Glórias do Passado: Marinho Peres

 

Marinho Peres


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Mário Peres Ulibarri, nasceu a 19 de Março de 1947, na cidade de Sorocaba, Estado de S. Paulo – Brasil, e é mais conhecido no mundo do futebol como Marinho Peres. Marinho Peres fez uma enorme carreira quer enquanto jogador, quer como treinador de futebol e foi nessa qualidade que passou por Guimarães. Esteve pela primeira vez em Guimarães na época 1986/87, como técnico principal do Vitoria, período que ficara para sempre marcada na história do Clube. Foi ele o técnico que comandou os destinos de Cascavel, Ademir, Roldão, Jesus e companhia.

Mas a carreira de Marinho Peres começa muito antes da temporada 86/87. E bem antes de ser treinador de futebol, Marinho percorreu um longo percurso enquanto jogador, passando por clubes históricos no Brasil, em Espanha, concretamente no FC Barcelona, ou na selecção canarinha.

Marinho era defesa central, ou como os brasileiros gostam de chamar, era um zagueiro com belo porte atlético, muito duro e raçudo, que implementava em cada lance todo o empenho e arreganho. Contrariando a vontade de seu pai que pretendia que cursasse Medicina, Marinho optou pela bola. Começou em 1967 defendendo as cores do São Bento (SP). Em 1968 já tinha despertado o interesse de Portuguesa dos Desportos onde esteve ate ao ano de 1971.
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(Equipa da Portuguesa dos Desportos em 1969. Marinho Peres é o 3º jogador em cima a contar da direita)
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(Marinho Peres em acção com a camisola da Portuguesa dos Desportos)
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(Marinho Peres na equipa da Portuguesa do Desportos em 1974. É o 1º em cima a contar do lado esquerdo)
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Em 1972 deu o salto para um dos maiores clubes brasileiros nos dias de hoje e ainda mais para aquela época. Assinou contrato com o Santos FC de Pele com quem jogou lado a lado. No Santos conquistou o seu primeiro título, sagrando-se campeão estadual no Paulistão de 1973.
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(Equipa do Santos de 1973, com Marinho Peres, o 1º em cima a contar da direita)
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(Marinho Peres no Santos de Pelé, em 1973, com um equipamento listado a branco e preto. Marinho é o 3º em cima a contar da direita)
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(Marinho Peres com a camisola Santista)
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(Santos FC de Marinho Peres e do Rei Pelé. Marinho é o 2º em cima logo a seguir ao Guarda Redes)
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Depois de disputar o Campeonato do Mundo de 1974 na Alemanha, pela selecção brasileira, Marinho deixa o Santos e ruma ao famosíssimo FC Barcelona de Joan Cruyff. Curiosamente no clube catalão, vai encontrar não apenas Cruyff, mas também o avançado holandês Neeskens, a quem Marinho Peres havia agredido na meia finais do Campeonato do Mundo de 1974 na Alemanha.

Enquanto foi jogador do FC Barcelona, Marinho Peres foi comandado pelo técnico que segundo o próprio considera como o “Papa dos treinadores”, precisamente, o holandês Rinus Michels, de quem Marinho retirou muitíssimos ensinamentos que ao longo da sua carreira vem colocando em pratica nas equipas que treina. Alias, o técnico brasileiro considera o holandês Rinus Michels como o seu melhor treinador de sempre.

Em Barcelona, Marinho permanece durante 2 temporadas, e não foi muito feliz. Se na primeira temporada foi titular e um dos esteios da equipa azul grana, já na segunda época as coisas não lhe correram de feição. Em muito contribuiu a entrada para técnico do FC Barcelona do treinador alemão Weiseweller, que implantou um sistema de jogo diferente daquele que Marinho estava habituado e que a muito custo conseguiu adaptar. O alemão impôs um sistema defensivo de marcação homem a homem, o que, para Marinho Peres, na época, constituía uma verdadeira novidade.

Insólita situação passou Marinho Peres na Catalunha, pois aquando da sua transferência para Barcelona, decidiu este adquirir a nacionalidade espanhola. Jogando no Barcelona e com nacionalidade espanhola Marinho Peres foi convocado para durante ano e meio cumprir serviço militar servindo a Marinha. A única solução que lhe restou foi abandonar Espanha.
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(Marinho Peres confraternizando com os seus antigos colegas de equipa no FC Barcelona, nos quais se destaca o holandês Joan Cruiyff)
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(Marinho Peres no banco de suplentes)
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De Espanha regressou ao futebol brasileiro para a equipa do Internacional de Porto Alegre, onde jogou em 1976 e 1977, sagrando-se campeão brasileiro ao serviço do colorado logo na primeira época. Alem do Brasileirão conquistou ainda o campeonato Estadual Gaucho.
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(Marinho Peres com a camisola do Colorado Gaucho)
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(Marinho Peres, novamente com a camisola do Interncional de Porto Alegre, em pleno Estadio Beira Rio)
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Em 1977 regressou a S. Paulo para jogar no Palmeiras, onde jogou ate 1980 e acabou a carreira de jogador no América FC do Rio de Janeiro, jogando o campeonato carioca e o Brasileirão. Foi exactamente no América FC que Marinho Peres iniciou a carreira de treinador de futebol, numa primeira instância no papel de jogador/treinador.
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(Marinho Peres cumprimentando o seu tecnico no Palmeiras, o brasileiro Jorge Vieira que curiosamente foi treinador do Vitoria Sport Clube nos finais da decada de 60 início da decada de 70)
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(Marinho Peres em acção com a camisola do América FC, num jogo frente ao S. Paulo)
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Marinho, enquanto jogador foi notável e pela sua qualidade chegou a jogar na selecção brasileira a qual capitaneou durante a campanha de 1974 no mundial da Alemanha. Foi internacional canarinho por 15 ocasiões, apontando 1 golo. Nesse Mundial de 1974 o Brasil foi eliminado nas meias finais pela Holanda, famosa laranja mecânica de Cruiff e companhia, e na atribuição do 3º e 4º lugar, acabaria por perder para a Polónia o 3º posto na classificação no final do torneio.
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(Marinho Peres, capitão na Selecção do Brasil no Mundial de 1974)
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(Marinho Peres com a camisola canarinha do Brasil)
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(Selecção do Brasil em 1968, ano de estreia de Marinho Peres na canarinha. Marinho Peres é o 3º em cima a contar do lado direito)
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(Marinho Peres novamente com a camisola da Selecção do Brasil)
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(Marinho Peres em pleno treino da Selecção do Brasil na preparação para o Mundial de 1974)
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(Marinho novamente em acção no treino da Selecção canarinha)
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(Selecção do Brasil no Mundial de 1974 na Alemanha, comandada por Marinho Peres que é o 3º em cima a contar da esquerda, logo a seguir ao Guarda Redes)
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Como técnico Marinho Peres iniciou a sua carreira, como acima se disse, no América FC, liderando os destinos do clube carioca entre 81 e 82. Em 1982 seguiu para a Arábia Saudita, integrando a comissão técnica liderada por Telê Santana no Al Ahli Jedda.
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(Marinho Peres cumprimentado um dos seus professores, o brasileiro Telê Santana)
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Depois de 3 anos como técnico-adjunto de Telê Santana para a área da formação, seguiu-se um ano como técnico do TAW onde Marinho Peres abraça novamente a carreira como técnico principal rumando em Junho de 1986 a Portugal para treinar o nosso Vitoria. Chega a Guimarães na temporada 1986/87, recebendo em mãos um lote de jogadores de imensa qualidade apetrechados nesse ano com 3 zairenses (N´Dinga, Basaula e N´Kama) e a tripla brasileira indicada pelo próprio Marinho Peres: Ademir, Nené e Heitor.

Marinho Peres, que confessou ser inesperado o convite para treinar o Vitoria, traz consigo como adjunto o também brasileiro Paulo Autuori, com quem já tinha trabalhado no América FC e no São Bento de Sorocaba, e compondo a restante equipa técnica com José Alberto Torres e o Prof. Pina de Morais. Nesse ano, o Vitoria dá nas vistas, não só pelo talento dos executantes que compõe o seu plantel, mas também pela excelente qualidade do futebol que apresenta enquanto conjunto onde obviamente Marinho Peres impõe a sua marca.
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(Plantel do Vitoria de Guimarães na temporada de 1986/87:
Em cima: Nené, Roldão, Paulo Viana, N´Kama, Rui Vieira, Adão, Castro, Miguel, Jorge e Nascimento.
Ao centro: Fernando (massagista), Paulinho Cascavel, Carvalho, Kanu, Vítor Pontes, Lopes, Jesus, Peres, Dinis, Palecas, Artur, António Mendes (Vice-Presidente) e Salgado (massagista)
Em Baixo: Basílio, N´Dinga, Costeado, Paulo Autuori, Torres, Marinho Peres, Prof. Pina Morais, Ademir, Basaúla, Tozé e Paulo Jorge)

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(Marinho Peres em 1987 junto ao Castelo de Guimarães)
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(Marinho Peres na temporada de 1986/87 durante um treino do Vitória)
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(Marinho Peres, em 1987 junto ao Castelo de Guimarães)
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O sistema implantado por Marinho Peres assentava no essencial nas ideias básicas de Rinus Michels, seu técnico nos tempos do FC Barcelona. Dessa forma, caracterizou defensivamente a equipa vitoriana, fazendo uso de uma marcação rigorosa dos adversários, em pressing constante, e utilizando o mecanismo do fora de jogo como forma de diminuir os espaços de manobra ao adversário. Ofensivamente, a criatividade, consistência e segurança na circulação de bola e desequilíbrios provocados eram fatais para os adversários.

Jesus era o guarda da redes da equipa, que apesar da sua baixa estatura, tinha um excelente posicionamento entre os postes, eram elástico e rápido. A defesa, tinha Costeado na direita, veloz e com profundidade, no meio Miguel como pêndulo e Nené, e na esquerda, Basílio mais recatado e defensivo, ou Carvalho, que também ocupava zonas na linha media. Alias, juntamente com Nascimento no miolo, simplesmente não deixavam o adversário jogar.

Do meio campo para a frente, tinha Ndinga, Adão e Ademir, o patrão, que conservavam a bola como ninguém, garantindo a circulação necessária. Roldão que era veloz, aguerrido e pontapé forte. Na frente, Paulinho Cascavel, uma verdadeira maquina de fazer golos.

O Vitoria nessa temporada conquista o 3º lugar no campeonato nacional, atinge os quartos de final da Taça UEFA, faz exibições de luxo, em Portugal e no estrangeiro, e deixa na memória de todos os vitorianos momentos épicos. Marinho será sempre recordado pela brilhante época de 1986/87, como o timoneiro de uma equipa prestigiou o Vitoria e a cidade de Guimarães e que encheu de orgulho todos os vitorianos.

No final da época 86/87 Marinho Peres não continua em Guimarães e ruma ao Restelo para treinar o Belenenses onde repete o 3º lugar no campeonato nacional e na época seguinte, em 1988/89, conquista uma Taça de Portugal para o clube azul.
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(Marinho Peres exibindo a Taça de Portugal conquistada ao serviço do CF Belenenses)
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(Marinho Peres)
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(Caricatura de Marinho Peres com o troféu da Taça de Portugal)
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Abandonando o Belenenses em 1989 Marinho Peres retorna ao Brasil treinando o Santos no Brasileirão de 1989 e depois o Guarani no primeiro semestre de 1990. Em Junho de 1990 recebe o convite para treinar o Sporting CP, onde conquista novamente um 3º lugar no campeonato nacional português, e atinge a meia-final da Taça UEFA. É o treinador responsável por Luís Figo na equipa principal do Sporting. Na segunda época em Alvalade é demitido à 25ª jornada sendo substituído por António Dominguez.
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(Marinho Peres no Sporting CP)
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(Marinho Peres no Estádio José de Alvalade quando era treinador do Sporting CP)
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(Marinho Peres nos tempos do Sporting CP)
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(Marinho Peres ainda no Sporting CP)
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(Marinho Peres durante um treino do Sporting CP)
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(Noavmente Marinho Peres num treino do Sporting CP)
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(Plantel do Sporting CP de 1991/92, com Marinho Peres a treinador principal)
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(Marinho Peres sentando no banco de suplentes de Alvalade)
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A época 1992/93 marca o retorno de Marinho Peres. É o regresso a Guimarães do um verdadeiro “D. Sebastião” para os adeptos vitorianos. Sucede que as coisas não lhe correm de feição e apesar de ultrapassar a R. Sociedad para a Taça UEFA os resultados no campeonato nacional não são animadores. Acabou por sucumbir ao mau campeonato que o Vitoria vinha realizando após uma derrota em casa frente ao Gil Vicente por 1-2. Foi substituído pelo seu adjunto Bernardino Pedroto. Um momento que marcou o período de Marinho Peres no Vitoria foi uma agressão que foi alvo no Estádio do Bessa, quando sentando no banco de suplentes foi perfurado por um guarda-chuva de um adepto boavisteiro. Foi um jogo sobre um verdadeiro temporal em que o Vitoria venceu por 1-3.
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(Marinho Peres de novo no comando do Vitoria Sport Clube)
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(Plantel do Vitória na temporada de 1992/93, treinado pelo brasileiro Marinho Peres)
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(Marinho Peres feliz no dia do regresso a Guimarães)
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Deixando o Vitoria, regressou de novo ao Brasil onde treinou Guarani, União S. João e o Botafogo, onde conquista a Taça Guanabara, retornando a Portugal em 1996 para treinar o Marítimo. Resistiu apenas 10 jornadas no comando da equipa insular e foi demitido.
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(Marinho Peres no banco de suplentes comandando a equipa do Maritimo)
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(Marinho Peres no Maritimo)
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Marinho Peres tem depois a sua primeira experiência no comando de selecções nacionais. Em Outubro de 1998 é convidado para treinar a Selecção de El Salvador. Mas em meados de 99 acabou por abandonar o cargo da selecção salvadorenha sob ameaças de morte, pois havia denunciado, juntamente com os seus jogadores, um esquema de corrupção que envolvia dirigentes da federação.
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(Marinho Peres na Selecção de El Salvador)
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Depois de treinar a Portuguesa Santista, Marinho volta a outro clube que marcou a sua história em Portugal, e em 2000 assume o cargo de treinador do Belenenses novamente, mantendo-se até Março de 2003. A partir daí treinou ainda o Juventude de Caxias em 2003 e o Paysandu em 2006.
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(Marinho Peres comandando um treino no CF Belenenses)
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(Marinho Peres em 2001 no Estadio do Restelo)
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(Marinho Peres a dar instruções para dentro do relvado no CF Belenenses)
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( Marinho Peres em 2006)
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(Marinho Peres em S. Paulo)
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Adenda: Ouçam a entrevista concedida por Marinho Peres ao site VitoriaSempre http://www.vitoriasempre.net/noticias.php?id=1292
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Adenda 2: Azul51 fez uma incursão ao passado, reclamando a presença de uma imagem de Marinho Peres no FC Barcelona. No ensejo vai mais uma da época de 1986/87 de Marinho Peres com a camisola do Vitoria. Pois seja feita a sua vontade. Isto não são discos pedidos, mas parece.
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(Marinho com a camisola do FC Barcelona)

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(Marinho Peres com a camisola do Vitoria em 1986/87)


Autor: Alberto de Castro Abreu

Fantástico blog! Alberto Abreu lembras-te de quando o Benfica de Castelo Branco foi clube-satélite do Vitória? Quando jogou aqui o Quim Berto e muito mais malta? Actualmente o nosso treinador é o Jesus e desde que ele pegou no BC Branco tem sido a subir... Se tudo correr bem o Jesus leva-nos pra 2a! Abraço!
 
Cantona, benvindo ao blog Glórias do Passado. Lembro-me perfeitamente desse tempo em que o BCB era o clube satélite do Vitoria e de alguns jogadores e tecnico que por lá passaram.

Quanto ao Jesus, fica atento a este blog porque brevemente iremos recordar a sua carreira.

Abraço
 
Gosto sempre de ver estes sites com recordações da "bola". No entanto,aqui,falta a referência à passagem de Marinho Peres pelo FC Barcelona,onde chegou a ser Capitão de equipa.
 
Caro Azul51, bem vindo ao blog e espero que a sua presença seja frequente porque regularmente serão colocadas novidades.
Quanto ao Marinho Peres no Barcelona não falta a referencia, a referencia esta no texto, o que faltará na verdade é uma imagem. Todavia, nem sempre é possivel consegui-las.

No caso do Marinho Peres, mesmo depois da postagem deste topico, consegui um imagem de Marinho com a camisola azul grana do Barcelona. E por isso será colocada.
 
Grande zagueiro, fez com Figueroa
ni Internacional uma das maiores zagas do mundo. Implantou a linha do impedimento naquele grande time do Inter. Com sua chagada ao Colorado Gaúcho, fez a equipe dar um salto de qualidade e conquistou o bi campeonato brasileiro. Valeu
Marinho Peres. Grande Abraço.
 
Grande Marinho Peres!!! Sua qualidade técnica e liderança, desfilou no grande time do Internacional bicampeão brasileiro de 1976. Junto com Figueroa,Falcão,
Paulo César Carpegianni, Valdomiro,
Lula, Escurinho e outros, formou o maior time do mundo nos anos 70.
Salve Marinho Peres, excepcional atleta.
 
Ele não passou também por Angola?
 
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