E, indiscutivelmente, conseguiu-o, realizando 12 temporadas consecutivas no principal patamar do futebol português, representando, sucessivamente, o CD Nacional, o CS Marítimo, o Vitoria SC e, finalmente, o SC Braga.
Por sua vez, os números da sua história futebolística atestam a qualidade inquestionável do brasileiro Edmilson. Foram um total de 356 jogos realizados na 1ª Divisão Nacional e 111 golos marcados.
Natural de Ermas, uma pequena cidade no nordeste brasileiro, Edmilson Dias Lucena, nasceu no dia 29 de Maio de 1968. Ainda muito novo deixou a sua terra natal e foi com a família viver na capital Brasília.
No futebol brasileiro registou passagens pelo Dom Bosco FC e pela SE Matsubara, este, um clube relevante nos escalões de formação do futebol brasileiro. Mas foi em Portugal que Edmilson cumpriria, praticamente, toda a sua carreira de futebolista, pois com apenas 20 anos de idade foi contratado, no inicio da temporada de 1988/89, pelo CD Nacional, um clube estreante no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e treinado pelo, então, jovem treinador brasileiro Paulo Autuori.
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(Edmilson no CD Nacional na época de 1988/89)
O jovem Edmilson não foi um titular indiscutível naquela equipa insular, é certo, mas as suas prestações ao longo da temporada de 1988/89 mostraram um auspicioso futebolista, com enormes faculdades, e que se revelou determinante em muitas ocasiões daquela época.
Actuou em 23 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão e apontou 7 golos ao longo da toda a competição, tornando-se o terceiro melhor marcador da equipa nacionalista naquela época, atrás dos companheiros Dino e Murphy.
Fez a sua estreia no futebol português ao serviço do CD Nacional no dia 4 de Setembro de 1988, num sensacional jogo entre a formação nacionalista e o Vitoria de Setúbal, disputado no Estádio dos Barreiros, na Madeira, e que terminou com uma igualdade a 4-4.
Aquele jogo, a contar para a 3ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, ficou também marcado pelo primeiro golo que Edmilson marcou no futebol português. O primeiro de mais de uma centena que viria a marcar ao longo da sua carreira em Portugal.
Voltando a não ser um titular indiscutível, é certo, o jovem Edmilson foi manifestamente imprescindível na equipa do CD Nacional. Com 7 golos apontados na principal prova do futebol português, Edmilson foi o melhor marcador da equipa nacionalista, tendo alinhado em 26 jogos da competição.
Nesta época foi, claramente, um titular indiscutível, alinhando em 37 jogos da competição, apontando 8 golos e assim sagrando-se, novamente, como o melhor marcador na formação do CD Nacional.
Desta feita, contudo, a prestação da turma insular foi muito fraca e, novamente, ficou marcada por várias mudanças no comando da equipa técnica. Dessa forma, o CD Nacional não foi capaz de alcançar a almejada manutenção no escalão principal do futebol português, quedando-se no último lugar da tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1990/91.
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Edmilson irá permanecer durante 6 temporadas consecutivas ao serviço do CS Marítimo e durante esse período irá contribuir, seguramente, para aqueles que serão os melhores anos da longa vida do clube madeirense.
Logo na primeira temporada de Edmilson no clube, o CS Marítimo vai alcançar, ate àquela data, a sua melhor classificação de sempre no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, conseguindo um sensacional 7º lugar na tabela classificativa.
Lutando ate final pelo acesso às competições europeias, a equipa maritimista, excelentemente comandada pelo técnico Paulo Autuori, exibe um futebol atacante muito elogiado pela crítica, vivendo, sobretudo, da inspiração de Edmilson.
Estreia-se pelo CS Marítimo logo na jornada inaugural do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1991/92, no Estádio de S. Luís, em Faro, num desafio que terminou com o triunfo do SC Farense por 3-1.
O avançado Edmilson realiza, nesta competição, 27 jogos e, apontando 10 golos, torna-se no melhor marcador da equipa do CS Marítimo na prova. O seu primeiro golo pela formação maritimista, registe-se, agora, foi apontado no desafio da segunda ronda do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, sendo o mesmo decisivo para o desfecho do encontro que terminou com uma vitória do CS Marítimo sobre o FC Paços de Ferreira por 1-0.
E, à 25ª jornada, todavia, por relevante, Edmilson esteve verdadeiramente sensacional ao fazer um hattrick num triunfo do CS Marítimo por 1-4 sobre o SC Beira Mar, em pleno Estádio Mário Duarte, na cidade de Aveiro.
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Fruto de uma sensacional temporada, alavancada num tridente ofensivo de grande categoria, formado por Ademir Alcântara, Jorge Andrade e Edmilson, o CS Marítimo obteve um 5º lugar na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão e, assim, apurou-se para disputar a Taça Uefa na época seguinte.
Edmilson jogou 30 jogos na competição, sendo o autor de 11 golos da equipa do CS Marítimo. Desta vez, destacam-se, os golos marcados ao Vitoria SC. Primeiro no jogo da 1ª volta, disputado no Estádio dos Barreiros, no triunfo do CS Marítimo sobre o Vitoria SC por 3-0, com os tentos madeirenses a serem apontados por Edmilson, Jorge Andrade e Ademir, o celebre tridente ofensivo maritimista.
Mas, no jogo da 2ª volta, em Guimarães, Edmilson voltou a marcar, desta feita, num desafio que terminaria com uma igualdade a 2-2. Recorde-se, para o Vitoria SC marcaram Alessandro e Pedro Barbosa, enquanto para o CS Marítimo anotaram J. Andrade e Edmilson.
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(Na época de 1992/93 no CS Maritimo)
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Finalmente, porque foi o jogo capital para a conquista do lugar europeu, assinale-se, também, o golo marcado ao Boavista FC no encontro da 33ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, num desafio que acabou com um 3-2 favorável a equipa madeirense.
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A equipa do CS Marítimo não conseguiu, porem, passar aquela primeira etapa na competição, acabando por ser eliminado pelo conjunto belga, após uma derrota na Bélgica por 2-0 e um empate em casa, no Estádio dos Barreiros, a 2-2.
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Embora o percurso inicial realizado não fosse o melhor, o certo é que a equipa conseguiu inverter os acontecimentos e terminar a prova em alta. Para o êxito maritimista, muito contribuiu a chicotada psicológica operada no comando da equipa técnica, quando Paulo Autuori regressou ao clube para substituir o compatriota Edinho Nazareth à 13ª jornada da principal competição nacional.
Individualmente para Edmilson, esta não foi a melhor fase da sua passagem pelo CS Marítimo. Jogou apenas 18 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e marcou somente 3 golos.
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Nesta época de 1994/95, Edmilson jogou apenas 11 jogos na principal competição nacional e marcou, novamente, apenas 3 golos. Surgiu em grande forma na ponta final da temporada e muito contribuiu, então, para o 7º lugar alcançado na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, um resultado, porem, aquém das expectativas geradas no inicio da temporada, embora o clube tivesse lutado ate final pelo apuramento europeu.
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Edmilson foi titular na equipa maritimista que jogou a final da Taça de Portugal contra o Sporting CP na temporada de 1994/95. O CS Marítimo, porem, não conseguiu vencer o troféu, acabando derrotado pela equipa leonina, no Estádio do Jamor, por 2-0.
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Entretanto, Raul Aguas tomou conta do comando técnico do CS Marítimo. Contudo, o desempenho da equipa maritimista durante a temporada de 1995/96 foi bastante irregular e o clube falhou o propósito europeu.
Edmilson voltou a ser titularíssimo, jogando 29 jogos na principal prova portuguesa e apontou 10 golos. Foi, assim, o segundo melhor marcador da equipa atrás de Alex, um atleta canadiano com quem Edmilson fez uma dupla atacante temível.
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(Edmilson o CS Maritimo na época de 1995/96)
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(Plantel do CS Maritimo na temporada de 1995/96)
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Os resultados alcançados pelo clube não foram, efectivamente, os esperados, terminando o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1996/97 num modesto 8º lugar da classificação.
Edmilson voltou a ser o melhor marcador do CS Marítimo ao apontar 12 golos em 30 jogos disputados na prova. Juntamente com Alex, confirmou, efectivamente, tratar-se de uma das melhores duplas atacantes do futebol português.
(Em desafio frente ao V. Setubal com o defesa setubalense Quim)
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(Agora frente ao CF Belenenses)
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Alegando salários em atraso, Edmilson rescindiu o contrato que mantinha com o CS Marítimo. Como é natural, dada a qualidade e experiencia do jogador, imediatamente surgiram vários clubes interessados na sua contratação.
Os responsáveis do Vitoria SC insistiram bastante na sua aquisição e conseguiram convencer Edmilson a rumar a Guimarães. Assim, o categorizado avançado brasileiro ingressa no Vitoria SC no inicio da época de 1997/98 e fica logo catalogado como a principal aquisição do clube vimaranense.
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(No Vitoria SC na temporada de 1997/98)
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E a verdade é que o jogador, agora com 29 anos de idade, veio a confirmar toda a sua qualidade ao serviço do Vitoria SC. Estreou-se oficialmente com a camisola vimaranense logo na jornada inaugural do Campeonato Nacional da 1ª Divisão num desafio entre o Vitoria SC e a Académica de Coimbra, jogado no Estádio D. Afonso Henriques, no dia 23 de Agosto de 1997.
Edmilson, lançado pelo treinador Jaime Pacheco, surgiu como titular na frente de ataque do Vitoria SC, formando um tridente com os compatriotas Gilmar e Riva. O Vitoria SC venceria esse jogo contra a equipa conimbricense por 1-0 com um golo apontado por Gilmar aos 21 minutos de jogo.
Edmilson foi titularíssimo na equipa do Vitoria SC, quer enquanto a equipa foi comandada por Jaime Pacheco quer, posteriormente, às ordens de Quinito. Ao longo da época de 1997/98, o avançado brasileiro jogou 32 jogos na principal competição portuguesa, revelando uma regularidade exibicional notável, cotando-se como um dos melhores jogadores do Vitoria SC.
O jogo foi disputado no Estádio 1º de Maio, em Braga. O Vitoria SC ainda esteve na frente do marcador após um golo do defesa bracarense Lino na própria baliza. O SC Braga conseguiu, porém, reverter o resultado a seu favor com um golo de Karoglan e dois tentos de Toni.
Nesta época realce, ainda, para mais uma presença de Edmilson em jogos internacionais de clubes. Desta vez, representando o Vitoria SC numa eliminatória contra a equipa italiana da Lázio de Roma.
Edmilson foi titular em ambos os desafios da 1ª eliminatória da Taça Uefa da temporada de 1997/98. Para história ficam, todavia, as duas derrotas do Vitoria SC, uma, em Guimarães, por 0-4, e outra no mítico Estádio Olímpico de Roma por 2-1.
Na época seguinte de 1998/99 Edmilson voltou a ser determinante na equipa do Vitoria SC. Jogou 25 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão e apontou 13 golos, alguns de magnifico efeito, sagrando-se assim como o melhor marcador da equipa do Vitoria SC na competição.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1998/99)
De qualquer forma, Edmilson era, claramente, o melhor talento na equipa do Vitoria SC. De facto, este futebolista brasileiro era um verdadeiro artista da bola, com um jogo encantador para os apreciadores do desporto rei, como, de resto, sucessivamente confirmou ao longo da sua passagem pelo futebol português.
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Jogando pelas alas, por um lado, Edmilson beneficiava da sua velocidade, do domínio de bola e uma capacidade de drible fantástica. Por outro lado, actuando mais pelo centro, denotava toda a sua perícia na arte da finalização, sempre objectivo e com sentido de golo notável.
(Em acção pelo Vitoria SC na época de 1998/99)
Como outra característica relevante, frequentemente também, pela sua estatura e estampa física, tirava muito bem partido do seu bom jogo de cabeça na luta contra os defesas centrais das equipas adversárias.
“Didi”, como carinhosamente era tratado em Guimarães, era um jogador repentista, capaz de engendrar a jogada mais imprevisível para escapar à marcação, por vezes muito dura, dos adversários.
A faceta mais negativa de Edmilson espelhava-se, porem, nalguma falta de regularidade exibicional. E quando as coisas não lhe saiam de feição, por vezes, o seu jogo tornava-se demasiadamente irritante para o mais comum dos adeptos.
(Em jogo frente ao SL Benfica em Guimarães na época de 1998/99. Aqui com o defesa benfiquista Andrade)
Entretanto, no final da temporada de 1998/99 Edmilson renovou o seu contrato com o Vitoria SC por mais uma época, iniciando assim aquela que será a última temporada ao serviço do clube vimaranense.
Nesta época de 1999/00, o Vitoria SC apostou essencialmente em jovens jogadores formados no clube, como foi o caso de Pedro Mendes, Fernando Meira, Rego e Lima, juntando-os a jogadores mais experientes como era o caso de Edmilson, Riva ou o guarda-redes Pedro Espinha, por exemplo, ainda sob o comando técnico de Quinito.
Assim, numa época que não foi além da mediania, o Vitoria SC acabou na 7ª posição da tabela classificativa da 1ª Liga portuguesa, falhando o objectivo europeu do clube. Por sua vez, Edmilson foi titular na equipa do Vitoria SC, realizando 31 jogos na principal competição e sendo o autor de 10 golos.
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(Em jogo frente ao CF Belenenses na época de 1999/00)
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(Desta feita disputando com Peu num jogo frente ao Rio Ave FC)
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Edmilson, com 33 anos de idade, ainda é convidado pelo Vitoria SC para renovar o seu contrato por mais uma temporada, embora, com uma substancial redução no salário auferido.
. (No SC Braga na época de 2000/01)
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(Em acção pelo SC Braga contra o SC Campomaiorense)
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Edmilson decide, então, rumar ao rival minhoto no inicio da temporada de 2000/01, rubricando um contrato valido por duas épocas com o SC Braga treinado, naquela altura, pelo treinador Manuel Cajuda.
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A equipa bracarense alcançou um notável 4º lugar na 1ª Liga Nacional, cotando-se o brasileiro Edmilson, com as suas prestações de qualidade, como um dos jogadores mais influentes do SC Braga.
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Alias, os números individuais de Edmilson durante esta temporada falam por si. Participou em 34 jogos da principal competição portuguesa, actuando com um trio ofensivo célebre composto também por Feher e o compatriota Riva, seu antigo companheiro no Vitoria SC. Alem disso, registe-se, Edmilson apontou 11 golos na prova.
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(Disputando com Paulo Bento do Sporting CP num jogo com o SC Braga na época de 2000/01)
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Edmilson ainda vai iniciar a época de 2001/02 ao serviço do SC Braga, realizando 3 jogos e apontando 1 golo na 1ª Liga Nacional. Entretanto, porem, surge um convite do Al-Hilal FC, um clube da Arábia Saudita treinado pelo português Artur Jorge, para jogar no futebol árabe durante o ano de 2002.
Tratou-se, obviamente, uma oportunidade que o jogador, agora com 34 anos de idade, não podia recusar. O SC Braga acede às pretensões do atleta e é assim que Edmilson transfere-se para aquele que é considerado o principal clube da Arábia Saudita, terminando assim a sua longínqua ligação ao futebol português.
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Por causa deste jogo em particular e tendo em conta a qualidade da sua exibição, Edmilson é mesmo agraciado com o premio MVP 2002 da final Taça dos Vencedores das Taças da Ásia.
O percurso de Edmilson no futebol asiático não irá, contudo, ficar por aqui. O jogador adquire um elevado estatuto no futebol daquelas paragens e prossegue a sua carreira com muito sucesso e vários títulos representando o Jeonbuk Hyundai Motors FC, da Coreia do Sul.
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. (Em representação do Jeonbuk Hyundai Motors FC)
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(Festejando um golo pelo Jeonbuk Hyundai Motors FC)
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Mas, também ao nível individual, Edmilson recebe vários louvores e prémios pelas suas prestações no futebol coreano. Assim, pela sua relevância, destacam-se, desde logo, o premio de melhor marcador do campeonato coreano em 2002, o premio para o jogador com mais assistências no campeonato coreano de 2003, e os títulos de MVP nas finais da Taça da Coreia do Sul de 2003 e na Supertaça de 2004.
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(Hoje, o antigo jogador Edmilson Lucena)
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Grande jogador!
ResponderEliminarEstranho é que nenhum dos denominados "3 grandes" o tivesse integrado.
Um abraço para ele e felicidades para o negócio.
Bom ano, caro Alberto.