A carreira deste jogador começa em Angola, terra onde nasceu no dia 4 de Maio de 1940. Natural de Nova Lisboa, distrito de Huambo, ainda jovem, o Carlos Manuel mudou-se com a família para o Lobito.
Foi no Lobito que Carlos Manuel iniciou oficialmente a sua carreira de futebolista. Com apenas 13 anos de idade alinhava na equipa de juniores do FC Lobito, filial do FC Porto.
As exibições protagonizadas ao serviço daquele popular clube angolano despertaram a atenção de diversos emissários dos maiores clubes de Portugal. Entre eles estava o Senhor Matias Pereira, olheiro do Sporting CP na região, que convenceu o jovem promissor Carlos Manuel a viajar para Lisboa e ingressar na equipa leonina.
Com apenas 17 anos de idade, o jovem Carlos Manuel, entusiasmado com a oportunidade, deixou a sua terra natal e a família e, sozinho, rumou para Lisboa disposto a singrar no futebol português.
Despediu-se do seu clube de sempre, o FC Lobito, num derby frente ao Lusitano SC. O FC Lobito venceu a disputada contenda por 4-3 com Carlos Manuel a realizar uma inesquecível exibição.
Após 11 dias de viagem a bordo do paquete “Angola”, o jovem Carlos Manuel, esperançado no seu futuro futebolístico, desembarcou na capital portuguesa no dia 25 de Janeiro de 1957. Rubricou contrato com o Sporting CP e a partir de então passou a jogar pela equipa de juniores.
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(No Estádio do Restelo num encontro entre os juniores do Sporting CP e o CF Belenenses)
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(Mais um golo ao serviço do Sporting CP)
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(Um cruzamento de Carlos Manuel em representação do Sporting CP)
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(Com a camisola n.º 9, Carlos Manuel ultrapassa um adversário)
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Oficialmente, a sua estreia pela equipa principal do Sporting CP ocorreu na temporada de 1962/63, com 22 anos de idade, lançado pelo treinador Juca. Nesta época, actuou em 4 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão e apontou 3 golos, estabelecendo uma excelente média, numa competição em que o Sporting CP foi o 3º classificado.
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(Carlos Manuel disputando um lance com Alfredo)
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(Carlos Manuel do Sporting CP e Mesquita do FC Porto)
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Nesta altura, além de futebolista a representar o Sporting CP, o jovem Carlos Manuel era também, desde do ano de 1958, funcionário da CIDLA, empresa petrolífera portuguesa.
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(Carlos Manuel vai passar entre dois defensores do SC Olhanense)
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(Carlos Manuel disputando um lance aereo)
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(Carlos Manuel desferindo um potente remate)
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No final da época de 1962/63 o jovem Carlos Manuel decide dar um novo impulso à sua carreira de futebolista. Procurando novas oportunidades para se afirmar definitivamente no futebol português, ingressou no Vitoria de Setúbal na temporada de 1963/64.
Ao serviço do Vitoria de Setúbal fez a sua estreia em competições internacionais de clubes e irreversivelmente afirmou-se como um dos bons jogadores do futebol português.
A primeira temporada no Vitoria de Setúbal foi em cheio. O clube, apesar das sucessivas mudanças no comando técnico, terminou o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 7ª posição da classificação geral. Carlos Manuel foi sempre titular no ataque da equipa sadina, alinhando em 26 partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da principal e apontou 11 golos, tornando-se no melhor marcador da equipa do Vitoria de Setúbal na principal competição nacional.
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Os desempenhos de Carlos Manuel ao longo da época de 1963/64 ao serviço do Vitoria de Setúbal despertaram novamente as atenções dos clubes portugueses mais importantes. FC Porto e também o Sporting CP tentaram, sem sucesso, a aquisição do jogador que, todavia, continuaria ao serviço do Vitoria de Setúbal.
Importante foi mesmo o contributo de Carlos Manuel para a conquista pelo Vitoria de Setúbal da Taça de Portugal da temporada de 1964/65. Carlos Manuel sagrou-se mesmo o melhor marcador da prova, apesar de no jogo da final não ter apontado qualquer golo na vitória sobre o SL Benfica por 3-1.
O Vitoria de Setúbal foi o 5º colocado na principal prova portuguesa e disputou novamente a final da Taça de Portugal, nesta ocasião defrontando a equipa do SC Braga, que acabou por vencer por 1-0, com um golo do lendário jogador bracarense Perrichon.
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Voltou a vencer a Taça de Portugal, derrotando na final da competição a Académica de Coimbra por 3-2, após prolongamento, numa partida que não contou com a participação de Carlos Manuel.
No jogo de Itália, os setubalenses foram derrotados por 3-1, tendo naquela ocasião o golo do Vitoria de Setúbal sido apontado precisamente por Carlos Manuel. Já em Portugal, a equipa do Vitoria de Setúbal foi novamente derrotada, desta feita por 0-2, acabando assim por ser arredada desta competição internacional.
O clube setubalense contabilizou mais um presença na final da Taça de Portugal, a quarta consecutiva, mas desta vez não conquistou o troféu, perdendo na final para o FC Porto por 2-1, num encontro que não contou com a presença de Carlos Manuel.
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Na temporada de 1968/69, o Vitoria SC conseguiu atingir, pela primeira vez na sua história, o 3º lugar na classificação final do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Ainda hoje é e continua a ser a melhor classificação de sempre do Vitoria SC na principal competição portuguesa, apesar de já ter sido igualada no decorrer da década de 80 e na de 90.
Além da equipa vimaranense ter atingido o lugar no pódio, outro feito de inegável importância foi conquistado nesta temporada de 1968/69. Fruto do brilhante 3º lugar no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Vitoria SC garantiu o direito a participar pela primeira vez na sua história nas competições internacionais de clubes na temporada seguinte.
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Ofensivamente a equipa do Vitoria SC era mágica, mas acima de tudo mortífera. O Vitoria SC na época de 1968/69 foi também uma das equipas mais realizadoras do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Zézinho, Mendes e Manuel, formavam um trio de ataque demolidor, com o brasileiro Manuel e sagrar-se como o melhor marcador da equipa e o 2º melhor na prova.
Aquele trio deixava poucas hipóteses à concorrência para jogar na equipa do Vitoria SC como titular. Por esse motivo, a utilização de Carlos Manuel foi bastante escassa para aquilo que se aguardava do mais sonante reforço da equipa vimaranense.
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Foi apenas na parte final da temporada que Carlos Manuel apareceu ao mais alto nível e dessa forma contribuiu decisivamente para a classificação final alcançada pelo clube. Talvez por isso, os números individuais de Carlos Manuel ao serviço do Vitoria SC na Taça de Portugal, que recorde-se naquela altura se disputava na ponta final da temporada, foram bem mais condizente com a valia esperada do jogador.
Carlos Manuel foi na competição da Taça de Portugal o melhor marcador e também o melhor jogador do Vitoria SC. Nas cinco partidas realizada nesta competição, Carlos Manuel apontou cinco golos.
Nesse desafio o Vitoria SC recebeu e venceu a formação do Atlético CP por 1-0. Num terreno ensopado, fruto do autêntico dilúvio que se abateu sobre a cidade de Guimarães, o Vitoria SC foi sempre superior à equipa de Alcântara vencendo a partida com um tento do capitão Peres.
Era um jogador com uma entrega ao jogo impar, sempre aplicado e muito corajoso. Era um lutador nato, destemido e com uma intuição muito própria de um ponta de lança goleador. Bom rematador e grande capacidade de desmarcação, Carlos Manuel era efectivamente um avançado temido.
Para o seu lugar de Jorge Vieira chegou um novo treinador oriundo do Brasil para a nova época de 1969/70. Gilberto Carvalho, conhecido pelo diminutivo de Giba, conceituado técnico no Brasil, foi a escolha da Direcção do Vitoria SC para comandar a equipa na temporada que se iniciava.
Entretanto, depois do encontro frente ao SL Benfica na 2ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o Vitoria SC ficou sem o seu treinador principal. Giba foi afectado por uma doença grave que se agudizava em Portugal e foi obrigado a regressar ao Brasil, já que não havia condições para permanecer em Guimarães. Para o substituir chegou o português Fernando Caiado.
Foi nesta época de 1969/70 que Carlos Manuel apontou, finalmente, o primeiro golo com a camisola do Vitoria SC no Campeonato Nacional da 1ª Divisão. Ocorreu no jogo de estreia de Fernando Caiado como treinador dos vimaranenses, à 3ª jornada, precisamente no dia 21 de Setembro de 1969.
Carlos Manuel com o seu tento selou um triunfo do Vitoria SC no sempre difícil terreno do Leixões SC por 0-1. No Estádio do Mar, o Vitoria SC e Carlos Manuel fizeram uma grande exibição, coroada com um golo, alem de muitas oportunidades perdidas ao longo de todo o encontro, em contraponto com o Leixões SC que apenas dispôs de uma verdadeira ocasião de golo.
O destaque na equipa do Vitoria SC neste jogo vai inteirinho para a exibição do capitão Peres, um verdadeiro motor do meio campo vimaranense, tanto a defender como nas manobras ofensivas.
Mas o grande momento da passagem de Carlos Manuel pelo Vitoria SC ocorreu no 10 de Setembro de 1969, quando apontou o primeiro golo do Vitoria SC nas competições europeias.
O primeiro adversário dos vimaranenses na Taça das Cidades com Feiras da época de 1969/70 foi a equipa do Banik Ostrava, com a 1ª mão da 1ª eliminatória a realizar-se na cidade de Guimarães.
Aquele histórico dia 10 de Setembro de 1969, contrariamente ao esperado, foi um dia muito chuvoso, de tal forma que parecia estarmos em pleno inverno. As péssimas condições climatéricas condicionaram a afluência de publico ao Estádio Municipal de Guimarães, que ainda assim registou a presença de cerca de 7.000 espectadores.
Desde o apito inicial que o Vitoria SC lançou-se no ataque, tentando solucionar rapidamente a eliminatória em Guimarães. Essa entrada em campo e a forma como a equipa abordou inicialmente o jogo valeu-lhe, logo aos 10 minutos da partida, um golo apontado por Carlos Manuel, o único, numa vitória sobre a equipa da Checoslováquia por 1-0.
A verdade é que Carlos Manuel, alem de autor do golo, foi o principal protagonista do jogo, colocando sempre em sobressalto a defensiva da equipa checa. Também no jogo da 2ª mão na Checoslováquia, Carlos Manuel realizou uma óptima exibição.
Voltou a jogar como titular e foi muito útil na luta travada no jogo aéreo, fruto do seu excelente jogo de cabeça, como aconteceu no contributo prestado no lance do golo do Vitoria SC, que permitiu a qualificação para a eliminatória seguinte.
Não obstante o início de temporada notável, a verdade é que Carlos Manuel foi diminuindo de rendimento e acabou perdendo a titularidade. Acabou por não conseguir confirmar integralmente os seus créditos ao serviço do Vitoria SC.
Realizou no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1969/70 um total de 13 jogos, apontado 2 golos, enquanto que na Taça das Cidades com Feiras, marcou um golo nos 3 jogos em que alinhou.
Com 30 anos de idade terminou o contrato e deixou o Vitoria SC. Não voltaria a jogar na 1ª Divisão Nacional, concluindo assim a sua carreira no principal campeonato português ao serviço do clube vimaranense, depois das passagens pelo Sporting CP e Vitoria de Setúbal.
Excelente trabalho sobre o Carlos Manuel (dos anos 60)!
ResponderEliminarEste Carlos Manuel não era familiar do Fernando Peyroteo? Quere-me parecer que ouvi algo sobre isso. Creio que sobrinho era o grau de parentesco em questão.
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