4ª posição da geral alcançando dessa forma o direito a participar nas competições europeias na temporada seguinte.
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(Equipa do Vitoria na temporada de 1985/86 com a mascote de Afonso Henriques)
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(Equipa do Vitoria na época de 1985/86)
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Costa formou com Cascavel e Roldão uma tripla de ataque de enorme respeito. Alias, com Cascavel estabeleceu uma relação que foi muito profícua para o brasileiro que se serviu imensas vezes das assistências de Costa para facturar. Ao longo do campeonato Paulinho Cascavel apontou 25 golos, dos quais muitos tiveram o contributo de Costa.
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Ao serviço do Vitoria no Campeonato Nacional da 1º Divisão da época de 1985/86, Costa participou em 29 jogos, sendo o 3º jogador mais tempo utilizado por António Morais, e apontou somente um golo demonstrando a sua veia de pouco goleador.

Não foi porem um golo qualquer. Foi um golo fulcral na caminhada trilhada pela equipa vimaranense rumo ao objectivo europeu. Aconteceu à passagem da 25ª Jornada do Nacional quando o Vitoria recebeu e venceu o CF Belenenses por 1-0 no Estádio Municipal de Guimarães debaixo de arbitragem de Isidro Santos da A.F. Porto. Costa apontou o golo do Vitoria no minuto 62. Recorde-se a equipa do Vitoria que alinhou nesse jogo frente ao CF Belenenses: Jesus; Costeado, Valério, Miguel, Tozé e Gregório Freixo (depois Adão aos 65 minutos); Nascimento, Bobo; Roldão, Cascavel e Costa.
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(Equipa do Vitoria na época de 1985/86 no Estádio da Luz)
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Permaneceu apenas uma temporada em Guimarães, porque na seguinte rumou ao arquipélago da Madeira para representar o Marítimo do Funchal juntamente com vários jogadores do Vitória. Faz a sua última época na 1ª Divisão na temporada de 1986/87 ao serviço dos madeirenses que garantiram a permanência a muito custo depois de sucessivas alterações no comando técnico dos verde rubros.
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(Plantel do Maritimo na época de 1986/87)
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(Costa com a camisola do Maritimo na temporada de 1986/87)
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(Equipa do Maritimo de 1986/87 com Costa, e ainda os ex jogadores do Vitoria Gregório Freixo, Eldon, Bobo e Valério)
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(Costa em 1986/87 com a camisola do Maritimo)
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Pela Selecção Nacional de Portugal, Costa contabilizou 24 internacionalizações A. Fez a sua estreia na Selecção, ainda como jogador da Académica de Coimbra, no dia 8 de Março de 1978, no amigável disputado por Portugal no Parque dos Príncipes em Paris frente à selecção francesa. A França venceu o encontro por 2-0. Costa foi titular, sendo mais tarde substituído por Óscar, na equipa então comandada por Júlio Cernadas Pereira, mais conhecido por Juca.

Ao serviço da Selecção Nacional apontou apenas 1 golo. Ocorreu logo na 2ª internacionalização, também num amigável disputado no Estádio do Bonfim em Setúbal, no dia 20 de Setembro de 1978, frente à Selecção dos E.U.A. Era já naquela altura jogador do FC Porto. Portugal treinado por Mário Wilson, venceu o encontro por 1-0, com o golo a ser apontado por Costa, que no decorrer da segunda metade foi substituído por Chalana.

A última internacionalização ocorreu no dia 28 de Outubro de 1983 no jogo de apuramento para o Euro 84, em Wroclaw contra a Polónia. Vitoria de Portugal por 1-0. Costa foi titular e mais tarde substituído por Lito.

Costa nunca participou em nenhuma grande competição internacional de Selecções, jogando todavia os apuramentos para os europeus de 1980 e 1984, e para o Mundial de 1982 disputado em Espanha.
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(Selecção de Portugal em 1978/79)
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(Portugal com Costa)
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Abraçou depois a carreira de treinador de futebol. Primeiro integrou os quadros da Federação Portuguesa de Futebol, coadjuvando Juca na Selecção Nacional e mais tarde integrando os escalões de formação com Carlos Queirós.
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(Costa em 1988 no banco de suplentes de Portugal como adjunto de Juca)
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(Costa já como treinador na formação de Portugal)
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É com Carlos Queirós que chega como treinador adjunto ao Sporting CP. Tem passagens ainda como adjunto do professor Carlos Queirós pelo Nagoya Grampus do Japão e pela Selecção do Emiratos Árabes Unidos.
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(Plantel do Sporting CP em 1994/95 com Costa como adjunto de Carlos Queirós)
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(Costa no banco de suplentes do Sporting CP como adjunto do Prof. Carlos Queirós)
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(Plantel do Sporting CP em 1995/96)
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Segue a carreira como treinador principal no FC Famalicão durante duas temporadas onde repete o 2º lugar na Zona Norte da 2ª Divisão Nacional B. Esteve ainda no Vizela FC sem sucesso.

Chega finalmente à 1ª Divisão Nacional para treinar o Varzim SC em Dezembro de 2001. José Alberto Costa evita a despromoção dos poveiros na época de 2001/02 fruto de uma excelente recuperação da equipa sob as suas ordens. Na época seguinte, depois de um sensacional arranque no Campeonato Nacional a equipa poveira começou a baquear, baixando de rendimento. Sofreu uma goleada histórica nas Antas para a Taça de Portugal frente ao FC Porto por 7-0 e José Alberto Costa acabou demitido.

Teve ainda uma experiência de pouco sucesso à frente do Desportivo de Chaves na época de 2003/04.
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(Costa no Desportivo de Chaves)
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(Plantel do Desportivo de Chaves na época de 2003/04)
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(Costa actualmente)
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Autor: Alberto de Castro Abreu

O Costa foi em grande parte o jogador fulcral do Porto campeão em 1979. O meio-campo havia perdido o Ademir para o Celta de Vigo e o Octávio para o "estaleiro", mas o Costa conseguiu fazer esquecer estas ausências e garantir a velocidade, a classe e a agressividade necessárias para vencer as "batalhas do meio-campo" do futebol português nos anos 70; acabou por ser ainda mais decisivo nesse aspecto do que o Frasco. "Jogo duro, mas é a minha forma de jogar", disse ele muitas vezes.

Só uma observação: o Costa estreou-se na Académica na época de 1971/72, durante a qual se afirmou como a revelação da equipa e um dos poucos pontos positivos de uma temporada que de resto foi horrível para a Académica.
 
A ultima vez que ouvi falar nele, tinha sido contratado para trabalhar nos EUA, na USA Seventeen Soccer Academy, não sei ainda por lá anda.
 
Boas, em janeiro de 2012:
Costa, treinador do Sanat Naft Abadan, da 1.a divisão do Irão.
 
Costa, treinador do Sanat Naft Abadan, da 1.a divisão do Irão, em janeiro de 2012.
 
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