Nesta ronda, o Vitoria SC recebeu em Guimarães o líder SL Benfica. A equipa da Luz confirmou as suas competências e venceu o desafio por 0-1, com um golo do jovem Diamantino. Nesta partida, o SL Benfica manifestou, vincadamente, como equipa, toda a sua capacidade, qualidade e regularidade ao longo da prova.
Foi, naturalmente, um jogo muito difícil para os encarnados que tiveram que se empenhar ao máximo para levar de vencida a excelente equipa do Vitoria SC. Este triunfo foi decisivo para a caminha final que levou o SL Benfica ao título de campeão nacional na temporada de 1974/75.
Para o Vitoria SC esta foi a primeira derrota em casa para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75, num jogo onde faltou um pouco de sorte a turma vimaranense. O jogo, com uma predominância táctica, foi equilibrado e bem jogado, acabando por ser mais feliz a equipa do SL Benfica.
Logo na jornada seguinte o Vitoria SC rectificou o resultado verificado na ronda anterior. Com uma exibição brilhante, os vimaranenses venceram sensacionalmente o Vitoria de Setúbal por 0-4, num encontro jogado no Estádio de Alvalade devido à interdição do Estádio do Bonfim, em Setúbal.
Com golos da autoria de Romeu, Jeremias, Tito e Abreu, o Vitoria SC bateu sem contemplações a formação setubalense, claramente em queda, quando comparada com a reconhecida potência do futebol nacional no início da década de 70.
Na 26ª jornada, o Vitoria SC, surpreendentemente, perdeu pontos em casa com a modesta equipa do Atlético CP. O Vitoria SC cedeu um empate a 2-2 frente à equipa de Alcântara, num resultado negativo ainda mais acentuado pelo facto de os vimaranenses terem estado a vencer por 2-0.
De facto, o Vitoria SC entrou muito bem no jogo, marcando cedo por intermédio de Pedrinho e Tito e criando inúmeras oportunidades de golo para ampliar, desde logo, aquela vantagem.
Todavia, a equipa do Vitoria SC baixaria de rendimento, descansado precocemente à sombra da vantagem alcançada. Por seu turno, a equipa do Atlético CP, lutando pela manutenção, continuou o seu abnegado labor e chegou ao empate através dos tentos apontados por Vasques e Moniz.
Ao resultado negativo seguiu-se outro mau resultado, este com necessárias consequências na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75.
Mais uma vez, o Vitoria SC não conseguiu vencer em Tomar, acabando derrotado pela equipa local por 3-2 e viu assim ser alcançado no 4º lugar da competição pelo Boavista FC, que entretanto, vencia no Bessa o SC Olhanense por 1-2.
O Vitoria SC voltava a perder pontos com um clube que lutava apenas pela permanência na divisão maior do futebol português. Os três golos do União de Tomar foram marcados por Aguas, Calado e Camolas, enquanto que para a turma vitoriana, marcaram Abreu e o brasileiro Jeremias.
Na 28ª jornada, a antepenúltima, o Vitoria SC regressou aos triunfos, derrotando no Estádio Municipal de Guimarães o SC Farense por 3-0. Numa tarde calorenta, os vitorianos, manifestamente superiores ao adversário, mas sem realizarem uma boa exibição, desenvencilharam-se facilmente da equipa algarvia, através de dois golos apontados por Jeremias e um de Tito.
Por seu turno, a equipa boavisteira não desarmava e também venceu na 28ª ronda do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75. Em Coimbra, frente à Académica, os boavisteiros venceram por 1-2, mantendo-se igualados no 4º lugar com o Vitoria SC, numa luta acesa ate ao final da competição.
Mas a 29ª jornada reservava dois jogos de grau dificuldade elevado para o Boavista FC e para o Vitoria SC. É que, enquanto a equipa do Bessa recebia o FC Porto, a turma vitoriana deslocava-se ao terreno do Leixões SC.
Depois, jogando mais em contra ataque dispôs de imensas oportunidades de golo para sentenciar a partida. Todavia, foi já perto do desfecho da partida que o Vitoria SC conseguiu os golos da tranquilidade, apontados pela dupla de avançados vitoriana, o brasileiro Jeremias e Tito.
Na parte baixa da tabela estavam já confirmadas as descidas de SC Olhanense e SC Espinho, Académica de Coimbra, e mais tarde também do Clube Oriental de Lisboa. No Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1975/75 faltava apenas decidir o 4º classificado, posição que atribuiria mais um lugar nas competições europeias.
O Vitoria SC e o Boavista FC eram os clubes envolvidos nessa particular luta e o jogo entre eles na última jornada da competição tudo iria decidir. Os vitorianos partiam com uma vantagem de dois pontos e um empate no jogo decisivo seria suficiente para garantir o 4º lugar, por seu turno, ao Boavista FC só a vitoria interessava.
O jogo decisivo joga-se no dia 17 de Maio de 1975, pelas 16.00 horas, no Estádio Municipal de Guimarães, repleto de vimaranenses que acreditavam piamente no sucesso da sua equipa. E tinham razão para isso, já que o Vitoria SC possuía uma excelente equipa de futebol conforme tinha ficado bem demonstrado ao longo da temporada.
Do outro lado, porém, apresentava-se também uma equipa recheada de grandes valores do futebol português, superiormente comandada pelo conceituado técnico José Maria Pedroto.
Naquela tarde do mês de Maio de 1975, aguardava-se um grande jogo de futebol, disputado entre duas excelentes equipas e, talvez ingenuamente, suponha-se que a decisão sobre o 4º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75 dependia, unicamente, da prestação dos jogadores do Vitoria SC e do Boavista FC.
Para arbitrar aquela decisiva partida foi nomeado o arbitro António Garrido, da AF de Leiria, para muitos, considerado, como o melhor juiz dos quadros nacionais. Acabou por ser ele, António Garrido, o grande protagonista da partida, recheada de casos polémicos e decisões bastante contestadas pelos apaniguados do Vitoria SC.
Antes de uma referência mais pormenorizada ao jogo, diga-se, desde logo, que aquele encontro entre o Vitoria SC e o Boavista FC da ultima jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75 foi, futebolisticamente falando, um extraordinário espectáculo, bem jogado, intenso e com incerteza no resultado até ao final.
Desde o apito inicial que a emoção esteve ao rubro naquela partida. Logo aos 12 minutos de jogo o primeiro lance polémico. Numa jogada de ataque do Vitoria SC, o avançado Tito atira colocado para a baliza do desamparado guardião do Boavista FC, Botelho.
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(Imagem do primeiro lance pólémico do jogo Vitoria SC - Boavista FC. Amândio parece cortar a bola já no interior da baliza boavisteira, enquanto o guardião Botelho acorre desamparado ao lance)
Momentos depois, aos 28 minutos de jogo, surge o primeiro golo do Boavista FC. Na zona do meio campo, o centrocampista João Alves desmarca o rápido extremo boavisteiro Salvador, que em velocidade ganha o lance ao defesa vitoriano Rui Rodrigues e, já no interior da área, devolve a bola a João Alves que atira para o fundo da baliza.
A posição de João Alves, no momento do remate fatal, é bastante duvidosa, mas desta feita, o arbitro António Garrido valida o golo, apesar dos inúmeros protestos dos jogadores do Vitoria SC e da massa associativa que passa a manifestar-se fortemente.
Já com os ânimos bastante exaltados, logo surge novo lance muito controverso. Aos 36 minutos, correspondendo a um cruzamento da esquerda, o avançado boavisteiro Mane, em posição duvidosa, surge isolado perante o guardião do Vitoria SC Rodrigues, que imediatamente se lança ao relvado para impedir o golo.
Na sequência da disputa daquele lance entre o guarda-redes Rodrigues e o avançado Mané, o arbitro António Garrido apita, apontando para a marca da grande penalidade. Imediatamente resultam um coro de infindáveis protestos vindos do sector junto à baliza do Vitoria SC, com derrube das redes de vedação do campo e ameaças de invasão.
Depois de serenar os ânimos na bancada e restabelecida a ordem, o boavisteiro João Alves com um remate colocado transformou em golo a grande penalidade e colocou o Boavista FC a vencer por 0-2. O Vitoria SC, em clara desvantagem no marcador, lança-se no ataque em busca de um golo que reduzisse as diferenças.
Renascia as esperanças junto das hostes vimaranenses, mas os desenvolvimentos do primeiro tempo foram definitivamente marcantes e a saída para as cabines ao intervalo foi bastante complicada para o trio de arbitragem liderado por António Garrido.
(Bem evidentes os protestos da massa associativa do Vitoria SC no Estádio Municipal de Guimarães)
Já na segunda parte e após substituições operadas, com intenções inversas, em ambas as equipas - pelo lado do Vitoria SC entrando Almiro mais ofensivo para o lugar do defesa Osvaldinho, enquanto no Boavista FC dá-se a entrada de Barbosa, médio defensivo para o lugar do avançado Mané – o jogo ofensivo ficou a cargo dos vimaranenses, enquanto a equipa do Bessa acantonou-se na defesa, sem nunca descurar o contra ataque, sobretudo, através do endiabrado Salvador.
À constante pressão exercida pela equipa do Vitoria SC, respondia o Boavista FC como um verdadeiro bloco intransponível. Todavia, a equipa vimaranense não conseguia criar grandes oportunidades, jogando, agora, mais com o coração do que com a cabeça.
A muito custo lá termina a partida com a derrota final do Vitoria SC por 1-2, ficando assim fora do acesso às competições europeias organizadas pela Uefa. Já a equipa boavisteira conseguia recuperar a desvantagem pontual na tabela classificativa e garantia o 4º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.
Depois do final da partida seguiram-se momentos verdadeiramente lamentáveis, com alguns adeptos afectos ao Vitoria SC a contestar de forma desvairada a arbitragem de António Garrido.
Dentro dos balneários, o arbitro António Garrido e seus auxiliares eram protegidos pelos jogadores e dirigentes do Vitoria SC, enquanto no exterior os acontecimentos agravaram-se.
Desde confrontos com a policia, que foi obrigada a usar as armas, às tentativas de arrombamento de portas, o cerco ao estádio, até ao fogo ateado ao carro novo do arbitro António Garrido - um Toyota 1200 vermelho – aconteceu de tudo um pouco no final daquele celebre jogo entre o Vitoria SC e o Boavista FC no final da temporada de 1974/75.
Apenas com a chegada de um conjunto de militares vindos da cidade do Porto, que reforçaram o policiamento na área envolvente ao Estádio Municipal de Guimarães, foi possível permitir a saída do arbitro António Garrido, que ainda teve de fazer a viagem no interior de um carro militar.
Tal como nos dias de hoje, também naquela altura o corporativismo da arbitragem ficou bem patente com um conjunto de árbitros, essencialmente, do núcleo de Leiria e de Lisboa vetaram os jogos do Vitoria SC até que o arbitro António Garrido fosse indemnizado e o clube fosse severamente castigado.
Imediatamente foi decretada a interdição preventiva do Estádio Municipal de Guimarães, com consequências imediatas na prova da Taça de Portugal onde o Vitoria SC ainda estava envolvido, cabendo-lhe defrontar no domingo seguinte ao jogo com o Boavista FC, a equipa do FC Porto.
O sorteio havia ditado um FC Porto – Vitoria SC. Como a equipa portista também tinha o seu estádio interdito por decisão disciplinar, segundo os regulamentos, o jogo deveria ser disputado em Guimarães. Contudo, em face da interdição preventiva do Estádio Municipal de Guimarães, o jogo teria de ser jogado em campo neutro, a indicar pelo FC Porto.
Foi escolhida a Povoa de Varzim como a cidade que acolheria o primeiro jogo entre o FC Porto e o Vitoria SC para a Taça de Portugal, realizando-se o jogo de desempate no Estádio 1º de Maio na cidade de Braga.
Mas até ao jogo com o FC Porto, o Vitoria SC teve ainda que eliminar o FC Paços de Ferreira, no Campo da Mata Real, para a 5ª ronda da Taça de Portugal. Os vimaranenses foram vencer a Paços de Ferreira por 1-3, com golos de Tito, Jeremias e Ramalho para o Vitoria SC e Canavarro para a equipa pacense.
Na ronda seguinte da Taça de Portugal o Vitoria SC defrontou o FC Porto na Povoa de Varzim. Uma verdadeira multidão acorreu àquela cidade nortenha, numa tarde de domingo quase em pleno verão, para assistir a um jogo aguardado com enorme expectativa.
Foram milhares e milhares de adeptos portistas e vitorianos que lotaram por completo o Estádio da Povoa do Varzim. Alias, alem daqueles que conseguiram entrar recinto, muitos milhares ficaram no exterior, não conseguindo de forma alguma assistir à partida ao vivo.
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Chegou mesmo a ponderar-se o adiamento do encontro, devido à falta de condições mínimas para a sua realização. Grande parte do público, encurralado nas bancadas, foi mesmo obrigado a saltar a vedação e colocar-se junto as linhas que delimitavam o terreno de jogo.
Apesar de tudo, o jogo acabou por realizar-se e, nessa tarde de Maio de 1975, assistiu-se a um desafio inesquecível entre o FC Porto e o Vitoria SC, com as duas equipas a protagonizar um espectáculo de gala, apresentando um futebol ofensivo, recheado de emoção, inconstância no marcador e muitos golos à mistura.
No final dos 90 minutos resultou um empate a 3-3. Já no prolongamento nenhuma das equipas conseguiu manter o ritmo alucinante que se viveu durante o tempo normal de jogo. Contudo, o Vitoria SC ainda teve algumas hipóteses claras de golo, as quais, por manifesta infelicidade, não conseguiu converter.
Registou-se novamente uma grande enchente nessa tarde de quarta-feira, mas desta vez, a sorte sorriu a equipa do FC Porto, visivelmente mais preparada fisicamente para aguentar dois jogos tão intensos em poucos dias.
A equipa vimaranense ainda ganhou algum alento quando Tito apontou aos 52 minutos o primeiro golo do Vitoria SC. A partir daí lançou-se incessantemente no ataque. Dispôs de varias oportunidades de golo, às quais o guardião portista Tibi respondia a grande altura.
Por seu lado, o FC Porto respondia em perigosos contra ataques, criando também bastante perigo junto à baliza vitoriana defendida por Rodrigues, o qual também realizou brilhantes defesas.
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Quanto aos jogadores regista-se que Rodrigues (22 jogos) e Sousa (10 jogos) foram os guarda-redes do Vitoria SC. Na defesa jogaram Ramalho (30 jogos), Rui Rodrigues (30 jogos), Torres (26 jogos) e Osvaldinho (23 jogos), como titulares e, ainda, o defesa central José Carlos (6 jogos), Artur (6 jogos) e o jovem Alfredo (18 jogos).
Os golos marcados pelo Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de 1974/75 foram distribuídos entre Jeremias com 18 e Tito com 17, respectivamente o 2º e 3º melhores marcadores da competição. Marcaram também Romeu 10 golos, Custódio Pinto e Abreu, com 5 golos cada, Pedrinho 4 golos, Rui Rodrigues 2 golos, e Alfredo, Almiro e Jorge Gonçalves com 1 golo cada.
Por fim, refira-se que o Vitoria SC voltou a sagrar-se campeão regional na categoria de juvenis da Associação Futebol de Braga pela sexta vez consecutiva.
grande campeonato este!!
ResponderEliminarO Vitória, no jogo de Braga para a taça jogou desfalcado, lembro-me de ter utilizado o avançado vimaranense Zéquinha, hoje dentista.
Mas a análise desta época veio lembrar-me aquele que está nitidamente a fazer falta a este excelente conjunto de retrospectivas: Jeremias.
Vamos acreditar que um dia ainda aparecerá
Carlos:
ResponderEliminarDesde já agradeço o seu comentário e a recordação desse jogo entre o Vitoria SC e o FC Porto para a Taça de Portugal.
Quanto a Jeremias, é obvio, que será um jogador contemplado com uma recordação especial neste blogue "Glórias do Passado".
Saudações Vitorianas,
Alberto de Castro Abreu