Foi guardião do Vitoria de Setúbal, clube onde se formou e apareceu na 1ª Divisão Nacional. No Vitoria SC ressuscitou a carreira, aparecendo na alta roda e atingindo a principal selecção portuguesa de futebol.
Depois foi para o SL Benfica, onde foi o sucessor do lendário guardião benfiquista Bento, ganhou títulos nacionais e assumiu-se como titular na baliza de Portugal. Pelo meio uma efémera passagem pelo CD Aves, onde, durante uma temporada, esteve a rodar.
Já veterano saiu o SL Benfica e regressou ao Vitoria de Setúbal, onde demonstrou não estar perto do final da carreira. Com todas as capacidades intactas ingressou no FC Porto e perto dos 40 anos de idade viria a terminar a carreira no SC Salgueiros.
Silvino Almeida Louro, natural da cidade de Setúbal, nasceu no dia 5 de Março de 1959. Antes de enveredar pelo futebol, Silvino começou a jogar andebol na equipa do Vitoria de Setúbal.
No futebol setubalense ingressou, oficialmente, na temporada de 1973/74 no escalão de iniciados, percebendo-se bem cedo que estávamos perante uma grande promessa do futebol português na difícil função de guarda-redes. Logo nessa primeira época como futebolista sagrou-se campeão distrital de Setúbal nessa categoria.
Bem novo tornou-se também um seleccionável, não apenas da Selecção Regional da A.F. de Setúbal como também das selecções mais jovens de Portugal. Sensação no futebol jovem setubalense, Silvino exercia também, desde bastante novo, a função de panificador, pelo menos até celebrar o seu primeiro contrato como futebolista profissional.
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Como a revelação do ano, imediatamente surgiram vários candidatos a contratar o jovem guarda-redes Silvino. Chegou a ter tudo acertado para ingressar no SL Benfica, mas os responsáveis sadinos não aceitaram as condições do negócio e Silvino lá permaneceu ao serviço do Vitoria de Setúbal durante mais três temporadas.
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Naquela época de 1979/80, porém, foi determinante para a manutenção do Vitoria de Setúbal na 1ª Divisão Nacional, defendendo um penalty em Espinho, frente ao SC Espinho, que valeu a permanência.
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(Equipa do Vitoria de Setubal na época de 1979/80)
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(Plantel do Vitoria de Setubal na época de 1981/82)
As qualidades de Silvino como guarda-redes eram evidentes e não escaparam a sagacidade do jovem técnico do Vitoria SC Manuel José. Entretanto, os vimaranenses procuravam um substituto para o conceituado guardião Damas, que sairia para o Portimonense SC, para disputar a titularidade da baliza do Vitoria SC com o guarda-redes Jesus.
A escolha recaiu em Silvino que ainda no decurso da temporada de 1981/82, em final de contrato com o Vitoria de Setúbal, acertou as condições para ingressar no Vitoria SC no início da época de 1982/83.
Esta época de 1982/83 marcaria o regresso do Vitoria SC às competições europeias de clubes fruto de uma brilhante campanha que levou o clube, mais uma vez, ao 4º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Um dos factos determinantes para a concretização do almejado sonho de retornar às competições internacionais radicou precisamente na forte coesão defensiva da equipa do Vitoria SC.
A estreia oficial com a camisola do Vitoria SC ocorreu na 1ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, na temporada de 1982/83, num eterno derby contra o SC Braga. Jogando no Estádio 1º de Maio, o Vitoria SC realizou uma excelente exibição e arrancou com sucesso para uma grande temporada, vencendo o SC Braga por 1-2.
Ao longo daquela época foram de facto muitos os momentos em que Silvino foi o elo mais forte da equipa do Vitoria SC. Daquela época recorda-se ainda um jogo determinante e que terá ditado o definitivo interesse do SL Benfica nos seus serviços.
Foi, concretamente, o jogo disputado pelo Vitoria SC no Estádio da Luz a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1982/83. Silvino fez uma daquelas memoráveis exibições, protagonizando defesas impossíveis, incluindo, dois penaltys apontados pelo benfiquista Nené.
Alias, os vimaranenses apenas perderia por 1-0, precisamente, com um golo apontado por Carlos Manuel na recarga a um dos penaltys defendidos pelo guardião vitoriano Silvino.
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Silvino era um guarda-redes de elevada estatura, muito seguro, suficientemente ágil e de reflexos bastante apurados. Posicionalmente era perfeito e dispunha da audácia necessária para o desempenho da função.
Pela negativa revelava, essencialmente, algumas dificuldades no jogo aéreo e nos níveis de concentração exigíveis para um guarda-redes alvo de pouco trabalho, mas que ao longo da carreira, fruto da enorme experiência, foi minorando consecutivamente.
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(Silvino no Vitoria SC)
Mas, é como jogador vitoriano, sobretudo na sequência da fantástica temporada de 1982/83, que Silvino chega à Selecção “A” portuguesa. Ao longo da carreira de futebolista realizou 23 jogos pela principal selecção portuguesa de futebol.
A primeira internacionalização cumpriu no dia 13 de Abril de 1983, num particular entre Portugal e a Hungria que terminou empatado. Otto Gloria, o seleccionador nacional escolheu o vitoriano Silvino para substituir o titular Bento na baliza nacional.
(Equipa de Esperanças num Portugal - Polonia disputado no Estádio de S. Luis em Faro)
Depois destas duas internacionalizações, Silvino só regressou à baliza da Selecção Nacional em 1988, substituindo, curiosamente, Jesus, seu antigo companheiro no Vitoria SC, e foi o guarda-redes titular de Portugal até 1991, altura em que surgiu Vítor Baia.
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Realizou 15 jogos pelo Vitoria SC ao longo da época de 1983/84, tantos quantos jogou o guardião Jesus. Silvino começou a temporada como titular na baliza do Vitoria SC. Porém, à 5ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, num desafio frente ao FC Porto, no Estádio das Antas, foi Jesus quem surgiu na baliza do Vitoria SC.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1983/84)
(Silvino no Vitoria SC na temporada de 1983/84)
Na 8ª jornada, os vimaranenses foram derrotados, em casa, pelo Vitoria de Setúbal por 3-4, numa tarde muito infeliz de Jesus, com responsabilidades em três golos consentidos pelo Vitoria SC.
Jesus foi crucificado pelos sócios do Vitoria SC que o culparam directamente pela derrota frente aos setubalenses. É verdade que o desempenho de Jesus não foi o melhor, todavia, a chuva torrencial que se abateu sobre Guimarães durante aquele jogo, enlameado o terreno de jogo e tornando-o praticamente impraticável, prejudicou bastante a acção do guardião vitoriano.
Em consequência desse jogo, Silvino regressou à titularidade na baliza do Vitoria SC num jogo em Guimarães, frente ao GD Estoril Praia, que os vimaranenses triunfaram por 2-0.
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Num jogo em Alvalade, frente ao Sporting CP, Jesus lesionou-se aos 85 minutos de jogo. O Vitoria SC, que perdeu por 2-0, teve assim na ponta final daquele desafio o guardião Silvino novamente a defender a sua baliza.
(Equipa do Vitoria SC na época de 1983/84)
(Silvino no Vitoria SC)
Silvino manteve então a titularidade na guarda das balizas vitorianas, até que foi um dos sacrificados após a derrota em Braga por 3-0 que motivou a suspensão de alguns jogadores profissionais, por ordem do Presidente da Direcção do Vitoria SC, Pimenta Machado, por falta de aplicação e o lançamento de vários juniores.
Assim sendo, nas últimas jornadas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1983/84, o Vitoria SC teve na baliza o guardião Jesus. O desempenho da equipa do Vitoria SC ao longo da época, é irregular, terminando na 7ª posição da classificação geral.
Esta época de 1983/84 marca ainda o regresso do Vitoria SC às competições europeias de clubes, disputando a Taça Uefa. Silvino é o titular na baliza do Vitoria SC nos jogos daquela eliminatória frente aos ingleses do Aston Villa.
No jogo de Guimarães, Silvino conseguiu manter as suas redes do Vitoria SC invioladas, mas em Inglaterra, os vimaranenses sucumbiram ao enorme poderio do Aston Villa, acabando derrotado por 5-0.
No início da época de 1984/85 Silvino acaba por ingressar no SL Benfica, integrando o plantel benfiquista às ordens de Pal Cesarni. Foi, juntamente com o outro guardião encarnado Delgado, o suplente do titularíssimo Bento, que não dava qualquer veleidade à concorrência.
Silvino chegou à Aves mesmo no início da principal competição portuguesa, destronando o guardião titular Nini. Silvino foi o guarda-redes titular da equipa do CD Aves durante a época de 1985/86, sob o comando do professor Neca, realizando 28 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
No final da prova a equipa do CD Aves classificou-se no 13º lugar e teve que disputar a denominada Liguilha com os clubes da 2ª Divisão Nacional. A equipa das Aves não conseguiu vencer aquele mini competição e acabou por ser relegado ao segundo escalão do futebol português.
Todavia, a excelente época individual que realizou ao serviço do CD Aves, abriram-lhe as portas do regresso ao Estádio da Luz. É assim chamado a integrar o plantel benfiquista às ordens do treinador inglês John Mortimore.
Nesta altura a apreensão nas hostes benfiquistas é elevada devido à grave lesão contraída pelo mítico guardião Bento, durante a presença da Selecção Nacional de Portugal no Campeonato do Mundo do México em 1986.
Quem substituiria o consagrado Bento era a grande questão. Para o lugar havia dois concorrentes. Neno e Silvino iriam iniciar aí uma luta titânica pela titularidade na baliza do SL Benfica.
(Silvino e Neno a dupla de guarda-redes do SL Benfica)
A escolha de John Mortimore recaiu em Silvino, a quem caberia a árdua tarefa de substituir Bento. E fê-lo com categoria. O seu primeiro jogo oficial no Campeonato Nacional da 1ª Divisão como guarda-redes do benfiquista aconteceu, precisamente, no dia 24 de Agosto de 1986, no Estádio 1º de Maio em Braga, na partida de abertura da competição entre o FC Porto e o SL Benfica que terminou empatado a 2-2.
Assumiu-se como titular da baliza do SL Benfica, vencendo, logo nesta primeira época como titular, o Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Concretiza ainda a denominada dobradinha ao vencer a Taça de Portugal, triunfando na final sobre o Sporting CP por 2-0.
(Equipa do SL Benfica na época de 1986/87)
(Silvino no SL Benfica na temporada de 1986/87)
Apesar dos títulos conquistados a escolha de Silvino para a baliza do SL Benfica nem sempre foi unânime. Mereceu, por parte de alguma imprensa desportiva ou adeptos benfiquistas, alguma contestação.
Contudo, Silvino foi durante quatro temporadas consecutivas o dono e senhor da baliza do SL Benfica. Com Bento recuperado, ou com a concorrência do valioso guardião Neno, Silvino não deu veleidades a ninguém pelo menos até meados da época de 1990/91.
Nesta temporada de 1987/88 há ainda uma especial referencia para a chegada do SL Benfica à final das Taça dos Campeões Europeus, onde a equipa encarnada perdeu para os holandeses PSV após o desempate através da marcação das grandes penalidades.
Lamentavelmente para as hostes benfiquistas isso não aconteceu e Silvino não foi capaz de defender qualquer uma das grandes penalidades convertidas pelos holandeses. Depois do falhanço de Veloso, no penalty decisivo, o SL Benfica acabou por perder o troféu.
Nesta altura, o quadro de guarda-redes do plantel do SL Benfica era composto pelo veteraníssimo Bento e o jovem Dias Graça. Entretanto, Neno tinha saído, primeiro para o Vitoria de Setúbal e depois para o Vitoria SC.
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(SL Benfica na época de 1988/89)
No Campeonato Nacional da 1ª Divisão o SL Benfica foi 2º classificado perdendo o título nacional para o FC Porto. Porém, o grande feito desta época nos encarnados seria mesmo a presença, novamente, na final da Taça dos Campeões Europeus frente ao AC Milan.
Mais uma vez, o SL Benfica não conseguiu vencer a competição sucumbindo na decisiva final perante a equipa italiana por 1-0, com um golo apontado pelo holandês Rijkkard.
(Tristeza de Silvino na final da Taça dos Campeões Europeus)
Na temporada de 1990/91, o SL Benfica sagrou-se novamente campeão nacional foi Silvino quem iniciou a temporada como titular dos encarnados, cedendo em Janeiro de 1991 o lugar a Neno que permaneceria naquela posição ate ao final da época. Silvino jogou então apenas 17 jogos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Neno foi titular indiscutível não dando qualquer hipótese ao seu concorrente directo que continuava a ser o recordado Silvino. O guarda-redes Silvino apenas actuaria numa das partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
O FC Porto sagrou-se o campeão nacional na época de 1992/93 enquanto o SL Benfica conquistou a Taça de Portugal. Na final da Taça de Portugal foi Neno que jogou como titular da equipa benfiquista que derrotou o Boavista FC por 5-2.
O SL Benfica, agora comandado por Toni, conquista o Campeonato Nacional da 1ª Divisão, com Silvino a jogar apenas 1 jogo na competição. Silvino despediu-se, com muita emoção, do SL Benfica, realizando o último jogo da época no Bessa frente ao Boavista FC, mas com a turma encarnada já virtualmente campeão.
Com 35 anos de idade mostrou estar na posse de todas as suas capacidades, embora as suas exibições não fossem suficientes para evitar a descida de divisão da equipa setubalense, o 18º classificado no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
No FC Porto Silvino é o suplente de Vítor Baia, tendo substituído o mítico guardião portista após a sanção disciplinar imposta pelos desacatos protagonizados em Campo Maior, numa partida frente ao SC Campomaiorense.
Entretanto, o FC Porto sagra-se campeão nacional na época de 1995/96 e repete o feito na temporada de 1996/97. Neste título nacional conquistado na época de 1996/97, o famoso tri-campeonato, o veterano Silvino teve uma influência decisiva.
Nesta altura já Vítor Baia tinha rumado a Barcelona e o FC Porto, órfão de tão importante jogador, evidenciou muitas dificuldades em superar aquela ausência. António Oliveira, o treinador, apostou inicialmente, sem sucesso, no polaco Wosniak e em Hilário, mas seria com Silvino na baliza portista que o FC Porto ganhou a tranquilidade necessária para revalidar o título de campeão nacional.
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Realizou mais uma notável temporada, contribuindo para uma prestação muito meritória da equipa salgueirista que terminou no 8º lugar da classificação do Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
A sua carreira de futebolista profissional prolongou-se durante mais duas temporadas, sempre ao serviço do SC Salgueiros, clube onde terminaria o seu percurso como jogador.
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Abraçou depois a função específica de treinador dos guarda-redes. Começou pela Selecção Nacional em 2000, acumulando funções também no FC Porto. Com entrada de José Mourinho na turma portista passou a fazer parte da equipa técnica daquele conceituado treinador português.
me encanta este hombre, me parece super guapo
ResponderEliminarSilvina España
Silvino jogou nas melhores e nas piores equipas portuguesas. Foi sempre decisivo fazendo brilhantes exibições.
ResponderEliminarFaz-me lembrar o Ayrton Senna da Formula 1. Com carro bom ou com carro mau era sempre favorito.