Glórias do Passado: Temporada de 1975/76 - 7ª Parte

 

Temporada de 1975/76 - 7ª Parte


O ponto mais alto da época de 1975/76 foi a presença do Vitoria SC na final da Taça de Portugal, depois de uma, verdadeiramente, sensacional caminhada realizada naquela competição, eliminando, entre outros, o FC Porto e o Sporting CP.

Infelizmente, o Vitoria SC acabou por não conseguir conquistar o troféu, sobretudo, devido à prejudicial e muito celebre arbitragem de António Garrido, o árbitro que dirigiu aquela a final da Taça de Portugal.

O percurso que levaria o Vitoria SC à final da Taça de Portugal da temporada de 1975/76 iniciou-se nos 16/avos de final onde eliminou a equipa do FC Famalicão. Jogando na cidade de Guimarães, numa tarde de Domingo de muito sol, o Vitoria SC demonstrou muitas dificuldades em derrotar a briosa equipa famalicense.

Apesar da formação do FC Famalicão militar na 2ª Divisão Nacional era, reconhecidamente, uma equipa valorosa, razão suficiente mas que adicionada a uma certa sobranceria do Vitoria SC, menosprezando o adversário e encarando o jogo como um simples treino, tornou aquela eliminatória bastante complicada.

O Vitoria SC revelou ao longo da partida, obviamente, ser superior ao adversário, porém, o FC Famalicão, motivado por defrontar um grande clube nacional, agigantou-se e complicou bastante a vida à turma vimaranense, oferecendo sempre boa réplica.

Foi um jogo bastante interessante, a espaços bem jogado e muito emocionante pela indefinição no marcador. O Vitoria SC viu-se então impelido pela louvável prestação famalicense a puxar do físico para vencer, fazendo-o, apenas, pela margem mínima.

Triunfo do Vitoria SC por 1-0, com um golo apontado pelo avançado Rui Lopes, já perto do final dos 90 minutos e que assim evitou a realização de um prolongamento, período suplementar que, pelo que fez, o FC Famalicão bem merecia.


Seguiu em frente o Vitoria SC, para na ronda seguinte defrontar o CF Belenenses. Novamente jogando no Estádio Municipal de Guimarães, o Vitoria SC venceu e continuou em prova.

Neste jogo o Vitoria SC realizou uma fantástica exibição, destacando-se, essencialmente, o desempenho de Rui Lopes, o autor dos três golos do triunfo vimaranense.

Durante a primeira parte, então, foi um verdadeiro festival aquele que formação vimaranense proporcionou. Com um futebol rápido, com mudanças de velocidade constantes e sufocantemente atacante, causando constante perigo junto da baliza belenense, o Vitoria SC dispôs de imensas ocasiões de golo para selar, ainda no primeiro tempo, o destino da eliminatória.

Marcou apenas dois golos e chegou então ao intervalo a vencer por 2-0, resultado que, manifestamente, pecava por defeito dado o caudal ofensivo e as oportunidades criadas pelo Vitoria SC.

No início da segunda parte a equipa do CF Belenenses tentou reagir à desvantagem e colocar-se, novamente, na luta pelo apuramento. O Vitoria SC retraiu-se, defendendo a vantagem, e assim acabou por sofrer um golo que reduziu o marcador para 2-1.

Pairou então a sensação da possibilidade de a equipa vinda do Restelo poder chegar à igualdade, contudo, o Vitoria SC soltou as amarras e voltou a dominar completamente o adversário, encurralando-o, de novo, no seu meio campo.

E logo surgiram as oportunidades para acabar com as ilusões azuis, porem, os avançados vitorianos, sobretudo, Tito - bastante infeliz na finalização – forma desperdiçando golos atrás de golos.

Depois de muito porfiar, só a três minutos do fim da contenda o Vitoria SC fez o 3-1, aniquilando, então, qualquer duvida sobre qual das formações seguiria em frente na prova.
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Nos quartos de final da Taça de Portugal houve lugar a jogo grande entre o Vitoria SC e o FC Porto, dois dos principais favoritos à conquista do troféu na edição de 1975/76. Por sortilégio bem favorável ao Vitoria SC, a equipa vimaranense jogaria novamente em Guimarães.
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(Lance entre o avançado vitoriano Rui Lopes e o médio portista Rodolfo, enquanto de longe o defesa central Simões observa a disputa entre os dois jogadores neste Vitoria SC - FC Porto da época de 1975/76)
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(Perante a presença de Seninho, o defesa do Vitoria SC Osvaldinho vai aliviar apesar da presença do guardião vitoriano Sousa)
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O Estádio Municipal de Guimarães apresentou-se completamente lotado para assistir ao decisivo encontro. Foi mesmo uma verdadeira multidão que assistiu a esta magnifica partida entre o Vitoria SC e o FC Porto, realçando-se, a presença de muitos adeptos portistas.

A equipa do Vitoria SC iniciou o jogo dando a iniciativa ao FC Porto, dando-lhe o controle do meio campo. A turma portista, especialmente, em lances individuais de Cubillas, o melhor jogador do FC Porto, foi criando alguns lances junto da baliza do Vitoria SC sem, contudo, criar flagrante perigo.
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(Teixeirinha disputa com vigor este lance com o vitoriano Tito. Ao longe Alfredo Murça observa a jogada)
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(Iniciativa de ataque do FC Porto pelo lado esquerdo, porém, a defensiva vitoriana está atenta e bem colocada no terreno de jogo do Estádio Municipal de Guimarães completamente lotado neste Vitoria SC - FC Porto)
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Por seu turno, o Vitoria SC, mais calculista e privilegiando o colectivismo, jogava em contra ataque, apanhando a formação portista em contrapé e, com rápidas iniciativas, criava verdadeiras oportunidades de golo.

E foi assim que o Vitoria SC ganhou a eliminatória derrotando a equipa do FC Porto por 2-1. Para a turma da Antas marcou Seninho, enquanto para o Vitoria SC apontou Tito o primeiro golo e Rui Lopes, numa magnífica execução, marcou o golo do triunfo.
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(O defesa central vitoriano Torres desarma com eficiência o avançado peruano do FC Porto Cubillas)
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(Novamente Torres, agora numa entrada mais ríspida sobre o jogador do FC Porto Cubillas)
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(O Estádio Municipal de Guimarães, completamente cheio, festeja este golo do Vitoria SC. Os festejos dos jogadores vimaranenses contrastam com o desespero dos portistas)
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O Vitoria SC estava assim nas meias-finais da Taça de Portugal. Pela frente e de modo a chegar à final da prova restava então eliminar o Sporting CP, outro grande do futebol português.

Quanto ao jogo disputado no Estádio Municipal de Guimarães debaixo de um calor tórrido de verão, diga-se que a equipa de Alvalade entrou muito bem na partida, atacando a baliza do adversário e criando algumas dificuldades ao sector defensivo do Vitoria SC.
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(Jogo da meia final da Taça de Portugal entre o Vitoria SC e o Sporting CP. Neste lance, o brasileiro do Vitoria SC Almiro, é desarmado em falta pelo defensor sportinguista)
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Com esta verdadeira entrada de leão o Sporting CP tentava apanhar desprevenido a equipa vimaranenses e assim chegar bem cedo à vantagem. Neste período destacam-se as oportunidades perdidas pelos sportinguista Fraguito e Manuel Fernandes.

Todavia, a equipa do Vitoria SC, bastante experiente, conseguiu suster, com maior ou menor dificuldade, o primeiro ímpeto sportinguista e depois dos 20 minutos de jogo, recompôs-se, equilibrou o jogo, tomou mesmo as rédeas do destino da partida, passando a dominar e a partir de certa altura a superiorizar-se ao adversário.
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Assim, ainda antes do intervalo, o Vitoria SC marcou através do centrocampista Ferreira da Costa e foi para o descanso a vencer por 1-0.
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(Golo do Vitoria SC. Momento em que a baliza do Sporting CP é batida pelo tento de Ferreira da Costa. O guardião Damas já em queda não consegue impedir o golo vimaranense)
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No reinício os vimaranenses mantiveram a mesma toada e o Sporting CP, a muito custo, foi mantendo a baliza de Damas mais uma vez inviolada. O domínio do Vitoria SC, sob a batuta de Almiro e Pedrinho, não se transformou em golos, apesar das oportunidades criadas, algumas falhadas por infelicidade ou imperícia dos jogadores vimaranenses, mas a maioria pelas intervenções excepcionais do guarda-redes sportinguista Damas.

Algo surpreendentemente, quando nada o justificava dada a timidez sportinguista, o Vitoria SC abdicou de jogar nos últimos 10 minutos da partida. Optou pela contenção, pela defesa e conservação do resultado em vez de continuar a jogar da mesma forma autoritária.
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(O capitão Rui Rodrigues e o companheiro Alfredo evitam esta ofensiva do Sporting CP)
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Jogando próximo da sua baliza, trocando a bola em passes com o intuito único de perder tempo e acantonado na sua grande área, o Vitoria SC auto-flagelou-se verdadeiramente e assim sofreu a igualdade.

Mais consentido que merecido, o Sporting CP chegou à igualdade apenas a 4 minutos do fim do jogo por intermédio de Libânio depois de uma excelente iniciativa de Manuel Fernandes. Deste modo, foi necessário realizar-se um prolongamento para decidir o vencedor da partida.
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(Lance individual do n.º 10 do Vitoria SC Tito perante o defensor do Sporting CP, enquanto sob os postes é possivel ver o guarda-redes Damas bastante atento)
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Sentiu-se, então, o publico afecto ao Vitoria SC que lotava o Estádio Municipal de Guimarães rasgando pelas costuras o recinto vimaranense. Acreditando nas capacidades da equipa foi sonora a forma como impulsionaram o Vitoria SC, atingindo o êxtase quando Abreu marcou o golo do triunfo.

E que golo! Ao minuto 11 da primeira parte do prolongamento, o vimaranense Abreu, numa jogada magistral, arrancou do seu meio campo com a bola dominada, em dribles sucessivos foi deixando os adversários para trás, entrou na área sportinguista e com o pé esquerdo rematou de forma indefensável para o guarda-redes Damas, colocando o resultado em 2-1 a favor do Vitoria SC. Foi a conclusão de um período onde o Vitoria SC voltou a dominar e a evidenciar-se bem superior ao adversário.
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(Esta é a jogada que decidiu o jogo da meia final da Taça de Portugal entre o Vitoria SC e o Sporting CP. O vimaranense Abreu vai arrancar para o golo do triunfo)
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Ecoaram então infindáveis festejos entre a massa associativa, responsáveis e jogadores vitorianos, celebrando o triunfo alcançado e a presença pela terceira vez na história do clube na final da Taça de Portugal.


Autor: Alberto de Castro Abreu

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