Glórias do Passado: Geninho

 

Geninho



O Vitoria é inquestionavelmente um dos maiores clubes do futebol português, sendo o 5º clube com mais participações no principal campeonato português, com várias participações em provas internacionais, e quatro presenças em finais da Taça de Portugal. Possui uma massa adepta incomparável, tem uma cidade que vive o futebol e clube com um grande dinamismo e paixão, contudo, apenas possui um título de expressão nacional, concretamente a Supertaça Nacional Cândido de Oliveira, conquistada em Outubro de 1988. O técnico responsável por essa conquista foi Geninho, treinador brasileiro que aqui vamos recordar.

Eugénio Machado Souto, é o seu nome completo, no meio futebolístico é mais conhecido por Geninho, nasceu na cidade Ribeirão Preto, estado de S. Paulo no Brasil, no dia 15 de Maio de 1948, e como é normal tem um percurso como jogador antes de se tornar técnico de futebol. Como jogador nunca chegou a ser muito famoso, jogando apenas em clubes de pequena expressão no seu país natal.

Ocupava a posição de Guarda Redes, jogou com a camisola do Botafogo de Ribeirão Preto, no Francana, no São Bento, no Vitoria da Bahia, no Paulista de Jundiaí, no Juventude Caxias e ainda no Nova Hamburgo, terminando a sua carreira de futobolista neste ultimo clube em 1984. Ao longo da carreira de jogador conquistou alguns campeonatos regionais e a titulo pessoal o mérito maior alcançado foi a eleição de melhor goleiro do Rio Grande do Sul em 1981.
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(Geninho na baliza)
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(Geninho nas alturas)
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(Geninho ao serviço do Francana em 1978)
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(Geninho voando com a camisola do Francana em 1980)
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(Geninho ao serviço do S. Bento em 1974)
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Na verdade é na carreira de técnico que Geninho se torna famoso principalmente no Brasil onde é um verdadeiro “papa-léguas” comandando diversas formações por todo o país, levando já mais de 20 anos de carreira como treinador de futebol. Alem do Brasil, Geninho treinou na Arábia Saudita e em Portugal, liderando os destinos da equipa de futebol profissional do Vitoria de Guimarães.

Geninho, é também conhecido por Doutor Geninho. Aqui ficou conhecido por esse epíteto pois na verdade é bacharel no curso de Direito, formado em 1973 pela UNAERP, e esta credenciado como advogado pela Ordem dos Advogados Brasileira de São Paulo. Dispensa o tratamento por Dr. Geninho, como de resto não usa o seu nome completo - Eugénio Souto - fenómeno usual quando os jogadores de futebol se tornam treinadores. Na verdade, não é um técnico que ligue muito para a imagem, dele se diz ser um “cara legal”, bonacheirão, conversador, contador de historias, amigo dos jogadores, barriguinha bem volumosa e apreciador da típica cervejinha fresca. E o seu bigode? Autentica imagem de marca, que infelizmente rapou à poucos anos.

De todo o modo é um treinador respeitado em todo o Brasil sendo frequente a sua presença em colóquios ou seminários nacionais e internacionais sobre a modalidade.

No ano em que pendurou as luvas de guarda-redes, 1984, Geninho assumiu o comando técnico do Nova Hamburgo, do Rio Grande do Sul, e daí em diante já passou por mais 25 clubes de futebol. Uma carreira com alguns altos e baixos que não impedem que o considerem no Brasil como um dos técnicos de top acentuado particularmente nos últimos anos. Do Nova Hamburdo, treinou o A.A. Francana em 1985, o Botafogo em 86, até que chegou ao poderoso Santos, fruto dos bons trabalhos realizados naqueles pequenos Clubes. Treinou o Santos entre 1986 e 1987, vencendo o prestigiado Torneio da Catalunha em 1986 como técnico santista.
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(Geninho como tecnico protestando junto do arbitro)
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(Geninho no Banco do Santos FC em 1988)
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As qualidades do técnico brasileiro não escapam aos conhecimentos do Presidente do Vitoria Pimenta Machado, que após uma época bastante atribulada (87/88), em que o clube esteve em risco de descida à 2ª divisão, onde ocorreram varias alterações no comando técnico da equipa. A desilusão da temporada 1987/88 apenas foi compensada com a disputa da final da Taça de Portugal contra o FC Porto, que por essa via permitiu não só disputar a Supertaça Cândido Oliveira, como permitiu mais um acesso às competições internacionais, desta vez à extinta Taça das Taças.

A temporada de 1988/89 começou com varias alterações no plantel vimaranense em relação à temporada anterior, com a saída de vários jogadores que ate aí tinham sido pedras basilares no esquema da equipa. Saíram entre outros Miguel, Ademir, Jesus, Costeado, Adão e N´kama. Entraram João Leite e Jorge Pinto que vieram do Brasil, e do mercado interno chegaram Neno (ex-V. Setúbal), João Carlos (ex-Lanheses), Nando (ex-Farense), Vinhas (ex-Estoril) Germano (ex-Covilhã), Vítor Santos (ex-Sporting), Roldão (ex-Nacional da Madeira), Silvinho (ex-Sporting) e Chiquinho Carlos (ex-Benfica), Ebongué (ex-Le Havre) e o famoso emigrante Francelino Lopes.
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(Plantel do Vitória para a temporada de 1988/89)
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Do Brasil veio a equipa técnica, que incluía o já citado Geninho, e como adjunto o seu fiel escudeiro Ridênio Borges, professor de educação física que até hoje continua a ser adjunto de Geninho. A equipa técnica seria completada pelo Professor Manuel Machado, homem da casa que faria a necessária ligação ao clube.
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(Equipa técnica do Vitória na época de 1988/89, com Geninho e os adjuntos Manuel Machado e Ridênio Borges)
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Numa missiva, o técnico Geninho dirigia-se assim aos sócios do Vitoria naquela altura: “O que leva alguns homens a trocarem situações seguras e estáveis, por outras situações onde o desconhecido e a dúvida são as únicas certezas?
Talvez seja aquele espírito de conquista que levou os antigos navegantes a deixarem seus lares, suas famílias, suas terras e partirem para o desconhecido em busca de novos mundos, ou ainda a vontade de provar a si e aos outros que pode vencer desafios considerados difíceis de alcançar aquilo que para muitos é considerado impossível.
Eu não saberia dizer com certeza o que me levou a trocar uma situação privilegiada que era ser o treinador de uma das maiores equipas de futebol do Brasil, o Santos F.C., um futebol bastante conhecido e o facto de viver no meu país, por uma situação totalmente diferente: um novo clube, um futebol diferente e viver num país ate então pouco conhecido para mim.
Talvez tenha sido o mesmo espírito dos conquistadores antigos e a certeza de que posso vencer os desafios a mim impostos nessa nova etapa da minha vida. Vitoria Sport Clube – este é o meu desafio.
Um time sempre acostumado aos primeiros lugares, com uma directoria actuante e ambiciosa, e que possui aquilo que um clube possa ter de melhor: uma torcida exigente, para quem acredita o time, que o acompanha onde ele estiver, e o mais importante – sempre luta junto com a equipa.
Acredito que com muito trabalho, muita confiança e muita coragem eu possa dar a minha colaboração para que o Vitoria S.C. seja nesta época aquilo que todos nos queremos: um equipa vencedora como o próprio nome diz ocupando sempre os primeiros lugares nos campeonatos que disputar.
Não decepcionar aqueles que acreditaram em mim e na minha capacidade e poder retribuir o carinho com que fui recebido em Guimarães com resultados positivos será a minha meta e o meu desafio. Espero conseguir...”.


A época começou com grandes resultados conseguidos ao longo da pré-temporada com particular incidência na conquista de, uma vez mais, da Taça Amizade derrotando o Sp. Braga, numa competição disputada a duas mãos, e vencendo o tradicional Torneio da Povoa do Varzim. Grandes esperanças tinham os vitorianos para a nova temporada, pois esta época marcaria a 3ª presença consecutiva do clube em provas da Uefa, acrescido pelo desempenho demonstrado ao longo dos jogos de preparação.
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(Plantel no dia da apresentação para a época de 1988/89)
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Acontece que, iniciado o campeonato os desempenhos são de todo irregulares, com exibições antagónicas, alternando boas exibições e bons resultados com péssimas prestações. Na Taça das Taças, edição de 88/89, o Vitoria disputa a 1ª eliminatória com o Roda Kerkrade da Holanda. É a primeira e única vez o Vitoria disputou esta competição entretanto extinta. Na 1ª mão, o Vitoria é derrotado na Holanda por 2-0 e na 2ª mão vence os holandeses apenas por 1-0, com golo de Roldão a meio da 1ª parte, resultado por si insuficiente para manter os vimaranenses em prova. Geninho fica entretanto ligado à história por ser o técnico do Vitoria na única participação na Taça das Taças.

Mas a ligação de Geninho à história do clube fica definitivamente marcada pela conquista da Supertaça Nacional Cândido de Oliveira na Edição de 87/88, sendo este o único troféu com expressão conquistado pelo clube a nível nacional. A prova na época era disputada no sistema de duas mãos sendo o adversário a equipa do FC Porto campeão nacional. Na 1ª mão disputada a 28 de Setembro de 1988, no Estádio Municipal de Guimarães, o Vitoria vence o FC Porto treinado por Quinito, por 2-0 com golos do brasileiro Decio António e N´Dinga. Um jogo muito bem conseguido pela equipa vimaranense que podia mesmo ter goleado o campeão nacional pois desperdiçou diversas ocasiões de golo. Na 2ª mão, disputada no Estádio da Antas, o resultado de 0-0, foi suficiente para a conquista do troféu em disputa.
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(Equipa do Vitoria que conquistou a Supertaça Candido de Oliveira na Edição de 1987/88)
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(Todo o plantel com a Supertaça Candido de Oliveira)
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(Geninho nos tempos do Vitoria Sport Clube)
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A conquista da Supertaça ameniza a contestação que começava a pairar nos adeptos vitorianos ao técnico Geninho, pois no campeonato alternava-se com altos e baixos o desempenho da equipa e na Taça das Taças o Vitoria já tinha sido eliminado. A contestação ao treinador agudiza-se com a eliminação da Taça de Portugal, nos dezasseis avos de final, frente ao Vasco da Gama de Sines da 3ª Divisão Nacional. Esta contestação aumenta de tom alargando-se também ao Presidente da Direcção, que acaba por demitir o técnico brasileiro após uma derrota em caseira frente ao Boavista. O técnico seria substituído pelo jogador brasileiro Nené, que ocuparia a função de jogador treinador, acabando o Vitoria por classificar-se no 9º lugar do Campeonato Nacional, com 38 pontos.
Saiu de Guimarães e naturalmente regressou ao seu país para prosseguir a sua carreira de técnico, treinando o São Carlense, Botafogo do Rio de Janeiro, Portuguesa dos Desportos e o Santos até que surge novo convite para treinar no estrangeiro. O Al-Shabab da Arábia Saudita vai ser treinado por Geninho ao serviço do qual conquistou a Copa do Pacifico na sua edição de 1993.
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(Geninho novamento no Santos FC)
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(Geninho no banco de suplentes do Santos FC)
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(Geninho)
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Não foi longo o seu período na Arábia e por isso regressou de novo ao seu país, ainda no decorrer do ano de 1993, para o Estado do Ceará, em pleno nordeste brasileiro, assumindo o comando do Fortaleza. Os périplos de Geninho pelo Brasil intensificam-se, regressando em 1994 a São Paulo e aí vai treinar o União São João, e retorna ao nordeste brasileiro para treinar o Vitoria da Bahia entre 94 e 95. Treina o Ponte Preta em 1995 e no ano seguinte vai para o Sul do Brasil treinar o Juventude de Caxias. Segue-se o Guarani, Bahia, novamente o Vitoria da Bahia, Matonense, de novo o União São João e também o Juventude de Caxias.
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(Geninho ao comando da famosa Macaca - Ponte Preta)
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O ano 2000 marca o regresso aos títulos. Começa o ano treinando o Ituano, mas a seguir segue para o Paraná Clube, e será no futebol paranaense que Geninho ganha muita da fama que hoje disfruta. É campeão da Taça João Havelange de 2000, espécie de 2ª Divisão brasileira naquele tempo, ao serviço do Paraná Clube. Pelos bons resultados alcançados ao serviço do Paraná Clube, Geninho é convidado a treinar o grande Atlético Paranaense, clube em evidente expansão, onde vai registar um feito histórico sagrando-se campeão brasileiro, conquistando o Brasileirão de 2001.
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(Geninho comandando o Atlético Paranaense em jogo do Brasileirão frente ao S. Caetano)
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(Geninho com a Taça de Campeão do Brasileirão em 2001)
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(Geninho em grandes festejos com a bandeira do Atlético)
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Do Atlético Paranaense segue para outro grande do futebol brasileiro para treinar o Atlético Mineiro. No Galo não fica mais de 6 meses porque entretanto rescinde unilateralmente o seu contrato para ir treinar o Corinthians, ao serviço do qual conquista o Paulistão de 2003, designação oficial do Campeonato Estadual de São Paulo. Do Estado de São Paulo vai para o Estado do Rio de Janeiro treinar o Vasco da Gama. Nos vascaínos, Geninho conquista em 2004 a Taça do Rio de Janeiro.
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(Geninho no Vasco da Gama)
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(Geninho durante um treino no Vasco da Gama)
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Prossegue a sua carreira com nova saída para o estrangeiro, sendo seu destino novamente a Arábia Saudita, onde tem um prestígio inabalável, para treinar o Al Ahli em 2005. Contudo, deixa de novo aquele país árabe para regressar ao Brasil, e nem um dia ficou no desemprego. Em Julho de 2005 assina pelo Goiás Esporte Clube assumindo os destinos do clube no campeonato de 2005 classificado-se no final da prova na 3ª posição do Brasileirão o que permite a inédita classificação da equipa goiana para a Taça dos Libertadores da América. No 1º semestre de 2006 continua a comandar o Goiás sagrando-se campeão estadual Goiano de 2006, e realizando uma excelente campanha na Taça dos Libertadores da América onde apenas foram eliminados nos oitavos de final da competição.

O Corinthians em plena crise vai novamente recrutar o técnico Geninho a um outro clube. Mas desta vez Geninho tem menos sucesso apenas permanecendo à frente da equipa por 3 meses deixando o cargo de treinador dos alvinegros figurando aqueles no último lugar da classificação no Brasileirão 2006.
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(Geninho no Corinthians)
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(Geninho durante um treino no Corinthians)
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(Geninho comandando a equipa do Corinthians no Maracaná em jogo frente ao Flamengo)
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(Geninho no banco de suplentes do Corinthians com Marcelinho ao fundo)
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(Geninho nas sempre dificeis conferências de imprensa no Brasil)
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(Geninho no toque de bola)
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(Geninho em pleno treino do Corinthians)
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Num dia técnico do Corinthians, no outro técnico novamente no Goiás. Treinou o clube goiano até o final do Brasileirão 2006 classificando a equipa na 8ª posição do campeonato o que permitiu o acesso à próxima edição da Taça Sul Americana. Geninho continua ao serviço do Goias Esporte Clube em 2007, comandando a equipa goiana no Campeonato Estadual.
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(Geninho)
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(Geninho no Goiás)
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Autor: Alberto de Castro Abreu

Essa foto/cromo do V. Setúbal que tem o Narciso (e o Vítor Baptista) é de 1978-79, não de 1979-80, como você indicou. Em 1979-80, o Vítor Baptista estava no Boavista.

 
ola, me chamo euclides magno. estou dirigindo o recem fundado, sindicato dos treinadores do estado do pará, gostaria de ter o contato com o geninho, para convida-lo para palestrar no nosso segundo curso de formaçao e capacitaçao de treinadores, se vc puder me ajudar á entrar em contato com ele será uma honra pra mim, preciso o mais rapido possivel, pois o nosso curso e no final desse mes, abraços e espero resposta
 
Meu caro Euclides Magno:

Infelizmente não posso ajuda-lo porque não tenho um contacto directo com o Geninho.

Todavia, poderá tentar esse contacto através do site oficial do Geninho em www.geninho.net

Cumprimentos,

Alberto de Castro Abreu
 
o geninho e tecnico de seleçao brasileira esse homem mora dentro do meu coraçao de torcedor corintiano,DEUS abencoe ele e a toda sua familia.
 
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