Glórias do Passado: Temporada de 1968/69 - 3ª Parte

 

Temporada de 1968/69 - 3ª Parte


O Vitoria SC terminou assim o Campeonato Nacional da 1ª Divisão no 3º posto da tabela classificativa, com 36 pontos, atrás do SL Benfica, treinado por Otto Glória, que se sagrou campeão nacional, com um pecúlio de 39 pontos, e do FC Porto, o vice-campeão, com 37 pontos amealhados.

Esta classificação reflectia, desde logo, o apuramento da equipa vimaranense para as competições internacionais de clubes. Este apuramento apenas se veio a confirmar já no final da época, após a aprovação da reformulação da Taça das Cidades Com Feiras.

A partir de então, o apuramento para disputar esta prova internacional de clubes, dependia da classificação obtida nos respectivos campeonatos nacionais de cada país da Europa. O Vitoria SC, pela classificação obtida e fruto de uma temporada a todos os níveis sensacional, terá o legitimo direito a participar pela primeira vez na sua história numa competição internacional de clubes na temporada de 1969/70.

A equipa do Vitoria SC ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, marcou um total de 46 golos nas 26 jornadas da prova, sagrando-se o seu avançado brasileiro Manuel, com 18 golos, o melhor marcador da equipa e o segundo melhor da competição.

Os 46 golos apontados pelo Vitoria SC no decurso da prova tiveram a autoria dos seguintes jogadores: o já referido Manuel, com 18 tentos, seguido por Zézinho com 6, Peres, Mendes e Vieira com 4 cada, Augusto e Artur com 2 golos cada um, Gualter, Joaquim Jorge, Manuel Pinto, Silva e Manafá todos com um golo apontado. O Vitoria SC beneficiou ainda de um auto golo de Vieira Nunes da Académica de Coimbra.

Em termos defensivos o Vitoria SC consentiu somente 17 golos em todo o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1968/69, sendo a par do SL Benfica, a defesa menos batida da prova. De resto, o guarda-redes vitoriano Rodrigues foi mesmo considerado o melhor guardião da competição.

Em termos de distinções individuais cabe ainda referir aquela que foi recebida pelo defesa central do Vitoria SC Joaquim Jorge, agraciado com o troféu denominado “Somelos - Helança” instituído pelo Jornal “A Bola”, premio destinado a distinguir aquele que foi considerado como o melhor jogador do campeonato na sequencia das classificações atribuídas semanalmente pelos jornalistas daquele periódico.

Por ultimo, ainda sobre os dados estatísticos, referencia para os jogadores utilizados pelo Vitoria SC ao longo das 26 jornadas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1968/69. O Vitoria SC utilizou somente 19 jogadores, sendo o guarda-redes Rodrigues e o defesa internacional luso Joaquim Jorge os totalistas com 26 partidas.

O Vitoria SC utilizou ainda os seguintes atletas ao longo da principal competição nacional: Os defesas Gualter (25 jogos), Manuel Pinto (23 jogos), Costeado (17 jogos, mais 1 incompleto); os médios Augusto (24 jogos), Artur (25 jogos), o capitão Peres (22 jogos); e os avançados Zézinho (19 jogos), Manuel (24 jogos, mais 2 incompletos) e Mendes (22 jogos, mais 2 incompletos). Estes, juntamente com Rodrigues e Joaquim Jorge, formaram o onze inicial base do Vitoria SC.

Jogaram ainda nesta temporada na 1ª Divisão Nacional, o defesa Daniel Barreto (14 jogos, mais 1 incompleto); os médios Castro (1 jogo, mais 1 incompleto), Ribeiro (3 jogos incompletos), Silva (5 jogos, mais 8 incompletos); e os avançados Manafá (4 jogos incompletos), Vieira (3 jogos, mais 13 incompletos), Carlos Manuel (10 jogos, mais 4 incompletos) e Bilhó (com 1 jogo incompleto.

Na temporada de 1968/69 o Vitoria SC participou também na Taça de Portugal. Na 1ª eliminatória o Vitoria SC teve que defrontar a equipa do GD Peniche, uma das melhores equipas da 2ª Divisão Nacional.

No jogo da 1ª mão o Vitoria SC deslocou ao Campo do Baluarte em Peniche. Aí, o Vitoria SC sofreu imenso, não só pela valia do adversário, mas também pelo temporal que se abateu e que dificultou demasiadamente a equipa vimaranense.

A eliminatória, disputada em apenas um jogo, esteve mesmo bastante complicada para a equipa do Vitoria SC, já que a formação do GD Peniche adiantou-se mesmo no marcador e depois defendeu-se muito bem, aproveitando as difíceis condições apresentadas do pelado do Campo do Baluarte. O Vitoria SC conseguiu todavia chegar à igualdade a 1-1 por intermédio do inevitável Manuel obrigando assim à realização de um jogo de desempate, desta feita, no Estádio Municipal de Guimarães.
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No segundo jogo o Vitoria SC demonstrou toda a sua superioridade vencendo, numa partida sem história, por 4-0, com os golos apontados por Carlos Manuel, Zézinho, Manuel e pelo médio Ribeiro.
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(Vitoria SC - GD Peniche)
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(Vitoria SC - GD Peniche)
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Na eliminatória seguinte - correspondente aos dezasseis avos de final - o Vitoria SC deslocou-se ao terreno do vizinho FC Vizela. No Campo Agostinho Lima, repleto de apaniguados de ambas as formações, o Vitoria SC manifestou toda a sua superioridade, que nem o campo de pequenas dimensões e o brio dos vizelenses conseguiram contrapor.
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O Vitoria SC entrou de rompante vencendo, já ao intervalo, por 1-4, num resultado final que se cifrou em 1-5. Pelo Vitoria SC marcaram Zézinho (em duas ocasiões), Manuel, Mendes e o médio brasileiro Augusto. O tento de honra do FC Vizela foi apontado por Pateta.
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(FC Vizela - Vitoria SC)
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Nos oitavos de final foi a vez do Vitoria SC defrontar o primodivisionário Varzim SC, que se encontrava em grande forma nesta parte da época, numa fase da competição em que as eliminatórias já se disputavam no sistema de duas mãos.

Na 1ª mão o Vitoria SC deslocou-se à cidade da Povoa do Varzim, vencendo os varzinistas por 2-3, numa exibição categórica e recheada de momentos verdadeiramente brilhantes.

Na 1ª parte o Vitoria SC dominou totalmente o jogo, não deixando, por um lado, o adversário ter a posse de bola, e por outro, empreendendo lances que redundaram num perigo constante junto à baliza adversária, de onde se destacam duas soberanas oportunidades de golo desperdiçadas por Mendes e Augusto.

Já na 2ª parte, um pouco contra a corrente do jogo, o Varzim SC adiantou-se no marcador. Contudo, o Vitoria SC não se alterou, mantendo a mesma toada ofensiva e logo em seguida obteve o golo da igualdade, por intermédio de Mendes, num esplêndido e indefensável remate.
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O Vitoria SC marcou depois o 1-2 e o 1-3. Ambos os tentos foram apontados por Carlos Manuel, o primeiro após a cobrança de um canto, e o segundo depois de uma magistral jogada do avançado Manuel que serviu de bandeja o médio do Vitoria SC.
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(Varzim SC - Vitoria SC)
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No segundo encontro o Vitoria SC voltou a vencer o Varzim SC por 3-2 agora no Estádio Municipal de Guimarães. Logo na primeira meia hora de jogo já o Vitoria SC vencia por 2-0 com os tentos da autoria de Carlos Manuel e Artur.
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Após adiantar-se no marcador o Vitoria SC entrou em economia de esforços e o Varzim SC, com mérito indiscutível, acabou por chegar à igualdade em 2-2. Todavia, o Vitoria SC conseguiria suplantar o marcador a seu favor para 3-2, novamente através de um golo de Carlos Manuel, que nesta altura da temporada estava em excelente forma.
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(Vitoria SC - Varzim SC)
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Chegados aos quartos de final o Vitoria SC encontrou a equipa da Académica de Coimbra, aquela formação que mais se assemelhava aos vimaranenses no estilo de jogo. A 1ª mão disputada no Estádio Municipal de Guimarães redundou numa vitória dos vimaranenses por 2-1, com golos do capitão Peres e outro na própria baliza.

O Vitoria SC teve muita dificuldade para romper a bem composta defensiva da Académica de Coimbra, que, alem disso, intentava perigosíssimos contra ataques. A briosa cedo adiantou-se no marcador, através de Peres, e partir de então remeteu-se unicamente à defesa.
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A equipa de Guimarães tentou de todas as formas dar a volta ao marcador, e mesmo depois de conseguir esse objectivo, prosseguiu de forma a dilatar a vantagem para encarar o jogo da 2ª mão tranquilamente. Não foi porém feliz a equipa do Vitoria SC que desperdiçou consecutivamente imensas oportunidades claras de golo.
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(Vitoria SC - Académica de Coimbra)
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A Académica de Coimbra conseguiria porém ultrapassar a vantagem do Vitoria SC no jogo da 2ª mão e assim obter o passaporte para as meias-finais da Taça de Portugal na edição da época de 1968/69.
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Os conimbricenses venceram o Vitoria SC por 5-0 numa tarde negra da defensiva vitoriana. Na verdade, após o primeiro golo da Académica de Coimbra, o Vitoria SC entrou num completo desnorte oferencendo verdadeiros brindes ao ataque da equipa estudantil.
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(Académica de Coimbra - Vitoria SC)
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O Vitoria SC ficou assim pelo caminho nesta competição, seguindo a Académica de Coimbra até à final, onde viria a perder o troféu para o SL Benfica que desta forma conseguia concretizar a famosa “dobradinha”.

Conforme a tradição, o Vitoria SC teve participação no Campeonato Norte de Reservas e na Taça Ribeiro dos Reis, onde frequentemente actuavam os jogadores menos utilizados pela equipa principal.
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Na Taça Ribeiro dos Reis da época de 1968/69, o Vitoria SC terminou classificado na 5ª posição da sua série, que foi vencida pelo SC Salgueiros. A competição, porem, foi conquistada pelo Vitoria de Setúbal que na final venceu o GD Peniche por 1-0.
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(Vitoria SC - FC Tirsense na Taça de Reservas no Campo da Amorosa)
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(Vitoria SC - Boavista FC na Taça Ribeiro dos Reis)
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(Vitoria SC - SC Braga na Taça Ribeiro dos Reis)
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(Vitoria SC - SC Braga na Taça Ribeiro dos Reis)
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(Vitoria SC - SC Braga na Taça Ribeiro dos Reis)
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(Vitoria SC - FC Penafiel na Taça Ribeiro dos Reis)
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Referencia, ainda, à digressão que o Vitoria SC realizou a França na temporada de 1968/69. Pelo prestígio granjeado ao longo de toda a época, o Banco Português do Atlântico e o Banco Franco-Portugues convidaram o Vitoria SC a disputar uma partida amigável com o Lyon na região francesa de Clermont-Ferrand.

O jogo foi disputado no Campo Michelyn, empresa conceituada e onde trabalhavam imensos portugueses. Alias, aquele recinto, estava completamente lotado de emigrantes portugueses ávidos de ver actuar uma das melhores equipas de futebol lusas.

O Vitoria SC fez uma bela exibição à qual só faltaram os golos. A equipa vimaranense dominou toda a 1ª parte do desafio onde dispões de inúmeras oportunidades de golo. Na 2ª parte, a prestigiada equipa do Lyon tomou conta do jogo, sem nunca conseguir, contudo, superiorizar-se ao Vitoria SC.
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O jogo foi inesperadamente interrompido perto do final dos 90 minutos quando os jogadores do Lyon abandonaram o terreno de jogo. Desta forma, o Vitoria SC foi oficialmente declarado como vencedor da partida conquistando assim o troféu em disputa.
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(Vitoria SC em Paris)
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(Vitoria SC - Lyon)
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(Festejos dos jogadores do Vitoria SC no final do encontro frente ao Lyon)
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(Invasão de campo no final do Vitoria SC - Lyon)
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Por último, regista-se a presença do Vitoria SC, já no final da época desportiva de 1968/69, na Taça Cidade do Porto, juntamente com as equipas do FC Porto, Boavista FC e o Slovan da Checoslováquia.
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No jogo das meias-finais o Vitoria SC empatou 1-1 com a equipa do Slovan. O desempate fez-se pelo número de cantos conquistados por cada uma das equipas, vencendo, nesta parte, a formação checa por 4-2.
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(Vitoria SC - Slovan)
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(Vitoria SC - Slovan)
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No jogo de atribuição do 3º e 4º lugar o Vitoria SC defrontou o Boavista FC. O resultado cifrou-se novamente numa igualdade, desta feita a 0-0, com o sistema de desempate, agora, a ser favorável à turma vimaranense que conquistou mais cantos, 17 contra apenas um dos axadrezados.


Autor: Alberto de Castro Abreu

Caro Alberto,
parabéns por mais este pedaço da história do VSC e também, do próprio futebol Português.
Um abraço,
Fernando
 
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