
Jean Luciano era um treinador muito conceituado depois de ter feito uma carreira de jogador ao mais alto nível. Como jogador chegou mesmo a ser internacional pela Selecção do seu país. Mas não foi só em França que Jean Luciano fez carreira como futebolista, já que representou equipas como o UD Las Palmas e ainda o colosso Real Madrid de Espanha.
Como técnico, depois de ter treinado alguns clubes em França, chegou a Portugal, para comandar a equipa do Sporting CP na época de 1964/65. Em Alvalade não foi nada feliz, ao contrário do que veio a suceder ao serviço do Vitoria SC.
Para a nova época o Vitoria SC manteve as expectativas elevadas após o 7º lugar obtido no Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada anterior. O objectivo passava essencialmente por manter a mesma bitola competitiva, ou se possível melhora-la, de forma a cimentar cada vez mais a posição do clube como um dos grandes do futebol português.
E a verdade é que o Vitoria SC na versão da época de 1965/66 foi ainda mais fantástico do que na temporada anterior atingindo um 4º lugar na classificação geral do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, somente a um ponto do FC Porto que foi o 3º colocado. O futebol apresentado era cada vez mais espectacular e os resultados bem consentâneos com a qualidade demonstrada pelo “team” vimaranense que de resto, só não foi mais além, devido à onda de lesões que afectou a equipa no ¾ do da competição, que obrigou ao lançamento de muitos jovens sem experiência da 1ª Divisão.
(Vitoria SC no Campo Amorosa 1965/66)
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Relativamente ao plantel vitoriano para a temporada de 1965/66 há que registar desde logo as saídas do médio Virgílio, que deixou a equipa depois de cerca de uma dezena de anos ao serviço do Vitoria SC e do avançado brasileiro Rodrigo, o melhor marcador da equipa nas épocas anterior. De realçar ainda as saídas do defesa brasileiro Caiçara e do médio João da Costa, importantes jogadores da historia do Vitoria SC, mas que dada a sua veterania eram já pouco utilizados.
Por outro lado, as aquisições foram bastantes e para os vários sectores da equipa, sendo que, na sua grande maioria, os jogadores que ingressaram no Vitoria SC tinham imensa qualidade o que significou, desde logo, um verdadeiro reforço da equipa.
Para reforçar o sector defensivo chegou o defesa central Joaquim Jorge a título de empréstimo do FC Porto. É mais um jogador que ficará ligado à história do clube. Para o sector mais recuado assinala-se também a chegada nesta temporada do defesa central José Carlos jovem valor proveniente do Ancora Praia FC de Vila Praia de Ancora.
O sector intermediário recebeu Ribeiro, um centro campista de grande qualidade proveniente do SC Espinho, que todavia não foi muito feliz no inicio da sua passagem por Guimarães, pois foi vitima de uma grave lesão da qual nunca mais conseguiu recuperar a 100%, o que o levou, de resto, a abandonar a actividade precocemente. Ribeiro, ou melhor António Ribeiro, teve também uma passagem pelo Vitoria SC anos mais tarde, desta feita na condição de treinador, como adjunto de Quinito.
A frente de ataque foi contudo aquela que sofreu o maior número de reforços e todos eles de inegável qualidade. Um deles foi Vieira, um extremo cuja grande arma era a sua velocidade. Mas aqueles que seriam as grandes coqueluches do Vitoria SC na época de 1965/66, foram os memoráveis José Morais e Djalma, dois avançados brasileiros que chegaram a Guimarães uma vez mais por indicação de António Pimenta Machado, o vimaranense radicado no Brasil e que consecutivamente indicava grandes craques que beneficiava o clube e também o próprio futebol português.
No plantel do Vitoria SC destaque ainda para a presença do jovem guarda-redes Pimenta, filho do mencionado António Pimenta Machado, e do extremo direito Ayrton.
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(Vitoria de Guimarães 1965/66)
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O Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1965/66 foi inteiramente jogado pelo Vitoria SC, quando se encontrava na condição de visitado, no Estádio Municipal de Guimarães, apesar de aquele recinto ainda não se encontrar totalmente concluído, facto que, a bem da verdade, julga-se nunca ter acontecido, pois foi uma infra estrutura que recebeu consecutivamente obras de melhoramento e ampliação.
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O Vitoria SC começou a principal competição jogando em casa e derrotando inapelavelmente o homónimo Vitoria de Setúbal por 4-1, numa fantástica exibição da turma vimaranense que apresentou a seguinte linha: Roldão na baliza; a linha defensiva com Gualter, Manuel Pinto, Artur e Daniel; no meio campo Ribeiro e Peres; e no ataque José Morais, Djalma, Mendes e Castro.
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Depois do excelente resultado obtido na jornada inaugural logo se seguiu outro grande resultado com um empate em Alvalade frente ao Sporting CP por 1-1, no jogo que marcou a estreia do defesa central Joaquim Jorge. À 4ª jornada chega ao 1º lugar na tabela classificativa depois de vencer SC Beira Mar em Aveiro por 1-2, com o segundo golo a ser apontado no ultimo minuto de jogo pelo médio Peres.
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O Vitoria SC alinhando com Dionísio; Gualter, Manuel Pinto, Joaquim Jorge e Daniel; José Morais e Peres; Vieira, Djalma, Mendes e Castro, venceu o Sporting CP à 15ª jornada por 3-2, num jogo que, segundo a crónica, ficou marcado pela enorme contestação da massa associativa do Vitoria SC para com o arbitro Francisco Guerra fortemente vaiado enquanto descia do balneários do Campo da Amorosa para o centro do relvado do Estádio Municipal de Guimarães.
Eram resquícios de um encontro disputado no Campo da Amorosa entre o Vitoria SC e o Sporting CP no Campoenato Nacional da 1ª Divisão na época de 1958/59, onde a arbitragem de Francisco Guerra, que viria a tornar-se juiz internacional, foi fortemente contestada pelos vimaranenses, sobretudo após a validação de um golo obtido na cobrança de um livre sem que o juiz tivesse apitado para o lance o que naquela altura era obrigatório acontecer na reposição da bola em jogo. Esta arbitragem nunca foi esquecida pelos adeptos vitorianos que faziam questão de “brindar” com um coro de assobios o Francisco Guerra sempre que este vinha apitar a Guimarães.
Entretanto, o Vitoria SC passou por um momento atribulado devido às inúmeras lesões em alguns dos mais importantes jogadores, mas na ponta final na época voltou aos bons resultados vencendo em Guimarães o SL Benfica por 3-2 e na cidade de Braga, em pleno Estádio 28 de Maio, anterior designação do Estádio 1º Maio, o SC Braga por 3-5.
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Na época de 1965/66 o Vitoria SC treinado por Jean Luciano utilizou 19 jogadores. O onze base foi constituído pelo guarda-redes Dionísio (22 jogos); na defesa Gualter (26 jogos), Manuel Pinto (21 jogos), Joaquim Jorge (20 jogos) e Daniel Barreto (22 jogos); no meio campo José Morais (24 jogos) e Peres, o capitão (26 jogos); e no ataque Vieira (13 jogos), Djalma (22 jogos), Mendes (23 jogos) e Castro (23 jogos).
O Vitoria SC utilizou ainda os guarda-redes Roldão (4 jogos) e Pimenta (4 jogos); os defesas José Carlos (4 jogos), Freitas (1 jogo); o polivalente Artur (12 jogos); o médio Ribeiro (8 jogos); e os extremos Paulino (11 jogos) e Ayrton (4 jogos).
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Amigo Vimaranense,
ResponderEliminarExcelente trabalho, mesmo!
Uma pergunta, em forma de dúvida, que lhe gostaria de fazer. Passou pelo V. Guimarães um jogador de nome Cartucho, mas acho que foi uns anos mais tarde. A dúvida que tenho é se esse Cartucho do VSC foi um Cartucho que representou o Fafe uns anos mais tarde? Se é esse o caso, em que época é que ele saiu do VSC e em que época(s) é que ele jogou no Fafe?
Ola amigo Adelino.
ResponderEliminarAntes de lhe responder à questão, quero agradecer a sua visita e o elogio deixado, esperando sinceramente que continue a passar por este espaço.
Quanto ao Cartucho, posso desde já adiantar-lhe que se trata do mesmo jogador que jogou no Vitoria de Guimarães e na AD Fafe, onde creio será um dos melhores jogadores da história da formação fafense.
António Jose da Silva Cartucho, natural de Guimarães, cidade onde nasceu a 14 de Dezembro de 1952. Fez toda a sua formação nas escolas de formação do Vitoria de Guimarães, e começou a aparecer na equipa sénior na temporada na época de 1970/71, jogando na equipa principal ou na equipa de reservas que disputava a Taça de Honra da AF Braga.
A época de 1971/72 é a ultima temporada em que Cartucho consta dos registos oficiais do Vitoria de Guimarães, pelo que presumo terá deixado o clube da cidade berço no final dessa época.
Não lhe sei dizer concretamente qual a época em que entrou na AD Fafe, nem tão pouco se foi directa a passagem entre o Vitoria SC e a equipa fafense, mas posso garantir que na decada de 70 Cartucho jogou em Fafe.
Contudo, quando tiver mais informações acerca do Cartucho (é pai do Tito, lateral esquerdo que jogou no Vitoria SC, CF Belenenenses, GD Chaves e SC Braga) venho novamente à sua presença.
Todavia, continue a visitar-nos conhecendo um pouco mais da história e das glórias do Vitoria de Guimarães.
Saudações vitorianas,