Glórias do Passado: Toniño

 

Toniño


Na década de 90 deu-se em Portugal uma invulgar entrada de vários jogadores de nacionalidade espanhola para actuar no futebol luso. Um dos clubes que mais apostou em atletas provenientes do país vizinho foi o GD Chaves, que aproveitando a proximidade com a fronteira com Espanha, aproveitou para seduzir alguns jogadores que poucas oportunidades tinham de actuar pelas principais equipas espanholas recheadas de estrelas mundiais.
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Um dos primeiros jogadores a chegar ao GD Chaves procedente do futebol foi precisamente Toniño, um médio centro de características defensivas, que cedo começou a destacar-se no futebol português ao serviço da equipa transmontana.
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Toniño trata-se de José António Valverde Besga, natural da região do Pais Basco, nascido no dia 8 de Agosto de 1971. Toniño fez a sua formação como jogador de futebol na região da qual era natural, essencialmente, ao serviço do Atlético de Bilbau, um dos principais clubes espanhóis.

Como sénior alinhou pela equipa “B” do Atlético de Bilbau, mas na época de 1993/94 integrou mesmo o plantel principal da equipa basca, apesar de não ter sido utilizado, já que maioritariamente continuava a jogar no Atlético de Bilbau “B”.
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Com poucas oportunidades para se afirmar no futebol espanhol, Toniño deixou-se seduzir pelo convite do GD Chaves para actuar na 1ª Divisão Nacional portuguesa na época de 1994/95.
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(No GD Chaves na época de 1994/95)
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Orientado por António Jesus e, mais tarde, por Vítor Urbano, Toniño foi dos jogadores mais influentes da equipa do GD Chaves na temporada de 1994/95, que, apesar das inúmeras dificuldades, acabou por garantir a permanência no principal escalão do futebol português.
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Nesta época, Toniño foi garantidamente o mais regular jogador da equipa flaviense após uma excelente adaptação ao futebol português. Toniño incorporava as características do típico jogador basco. Era forte, com um grande “pulmão” era um verdadeiro “mouro” de trabalho, com uma técnica razoável, esforçado, mas sobretudo, dono de um forte pontapé que lhe valeu alguns golos em Portugal.
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(No GD Chaves na temporada de 1994/95)
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Este médio centro do GD Chaves era um jogador de baixa/média estatura, revelando-se um excelente recuperador de bolas e um lutador incansável pela posse da bola. Era de uma entrega ao jogo digna de realce, com bom toque de bola e bom lançador nos passes de longa distância.

A estas virtudes importantes para a posição que ocupava no terreno de jogo, este basco possuía ainda um “pontapé canhão” que usava frequentemente em remates de meia distancia ou na cobrança de livre directos. Era considerado um marcador de lances de bola parada por excelência.

(Em esforço representando o GD Chaves)
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Fez a sua estreia oficial com a camisola do GD Chaves e também no futebol português logo na 1ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1994/95, num desafio disputado no Estádio Municipal de Chaves entre a formação local e o SC Salgueiros. A equipa oriunda da cidade do Porto acabou por vencer aquela partida por 0-1 com um golo de Chico Oliveira aos 44 minutos.

O seu primeiro golo em Portugal foi também apontando na sua primeira época em Portugal, envergando a camisola do GD Chaves, no confronto entre o SC Beira Mar e os flavienses à passagem da 4ª jornada. Nesse emocionante encontro disputado no Estádio Mário Duarte, a equipa aveirense venceu por 4-2 com o primeiro tento dos transmontanos a ser apontado por Toniño aos 11 minutos de jogo.

Nesta temporada de estreia no futebol português, Toniño alinhou em 31 desafios do nacional maior, tendo apontado ao todo 4 golos pelos flavienses que se classificaram no final da prova no 14º lugar da tabela geral. Para esse desiderato muito contribuiu Toniño que apontaria um dos golos decisivos para a permanência.

O decisivo desafio que garantiu a manutenção ocorreu na última jornada do campeonato em que o GD Chaves teria que vencer obrigatoriamente essa partida em que o adversário era o Boavista FC. Os transmontanos levaram de vencida o Boavista FC por 3-1 com o médio basco a apontar um dos golos ao minuto 45.

Era de facto um dos melhores jogadores estrangeiros a actuar em Portugal e, apesar de cobiçado por clubes portugueses de maior nomeada, Toniño permaneceu ao serviço do GD Chaves na temporada seguinte.
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Tornou-se em 1995/96 a figura de proa do GD Chaves sendo considerado pelo Jornal O Jogo como o 5º jogador mais valioso do Campeonato Nacional da 1ª Divisão. A época de 1995/96 foi, uma vez mais, muito difícil para a equipa flaviense que mais uma vez garantiu a permanência nas últimas jornadas.
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(Plantel do GD Chaves na época de 1995/96)
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Nesta temporada conheceu 3 técnicos diferentes no comando do plantel – José Romão, Vítor Urbano e Joaquim Teixeira – mas com todos eles foi sempre um titular indiscutível. Actuou em 25 partidas oficiais apontado 7 golos, alguns de belo efeito, ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1995/96, o seu melhor registo em Portugal.
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(No GD Chaves na temporada de 1995/96)
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Foi mais uma vez preponderante em duas partidas decisivas para a concretização dos objectivos do GD Chaves. À 31ª jornada, na visita ao Estádio da Reboleira para defrontar o CF Estrela da Amadora, Toniño apontou os dois golos que deram a volta ao marcador de 2-1 a favor da equipa local para 2-3 a favor dos flavienses.
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A essa importante vitória fora de portas juntou-se a vitória em casa frente ao CF Belenenses por 1-0 com o golo dos flavienses a ser apontado pelo destacado médio basco.
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(Em acção pelo GD Chaves)
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(No GD Chaves na época de 1995/96)
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No final desta época, o GD Chaves não teve forma de manter Toniño nas suas fileiras, acabando o jogador por ser transferido para o Vitoria de Guimarães no inicio da época de 1996/97. O Vitoria treinado pró Jaime Pacheco contratou o médio proveniente da equipa transmontana para substituir centrocampista Soeiro que deixava Guimarães.
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No Vitoria Sport Clube, Toniño envergou a camisola n.º 8 fazendo a sua estreia oficial com o “jersey” vimaranense no dia 25 de Agosto de 1996, no encontro a contar para a 1ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1996/97. No Estádio D. Afonso Henriques, numa noite com alguns chuviscos e sob a arbitragem de Paulo Costa da AF Porto, o Vitoria venceu o Gil Vicente FC por 4-2 com os tentos vitorianos a serem apontados por Riva, Capucho e Gilmar que bisou naquele desafio. Toniño foi titular na equipa do Vitoria naquela noite.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1996/97)
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Em Guimarães, Toniño não atingiu o nível dos desempenhos protagonizados ao serviço do GD Chaves, não tendo corrido de feição a época em que representou o Vitoria Sport Clube, acabando por ser uma desilusão para os adeptos vimaranenses. Apenas alinhou em 21 partidas oficiais no Campeonato Nacional, a maior parte delas de forma incompleta, como suplente do português Marco Freitas, anotando somente um golo com a camisola do Vitoria.

Importante golo esse que foi apontado por Toniño no dia 1 de Dezembro de 1996 no Estádio dos Barreiros no Funchal. A equipa do CS Marítimo ganhava, ao intervalo, à equipa do Vitoria por 1-0 com o golo apontado pelo canadiano Alex aos 37 minutos. No reinício da partida, após o intervalo, o treinador do Vitoria Jaime Pacheco lançou Toniño no lugar do desinspirando Vítor Paneira.
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O certo é que logo aos 52 minutos o médio basco apontou o tento da igualdade para aos 64 minutos Capucho apontar o golo da vitória para a equipa de Guimarães que assim levaria de vencida a equipa do arquipélago da Madeira por 1-2.
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(No Vitoria SC em 1996/97)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1996/97)
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Depois da época pouco positiva ao serviço do Vitoria que foi 5º classificado no Campeonato Nacional, garantindo o acesso as provas internacionais de clubes, Toniño regressou ao GD Chaves na temporada de 1997/98 envolvido no negócio da transferência do defesa esquerdo Tito de Trás-os-Montes para Guimarães.
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Toniño, que gozava de enorme simpatia junto da massa associativa do GD Chaves, estava disposto a relançar novamente a sua carreira no clube onde tinha sido mais feliz. Era indiscutivelmente a principal aquisição dos flavienses para a nova época de 1997/98 onde iria uma vez mais tentar garantir a permanência.
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(Pelo GD Chaves na temporada de 1997/98)
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(No GD Chaves)
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(Plantel do GD Chaves na temporada de 1997/98)
.(No GD Chaves)
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Com José Romão, novamente como seu treinador, Toniño jogou 21 jogos oficiais pelo GD Chaves na temporada de 1997/98 no Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontando 2 tentos e onde a equipa de Trás-os-Montes foi 16ª posicionada atingindo o objectivo da permanência.
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Esse objectivo não foi porem cumprido na temporada seguinte já com Horácio Gonçalves e mais tarde o espanhol Luís Rodrigues Vaz no comando técnico do GD Chaves. A equipa não foi alem da 17ª posição acabando relegada à 2ª Divisão de Honra.
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(No GD Chaves na época de 1998/99)
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(Plantel do GD Chaves na temporada de 1998/99)
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(Em 1998/99 no GD Chaves)
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(Plantel do GD Chaves na época de 1998/99)
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(Em acção pelo GD Chaves na época de 1998/99)
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Toniño jogou na 2ª Divisão de Honra portuguesa na época de 1999/00 ao serviço do GD Chaves, temporada que representou pela última vez a equipa onde mais se notabilizou. O almejado regresso à 1ª Divisão Nacional não foi atingido terminando a competição apenas num confrangedor 12º posto.
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(Plantel do GD Chaves na época de 1999/00)
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Depois de algum tempo de inactividade, em Outubro de 2000 rubricou um contrato com a AD Fafe treinada por Francisco Vital e que militava na 2ª Divisão Nacional “B” Zona Norte, onde Toniño ainda alinhou em 15 partidas e concretizando um golo pela formação fafense.
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Na época de 2002/03 dá-se o regresso ao futebol espanhol para representar o galego Pontevedra CF que militava na 2ª Divisão “B” espanhola. Aí vincou a sua personalidade e carácter assumindo-se como um dos líderes da equipa do Pontevedra CF onde actuaria não só na sua posição nata de médio centro como, em algumas ocasiões, no lugar de defesa central.
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(No treino representando o Pontevedra CF)
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(Com a camisola do Pontevedra CF)
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(Novamente no treino da equipa do Pontevedra CF)
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Foi capitão de equipa do Pontevedra CF que finalmente após 27 anos na sua história passados na 2ª Divisão “B” e 3ª Divisão, conseguiu na época de 2003/04 ascender à 2ª Liga de Espanha. Feito de todo assinalável e histórico para a modesta equipa galega ficando Toniño como um ídolo para toda a “aficion”.
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(Equipa do Pontevedra CF)
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(Festejos da histórica subida do Pontevedra CF)
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Toniño, actualmente com 36 anos de idade, já colocou um ponto final na sua carreira de jogador profissional de futebol, continuando contudo a viver na cidade espanhola de Pontevedra, onde desempenha funções de director no clube Pontevedra CF.


Autor: Alberto de Castro Abreu

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