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Carlos Alberto era um avançado/médio interior, natural do Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 28 de Setembro de 1930. No Brasil actuou em grandes equipas e tornou-se famoso. Veio para Portugal com quase 29 anos de idade, mas bem a tempo de demonstrar em solo luso todas as suas qualidades como jogador de futebol.
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Facilmente se adaptou ao Vitoria e à cidade de Guimarães onde chegou a casar com uma senhora portuguesa. No Vitoria logo adquiriu um lugar cativo na equipa onde a sua capacidade técnica deslumbrava e fazia a diferença. Os adeptos vitorianos consideravam-no um verdadeiro malabarista da bola.
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(Carlos Alberto, Caiçara, Edmur e Ernesto Paraíso, os quatro brasileiros do Vitoria antes de uma viagem de comboio)
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(Novamente os quatro brasileiros do Vitoria no Campo da Amorosa. Edmur, Carlos Alberto, Ernesto Paraíso e Caiçara em linha)
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Com a camisola do Vitoria anotou grandes exibições, com jogadas de mestre e belíssimos golos, que ficaram na memória de todos aqueles que o viram jogar. À volta do seu nome, havia também uma discussão entre os associados do Vitoria que ficou celebre. Saber se o brasileiro Carlos Alberto devia jogar como médio interior ou como ponta de lança era uma querela que preenchia o dia a dia nas conversas de café entre os adeptos do clube.
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(Bártolo, Edmur, Azevedo, Carlos Alberto e Daniel, cinco jogadores do Vitoria SC no Campo da Amorosa)
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O brasileiro Carlos Alberto permaneceu, todavia, apenas duas temporadas em Guimarães ao serviço do Vitoria, já que no final da época de 1959/60 foi dispensado por motivos disciplinares juntamente com outros jogadores que até eram titulares da equipa. Este lote de dispensados, que incluía o nome de Carlos Alberto, causou na massa associativa opiniões dispares sobre o assunto, com uns a manifestarem-se a favor e outros visceralmente contra.
O Campeonato Nacional da 1ª Divisão continuava a ser disputado por 14 equipas compondo-se a competição com as seguintes formações: FC Porto, SL Benfica, Sporting CP, CF Belenenses, Vitoria SC, Vitoria de Setúbal, SC Braga, SC Covilhã, Lusitano de Évora, Académica de Coimbra, GD Cuf, FC Barreirense, Caldas SC e o SCU Torreense.
O Vitoria defrontou na 1ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão o SL Benfica no Estádio da Luz na cidade de Lisboa. O dia 14 de Setembro de 1958 marca o dia do regresso do Vitoria aos principais palcos do futebol nacional. O resultado do encontro é que não foi nada animador e colocou em estado de alerta toda a nação vitoriana.
O Vitoria saiu do Estádio da Luz derrotado pelo SL Benfica por 7-0. Na equipa do Vitoria, só o brasileiro Carlos Alberto era aquisição para a nova época, que assim entrava no lugar que era do argentino Mário Cívico na temporada anterior. Mariano Amaro apresentou naquele dia o seguinte onze: Sebastião; Daniel e Virgílio; Augusto Silva, Silveira e João da Costa; Bártolo, Romeu, Ernesto, Carlos Alberto e Rola.
O alarme causado na 1ª jornada do Campeonato Nacional da época de 1958/59 não se viria a repetir, com o Vitoria a partir daí a percorrer um caminho notável com destino à melhor classificação de sempre na sua história até então. Um fantástico 5º lugar, logo atrás dos principais clubes daquele tempo, era realmente espantoso para um clube que estava de regresso ao primeiro escalão do futebol nacional.
Logo à 2ª jornada, num jogo memorável de Carlos Alberto e que marcava a estreia com a camisola do Vitoria do avançado brasileiro Edmur, os vimaranenses levam de vencida o CF Belenenses treinado por Fernando Vaz por um concludente 3-0. Seguidamente vence o FC Barreirense no Barreiro por 1-2 e o SC Braga, no Campo da Amorosa por 3-1, jogo este que marcava o regresso do derby minhoto à 1ª Divisão Nacional.
À 4ª jornada o Vitoria é líder da classificação e rejubila-se em Guimarães com as exibições da equipa. Neste Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1958/59, destaca-se pela positiva, desde logo, a vitoria sobre o SL Benfica no Campo da Amorosa por 2-1 na abertura da 2ª volta.
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Outros destacados resultados são as vitorias expressivas conseguidas no Campo da Amorosa sobre o Vitoria de Setúbal por 4-1, sobre o Lusitano de Évora por 3-0, contra o GD Cuf por 5-0, ao Caldas SC por 3-0 e a máxima goleada ao SCU Torreense por 8-0, num vendaval ofensivo do quinteto avançado do Vitoria composto por Bártolo, Edmur, Ernesto, Carlos Alberto e Rola.
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(Avançados do Vitoria: Bártolo, Edmur, Ernesto Paraiso, Carlos Alberto, Romeu e Rola)
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Pela negativa destacam-se as goleadas infligidas pelo FC Porto que se sagrou Campeão Nacional nesta época e que venceu o Vitoria por 0-6 em Guimarães e por 6-1 na invicta cidade do Porto.
É ainda de realçar o encontro disputado no Campo da Amorosa entre o Vitoria e Sporting CP a contar para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1958/59, onde a arbitragem de Francisco Guerra, arbitro que viria a tornar-se internacional, foi imensamente contestada pelos vimaranenses, sobretudo após a validação de um golo obtido na cobrança de um livre sem que o juiz tivesse apitado para o lance o que naquela altura era obrigatória na reposição da bola em jogo.
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De resto, o público vitoriano nunca esqueceu aquela arbitragem contra o Sporting CP, de tal modo que sempre que Francisco Guerra vinha a Guimarães apitar qualquer jogo era fortemente vaiado e apupado.
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(Com o Castelo de Guimarães ao fundo, os brasileiros Carlos Alberto, Ernesto Paraíso e Edmur)
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Já perto do final da competição, o Vitoria com o 5º lugar assegurado lançou-se no encalço do 4º classificado que era o Sporting CP. Faltaria apenas disputar um encontro frente à Académica de Coimbra no Campo da Amorosa, encontro esse que era vital para os conimbricenses que precisavam de vencer para garantir a manutenção na 1ª Divisão Nacional.
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Apoiados por milhares de estudantes que se deslocam da cidade de Coimbra a Guimarães para apoiar a Académica, os conimbricenses acabam por vencer o Vitoria por 4-5 num fantástico jogo de futebol desenrolado no lotado Campo da Amorosa. A Académica conseguiu assim salvar-se e o Vitoria terminou o Campeonato Nacional da época de 1958/59 no 5º lugar da tabela classificativa, com 29 pontos alcançados, em virtude das 13 vitórias, 3 empates e 10 derrotas, obtendo 59 golos e consentindo 55. Este 5º lugar na tabela geral que era até aquela altura a melhor classificação de sempre do Vitoria Sport Clube.
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(Quatro jogadores do Vitoria SC na época de 1958/59. Carlos Alberto, Daniel, Edmur e Ernesto Paraíso)
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Participou também o Vitoria SC na edição da Taça de Portugal daquela época. Na 1ª eliminatória, o Vitoria SC eliminou o Juventude de Évora, com um empate a 1-1 no jogo da 1ª mão, e uma goleada de 7-2 no jogo da 2ª mão. Na 2ª eliminatória correspondente aos oitavos de final o Vitoria SC acabou eliminado pelo SC Braga, com uma derrota no 1º jogo por 4-0, que dificultou a reviravolta, pois o 2-0 a favor do Vitoria no 2º jogo revelou-se escasso.
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Destacamos aqui a vitória da equipa de juniores do Vitoria SC que uma vez mais venceu o Campeonato Distrital da categoria da Associação da Futebol de Braga.
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(Equipa do juniores do Vitoria SC que conquistou o Campeonato Distrital de Juniores da A.F. Braga em 1959, onde pontificava o jogador Pedras)